OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sexta-feira, 21 de outubro de 2016

TENHAM CONFIANÇA EM SI MESMOS

"O gosto pela vida espiritual não pode ser adquirido de uma vez só. Não! É preciso lutar duramente por ele. Todas as nossas energias devem ser concentradas unicamente nessa meta sem serem desperdiçadas em outras direções. Sigam sempre adiante, sempre adiante. Nunca fiquem satisfeitos com seu atual estado de desenvolvimento. Tentem alimentar dentro de si uma ardente insatisfação. Digam a si mesmos: 'Que progresso estou fazendo? Nenhum.' - e apliquem-se de maneira ainda mais incansável à tarefa. No fim do dia, Sri Ramakrishna costumava exclamar: 'Ó Mãe, mais um dia se passou e eu não consegui vê-La!'

Toda noite, antes de dormir, pensem por um momento no tempo em que passaram realizando boas ações e no tempo que desperdiçaram; no que dedicaram à meditação e no que se entregaram à preguiça. Fortaleçam suas mentes por meio (...) da prática da meditação.

Deus não é algo que se pode comprar. A visão de Deus só é concedida por Sua graça. Isso significa que vocês não precisam praticar disciplinas espirituais? É claro que devem praticá-las, de outra forma as paixões irão destruí-los.

O homem rico contrata um porteiro cujo dever é impedir que ladrões, vacas, ovelhas ou qualquer outro intruso invada sua propriedade. A mente do homem é seu porteiro, e quanto mais forte ela se tornar, melhor. A mente também tem sido comparada a um cavalo selvagem. Um cavalo assim pode conduzir seu cavaleiro pelo caminho errado; apenas quem é capaz de segurar as rédeas e controlar o animal pode se manter no caminho certo."

(Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda - O Eterno Companheiro - Ed. Vedanta, São Paulo - p. 232)

quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O PROPÓSITO DA ADORAÇÃO RITUALÍSTICA

"Os homens têm temperamentos diferentes na forma de adorar Deus. Para satisfazer as necessidades de todos, as escrituras prescrevem quatro métodos diferentes de adoração.

Um deles é o método ritualístico de adorar Deus, personificado numa imagem ou símbolo. Um método ainda mais do que esse é adorá-Lo por meio da oração e do japa. O aspirante espiritual ora, repete o nome de Deus e medita na forma luminosa de seu Ideal Escolhido dentro do próprio coração.

Mais elevado ainda é a meditação. Quando alguém pratica essa forma de adoração, mantém o fluxo do pensamento continuamente em Deus e permanece absorto na presença viva de seu Ideal Escolhido. Esse método transcende a oração e o japa, mas o sentido de dualidade ainda permanece.

O método de adoração superior a todos é aquele em que se medita na unidade entre o Atman e Brahman. Esse método condiz direta e imediatamente a Deus. O aspirante espiritual realiza Brahman e está convencido de que Deus existe. É a verdadeira constatação da Realidade onipresente.  

Esses são os diferentes estágios pelos quais o aspirante espiritual evolui. Para o ser humano, é de vital importância iniciar sua jornada espiritual a partir do estágio onde se encontra. Se o homem comum receber orientação para meditar em sua união com Brahman absoluto, ele não compreenderá a ideia. Não conseguirá captar a verdade desse fato nem será capaz de seguir as instruções. Ele poderá tentar durante algum tempo, mas, cedo ou tarde, irá se cansar e desistir.

Se esse mesmo homem, porém, for orientado a adorar a Divindade oferecendo-lhes flores, incenso e outros acessórios próprios à adoração ritualística, sua mente gradualmente se concentrará em Deus e ele encontrará alegria no ato de adorar. Por meio desse tipo de adoração, aumenta a devoção à prática do japa. Quanto mais sutil a mente se torna, maior sua capacidade de entregar-se a forma mais elevada de adoração. O japa inspira a mente à prática da meditação. Com isso, de forma natural, o aspirante dirige-se gradualmente para seu Ideal.

