OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

SER HONESTO

"Não é fácil ser verdadeiramente honesto, especialmente em relação a nós mesmos. Os corpos mental concreto e astral - os veículos da consciência para pensamento e desejo - influenciam-se mutuamente. A mente produzirá sempre razões excelentes e plausíveis pelas quais deveríamos fazer o que nosso desejo natural nos incita a fazer. Diverte-me frequentemente observar meus próprios processos a este respeito. Assim, como diz H.P.B., estamos 'constantemente nos enganando.'

Ser completamente honesto é ser inteiramente verdadeiro, e não podemos atingir isto se formos demasiado emocionais, amarrados a nosso próprio exame e preocupados se somos bons ou maus, inteligentes ou estúpidos etc. Um dos efeitos do progresso espiritual é a diminuição do remorso e da ansiedade. Ambos indicam carência de energia no momento presente e para trabalho em pauta. Remorso indica escoamento da força da alma em relação a algum acontecimento no passado, e ansiedade significa escoamento em função de algum efeito imaginário no futuro. C.W.L. referia-se a isto com muita simplicidade. Ele citava o provérbio muito conhecido de não atravessar pontes antes de chegar onde elas estão, e o velho ditado 'isto não terá importância daqui a dez anos.' 'Bem', dizia ele, 'se não tem importância dentro de dez anos, não tem importância agora.'

A raiz do remorso, diz-nos H.P.B., é o egoísmo, e a raiz da anisedade é o medo de um desconhecido imaginário. Medo é o recuo da personalidade ante aquilo que não deseja ter, ou dúvida se irá receber aquilo que deseja. O sábio Patañjali, assim, diz que tanto desejo quanto aversão devem ser sobrepujados - outro dos 'pares de opostos.' No equilíbrio entre os dois está o 'Caminho.' Esta é a razão por que ele é descrito como sendo 'tão estreito como o fio de uma navalha' e 'caminho reto e estreito', porque nele o discípulo aprende aquela divina indiferença que o habilita a transcender a tirania dos pares dos opostos."

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios, O Discipulado na Nova Era - Ed. Teosófica, Brasília, 1998 - p. 149)


terça-feira, 9 de agosto de 2016

AGIR PELA NÃO INTERFERÊNCIA

"Não exaltes os homens eminentes,
Para que não surja rivalidade entre o povo.
Não exibas os tesouros raros,
Para que o povo não os ambicione.
Não despertes as cobiças,
Para que as almas não sejam profanadas.
O governo do sábio não desperta paixões,
Mas procura manter o povo na sobriedade,
E dar-lhe as coisas necessárias.
Não lhe oferece erudição,
Mas dá-lhe cultura do coração.
O sábio governa pelo não agir.
E tudo permanece em ordem.

EXPLICAÇÃO: É importante manter a distância entre o governo e o povo. A democracia meramente horizontal é autodestruidora. Deve haver, na democracia, um princípio de hierarquia, de desnível, de ectropia; do contrário, o nivelamente entre governante e governados degenera em entropia paralizante - como um lago que não move uma turbina, porque lhe falta o desnível ectrópico da cachoeira. Sendo que o governo meramente democrático é o regime de ego para ego, sem nenhuma referência ao Eu, toda a democracia, sendo liberdade sem autoridade, acaba fatalmente num caos centrífugo, por falta de um princípio de coesão centrípeta. Verso sem Uno dá caos - somente Verso regido pelo Uno dá harmonia.

Este capítulo visualiza o futuro da democracia em forma de cosmocracia, que é igualmente horizontal com desigualdade vertical. O governo não pode ser simplesmente um cidadão democrático, mas deve revestir-se também de algo hierárquico ou cósmico.

A 'Politeia' (República de Platão, advoga, basicamente, esse mesmo princípio de entropia ectrópica, de nível compensado pelo desnível, de horizontalidade sublimada pela verticalidade."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 30/31)


segunda-feira, 8 de agosto de 2016

SERVIÇO E RENÚNCIA

"Todas as coisas na criação estão sujeitas à lei da mudança, portanto, o homem também. Este deve usá-la para o progresso e não para decair na escala. A Inteligência Átmica conduz o homem ao caminho da renúncia e do serviço, porque somente serviço e renúncia produzem avanço espiritual. A Inteligência Átmica reconhece a Unidade da Criação como o fio que enfia cada flor da grinalda do Brahmasutra¹. Quando você ganhar o Amor de Deus, a compaixão d'Ele fluirá através de você. Vyasa resumiu os dezoito Puranas² em singelo dístico que cabe numa linha: 'Fazer o bem aos outros é o único ato meritório; fazer o mal, o mais nefando pecado.' Quando você sentir que não pode fazer o bem, pelo menos evite fazer o mal. 

