OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


terça-feira, 15 de agosto de 2017

A ORIGEM DO MEDO (1ª PARTE)

"A doença psicológica do medo não está presa a qualquer perigo imediato concreto e verdadeiro. Manifesta-se de várias formas, tais como agitação, preocupação, ansiedade, nervosismo, tensão, pavor, fobia, etc. Esse tipo de medo psicológico é sempre de alguma coisa que poderá acontecer, não de alguma coisa que está acontecendo neste momento. Você está aqui e agora, ao passo que a sua mente está no futuro. Essa situação cria um espaço de angústia. E, caso estejamos identificados com as nossas mentes e tenhamos perdido o contato com o poder e a simplicidade do Agora, essa angústia será nossa companhia constante. Podemos sempre lidar com uma situação no momento em que ela se apresenta, mas não podemos lidar com algo que é apenas uma projeção mental. Não podemos lidar com o futuro. 

Além do mais, enquanto estivermos identificados com a mente, o ego regerá as nossas vidas. Por conta da sua natureza ilusória e apesar dos elaborados mecanismos de defesa, o ego é muito vulnerável e inseguro e vê a si mesmo sob constante ameaça. Esse é o caso aqui, mesmo que o ego seja muito confiante, em sua forma externa. Agora, lembre-se de que uma emoção é a reação do corpo à mente. Que mensagem o corpo está recebendo permanentemente do ego, o falso eu interior construído pela mente? Perigo, estou sob ameaça. E qual é a emoção gerada por essa mensagem permanente? Medo, é claro.

O medo parece ter várias causas. Tememos perder, falhar, nos machucar, mas em última análise todos os medos se resumem a um só: o medo que o ego tem da morte e da destruição. Para o ego, a morte está bem ali na esquina. No estado de identificação com a mente, o medo da morte afeta cada aspecto da nossa vida.

Por exemplo, mesmo uma coisa aparentemente trivial ou 'normal', como a necessidade compulsiva de estar certo em um argumento e demonstrar à outra pessoa que ela está errada, acontece por causa do medo da morte. Se estivermos identificados com uma atitude mental e descobrirmos que estamos errados, nosso sentido de eu interior baseado na mente correrá um sério risco de destruição. Portanto, assim como o ego, você não pode errar. Errar é morrer. Muitas guerras foram disputadas por causa disso, e inúmeros relacionamentos foram destruídos. (...)"

(Eckhart Tolle - Praticando o Poder do Agora - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 25/26)


segunda-feira, 14 de agosto de 2017

A RELIGIÃO E O YOGA

"Uma religião que seja igualmente aceitável por todas as mentes é o que desejo propagar. Deve ser igualmente filosófica, emocional, mística e conducente à ação. Essa será a combinação ideal, a analogia mais próxima a uma religião universal. Quisera Deus que, na mente de todos os homens, essas características estivessem igualmente presentes em plenitude! Esse é o meu ideal do homem perfeito. Considero parcial a pessoa que tenha apenas um ou dois desses traços característicos; o mundo está repleto de indivíduos sectários, conhecedores somente desse caminho único que trilham; tudo o mais para eles é perigoso e terrível. Encontrar um equilíbrio harmonioso entre esses quatro caminhos é o meu ideal de religião.

Essa religião é alcançável pelo que se denomina na Índia yoga, união. Para o homem de ação, é a união entre os homens e toda a humanidade: para o místico, entre seu Self inferior e superior; para o amante, entre ele e o Deus de amor; para o filósofo, é a união com toda a existência. Esse é o significado do termo sânscrito yoga. Todas as quatro divisões da yoga têm, em sânscrito, diferentes nomes. Iogue é o homem que procura um destes caminhos de união. O que busca a união pela ação é o karma iogue; o que busca a união pelo amor é o bhakti iogue; o que busca a união pelo misticismo é o raja iogue e o que a busca pela filosofia é o jnana iogue. A palavra iogue abrange todos. 

Nesse país, a palavra yoga está associada a toda sorte de entidades fantásticas. Lamento, mas devo dizer que yoga nada tem a ver com isso. Nenhuma dessas yogas abdica do raciocínio; nenhuma lhe pede que seja ingênuo ou que entregue sua capacidade de raciocinar nas mãos de sacerdotes de qualquer tipo. Nenhuma o obriga a ser fiel a algum mensageiro sobrenatural. Cada uma o incentiva a aferrar-se à razão, a ater-se a ela."

