OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 15 de fevereiro de 2022

A INTELIGÊNCIA DA NATUREZA

"Implica em nosso conceito de Deus como um campo de energia oniabarcante está a inteligência divina. Essa ideia, no entanto, raramente é aceita no mundo moderno, onde agora domina a ciência. Um certo autor escreveu: 'Virtualmente tudo no mundo empírico parece explicável sem recorrer a uma realidade divina. Com a natureza, a única fonte de direção evolutiva, e com o ser humano, o único ser racional consciente na natureza, o futuro da humanidade está enfaticamente nas mãos dos seres humanos.' Pode haver muito de verdade nessa afirmação, mas dizer que a natureza é a única fonte de direção evolutiva revela um modo um tanto confuso de pensar. 

Darwin, em sua teoria da evolução, não aceitava a inteligência da natureza, embora Alfred Wallace, que trabalhou com ele, acreditasse nela. Para Darwin o progresso evolutivo era uma questão de 'sobrevivência do mais adaptado', ou de 'seleção natural'. Isso parece significar que a evolução ocorre como resultado de uma ou de duas alternativas: ou o puro acaso ou a inteligência da natureza tomando as decisões. A citação acima diz que a natureza é 'a única fonte de direção evolutiva'. O acaso não tem direção e não pode criar direções; portanto, de acordo com nosso argumento, a natureza deve ter inteligência. 

Na fala do dia a dia, geralmente dizemos 'vamos deixar isso com a natureza', ou 'a natureza vai cuidar disso'. É difícil entender por que pessoas educadas, usando essas expressões, não compreendem que estão admitindo que a natureza tem uma inteligência superior à dos humanos. Vemos nos programas de televisão a maravilhosa organização na vida dos animais, de insetos e plantas. Vemos, por exemplo, como os morcegos têm usado o eco para localização durante milênios, talvez milhões de anos, antes da humanidade descobrir o mesmo princípio e utilizá-lo no radar.  

Aceitamos que a natureza sabe como manter a saúde de um ser humano, de um animal ou de uma planta, e que pode acionar o processo de cura quando necessário. Mas não conseguimos compreender que, para isso acontecer, é preciso inteligência. 

Lester Smith escreveu, no seu livro Intelligence Comes Furst: 'Todo o universo dá um testemunho eloquente de ser um produto da mente e da inteligência, como têm afirmado alguns cientistas. Contudo, a maioria deles acredita que a inteligência criativa é a última coisa a surgir, como ápice de uma longa série de afortunados acidentes de evolução. Revertemos essa hipótese e suponhamos, em vez disso, que a inteligência seja primordial, que o Cosmo seja perpassado pela inteligência. Não apenas faz sentido, mas permite compreender que soubemos disso o tempo todo'. 

A natureza e o instinto podem, portanto, ser melhor compreendidos como a ação da inteligência universal que age no oniabarcante campo de energia uno. As energias desse campo aparecem como vontade divina, inteligência divina e, por fim, como amor divino, que se move para desenvolver unidade e equilíbrio. Quando consideramos Deus como a totalidade, podemos ver seu reflexo no mundo de cada dia, em forma de bondade. Onde há amor, unidade e equilíbrio de elementos diversos, sentimos que existe bondade - que há sinal de Deus."

(Jack Patters - A inteligência da natureza - Revista Sophia - Ano 19, nº 93 - p. 13)
Imagem: Google.


quinta-feira, 10 de fevereiro de 2022

RETA CONDUTA

"O processo oculto não depende de que sejam alcançados elevados níveis de consciência, de poderes, de visões, de sonhos. Depende quase inteiramente da conduta ao longo das horas e dias de nossas vidas e, para a reta conduta, não há substituto.

Honra e posição mundanas, dons físicos e intelectuais brilhantes, alta realização cultural - tudo isso não elevará o aspirante um passo em direção aos Mestres, a menos que seu pensamento, fala e ação diários estejam em conformidade com o ideal do Caminho.

