OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 26 de dezembro de 2017

O RIO DA VIDA (1ª PARTE)

"Vários instrutores espirituais afirmaram que a vida segue na direção do sagrado, do vasto, do belo, assim como um rio segue infalivelmente até o mar. Desenvolvendo essa metáfora, Krishnamurti disse que a água pode formar um rio e também uma poça estagnada. Nós gostamos dessa estagnação, porque temos medo do rio. O rio pode levar a muitos lugares, pois segue seu caminho, enquanto a poça está protegida. A pessoa que está cercada por coisas que conhece, diretamente ou por ouvir dizer, pensa que está em terreno seguro, e assim a poça torna-se uma realidade da qual ela gosta.

Infelizmente os seres humanos se aferram a uma poça - ou a uma ilha - e, até onde podem, permanecem distantes do rio que flui. O homen não gosta de saber em que direção o rio segue. Ele olha para o universo, para os amplos céus, para as estrelas, e sabe cada vez mais a respeito deles, mas sua vida pessoal não muda. A maior parte das coisas passa pelo ser humano médio como se não existisse, ou causa apenas um tipo de interesse que tem a ver com sua própria personalidade e bem-estar.

Nossos pensamentos estão concentrados no eu. Em volta há a vastidão do rio, fluindo, movendo-se, penetrando recessos e cantos, mas não tomamos conhecimento, pois nossos pensamentos estão concentrados em um pequeno ponto - em nós mesmos. Estamos preocupados apenas com uma pequena porção da vastidão do universo que se desenrola perante nós. Nós não vemos a vida nas estrelas.

Hoje temos uma família; depois encarnamos novamente e a família pode ser formada por pessoas inteiramente diferentes. Talvez isso tenha um propósito. Talvez nos faça ter um tipo de relacionamento com pessoas que de outro modo sequer perceberíamos. Somos levados a percebê-las através do apego ou do seu oposto - o desejo de nos afastarmos delas. Assim, temos relacionamentos de certo tipo em cada vida, e à medida que giramos de vida em vida, entramos em contato com mais pessoas.(...)"

(Radha Burnier - O rio da vida - Revista Sophia, Ano 15, nº 66 - p. 20)


segunda-feira, 25 de dezembro de 2017

CELEBRA O TEU NATAL - DE DENTRO!

"Quantas vezes, meu amigo, celebrastes o Natal de fora? O Natal litúrgico, de 25 de dezembro de cada ano? 20, 30, 50 vezes em tua vida?

Foi um verdadeiro Natal - ou foi apenas um pseudonatal?

Foi um Natal - ou foi o teu Natal?

Foi como um fogo pintado na tela - ou foi um fogo real, cheio de força, luz e calor?

Natal sem natalidade não passa de ilusão e mentira...

Que quer dizer um Natal onde não haja nascimento do Cristo?

Nasceu ele, é verdade, há quase 2000 anos, na gruta de Belém - mas não nasceu na gruta de teu coração.

Foi reclinado na singela manjedoura de palha - mas podes tu dizer em verdade: Já não sou eu que vivo, o Cristo é que vive em mim?

Ainda que mil vezes nasça Jesus em Belém - se não nascer em ti, perdido estás...

A árvore de Natal que costumas armar em tua casa é bem o símbolo inconsciente do teu pseudonatal interior: árvore sem raízes, morta ou moribunda, ostentando lindos enfeites de papel sem vida, frutinhas ocas de celulóide inerte - não é isto que é a tua vida espiritual?

Quanto tempo pretendes ainda 'brincar de Natal' - sem celebrar um verdadeiro Natal, um dia natalício do Cristo em ti?

Por que toda essa camuflagem e insinceridade diante de ti mesmo?

Por que não retificas, enfim, todas as tortuosidades da tua vida?

Por que não pões ponto final a toda essa política e diplomacia curvelínea do teu egoísmo e inicias, finalmente, uma vida retilínea de absoluta verdade, honestidade e amor universal?

Quando permitirarás que nasça em ti o Redentor - ele, o Caminho, a Verdade e a Vida?

Não imaginas, meu amigo, o que viria a ser para ti esse Natal externo do ano litúrgico, se, de fato, celebrasses o Natal interno de tua alma.

Não imaginas o que te diriam a gruta, a manjedoura, os anjos do céu e os pastores da terra se em ti acontecesse o glorioso simbolizado de que esses fatos históricos são o símbolo longínquo e vago.

Não imaginas em que nova luz de compreensão te apareceria o Cristo do Evangelho se dentro de ti nascesse o Cristo da tua experiência íntima, do teu encontro pessoal com Deus.

Se o Cristo fosse para ti, não apenas um artigo de fé aridamente crido - mas uma estupenda realidade intensamente vivida.

Se o Cristo vivesse em ti e tu vivesses no Cristo, ou antes, se fosses vivido pelo Cristo - que vida abundante seria a tua...

Não caberias em ti de tão feliz - e tua exuberante felicidade em Cristo transbordaria em amor e benevolência para com todos os irmãos de Cristo em derredor...