(Swami Vivekananda - O que é Religião - Lótus do Saber Editora, Rio de Janeiro, 2004 - p. 34/35)

domingo, 13 de agosto de 2017

A RESISTÊNCIA À MUDANÇA (PARTE FINAL)

"(...) Também nos relacionamentos de adultos, ocorre o mesmo fluxo. Os níveis de intimidade variam, com períodos de maior intimidade se alternando com períodos de maior afastamento. Isso também faz parte do ciclo normal de crescimento e desenvolvimento. Para atingir nosso pleno potencial como seres humanos, precisamos ser capazes de contrabalançar nossas necessidades de união e intimidade com períodos em que precisamos nos voltar para dentro, com uma sensação de autonomia, para crescer e evoluir como indivíduos.

À medida que chegamos a entender isso, não mais reagiremos com horror e pânico quando nos dermos conta de que estamos 'nos afastando' do nosso parceiro, da mesma forma que não entraríamos em pânico enquanto estivéssemos olhando a maré se afastar da costa. É claro que às vezes um distanciamento emocional crescente pode indicar sérios problemas de relacionamento (uma raiva reprimida em silêncio, por exemplo), e até podem ocorrer rompimentos. Nesses casos, medidas tais como a terapia podem ser muito úteis. Porém, o ponto principal a ter em mente é que um distanciamento crescente não significa automaticamente uma hecatombe. Ele também pode fazer parte de um ciclo que volta a redefinir o relacionamento de outra forma que pode resgatar ou até mesmo superar a intimidade que existia no passado.

Portanto, o ato de aceitação, de reconhecimento de que a mudança é uma parte natural das nossas interações com os outros, pode desempenhar um papel importante nos nossos relacionamentos. Podemos descobrir que é naquele exato momento em que podemos estar nos sentindo mais decepcionados, como se algo tivesse sido excluído do relacionamento, que pode ocorrer uma profunda transformação. Esses períodos de transição podem ser pontos cruciais em que o verdadeiro amor começa a amadurecer e florir.  Nosso relacionamento pode não ser, na visão do outro como a encarnação da perfeição, ou na sensação de que estamos em fusão com o outro. Em compensação, porém, agora estamos numa posição em que podemos realmente começar a conhecer o outro - a ver o outro como ele é, um indivíduo isolado, com defeitos e fraquezas talvez, mas um ser humano como nós mesmos. É somente quando chegamos a esse ponto que podemos assumir um compromisso autêntico, um compromisso com o crescimento de outro ser humano - um ato de verdadeiro amor."

(Sua Santidade, O Dalai Lama e Howard C. Cutler - A Arte da Felicidade - Livraria Martins Fontes Editora Ltda., São Paulo, 2000 - p. 191/192)


sábado, 12 de agosto de 2017

A RESISTÊNCIA À MUDANÇA (3ª PARTE)

"(...) Com o desenrolar da nossa vida, passamos da tenra infância para a infância, a maturidade e a velhice. Aceitamos essas mudanças no desenvolvimento individual como uma progressão natural. Um relacionamento, entretanto, é também um sistema vivo dinâmico, composto de dois organismos que interagem num ambiente. E, na qualidade de sistema vivo, é igualmente natural e correto que o relacionamento passe por estágios. Em qualquer relacionamento, há diferentes dimensões de intimidade - física, emocional e intelectual. O contato corporal, o compartilhar de emoções, de pensamentos, e a troca de ideias são todas formas legítimas de ligação com aqueles que amamos. É normal que o equilíbrio tenha um movimento cíclico: às vezes a intimidade física diminui mas a intimidade emocional pode aumentar; em outras ocasiões, não temos vontade de trocar palavras mas só de receber um abraço. Se tivermos nossas antenas voltadas para essa questão, podemos nos alegrar com o desabrochar da paixão num relacionamento; mas, se ela arrefecer, em vez de sentir preocupação ou raiva, podemos nos abrir para novas formas de intimidade que podem ser igualmente satisfatórias - ou talvez mais. Podemos apreciar nosso cônjuge como companheiro, ter um amor mais estável, um laço mais profundo.