O homem ou a mulher que mora sozinho é livre para buscar o conhecimento oculto, pois nenhuma outra pessoa é afetada. Quando, no entanto, o novo estudante é casado ou adquire outras responsabilidades, então um cuidado especial deve ser tomado para nunca permitir que o interesse em desenvolvimento o isole da família. Tampouco deve obrigar outro (o parceiro, por exemplo) a responder de maneira semelhante. Tais erros podem ter resultados adversos. Um é criar divisão entre os membros de uma família até então intimamente unidos. O outro é afastar a pessoa, que já se sente angustiada, e que está sofrendo por um assunto que lhe causou tanta dor. Em todos os casos, a atenção daqueles que são queridos e por quem são amados deve controlar todos os interesses e ações que possam criar uma divisão na vida familiar ou em outras associações. As obrigações existentes devem vir em primeiro lugar.  

Talvez seja possível estabelecer um acordo no qual, sem romper os laços estreitos, o amor e a atenção habituais possam ser mantidos, permitindo, também, que o novo aspirante possa ter tempo e oportunidade para estudar Ocultismo. Sob tais circunstâncias, é muito provável que companheiros próximos se voltem para os mesmos interesses, fortalecendo e aprofundando assim o relacionamento - uma consideração importante. Se isso for possível, também será alcançado um valioso desenvolvimento de caráter: o da capacidade de adaptação a todas as situações, particularmente às difíceis. Isso pode se incorporar ao temperamento e provar ser de imenso valor, especialmente quando, mais tarde, posições importantes forem alcançadas." 

(Geoffrey Hodson - A Vida do Iniciado - Ed. Teosófica, Brasília, 2021 - p. 57/59)


terça-feira, 8 de fevereiro de 2022

A IMPERMANÊNCIA E OS CICLOS DA VIDA

"Existem ciclos de sucesso, como quando as coisas acontecem e dão certo, e ciclos de fracasso, quando elas não vão bem e se desintegram. Você tem de permitir que elas terminem, dando espaço para que coisas novas aconteçam ou se transformem. 

Se nos apegamos às situações e oferecemos uma resistência nesse estágio, significa que estamos nos recusando a acompanhar o fluxo da vida e que vamos sofrer. É necessário que as coisas acabem, para que as coisas novas aconteçam. Um ciclo não pode existir sem o outro. 

O ciclo descendente é absolutamente essencial para uma realização espiritual. Você tem de ter falhado gravemente de algum modo, ou passado por alguma perda profunda, ou por algum sofrimento, para ser conduzido à dimensão espiritual. Ou talvez o seu sucesso tenha se tornado vazio e sem sentido e se transformado em fracasso.

O fracasso está sempre embutido no sucesso, assim como o sucesso está sempre encoberto pelo fracasso. No mundo da forma, todas as pessoas 'fracassam' mais cedo ou mais tarde, e toda conquista acaba em derrota. Todas as formas são impermanentes.

Você pode ser ativo e apreciar a criação de novas formas e circunstâncias, mas não se sentira identificado com elas. Você não precisa delas para obter um sentido de eu interior. Elas não são a tua vida, pertencem à sua situação de vida. 

Um ciclo pode durar de algumas horas a alguns anos, e dentro dele pode haver ciclos longos ou curtos. Muitas doenças são provocadas pela luta contra os ciclos de baixa energia, que são fundamentais para uma renovação. Enquanto estivermos identificados com a mente, não poderemos evitar a compulsão de fazer coisas e a tendência a extrair o nosso valor pessoal de fatores externos, tais como as conquistas que alcançamos. 

Isso torna difícil ou impossível para nós aceitarmos os ciclos de baixa e permitirmos que eles aconteçam. Assim, a inteligência do organismo pode assumir o controle, como uma medida autoprotetora, e criar uma doença com o objetivo de nos forçar a parar, de modo a permitir que uma necessária renovação possa acontecer. 

Enquanto a mente julgar uma circunstância 'boa', seja um relacionamento, uma propriedade, um papel social, um lugar ou o nosso corpo físico, ela se apegará e se identificará com ela. Isso faz você se sentir bem em relação a si mesmo e pode se tornar parte de quem você é ou pensa que é. 

Mas nada dura muito nessa dimensão, onde as traças e a ferrugem devoram tudo. Tudo acaba ou se transforma: a mesma condição que era boa no passado de repente se torna ruim. A mesma condição que fez você feliz agora faz você infeliz. A prosperidade de hoje se torna o consumismo vazio de amanhã. O casamento feliz e a lua de mel se transformam no divórcio infeliz ou em uma convivência infeliz. 