A própria Natureza inconsciente receberia um reflexo desse transbordamento de amor e felicidade - e, como Francisco de Assis, ébrio de Deus, contarias e cantarias as glórias divinas às pedras e às plantas, às aves e aos peixes, ao sol, à lua e às estrelas...

Convidarias a própria 'irmã Morte' para entoar louvores ao Pai celeste.

Se tivesses celebrado o teu Natal de dentro, se o Cristo tivesse nascido em ti e em ti vivesse, seria a tua vida uma gloriosa ressurreição - e os anjos da Páscoa confundiriam as suas vozes com os anjos de Belém, cantando hosanas e aleluias, glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens, em todos os caminhos da sua existência - mesmo por entre as sombras da morte.

Celebra o teu verdadeiro Natal, meu amigo - e saberás o que o Cristo significa em ti e para todos os que o recebem e vivem nele...

'Renascidos pelo espírito'...

'Feitos novas creaturas em Cristo'..."

(Huberto Rohden - Imperativos da vida - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1983 - p. 19/21)

domingo, 24 de dezembro de 2017

RESPONDA AO CHAMADO DE CRISTO!

"A concepção de Cristo não foi comum, mas imaculada. Portanto, a comemoração de seu aniversário é um dia muito especial, sabendo-se e sentindo que, na concepção imaculada de Jesus, o Pai Celestial preparou o nascimento de um ser perfeito.¹ A verdadeira comemoração do Natal é sentir, na própria consciência, o nascimento da Consciência Crística.

Eliminem todos os pensamentos errantes e unam-se ao espírito de Cristo. Eu invoco o Espírito de Jesus e dos Mestres a ele unidos no Espírito, para que o ser perfeito que nasceu na Terra há mil e novecentos anos possa manifestar agora a sua consciência em vocês. Para isso oro profundamente hoje, com todo o ardente fervor da minha alma. Tudo é possível pela oração. Jesus disse: 'Por isso vos digo que tudo o que pedirdes orando, crede que o recebereis, e tê-lo-eis."² Acreditem que está sendo atendida a oração para que Jesus venha a vocês, e assim será. O amor de Cristo manifesta-se em vocês não somente através da paz mental nem sequer por um fervor ardente, mas também na vontade tranquila e devocional de alcançar a perfeição. 'Ó Cristo, vem a nós! Manifesta-te a nós! Bons ou maus, somos teus. Livra-nos dos grilhões da inquietude e recebe-nos como somos.'

Que todos os que estejam em sintonia conosco hoje (cujos pensamentos sinto virem a mim)³ sejam abençoados com a presença e a consciência de Cristo. 'Pai Celestial, Tu atendes as orações que brotam do nosso coração; e esta é minha prece do coração: que todos nós aqui recebamos a visita de Tua presença, de Tua gloriosa presença. Ó Luz Infinita! Todas as velas de nossa devoção estão ardendo! Vem a nós!'

O amor de Deus é indescritível. Mas pode ser sentido à medida que o coração é purificado e adquire constância. Quando a mente e os sentimentos se interiorizam, começamos a sentir a alegria divina. Os prazeres sensoriais não duram; mas a alegria de Deus dura eternamente. É incomparável! (...)"

¹ Na passagem IV:7-8 do Bhagavad Gita, o Senhor fala da vinda da Consciência Divina à Terra na forma dos Grandes Mestres: 'Ó Bharata (Arjuna), sempre que a dirtude (dharma) declina e o vício (adharma) predomina, Eu Me encarno (como Avatar)! Apareço em forma visível, era após era, para proteger os virtuosos e destruir a prática do mal, a fim de restabelecer a justiça.'
² Marcos 11:24.
³ Refere-se aos estudantes da SRF do mundo todo que faziam a meditação longa de Natal naquele dia de 1939.

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 432/433)


sábado, 23 de dezembro de 2017

O REENCONTRO

"Eis-me aqui, Senhor, ansioso, na espera de num dia bem próximo sentir, em plenitude, Tua presença.

Muito há que se trabalhar. Sentimentos indomáveis tumultuam minha consciência ainda em formação.

O caminho é longo...

No conflito da mente pela busca de fazer-Te totalmente presente em meu ser, raros são os dias em que não há luta, É uma batalha incansável de pensamentos, que não se coadunam com palavras e ações.

Momentos existem que são puros e harmoniosos. E a vida se torna bela. Tua presença radiante ensina-me a ver em tudo e em todos a Tua Essência.

A vida, então, é um eterno convite para experienciar, a cada instante, a bondade, a compreensão, a tolerência, a compaixão, enfim, a justiça, a verdade e o amor. Nesses instantes Tua grandeza é sentida. Vejo então, através dos olhos do coração, a Tua beleza.

Nas mais das vezes, porém, confesso que me sinto distante. É quando divago pelos descaminhos que me levam para longe da verdade, ora impulsionado pela vaidade ou orgulho e, outras vezes, pela intolerência e incompreensão.

