"Existe um estágio de progresso na ioga no qual as formas e os métodos prescritos não são mais necessários, mas até que este estágio seja alcançado, certos métodos são necessários como os indicados nos autênticos livros sobre ioga. Chega um momento, porém, que o iogue não dá mais atenção a eles, mas vive o tempo todo num estado de êxtase que, embora nem sempre visível em sua mente, está presente no entanto. Ele está naquele estado e sabe disso. O estado está sempre ali, e ele só precisa aquietar a sua mente por um ou dois momentos para experimentá-lo plenamente.
Esta é uma doutrina algo perigosa para os principiantes que podem se iludir com este conhecimento, pensando que eles também podem ser independentes das formas e dos métodos indicados. Eles os negligenciam e fracassam inevitavelmente. Assim como a experiência do homem sobre a luz do Sol na Terra inclui todas as fase e os graus de luz, desde o pré-alvorecer ao pôr do Sol e à escuridão da noite - e está limitado a eles - assim também o principiante na ioga precisa experimentar as fase separadas e progressivas da luz interior. Porém, acima e além da Terra e de sua sombra, o Sol está brilhando o tempo todo. Aqueles que alcançaram um certo estágio de desenvolvimento em vidas anteriores estão numa posição peculiar numa nova vida quando iniciam a ioga outra vez. Eles devem obedecer as regras, mesmo que as achem desnecessárias por causa de realizações anteriores que os levaram além destas regras.
O mais sábio nestas circunstâncias é combinar as práticas, isto é, realizar a disciplina indicada da forma mais completa e honesta possível, e formar o hábito durante o resto do dia de elevar a consciência, como se fora até o êxtase interior, assim como um míssil é disparado libertando-se da Terra. É importante, porém, que este último procedimento não leve o aspirante a parar com o autotreinamento metódico na ioga."
(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 97)