Os que estão cruzando o oceano de samsara (a cadeia de nascimentos e mortes) precisam cultivar a arte de nadar através do Bhagavatha-chinthana (Meditação sobre Deus). Não importa o quanto eruditos sejamos, se não treinamos natação, vamos afundar. A vida é um barco que nos capacita a cruzar o oceano da samsara, com a ajuda da meditação sobre Deus. Vairagyam ou desapego não implica romper os laços familiais e mergulhar na floresta. Significa descartar o sentimento de que as coisas são permanentes e capacitadas a propiciar-nos a suprema alegria."

¹ Brahmasutra - sutra o fio que enfia um colar; Brahman - Deus Uno. Brahmasutra é a presença de Deus, que, através de todos, forma um glorioso colar, uma grinalda divina. Brahmasutra é também o nome de uma das mais importantes escrituras do Hinduísmo.
² Purunas - são textos sagrados da Índia contendo as histórias legendárias da criação, destruição e renovação do Universo, a genealogia dos deuses e patricarcas... São as informações historicamente mais antigas da cultura hindu, ou seja, do Sanathana Dharma.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 81)


domingo, 7 de agosto de 2016

O QUE É A REALIDADE? (PARTE FINAL)

"(...) O que é o mundo real? Esta é uma pergunta que ocorre a estudantes e pensadores. O mundo natural - montanhas, rios, estrelas, árvores e pássaros - é real? Provavelmente é, sendo parte da vida una fora da qual nada existe. Por outro lado, uma vez que o mundo natural é apenas uma parte da realidade total, ele pode ser real de maneira relativa, e não de maneira absoluta. Nos textos hindus sugere-se que os rios, montanhas e toda a natureza são apenas parte do divino esplendor que o Supremo revela, pois os nossos olhos são incapazes de ver além. Apenas um fragmento da realidade é manifestado como universo, sendo o não manifesto a parte maior.

Portanto, o mundo natural não é irreal porque é parte de uma suprema existência, mas é apenas parte, não o todo. É um meio através do qual algo muito mais vasto pode ser vislumbrado. No entanto, que tipo de mente e coração consegue ver o esplendor além das formas externas? Não a consciência destituída de inocência. A criança que sofre ao ouvir uma história em que um animal morre provavelmente está muito mais próxima da verdade da vida do que o adulto que sabe tudo a respeito da sobrevivência, do conforto e de vantagens pessoais.

Os seres humanos são parte do mundo natural, são criação da natureza, mas nós nos tornamos estranhos. Ao perder a inocência, nós nos exilamos do paraíso e escolhemos viver num falso mundo de ambição, paixões e guerras. Esse mundo, produto do pensamento humano, é irreal, porque está baseado em percepções distorcidas e em falsos valores. A ilusão não está nas árvores, nos animais e na terra, mas no olho do homem que vê tudo como objeto para possuir e explorar. Aqueles que viam o rio e a montanha como presenças divinas viam a mesma água e a mesma montanha que nós vemos hoje, mas nós os reduzimos a nada mais que matéria inerte.

O endurecimento da mente deve terminar. Devemos prestar atenção à qualidade de nossas respostas ao desenvolvimento da sensibilidade - e isso não é sentimentalismo. Os grandes videntes não cediam ao emocionalismo; eles viam a realidade."

(Radha Burnier - O que é a realidade? - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p.20)

sábado, 6 de agosto de 2016

O QUE É A REALIDADE? (1ª PARTE)

"Muitas crianças choram quando suas mães choram ou quando veem alguém chorando. Talvez a consciência inocente no corpo jovem, não tendo tido ainda experiências na vida material, instintivamente sinta que a infelicidade não é algo correto. Uma criança responde com naturalidade, e portanto sente que algo está errado quando alguém está infeliz. A maioria das crianças é atraída por outros seres inocentes - outras crianças e animais, particularmente os mais jovens.

Esse estado de inocência se perde quando a criança torna-se adulta, e o modo de vida moderna não ajuda o jovem a preservá-lo. Assistir repetidamente a episódios de violência na televisão, por exemplo, ajuda a destruir o senso instintivo de unidade que as crianças possuem. Os humanos, como é bem sabido, precisam de proteção e cuidados durante um período de tempo muito mais longo do que os animais. Isso pode ser parte do plano da natureza para desenvolver nossa sensibilidade.

O animal jovem é forçado a lutar pela sobrevivência, o que inclui aprender a desconfiança, o medo e a agressividade, tendências que contribuem para o comportamento competitivo. Quando existe insegurança e medo, desenvolve-se a agressão; o medo obriga a mente a planejar maneiras de autodefesa. Assim se instala a insensibilidade, e a consciência perde sua inata delicadeza de resposta. 

A maioria de nós adota atitudes duras; se formos honestos, descobriremos como e quando elas ocorrem - como são perdidas a inocência da infância e a qualidade de estar em harmonia com as outras criaturas vivas. (...)"

(Radha Burnier - O que é a realidade? - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p.20)