OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


domingo, 10 de setembro de 2017

SEGUINDO O IMPULSO DA ALMA (1ª PARTE)

"Como um adepto se torna sábio? Não por sorte, porque nem a boa nem a má sorte existem nas leis imutáveis do universo. O adepto é o raro resultado de gerações de investigadores. Vida após vida, ele se dedicou a buscar o propósito e a natureza da existência. A vida de Buda indica que em muitas encarnações ele se esforçou para encontrar a verdade, sacrificou até a própria vida, e depois recebeu a iluminação. O espírito investigador - não a imitação ou a repetição - é que é importante. Por isso Buda disse: 'Seja uma lâmpada para si mesmo.'

Quem deseja se iluminar deve estar preparado para abandonar as 'considerações prudentes do mundo' e seguir o impulo interno da alma. Por ter trabalhado com afinco, um adepto chega a ver, sentir e viver a própria origem de todas as verdades fundamentais. Sua consciência é una com toda a vida; portanto, ele entende todas as coisas em sua essência e não precisa se esforçar para distinguir entre o real e o irreal. Por isso, um verdadeiro instrutor nunca encoraja seus discípulos a prosseguirem com seus desejos mundanos, nem promete recompensas. Da mesma forma, o adepto nunca mantém o outro sob seu domínio.

Todo o rio da vida flui em uma direção, que Krishnamurti chamou de o 'despertar da inteligência'. A evolução representa o desenvolvimento do organismo físico para que as faculdades da consciência possam florescer. O adepto, completamente cônscio desse propósito, em nenhum momento tenta controlar a consciência do discípulo, nem exige dele uma obediência cega. Ele guia, mas espera que cada pessoa aja como pensa que é certo, por que é responsável por si mesma e aprende até mesmo com seus erros.

Dessa maneira, a inteligência do discípulo se desenvolve, e sua capacidade de discernimento cresce. Ele deixa de ser dependente. Nos primeiros tempos da Sociedade Teosófica, um adepto disse: 'Nós aconselhamos, nunca ordenamos.' Todos os que entendem a natureza do progresso espiritual seguem esse exemplo: eles discute, indicam, mas nunca dizem o que o outro deve ou não fazer. Um deles escreveu: 'Os aprendizes, por uma ideia errada sobre o nosso sistema, muitas vezes esperam e aguardam ordens, desperdiçando um tempo precioso.' (...)"

(Radha Burnier - O adepto e o discípulo - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 38)

sábado, 9 de setembro de 2017

A LUZ DA CONSCIÊNCIA

"As ações liberam energias que criam condições favoráveis ou obstruções. O universo é governado por leis imparciais. Ao contrário das leis dos homens, elas não podem ser quebradas impunemente. Existe um perfeito equilíbrio nas forças do universo. Como tudo obedece às leis universais, não há opção para o aprendiz espiritual a não ser trabalhar para criar condições benéficas em si mesmo. Ninguém mais pode fazer isso por ele.

Ao contrário dos falsos gurus, os verdadeiros adeptos dizem: 'Preencha as condições'. Esses instrutores podem parecer duros, mas na realidade são verdadeiros benfeitores. O guru que disser 'faça como quiser; enquanto você se dedicar a mim, eu o protegerei' está apenas enganando os discípulos.

Um mestre afirmou: 'Seja puro e decidido na senda da retidão. Seja honesto e altruísta: esqueça de si e pense no lado bom das pessoas.' Quem segue esses conselhos atrai a atenção de um adepto. Dizem que, quando um iluminado olha para o nosso mundo, que é escuro e triste, vê aqui e ali a luz da consciência dos puros e generosos, que esquecem seus próprios interesses pelos dos outros. Os adeptos repetidamente indicaram que somente a afinidade interna pode levar um aspirante até eles. A retidão e a generosidade são condições necessárias para chegar à porta e bater."

(Radha Burnier - O adepto e o discípulo - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 37)

sexta-feira, 8 de setembro de 2017

O ADEPTO E O DISCÍPULO (PARTE FINAL)

"(...) O real adepto é completamente diferente. Ele vive num outro tipo de mundo, onde as satisfações materiais ou psicológias não são relevantes. Seu mundo, porém, não é geograficamente diferente do nosso, não é preciso ir ao Himalaia ou ao Tibete para encontrar um instrutor espiritual. É o mundo da sua consciência que é diferente, porque está completamente livre do eu. É um mundo de unidade, pureza, sabedoria e amor.

Um adepto escreveu: 'a porta está sempre aberta ao homem certo que bate.' Essa porta não leva a mais satisfações mundanas. Não há riquezas do outro lado, nem cargos ou posições a ocupar. Por essa porta não podemos fugir das dificuldades e tensões, porque elas são criadas por nós mesmos; nós geramos as forças que produzem as condições difíceis.

Bater na porta, portanto, não é tão fácil, porque requer ardor verdadeiro. Damos pouca atenção ao ditado 'não se pode servir a Deus e ao diabo ao mesmo tempo'. Não podemos nos agarrar a este mundo e esperar entrar no mundo dos adeptos, nem estar ora neste, ora naquele mundo. Bater é desejar aprender, ter entusiasmo, ansiar por sabedoria. O discípulo deve refletir, por exemplo, sobre os sofrimentos que surgem quando não conseguimos ser pacíficos; após ponderar sobre esta e outras questões profundas, deve ter entendido, pelo menos até certo ponto, que valores são reais e quais são falsos.

