OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 12 de agosto de 2021

DEUS MANIFESTANDO-SE COMO VONTADE

"Somos sempre inclinados a chegar aos extremos. É muito mais fácil ir aos extremos do que mantermo-nos firmemente no centro do caminho, e eu penso que é por isso que encontramos tão amplamente, de um lado, grandes arrebatamentos de devoção, e, de outro lado, as terríveis trevas do sentimento de abandono. Isso é marcado, em sua realidade, como uma das grandes experiências pelas quais todo Místico deve passar - e que é chamada a Crucificação do Cristo, quando as trevas vieram durante três horas, e através da escuridão vibrou o grito angustiado do Cristo na Cruz: 'Meu Deus! Meu Deus! Por que me abandonaste?' Isso não durou muito. Não podia durar. Mas, às vezes, pensamos que a sombra daquela aparente e terrível deserção deixou algo sombrio sobre o Cristianismo, de forma que mesmo as palavras finais, mostrando que não havia abandono: 'Pai! Em tuas mãos entrego o meu Espírito!' aparentemente não foram válidas para fazer lembrar ao santo que, embora o Filho do Homem se esteja tornando o Filho de Deus, ele pode perder, por um momento, o contato consciente com o Deus interior, e com isso, naturalmente, o contato com o Deus exterior. Essa é uma experiência nos mais elevados pontos do Caminho, quando tudo desaparece, mesmo a crença de que há um Eu Superior. E o discípulo, nas trevas, simplesmente detém-se, recusando-se a mover-se para não tombar no vazio, sabendo, em sua mais profunda natureza, que aquilo é apenas uma tentativa de Mãyã para iludi-lo, para arrebatar aquilo sem o que ele não pode viver, no corpo ou fora dele, para não falar no Eterno. Essa é uma experiência que parece ser necessária, a fim de que um homem possa aprender a ficar absolutamente a sós. (...)

Tentem, então, levar através de seus estudos esta Luz da Teosofia, a Sabedoria Divina, que encontraremos talvez, mais completa, no estudo cuidadoso dos Upanisads. Quando chegarem às vidas dos grandes Místicos, vidas que estudarão, tentem ver nelas o que podemos chamar seus sucessos e seus fracassos. Observem as diferenças, e, ainda assim, a identidade. Irão encontrar um grande Discípulo, por exemplo em Sir Thomas More, cuja Utopia não é o devaneio de um sonhador, mas a visão de alguém que se estava aproximando da Liberação. Poderão ver isso na República de Platão, desembaraçando-a das circunstâncias da época, e vendo a grande meta que ele tem em mira, a Sociedade Perfeita. Poderão ver isso, com dificuldade maior, em Jacob Boehme, o sapateiro remendão - e compará-lo com o do grande Ministro de Henrique VIII - repleto de iluminação, velando sua sabedoria com as fórmulas e simbologias mais abstrusas, usando a alquimia e a astrologia como formas com as quais poderia velar seu significado, por causa da perseguição a que estava exposto e dos desprezo dos Governantes de sua própria cidade, que não mereciam sequer tocar-lhe os pés. Mas o sapateiro remendão vive, enquanto os Governantes estão todos esquecidos, e é um marco na grande Senda Mística. Então, irão conhecer os Místicos de Cambridge, com seus primorosos lampejos de visão, de vez em quando, e os Místicos da Igreja de Roma, como São João da Cruz, como Santa Tereza, como Molinos, o Místico espanhol, para chegar, talvez, na Escola Quietista da França, com Madame Guyon, tateando em busca do verdadeiro Misticismo.