A mente não consegue aceitar quando uma situação à qual ele tenha se apegado muda ou desaparece. Ela vai resistir à mudança. É quase como se um membro estivesse sendo arrancado do seu corpo.

Isso significa que a felicidade e a infelicidade são, na verdade, uma coisa só. Somente a ilusão do tempo as separa. 

NÃO OFERECER RESITÊNCIA à vida é estar em estado de graça, de descanso e de luz. Nesse estado, nada depende de as coisas serem boas ou ruins. 

É quase paradoxal, mas, como já não existe mais uma dependência interior quanto à forma, as circunstâncias gerais da sua vida, as formas externas, tendem a melhorar consideravelmente. As coisas, as pessoas ou as circunstâncias que você deseja para a sua felicidade vêm agora até você sem qualquer esforço, e você está livre para apreciá-las enquanto durarem.

Todas essas coisas naturalmente vão acabar, os ciclos virão e irão, mas com o desaparecimento da dependência não há mais medo de perdas. A vida flui com facilidade. 

A felicidade que provém de alguma coisa secundária nunca é muito profunda. É apenas um pálido reflexo da alegria do Ser, da paz vibrante que encontramos dentro de nós ao entrarmos no estado de não resistência. O Ser nos transporta para além das polaridades opostas da mente e nos liberta da dependência da forma. Mesmo que tudo em volta desabe e fique em pedaços, você ainda sentirá uma profunda paz interior. Você pode não estar feliz, mas vai estar em paz."  

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - GMT Editores Ltda., 2016 - p. 99/102)


quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022

DESENVOLVIMENTO DO CARÁTER

"... 'O que um homem pensa ele se torna, pense, portanto, no eterno', diz a escritura hindu. É assim. Estamos construindo o nosso caráter, o tempo todo, pela natureza de nossos pensamentos habituais. Se continuarmos repetindo determinadas linhas de pensamento, formaremos hábitos mentais, pois, em certo sentido, nossa personalidade é gerada por nossos hábitos. Mas a Teosofia diz que podemos mudar nossos hábitos e, quando o fazemos, mudamos a nós mesmos. Nós literalmente nos tornamos novas criaturas. Uma das descobertas mais encorajadoras da psicologia moderna é que a pessoa pode formas novos hábitos em qualquer momento da vida. 

O que um homem pensa, ele se torna, e essa é uma parte importante do caminho para a autorredenção, a autocura, a autocorreção, pelo exercício de seus pensamentos. Consiste em uma operação inversa do mesmo processo pelo qual o hábito original foi formado. Se acharmos que temos um mau hábito, que ele está ficando mais forte, que está nos incomodando e que  é um sinal desagradável no ser humano, então há uma maneira pela qual podemos curá-lo. Se é algo sério, como raiva repentina ou irritabilidade aguda, não se concentre no problema, mas no seu oposto. O contrário da raiva é o amor, o domínio próprio, o equilíbrio. Todos os dias você terá que dedicar um quarto de hora. Você precisa pensar neste caso no amor, um amor completamente impessoal, sem pensamento de retorno, de autodomínio e equilíbrio. 'Amor', você deve pensar. Diga a palavra se quiser. Continue e insista até você se sentir pleno com a palavra que você está usando. Dessa forma, você é modificado pela forma-pensamento que você criou.   

O que acontece fisicamente no cérebro e em nosso sistema nervoso à medida que aprendemos um novo hábito ou quebramos um antigo? Quando realizamos um ato, estabelecemos uma espécie de caminho cerebral ou nervoso, levando aos centros motores e à matéria dos corpos astral e mental. Assim, na próxima vez que o impulso ou o desejo da ideia de realizar o ato nos atingir, uma vez que o caminho já está marcado, um impulso ou desejo mais fraco percorrerá o mesmo caminho, levando-nos a agir, realizar o desejo, ou o impulso, ou a ideia. Isso pode continuar indefinidamente até que, conforme repetimos o processo, as células nervosas e a matéria dos corpos astral e mental se tornam tão bem-organizadas e integradas que o comportamento resultante se torna quase automático. 

Por esses processos e pelo pensamento constante ao longo das linhas desejadas, podemos reconstruir nossas personalidades e adicionar qualidades que até agora não eram aparentes. Você pode mudar a si mesmo. No entanto, gostaria de alertar sobre a preocupação excessiva consigo mesmo, com a introspecção mórbida e o interesse excessivo nos próprios estados mentais e emocionais. Em vez disso, pratique o desinteresse, o esquecimento e o serviço."