Tomem o exemplo de um homem no quintal de sua casa. Ele quer chegar até o telhado, mas em vez de subir os degraus da escada um a um para alcançá-lo, tenta pular de uma só vez. O que acontece com ele? Ele se machuca seriamente. Coisa semelhante acontece na vida espiritual. Deve-se prosseguir no caminho gradualmente, pois assim como existem leis que regem o mundo físico, existem também as que governam o mundo espiritual."

(Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda - O Eterno Companheiro - Ed. Vedanta, São Paulo - p. 222/223)


quarta-feira, 19 de outubro de 2016

O PENSADOR E O PENSAMENTO (PARTE FINAL)

"(...) Será possível experimentar aquele estado em que só existe uma única entidade e não dois processos separados — o experimentador e a experiência? Se o experimentarmos, talvez possamos descobrir o que é ser criador e conhecer um estado em que nunca há deterioração, em quaisquer relações em que se encontre o homem. 

Sou ambicioso. Eu e a ambição não somos dois estados diferentes; só há uma única coisa, que é a ambição. Se estou cônscio de que sou ambicioso, que acontece? Faço um esforço para não ser ambicioso, atendendo a razões sociais ou religiosas; este esforço estará sempre dentro de um círculo limitado. Posso dilatar o círculo, mas ele será sempre limitado. Por conseguinte, nele está presente o fator da deterioração. Mas, se investigo um pouco mais profunda e atentamente, vejo que a entidade que faz esforço é a causa da ambição, ela própria é ambição. E percebo também que não há 'eu' e ambição, separados, e sim apenas ambição. Se reconheço que sou ambicioso, que não há o observador que é ambicioso, mas que eu mesmo sou a ambição, o problema se torna então muito diferente; nossa reação a ele é de todo diferente e nosso esforço não é mais destrutivo. 

Que fareis, ao reconhecer que todo o vosso ser é ambição e que toda ação que executais é ambição? Infelizmente, não estamos acostumados a pensar nessa direção. Há o 'eu', a entidade superior, o soldado que controla e domina. Para mim, esse processo é destrutivo. É uma ilusão e sabemos por que assim procedemos. Divido-me em 'superior' e 'inferior', com o fim de subsistir. Se eu sou a ambição, completamente, se não há um 'eu' atuando sobre a ambição; se eu sou todo ambição, que acontece, então? Por certo, há então um processo inteiramente diverso, nasce um problema diferente. Este problema, sim, é criador, porque nele não há sentimento do 'eu' que domina e que 'vem a ser', positiva ou negativamente. Devemos alcançar esse estado, se queremos ser criadores. Nesse estado, não há entidade que faz esforço. Esta questão não exige 'verbalização', ou que se procure descobrir o que é aquele estado; se vos aplicardes a ela dessa maneira, saireis perdendo e nada achareis. O importante é perceber que a entidade que faz esforço e o objeto para o qual o esforço é dirigido, são a mesma coisa. São necessárias uma compreensão e uma vigilância extraordinárias, para ver como a mente se divide em 'superior' e 'inferior' — sendo que a parte 'superior' é a segurança, a entidade permanente, que continua, todavia, a ser um processo de pensamento e por conseguinte uma coisa do tempo. Se pudermos compreender isso, como experiência direta, veremos então surgir um fator inteiramente diferente."

(Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 93/94)


terça-feira, 18 de outubro de 2016

O PENSADOR E O PENSAMENTO (1ª PARTE)

"Em todas as nossas experiências há sempre o experimentador, o observador que acumula contínuamente, ou que renuncia a si mesmo. Não será errôneo esse processo, e não estamos aí empenhados numa atividade que não faz vir o estado criador? Se é errôneo o processo, será possível eliminá-lo de todo, abandoná-lo? Só é possível quando experimento, não como 'pensador', mas estando bem cônscio do processo falso e percebendo que só existe um estado único, no qual o pensador é o pensamento. 

Enquanto estou experimentando, enquanto estou no estado de 'vir a ser', tem de haver essa ação dualista, tem de haver pensante e pensamento, dois processos distintos. Não há integração e, sim, sempre, um centro que opera através da vontade de agir no sentido de ser ou de não ser — coletivamente, individualmente, nacionalmente, etc. Esse o processo universalmente observado. Enquanto o esforço estiver dividido entre o experimentador e a experiência, tem de haver deterioração. Só é possível a integração, quando o pensador já não é observador. Isto é, sabemos que há o pensador e o pensamento, observador e objeto observado, experimentador e experiência; dois estados diferentes. Nosso esforço se faz para unir esses dois estados. 