Devem estudá-los, a todos, e aprender com todos eles, pois há muito a aprender dos diferentes ângulos de observação, a partir dos quais, eles olham para Deus e para o mundo. Cultivem o espírito do aluno, que enquanto estuda não desafia as exposições entre as quais está pesquisando a verdade que elas contêm. Para encontrar a verdade em qualquer escritor, devem tentar o contato com a sua vida, mais do que com as suas palavras, e isso pede mais simpatia do que análise. Tentem desenvolver essa simpatia com o pensamento que os levará ao contato com o escritor, e fará com que compreendam o que ele se está esforçando para expressar, por muito que lhe faleçam as formas de expressão. E, se dessa maneira podem acompanhar o pensamento profundo, o conhecimento superior, se algo em seu interior os convida ao esforço, embora possa haver demora na obtenção do que esperam conseguir, então nada desdenhem por parecer pequeno, porque, ali, pode haver algo que os auxilie. E lembrem-se de que ajudam mais a si mesmos quando estão ajudando aos outros. Ofereçam livremente algum conhecimento que tenham obtido, de forma que qualquer alma sedenta de água do conhecimento possa, por seu intermédio, receber uma ou duas gotas dessa água. Porque a gota que derem a outro torna-se o seu manancial de Vida, a que está por trás do véu.

Não temam as trevas. Muitos passaram por elas antes de vocês. Não temam que elas escondam seja o que for que possa atingi-los, pois vocês são eternos, embora encarnados num corpo. O que estão procurando não é o conhecimento exterior, mas a compreensão do interior, a compreensão do seu próprio Eu superior, que é um com a Vida Universal. Esse é o apogeu da Ioga. Nos momentos mais sombrios, lembrem-se da Luz. Nos momentos em que o irreal os estiver cegando, lembrem-se do Real. E, se através do irreal puderem agarrar-se ao Real, se através da escuridão jamais perderem a fé de que a Luz está ali, irão encontrar o Mestre que os guiará da morte para a imortalidade, e saberão, com uma convicção que nada poderá abalar, que Deus os fez à imagem de Sua própria Eternidade."

(Annie Besant - Brahmavidyã, Sabedoria Divina - Ed. Pensamento Ltda, São Paulo - p. 22/25)


terça-feira, 10 de agosto de 2021

MÁGOA E FRUSTRAÇÃO

"Nossas atitudes mentais e emocionais diante das decepções podem assumir muitas formas. Mágoas ou ressentimentos profundos podem resultar em dissensão, doença ou divórcio. A perda de um ente querido pode ser seguida de neuroses e perca de amor-próprio. A insatisfação no trabalho pode dar origem a fadiga, dores de cabeça e crescente irritação. O fracasso em estar à altura de nossas expectativas ou de outros pode resultar numa culpa paralisadora ou num desejo de nos autopunir. 

No entanto, a dor de esperanças perdidas não precisa nos aleijar para sempre. Devemos reservar algum tempo para descobrir a causa de nosso desespero. Podemos deixar a tristeza nos dominar ou deixá-la trabalhar em nosso benefício, tomando consciência de que a dor é muitas vezes uma indicação de atitudes prejudiciais que precisam ser abandonadas ou modificadas, tornando-se mais saudáveis. 

Gibran Khalil Gibran, autor de O Profeta, descreve o uso construtivo do sofrimento da seguinte maneira: 'Grande parte do vosso sofrimento é por vós próprios escolhida. É a amarga poção com a qual o médico que está em vós cura o vosso Eu doente'.

Hoje deixe-me entender que sou responsável por grande parte dos desconfortos que sinto. Já que minhas atitudes ajudaram a criar o problema doloroso, também tenho dentro de mim as atitudes saudáveis para resolvê-lo. Trabalharei para vencer minha dor e para sanear os pensamentos que limitam e impedem que eu atinja minha plenitude."

(Por Liane Cordes - O Lago da Reflexão, Meditações para o autoconhecimento - Ed. Best Seller, 3ª Edição - p. 63)


quinta-feira, 5 de agosto de 2021

ACUSAÇÃO E CRÍTICA - V

"Desconfiamos dos outros? Temos medo da intimidade? Sentimo-nos pouco à vontade quando comunicamos nossos mais profundos pensamentos e desejos? Tememos a rejeição ou tememos ser possuídos por alguém?

