OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 26 de agosto de 2015

DEVOÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) A devoção pode ser quase tão egoísta quanto o amor frequentemente o é; pode ser intensamente egocêntrica; pode ser uma atitude de impotência e dependência, e não de força; de parcialidade em vez de serviço equitativo; pode tornar a pessoa exclusivista, inflexível, irascível e até mesmo cruel, em vez de inclusiva e gentil. 

Precisamos, então desapegar-nos de nossa devoção e tentar ver por que somos devotados, qual é a exata natureza de nossa devoção ao objeto, seja uma pessoa ou um ideal. Haverá algum desejo ou motivo secreto que sustente esse relacionamento? Pode haver um desejo oculto de agradar com vistas a obter favores, a se aquecer ao sol da pessoa a quem a devoção é professada, ou pode ser a expressão mascarada de um temor sutil.

A devoção pode ser a uma pessoa a que se sinta ser grande e nobre, plena de qualidades atrativas e inspiradoras. Pode ser a total autoentrega pessoal. Ou pode ser uma atitude de possessividade, na qual a pessoa se tranca com seu deus, com a exclusão de tudo o mais que não corresponda a esta troca privativa. Um tal isolamento da pessoa, dentro de um círculo de indiferença às outras manifestações da Vida Una, sempre tem em sua âmago um elemento pessoal, pelo menos um gozo que é essencialmente egoísta e autocentrado, e, portanto, um grilhão.

A devoção, para ser verdadeiramente espiritual, deve ter a qualidade de um amor constante, concentrado e altruísta que, em sua forma mais elevada, é filantropia e essencialmente impessoal. A devoção a uma pessoa ou ideal verdadeiramente espiritual  purgará de nós toda escória. A devoção que é pura - e se oferece sem reservas, assimila a natureza da pessoa de quem procede até o objeto de sua devoção. A não ser que nossa devoção eleve e universalize nossa natureza, ela carece de verdadeira devoção que, em última análise, é devoção à Verdade única.

A verdadeira devoção deve expandir toda a natureza da pessoa e expô-la como as águas ao sol, de modo que toda a superfície da natureza pessoal seja tocada pelos raios actínicos da Verdade. Que cada um crie, segundo o padrão de seu próprio coração, qualquer imagem ou figura de verdade da qual não busque obter ganho, e à qual possa entregar-se completamente. Então ele experimentará os ricos efeitos de uma tal autoentrega, a cujas influências ele se lança em aberto. Ele conhecerá as alegrias de uma vida vivida com um senso de unidade que é totalidade, um desamparo no qual não existem problemas."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 66/67)

terça-feira, 25 de agosto de 2015

DEVOÇÃO (1ª PARTE)

"A devoção pode ser uma coisa maravilhosa e bela, um foco espiritual que, em sua pureza e intensidade, é tal qual uma chama que se espalha rapidamente, seguindo adiante, superando obstáculos, e acelerando muito os processos destrutivo e construtivo. Tem sido chamada de a mais curta de todas as rotas para a meta, porque direciona todas as energias da pessoa para o objetivo da busca. Implica um estado de mente e coração no qual o fim está constantemente corporificado nos meios. Não é simplesmente um estado de busca, é um estado de conclusão e realização; uma condição na qual o derradeiro e o próximo estão reunidos e sintetizados, de modo que o resultado, que é uma consumação, é que permanece sempre satisfatório. É uma qualidade tão essencial quanto a sabedoria e a reta ação para o aperfeiçoamento de cada temperamento. 

A devoção pode ser de vários tipos: a do devoto, que se expressa em amor absoluto e irrestrito; a do agente, que transparece em sua ação; aquela que assume a forma de compreensão que floresce no serviço, segundo a necessidade e ocasião. 

É um fato que, de acordo com o caráter da devoção pessoal, será o objeto ao qual se é devotado, qualquer que seja o nome que se lhe dê; essencialmente, esse objeto é o que a pessoa cria com sua própria mente e coração. 