A vontade de agir é sempre dualista. Será possível transcender a vontade separativa e descobrir um estado em que não exista ação dualista? Só é possível, se experimentarmos diretamente o estado em que o pensador é o pensamento. Pensamos agora que o pensador está separado do pensamento; mas é exato isso? Agrada-nos pensar que sim, porque o pensador pode então explicar as coisas através do seu pensamento. O esforço do pensador é feito no sentido de se tornar mais ou de se tornar menos; e, por conseguinte, nessa luta, nessa ação da vontade, no 'vir a ser', existe sempre o fator da deterioração. Estamos empenhados num processo falso e não num processo verdadeiro. 

Há separação entre o pensador e o pensamento? Enquanto eles estiverem separados, divididos, será vão o nosso esforço, estaremos empenhados num processo falso e destrutivo, causador de deterioração. Pensamos que o pensador é separado do seu pensamento. Reconhecendo que sou ambicioso, ganancioso, brutal, julgo que não deveria ser assim. Procura então o pensador alterar seus pensamentos e, por conseguinte, faz um esforço com o fim de 'vir a ser'. Nesse processo de esforço, nutre-se a falsa ilusão de que existem dois estados diferentes, quando de fato só existe um único processo. Penso que aí se encontra o fator fundamental da deterioração. (...)" 

(Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 92/93)


segunda-feira, 17 de outubro de 2016

O RENASCIMENTO DA ESPIRITUALIDADE

"Atualmente existe um crescente interesse na espiritualidade. No entanto, é preciso se observar a diferença entre espiritualidade e fundamentalismo, porque as questões do espírito podem causar polêmicas e produzir conflitos. Após os eventos de 11 de setembro de 2001, temos de ser muito cuidadosos quando falamos a respeito da espiritualidade, e diferenciar claramente entre as formas criativas e destrutivas de interesse espiritual.

Espiritualidade e fundamentalismo situam-se nos lados opostos do espectro cultural. A espiritualidade busca um relacionamento com o sagrado que seja sensível, contemplativo, transformador, e é capaz de sustentar níveis de incerteza nessa busca, porque o respeito pelo mistério é sempre soberano (Tacey, 2000). O fundamentalismo busca a certeza, respostas fixas e o absolutismo como resposta temerosa à complexidade do mundo e à nossa vulnerabilidadee como criaturas num universo misterioso. Em qualquer credo, a espiritualidade surge do amor e da intimidade com o sagrado; o fundamentalismo surge do medo e da possessão pelo sagrado. A escolha entre espiritualidade e fundamentalismo é uma escolha entre intimidade consciente e possessão inconsciente.

A espirituialidade é capaz de permanecer com as questões últimas, mas o fundamentalismo quer respostas: duras, rápidas e furiosas. O fundamentalismo pode surgir em qualquer tradição, seja cristã, islâmica, hindu ou até mesmo em modernas ideologias, como a psicologia freudiana ou junguiana (Tacey, 2001). A espiritualidade produz um estado mental que o poeta John Keats definiu como a capacidade de um homem 'estar cheio de incertezas, mistérios, dúvidas, sem qualquer traço de irritabilidade ao tentar alcançar fato e razão'.

Certamente essa é uma condição a se aspirar em nosso mundo dilacerado e partido, especialmente porque o 'sagrado' está sendo invocado por partidos em guerra e forças hostis que têm certeza absoluta de que Deus está do seu lado. Se tivéssemos menos certeza de nossas crenças e fôssemos mais receptivos ao mistério e ao assombro, paradoxalmente estaríamos mais próximos de Deus, seríamos mais íntimos do espírito e mais tolerantes com os seres humanos nossos irmãos, com suas diferentes concepções do sagrado."

(David Tacey - O renascimento da espiritualidade - Revista Sophia - Ano 12, nº 47 - p. 24)