Todos nossos temores vêm de uma falta de confiança em nós mesmos e não nos outros. Só podemos temer nos outros o que não vencemos em nós mesmos. Se tememos o controle dos outros é porque não nos sentimos no controle de nossa própria vida. Se tememos a rejeição, é possível que tenhamos rejeitado algo muito querido em nós mesmos. Se desconfiamos dos motivos e ações dos outros, provavelmente duvidamos dos nossos. Se reprovamos a hipocrisia dos outros, talvez estejamos nos condenando por não vivermos à altura de nossos mais altos ideais e expectativas. 

Tomás Kempis, um monge e escritor místico alemão do século 15, escreveu: 'O que está em perfeita paz não desconfia de ninguém, mas o que está descontente e perturbado é sacudido por muitas suspeitas. Ele não fica tranquilo nem permite que outros se tranquilizem'.

Hoje deixe-me lembrar a mim mesmo que não é a desconfiança dos outros que devo temer, mas a desconfiança em mim mesmo.

Assim que você confiar em si mesmo aprenderá a viver.
- GOETHE

(Por Liane Cordes - O Lago da Reflexão, Meditações para o autoconhecimento - Ed. Best Seller, 3ª Edição - p. 88)


terça-feira, 3 de agosto de 2021

NÃO JULGUEIS - E NÃO SEREIS 'JULGADOS!' - NÃO CONDENEIS - E NÃO SEREIS CONDENADOS!

"Com estas duas frases lapidares enuncia o divino Mestre a lei universal e infalível de causa e efeito, ou, como diz a filosofia oriental, a lei do 'karma'. Se os homens compreendessem praticamente essa lei, não haveria malfeitores sobre a face da terra, porque o homem compreenderia que fazer mal a seus semelhantes é fazer mal a si mesmo, e, como ninguém quer ser objeto de um mal, ninguém seria autor do mal; cada um compreenderia que ser mau é fazer mal a si mesmo.

O universo é um 'kosmos', isto é, um sistema de ordem e harmonia, regido por uma lei que não admite exceção, ou no dizer de Einstein, o universo é a própria Lei Universal. Dentro desse sistema cósmico, a toda ação corresponde uma reação equivalente. Pode essa reação tardar, mas ela vem com absoluta infalibilidade.

Objetivamente, ninguém pode perturbar o equilíbrio do universo, embora, subjetivamente, os seres conscientes e livres possam provocar perturbação. A ação do perturbador provoca infalivelmente a reação do perturbado, e esses dois fatores, ação e reação, atuando como causa e efeito, mantêm o equilíbrio do Todo. A ação do perturbador chama-se culpa ou pecado, a reação do perturbado chama-se pena ou sofrimento. Ser autor de uma culpa é ser mau, ser objeto de uma pena é sofrer um mal. Por isso, é matematicamente impossível que alguém seja mau sem fazer mal a si mesmo. Se tal coisa fosse possível, o malfeitor teria prevalecido contra o universo e ab-rogado a Constituição Cósmica; teria, por assim dizer, derrubado o Himalaia com a cabeça.  

Compreender praticamente essa lei inexorável é ser sábio, e ser sábio é deixar de ser mau ou pecador. Se todos os homens fossem sábios ou sapientes, não haveria mau sobre a face da terra. Mas os homens são maus porque são insipientes, ignorantes. 'Disse o insipiente no seu coração: Não há Deus!' Todas as vezes que os livros sacros se referem ao pecador, usam o termo 'insipiente', isto é, 'não sapiente', ou ignorante.

O grande ignorante é o pecador. O grande sábio é o santo.

Quem conhece experiencialmente a ordem cósmica não comete a loucura de querer destruí-la com seus atos maus, porque sabe que isto é tão impossível como querer derrubar o Himalaia com a cabeça ou apagar o sol com um sopro.

O verdadeiro homem santo é um sapiente. E sua sapiente santidade consiste em manter perfeita harmonia com a lei do universo. A própria palavra 'santo' quer dizer 'universal' ou 'total'. O homem santo é o homem univérsico, integral, cósmico, aquele que não procura uma vantagem parcial contrária à ordem total."