Não é o instrutor, portanto, quem abre a porta. Nenhum verdadeiro adepto pode ser persuadido a abrir o caminho para uma dimensão espiritual mais elevada. A porta é aberta pelo discípulo, por suas próprias ações, pelo que pensa e sente a respeito de todos os seres vivos." 

(Radha Burnier - O adepto e o discípulo - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 37)


quinta-feira, 7 de setembro de 2017

O ADEPTO E O DISCÍPULO (1ª PARTE)

"Krishnamurti afirmou que 'os gurus destroem os discípulos e os discípulos destroem os gurus.' Alguns acharam que fosse brincadeira, outros ficaram perplexos. Contudo, de acordo com a tradição de muitos países, entre o instrutor verdadeiramente espiritual e o discípulo sincero há uma ligação muito estreita - mais estreita do que a de um pai amoroso com o filho dedicado. 

Esse relacionamento é testado durante alguns anos, quando o discípulo é vigiado pelo mestre. Se aprovado, adquire o privilégio de uma conexão interna ainda mais estreita. Mas quando compreendem isso, especialmente numa época em que proliferam gurus, buscam-se 'mães' e todo tipo de pessoa se intitula instrutor.

Usamos a palavra 'adepto', e não 'guru', porque um guru é um instrutor em qualquer área - da música à eletrônica, da ginástica às escrituras. Mas um adepto não é um instrutor em assuntos mundanos. A palavra 'adepto' refere-se a uma pessoa extremamente habilidosa - um especialista na arte e na ciência da vida. As duas estão ligadas intimamente, porque, quando aprende a arte de viver, o aspirante descobre que um véu é retirado de seus olhos, e que pode entender os segredos e as maravilhas da vida. 

Para praticar a arte de viver, certas qualidades essenciais associadas à arte devem se tornar parte do dia a dia: beleza, harmonia, senso de proporção, etc. Muitas pessoas procuram gurus porque desejam algo - apoio, benefícios espirituais, bênçãos, alívio para as pressões da vida, solução para problemas de negócios ou de saúde. Esses discípulos acreditam que, se pagarem o suficiente, agradarem e obedecerem ao guru, terão progresso espiritual. O servilismo dos discípulos ajuda a destruir os gurus, fazendo com que se sintam superiores e poderosos. Os gurus os exploram oferecendo recompensas espirituais, enquanto dos próprios recebem doações materiais. (...)"

(Radha Burnier - O adepto e o discípulo - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 37)


quarta-feira, 6 de setembro de 2017

DANDO UM TEMPO

"As pessoas perguntam sempre: 'Por quanto tempo devo meditar? E quando? Devo praticar vinte minutos pela manhã e à noite, ou é melhor fazer várias sessões curtas, ao longo do dia?' Sim, é bom meditar durante vinte minutos, mas isso não significa que vinte minutos é o limite. Nunca li nada sobre vinte minutos nas escrituras; acho que essa é uma noção que foi inventada no Ocidente, e costumo chamá-la de 'Tempo-Padrão Ocidental de Meditação'. A questão não é por quanto tempo você vai meditar, a questão é saber se a meditação de fato lhe traz certo estado de presença mental em que você está um pouco aberto e pode entrar em contato com a essência do seu coração. E cinco minutos de prática sentado, plenamente consciente, têm valor muito maior do que vinte minutos de cochilo!

Dudjom Rinpoch dizia que um iniciante devia praticar em sessões curtas. Praticar por quatro ou cinco minutos e então fazer uma pequena pausa de apenas um minuto. Durante a pausa deixar o método de lado, mas não abandonar o estado desperto de sua consciência. É curioso que às vezes, quando você está lutando para praticar corretamente, no exato momento em que descansa do método - se ainda está alerta e no presente - é que a meditação de fato acontece. Por isso a interrupção é parte tão importante da meditação quanto o sentar-se em si. Às vezes digo a alunos que estão tendo problemas com a prática para praticarem durante a interrupção e descansarem durante a meditação!

Sente-se por um curto período de tempo, então descanse, um pequeno descanso de cerca de trinta segundos ou um minuto. Mas mantenha-se consciente do que faz, e não perca sua presença e seu relaxamento natural. Então ponha-se desperto e sente-se outra vez. Se fizer muitas sessões curtas como essas, os intervalos frequentemente farão sua meditação mais real e mais inspiradora; elas podem livrar sua prática da rigidez, solenidade e artificialismo toscos e maçantes, trazendo mais concentração e leveza. De modo gradativo, através dessa ação recíproca do descanso e do sentar-se, a barreira entre a meditação e a vida cotidiana desmoronará, o contraste entre elas se dissolverá e você se encontrará cada vez mais em sua pura presença natural, sem distração. Então, como diz Dudjom Rinpoche, 'mesmo que o meditador deixe a meditação, a meditação não deixará o meditador'."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 110/111