A devoção a um líder ou a um instrutor, quando é pura, é sempre devoção àquilo que é verdadeiro, belo e bom em si próprio. A devoção a um ideal é proporcional à verdade que está corporificada no conceito desse ideal. Quando a devoção é fanática, é por causa de alguma inflexibilidade, algum desconforto na natureza do devoto estimulada e gratificada por seu objeto de devoção, segundo sua concepção. Mesmo assim, se a causa tiver um nome auspicioso, o que o atrai é aquilo que apela à sua natureza. (...)"

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 65/66)

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

VIDA ESPIRITUAL

"O homem verdadeiramente evoluído, isto é, o homem espiritual, embora reserve um quarto de seu tempo para si, outro para o próximo, outro para o descanso e outro para Deus, na verdade, vive somente para Deus.

Quando trabalha profissionalmente e ganha, quando se nutre, quando pratica ginástica, quando elimina os escreta, quando pratica sexo, quando se banha, finalmente, quando age, aparentemente para si, ele o faz em espírito de sacramento, isto é, como um 'sacrifício' a Deus. Quando repousa e quando se diverte, igualmente oferece a Deus o repouso e a curtição. Quando ajuda, quando serve, quando ampara, ajuda, serve e ampara o próprio Deus que se manifesta no próximo, que recebe seus benefícios, e o faz na convicção de que é apenas um instrumento de Deus em ação.

Orar, meditar, louvar, cultuar Deus estão implícitos - e com que eficácia! - em todo seu agir, falar, pensar, desejar...

Mas, diariamente, reserva sagrados momentos para o recolhimento, quando, 'tendo fechado a porta', ora em secreto ao Pai, e o Pai em secreto, dialoga com ele'.

Que minha vida seja um bem-aventurado sacramento ininterrupto."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 38)


domingo, 23 de agosto de 2015

MEU KARMA SOU EU MESMO (PARTE FINAL)

"(...) 'Consta em Luz no Caminho que 'Nenhum homem é seu inimigo; nenhum homem é seu amigo. Todos são igualmente instrutores'. Mas esses instrutores, tanto amigos quanto inimigos, são ele mesmo; e, na realidade, é ele, por meio da instrumentalidade desses seres, que está ensinando a si mesmo os princípios da Unidade. O primeiro lampejo da verdadeira unidade de toda a existência surge quando o 'fora' e o 'dentro' são compreendidos como os dois lados de uma mesma moeda, sempre inseparáveis na unidade, embora cada um possa ser observado separadamente.

'Há um belo exemplo dessa verdade numa história narrada sobre um iogue hindu que viveu na época do Motim da Índia. Sua meditação constante era verdadeiramente para compreender a Unidade ou Deus. Um dia ele estava meditando num certo local, e à sua volta, aconteciam os eventos violentos do Motim. Os soldados ingleses que estavam combatendo os rebeldes chegaram até esse homem sagrado, mas não reconheceram que ele era um homem sagrado, alguém que estava tentando compreender a natureza de Deus, e não um dos rebeldes. A história conta que um dos soldados correu até ele e enfiou-lhe a baioneta. Contudo, enquanto o soldado corria em sua direção, o iogue olhou para ele calmamente e murmurou para si mesmo: 'Mesmo tu és Ele', Ele tinha esperado durante muito tempo pela chegado do Senhor, e o Senhor chegou à sua maneira.

'É este mesmo ensinamento da Unidade que temos na nossa Cadeia de União: 'Há uma Paz que ultrapassa o entendimento; mora no coração daqueles que vivem no eterno. Há um Poder que renova todas as coisas; vive e atua naqueles que conhecem o Eu como Uno'. O aspirante só começa a viver esse ensinamento em sua própria vida quando põe em prática a verdade subjacente às palavras: 'Mesmo tu és Ele'. Cada evento na vida, agradável ou desagradável, cada dor, cada fracasso, em suma tudo que consideramos como o não eu, deve, de alguma maneira misteriosa, ser compreendido como o Eu.