(Rohden - O Sermão da Montanha - Ed. Martin Claret Ltda., São Paulo, 1997 - p. 151/153)


quinta-feira, 29 de julho de 2021

AMAI OS VOSSOS INIMIGOS

"É este, sem dúvida, um dos tópicos evangélicos mais repetidos no mundo cristão - e de todos o menos praticado. E a razão última e mais profunda dessa falta de prática do amor aos inimigos nasce de uma falsa compreensão dessas palavras do Mestre. A imensa maioria dos cristãos julga tratar-se aqui de um imperativo categórico do dever compulsório, quando, de fato, se trata de um ato de querer espontâneo; não do heroísmo de uma virtude ética, e sim da evidência de uma sabedoria cósmica. Naturalmente, para que o dever compulsório da virtude possa converter-se no querer espontâneo da sabedoria, terá de acontecer algo de imensamente grande entre esse doloroso dever de ontem e esse glorioso querer de hoje. 

Que é que deve acontecer entre esses dois polos adversos?

Deve acontecer uma grande compreensão.

É sabido que tudo que é difícil não tem garantia de perpetuidade - mas tudo que é fácil tem sólida garantia de indefectível continuidade. Enquanto o 'amor aos inimigos' se nos apresentar como um dificultoso dever compulsório, uma virtude ou virtuosidade, é claro que não temos a menor garantia de que vamos amar os nossos inimigos, amanhã e depois, mesmo que talvez hoje os amemos. Só quando o dificultoso dever compulsório se transformar num jubiloso querer espontâneo, e quando a virtude passar a ser sabedoria e profunda compreensão da realidade, é que o nosso amor aos inimigos deixará de ser um fenômeno intermitente, passando a ser uma realidade permanente. 

Estas palavras de Jesus não têm, pois, em primeiro lugar, caráter ético, mas sim um sentido metafísico, visando estabelecer a solidariedade cósmica através da sabedoria da compreensão.

Exemplifiquemos.

Alguém é seu inimigo, e eu sou inimigo dele. Estamos ambos no plano negativo, nas trevas, ele, e eu.

Alguém é meu inimigo, mas eu não sou inimigo, e sim amigo dele; neste caso, ele está na zona negativa das trevas, mas eu estou na zona positiva da luz.

Ora, como a luz sempre atua positivamente, rumo à construção, e as trevas atuam negativamente, rumo à destruição, é certo que, no caso de um encontro mútuo entre a luz e as trevas, o positivo eliminará o negativo, e não vice-versa. 'A luz brilha nas trevas, mas as trevas não a prenderam' (extinguiram).

O preceito de amar nossos inimigos é, pois, ante de tudo, um postulado de caráter metafísico, único capaz de estabelecer solidariedade cósmica. Sendo eu de vibração positiva, filho da luz, posso ajudar a quem é negativo, filho das trevas. Se eu não for positivo, nada poderei fazer em benefício do meu semelhante negativo, porque ambos estamos no mesmo plano negativo, fraco, inerte. Mesmo no caso em que eu não tenha ódio real a meu inimigo, não o posso ajudar eficazmente, porque sou neutro e fraco; só no caso em que eu seja realmente positivo, pelo amor, é que posso ajudar a quem está no ódio, contrapondo uma 'violência espiritual e uma violência material', no dizer de Mahatma Gandhi.

Se odeio a quem me odeia, acrescento negativo a negativo, aumentando as trevas do mundo. Se deixo de odiar a quem me odeia, não aumento os fatores negativos, mas, também, não destruo o que já existe, deixando as trevas no statuo quo

Se amo a quem me odeia, neutralizo o negativo do meu inimigo com o meu positivo, eliminando assim as trevas e dando vitória à luz. É este o único modo eficiente de tornar o mundo melhor: substituir as trevas negativas do ódio pela luz positiva do amor.

O Sermão da Montanha, a filosofia de Bhagavad Gita, a sabedoria de Tao Te Ching, a vida de Gandhi e de todos os grandes iluminados, estão baseados nesta matemática espiritual.

'Um único homem que tenha chegado à plenitude do amor neutraliza o ódio de milhões.' (Mahatma Gandhi.)"

(Rohden - O Sermão da Montanha - Ed. Martin Claret Ltda., São Paulo, 1997 - p. 119/121)