(Geoffrey Hodson - A Vida do Iniciado - Ed. Teosófica, Brasília, 2021 - p. 56/57)


terça-feira, 1 de fevereiro de 2022

DISSOLVENDO O SOFRIMENTO

"A maior parte do sofrimento humano é desnecessária. Ele se forma sozinho, enquanto a mente superficial governa a nossa vida. O sofrimento que sentimos neste exato momento é sempre alguma forma de não aceitação, uma forma de resistência inconsciente ao que é.  

No nível do pensamento, a resistência é uma forma de julgamento. No nível emocional, ela é uma forma de negatividade. O sofrimento varia de intensidade de acordo com o nosso grau de resistência ao momento atual, e isso, por sua vez, depende da intensidade com que nos identificamos com as nossas mentes. A mente procura sempre negar e escapar do Agora.

Em outras palavras, quanto mais nos identificamos com as nossas mentes, mais sofremos. Ou ainda, quanto mais respeitamos e aceitamos o Agora, mais nos libertamos da dor, do sofrimento e da mente egóica. 

Alguns ensinamentos espirituais dizem que todo sofrimento é, em última análise, uma ilusão, e isso é verdade. A questão é se isso é uma verdade para você. Acreditar simplesmente não transforma nada em verdade. Você quer sofrer para o resto da vida e permanecer dizendo que é uma ilusão? Será que essa atitude livra você do sofrimento? O que nos interessa aqui é o que podemos fazer para vivenciar esta verdade, ou seja, torná-la real em nossas vidas.

Enquanto estivermos identificados com as nossas mentes, o que significa dizer enquanto estivermos inconscientes espiritualmente, o sofrimento será inevitável. Refiro-me aqui ao sofrimento emocional, que é também a causa principal do sofrimento físico e da doença. O ressentimento, o ódio, a autopiedade, a culpa, a raiva, a depressão, o ciúme e até mesmo uma leve irritação são formas de sofrimento. E qualquer prazer ou forte emoção contêm em si a semente do sofrimento. É o inseparável oposto, que se manifestará com o tempo. 

Quem já tomou bebidas alcoólicas ou drogas para ficar 'alto' sabe que o alto se transforma em baixo, que o prazer se transforma em alguma forma de sofrimento. A maioria das pessoas também sabe, por experiência própria, como uma relação íntima pode se transformar, de modo fácil e rápido, de fonte de prazer em fonte de sofrimento. Vistas de uma perspectiva mais ampla, tanto a polaridade negativa quanto a positiva são lados de uma mesma moeda, são partes de um sofrimento que está oculto, inseparável do estado de consciência identificado com a mente. 

Existem dois níveis de sofrimento: o que você cria agora e o que tem origem no passado que ainda vive em sua mente e no seu corpo. Enquanto não somos capazes de acessar o poder do Agora, vamos acumulando resíduos de sofrimento emocional. Esses resíduos se misturam ao sofrimento do passado e se alojam em nossa mente e em nosso corpo. Isso inclui o sofrimento vivido em nossa infância, causado pela falta de compreensão do mundo em que nascemos. 

Todo esse sofrimento cria um campo de energia negativa que ocupa a mente e o corpo. Se olharmos para ele como uma entidade invisível com características próprias, estaremos chegando bem perto da verdade. É o sofrimento emocional do corpo. 

Apresenta-se sob duas modalidades: inativo e ativo. O sofrimento pode ficar inativo 90 por cento do tempo, ou 100 por cento ativado em alguém profundamente infeliz. Algumas pessoas atravessam a vida quase que inteiramente tomadas pelo sofrimento, enquanto outras passam por ele em algumas ocasiões que envolvem relações familiares e amorosas, lesões físicas ou emocionais, perdas do passado, abandono, etc.  

Qualquer coisa pode ativá-lo, especialmente se encontrar ressonância em um padrão de sofrimento do passado. Quando o sofrimento está pronto para despertar do estágio inativo, até mesmo uma observação inocente feita por um amigo, ou um pensamento, é capaz de ativá-lo."

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - GMT Editores Ltda., 2016 - p. 71/73)