Porém, ainda mais do que isso, cada objeto e cada evento deve ser compreendido, mesmo que no início apenas em imaginação, como ele mesmo. As diversidades da manifestação são corporificações da Unidade, e, para aquele 'que vê', não existe separação entre ele mesmo e a Unidade. 'Eu sou Ele' deve não apenas significar que o homem e o Divino são um e não dois; deve significar também que 'eu' sou o mineral, o vegetal, o animal, o pecador, o santo, cada evento diário em minha vida e na vida do mundo. Deve significar, especialmente, já que somos homens e temos limitações humanas, que aquilo a que os homens fazem objeção como sendo 'desagradável' - luta, dor, desapontamento, fracasso - é também a Unidade, e assim 'eu mesmo'.'"

(Radha Burnier - Meu karma sou eu mesmo - Revista TheoSophia, ano 104, Abril/Maio/Junho de 2015 - Pub. Sociedade Teosófica no Brasil - p. 9/10)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


sábado, 22 de agosto de 2015

MEU KARMA SOU EU MESMO (1ª PARTE)

"O karma de cada pessoa é a parte de um karma maior que é o karma do mundo, como indica o que está mais abaixo; todo o processo é único. O karma não é algo que tem origem externa, mas algo que nós mesmos criamos. Portanto, cada um de nós deve fazer o que é correto a partir de um ponto de vista mais amplo, como assinalam as palavras do senhor Jinarajadasa. O karma que criamos não é a expressão de alguma força ou de alguma pessoa, senão de nós mesmos. Portanto, a todo momento devemos tentar fazer o que é correto.

É verdadeiro o ditado que diz que tudo na vida que pareça bom e também não tão bom é responsabilidade nossa. Como nos dizem todos os instrutores, cada um de nós deve aprender o princípio da Unidade. O trecho incluso dos ensinamentos do irmão Jinarajadasa enfatiza que devemos compreender o karma em plenitude e vivê-lo, que é a dificuldade que enfrentamos. Tudo parece estar fora, diferente da própria pessoa. Esta lição é difícil de ser aceita completamente, mas isso tem de acontecer. (...) É inútil dizermos que algum outro homem cometeu um equívoco ou que está causando mais malefício do que nós mesmos. O que é preciso é que cada pessoa compreenda o imenso trabalho que tem para empreender e a lição que tem de aprender. Esperamos que a passagem seguinte não seja apenas para uma leitura rápida, mas algo que, sendo plantado internamente, cresça e subordine tudo que é menos importante:

'Temos como axioma o fato de que o Divino e o homem são um. Mas é também um axioma, embora pouco compreendido, que o homem e todo o processo de evolução, no qual ele é um fator, também são um. Normalmente, à medida que o indivíduo sente a pressão da evolução, ele está apto a considerar o processo como algo que lhe é imposto de fora. Assim, é natural para ele sentir que todas as dificuldades da vida - doença, pobreza, limitação de todo tipo - são ajustes de seu karma arranjados para ele pelos Senhores do Karma para ajudar em seu crescimento. Essa é a plena verdade. Mas a verdade mais profunda é que todos esses arranjos são realmente operações de sua própria vontade. Ele deve compreender que, de algum modo misterioso, os ajustes feitos pelos Senhores do Karma são ajustes feitos por ele mesmo, e decretados por sua própria vontade. Cada evento que lhe acontece, particularmente aqueles de natureza dolorosa, devem ser reconhecidos por ele, não apenas como resultado de seu próprio karma e portanto por seu próprio decreto, e ainda como expressão de seu próprio eu. 'O meu Pai e eu somos um' não deve permanecer apenas um intelectualismo; pois a Unidade existe não apenas no reino do Espírito, mas também no da matéria. (...)"

(Radha Burnier - Meu karma sou eu mesmo - Revista TheoSophia, ano 104, Abril/Maio/Junho de 2015 - Pub. Sociedade Teosófica no Brasil - p. 9)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/