Nesses momentos bebo o amargo cálice da Tua ausência. É a dor sentida e vivida sem a Tua presença. Reflito e indago: Por que tais acontecimentos?

Olho para dentro de mim, para o mais profundo do meu ser e Te vejo enclausurado pelos meus interesses mesquinhos e materiais. Aí, compreendo que Tu és e sempre serás amor. Mesmo quando entro em conflito com a Tua vontade, Tu Senhor, em momento algum, me desamparas.

A realidade é que eu me deixara envolver pela sedução dos desejos temporários. Só então, após estar diante da dor, na batalha do Ser contra o Ter, é que volto a ver-Te.

Por tudo isto eis-me aqui, Senhor. Reconhecendo a necessidade de reencontrar-me em Tua luz, evitando assim a continuidade de minhas batalhas internas que, além de serem refletidas negativamente em todos, afastam-me cada vez mais de Ti."

(Valdir Peixoto - Conheca-te a ti Mesmo - Ed. Teosófica, Brasília/DF, 2009 - p. 79/81)


sexta-feira, 22 de dezembro de 2017

ILUSÃO (PARTE FINAL)

"(...) Como se pode saber que uma experiência, num dado momento, é verdadeira? Isso é uma parte da questão. Por que desejais saber se é verdadeira? Um fato é um fato, nem verdadeiro, nem falso. E só quando quero traduzir um fato de acordo com minha sensação, com minha 'ideação', é só então que entro na ilusão. Quando estou encolerizado, isso é um fato, não há ilusão alguma. Quando sou lascivo, quando sou ávido, quando estou irritado, cada uma dessas coisas é um fato; é só depois que começo a justificá-lo, a procurar explicações para ele, a traduzi-lo de acordo com meus preconceitos, isto é, a meu favor, ou quando o evito só então é que pergunto: 'Que é a verdade?'. Isto é, no momento em que examinamos um fato emocionalmente, sentimentalmente, elaborando ideias a respeito do mesmo, nesse momento penetramos no mundo da ilusão e da autodecepção. Para se encarar um fato, livre de tudo isso, requer-se uma extraordinária vigilância. Por essa razão, é de suma importância que descubramos por nós mesmos, se não estamos na ilusão, ou se estamos enganando a nós mesmos, mas se estamos livres do desejo de identificar, do desejo de ter uma sensação, que chamamos experiência, do desejo de possuir, de repetir, ou de voltar a uma experiência. Afinal de contas, de momento em momento, podeis conhecer a vós mesmos, tais como sois, 'realmente', e não através da cortina das ideias, que são sensação. Para conhecerdes a vós mesmos, não tendes necessidade de saber o que é a verdade ou o que não é a verdade. Para vos mirardes no espelho e verdes que sois feio ou belo, realmente, e não romanticamente, para isso não se requer a verdade. Mas a dificuldade da maioria de nós está em que, ao vermos a imagem, a expressão, queremos logo fazer alguma coisa, queremos alterá-la, dar-lhe um nome diferente; se ela é deleitável, identificamo-nos com ela: se dolorosa, evitamo-la. Nesse processo, por certo, reside a ilusão, e com ele estais mais ou menos familiarizados. Assim procedem os políticos; assim procedem os sacerdotes, ao falarem de Deus, em nome da religião; e assim procedemos também nós, quando ficamos entregues à sensação de ideias, e persistimos nisso. Isto é verdadeiro, isto é falso, o Mestre existe, ou não existe - tudo isso é tão absurdo, imaturo, infantil. Mas, para se descobrir o que é 'fatual', necessita-se uma vigilância extraordinária, uma percepção na qual não há condenação nem justificação.

Nessas condições, pode dizer-se que um indivíduo engana a si mesmo, que há ilusão, quando ele se identifica com um país, uma crença, uma ideia, uma pessoa, etc; ou quando tem o desejo de repetir uma experiência, isto é, a sensação da experiência; ou quando um indivíduo volta à meninice e deseja a repetição das experiências da infância, o deleite, a proximidade, a sensibilidade; ou quando um indivíduo deseja ser alguma coisa. É extremamente difícil vivermos sem estarmos enganados, quer por nós mesmos, quer por outra pessoa; e a ilusão só desaparece quando já não existe o desejo de ser alguma coisa. A mente é então capaz de olhar as coisas tais como são, de ver a significação daquilo 'que é'; não há então batalha entre o falso e o verdadeiro; não há então a procura da verdade, como coisa separada do falso. O que importa, pois, é que se compreenda o processo da mente; e essa compreensão é 'fatual' e não teórica, nem sentimental, nem romântica; não requer que nos tranquemos num quarto escuro, a meditar, a ver imagens, tendo visões. Tudo isso nada tem que ver com a realidade. E como, na maioria, nós somos românticos, sentimentais, desejosos de sensação, ficamos presos às ideias; e as ideias não são 'o que é'. Assim sendo, a mente que está livre das ideias, das sensações, essa mente está livre da ilusão." 

(Krishnamurti - A Conquista da Serenidade - p. 12/14)
Fontehttp://www.lojadharma.org.br/