Em seu livro, Intimate Behavior, Desmond Morris descreve as mudanças normais que ocorrem na necessidade de intimidade de um ser humano. Ele sugere que cada um de nós passa repetidamente por três estágios: do 'me abrace', do 'me solte' e do 'me deixe em paz'. O ciclo torna-se aparente pela primeira vez no início da vida, quando a criança passa da fase do 'abraço', característica da tenra infância, para a fase da 'independência', quando a criança começa a explorar o mundo, a engatinhar, caminhar e alcançar a independência e autonomia com relação à mãe. Isso paz parte do desenvolvimento e crescimento normal. Essas fase, no entanto, não seguem sempre na mesma direção. Em várias etapas a criança pode sentir alguma ansiedade quando o sentimento de separação se torna forte demais, e nesses casos ela volta para a mãe em busca de carinho e aconchego. Na adolescência, a 'rejeição' passa a ser a fase predominante à medida que a criança luta para formar uma identidade individual. Embora possa ser difícil ou dolorosa para os pais, a maioria dos especialistas reconhece essa fase como normal e necessária na transição da infância para a maturidade. Mesmo dentro dessa fase, ainda há uma mistura das outras. Enquanto em casa o adolescente está gritando 'Me deixa em paz!' para os pais, suas necessidades do 'abraço apertado' podem estar sendo satisfeitas por uma forte identificação com o grupo. (...)"

(Sua Santidade, O Dalai Lama e Howard C. Cutler - A Arte da Felicidade - Livraria Martins Fontes Editora Ltda., São Paulo, 2000 - p. 189/191)

sexta-feira, 11 de agosto de 2017

RESISTÊNCIA À MUDANÇA (2ª PARTE)

"(...) O conceito de impermanência desempenha um papel crucial no pensamento budista, e a contemplação da impermanência é uma prática essencial. A contemplação da impermanência atende a duas funções de vital importância dentro do caminho budista. Num nível convencional, ou num sentido corriqueiro, quem pratica o budismo contempla sua própria impermanência - o fato de que a vida é frágil e de que nunca sabemos quando iremos morrer. Quando se associa essa reflexão a uma crença na raridade da existência humana e na possibilidade de se alcançar um estado de Liberação espiritual, de se estar livre do sofrimento e dos intermináveis ciclos de reencarnação, essa contemplação serve para aumentar a determinação do praticante para usar seu tempo com maior proveito, dedicando-se às práticas espirituais que propiciarão essa Liberação. Num nível mais profundo, o da contemplação dos aspectos mais sutis da impermanência, da natureza impermanente de todos os fenômenos, tem início a busca do praticante pela compreensão, pela dissipação da ignorância, que é a origem primordial do nosso sofrimento.

Portanto, embora a contemplação da impermanência tenha um enorme significado dentro de um contexto budista, surge a pergunta: será que a contemplação e compreensão da impermanência têm alguma aplicação prática no dia a dia também dos não budistas? Se encararmos o conceito de 'impermanência' a partir do ponto de vista da 'mudança', a resposta é um absoluto 'sim'. Afinal de contas, quer encaremos a vida de uma perspectiva budista, quer de uma perspectiva ocidental, permanece o fato de que a vida é transformação. E na medida em que nos recusemos a aceitar esse fato e ofereçamos resistência às naturais mudanças da vida, continuaremos a perpetuar nosso próprio sofrimento.

A aceitação da mudança pode ser importante fator na redução de uma boa proporção do sofrimento que criamos para nós mesmos. É muito frequente, por exemplo, que causemos nosso próprio sofrimento, recusando-nos a nos desapegar do passado. Se definirmos nossa própria imagem em termos da aparência que tínhamos no passado ou em termos do que costumávamos conseguir fazer e não conseguimos agora, é bastante seguro supor que não vamos ficar mais felizes quando envelhecermos. Às vezes, quanto mais tentamos nos agarrar ao passado, mais grotesca e deformada torna-se nossa vida. 

Embora a aceitação da inevitabilidade da mudança, como princípio geral, possa nos ajudar a lidar com muitos problemas, assumir um papel ativo, por meio do aprendizado específico sobre as mudanças normais na vida, pode prevenir uma proporção ainda maior da ansiedade rotineira que é a causa de muitos dos nossos problemas. (...)"

(Sua Santidade, O Dalai Lama e Howard C. Cutler - A Arte da Felicidade - Livraria Martins Fontes Editora Ltda., São Paulo, 2000 - p. 185/186)