OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sábado, 30 de setembro de 2017

NÃO SE APEGAR NEM À VERDADE

"Buda ensinou que estar apegado a uma coisa, 'sob um ponto de vista', e desprezar outras coisas, 'outros pontos de vista', chama-se vínculo.

Certa vez Buda explicou a seus discípulos a doutrina de causa e efeito, e eles disseram que a viam e a compreendiam claramente. Então disse: - Ó bhikkhus, esse ensinamento, que compreendeis de uma maneira tão pura e clara, se vos apegais a ele e o guardais como a um tesouro, então não compreendeis que o ensinamento é semelhante a uma jangada que é feita para um determinado fim, e não para ser continuamente carregada às costas. - E, assim, deu o seguinte exemplo: Um homem, viajando, chega à margem perigosa e assustadora de um rio de vasta extensão de água. Então vê que a outra margem é segura e livre de perigo. Pensa: 'Esta extensão de água é vasta e esta margem é perigosa, aquela é segura e livre de perigo. Não há embarcação nem ponte com que eu possa atravessar. Acho que seria bom juntar troncos, ramos e folhas e fazer uma jangada com a qual, impulsionada por minhas mãos e meus pés, passe com segurança a outra margem.' Então esse homem executa o que imagina, utilizando-se de suas mãos e seus pés, e passa para a margem oposta sem perigo. Tendo alcançado a margem oposta, ele pensa: 'Esta jangada me foi muito útil e me permitiu chegar a esta margem. Seria bom carregá-la à cabeça ou às costas onde quer que eu vá.' 

- Que pensais, bhikkhus? Procedendo dessa forma, esse homem agiria adequadamente em relação à jangada? - Não, Senhor! - responderam os bhikkhus.

- Como agiria ele adequadamente em relação a jangada? Tendo atravessado para a outra margem, esse homem deveria pensar: 'Esta jangada me foi de grande auxílio e graças a ela cheguei com segurança; agora seria bom que eu a abandonasse à sua sorte e seguisse o meu caminho livremente.' 

Assim, lembrou aos monges, contra um dogmatismo excessivo: 'A doutrina se assemelha à jangada; deve ser considerada não como um fim, mas como um meio; da mesma forma, a jangada é um meio para atravessar, mas não para se apegar. (Majjhima-Nikaya I.)

Com esta parábola ficou claro que Gautama Buda era um instrutor prático; só ensinava o que era útil e o que poderia trazer paz e felicidade ao homem, não dando atenção à especulação intelectual. Achava indispensável ter um ponto de vista não egocêntrico e impessoal, único capaz, aos seus olhos, de amenizar os inevitáveis sofrimentos da vida."

(Dr. Georges da Silva e Rita Homenko - Budismo, Psicologia do  Autoconhecimento - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 19/20)


sexta-feira, 29 de setembro de 2017

INTELECTO

"Você é um intelectual desses que empenham o nobre talento de que é gerente em estudar, pesquisar, se esclarecer, em buscar ávida e diligentemente a Verdade?

Você tem se apercebido de que, com seu talento, pode melhorar-se e, melhorar as pessoas e a sociedade como um todo, trabalhando arduamento no plano das ideias e ideais, levando propostas e luzes àqueles que, menos dotados intelectualmente, são passíveis de influências (benéficas ou maléficas)?

Há ainda muito que descobrir, entender, conhecer, e, em consequência, propor, ensinar, passar aos demais.

Veja seu bem-dotado intelecto como um poderoso instrumento para sua elevação e a de um número incalculável de pessoas.

Seja vigilante e empenhado no uso de sua inteligência.

Protege, Senhor, de equívocos, dogmas e outras formas de impurezas o meu intelecto. 
Que possa eu, cada vez mais, entender e melhor pensar."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 88)


quinta-feira, 28 de setembro de 2017

IMAGEM DA ETERNIDADE

"A Teoria da Relatividade surgiu depois da época de Helena Blavatsky. Mas ela já considerava o tempo multidimensional, com muitos aspectos que dependem da nossa observação. Nossas ideias sobre o tempo, originadas das nossas sensações, estão 'inelutavelmente vinculadas à relatividade do conhecimento humano.' e vão se desvanecer quando evoluirmos ao ponto de ver além da existência fenomênica.

Segundo Blavatsky, a duração ilimitada, ou atemporalidade, além da relatividade, é o 'tempo incondicionalmente eterno e universal', o númeno do tempo, não condicionado pelos fenômenos que surgem e desaparecem periodicamente. A duração é 'eterna e, portanto, imóvel, sem começo, sem fim, além do tempo dividido e além do espaço'.

É esse aspecto da realidade que produz o tempo como 'a imagem móvel da eternidade', nas palavras de Platão. Os ciclos de manifestação ocorrem dentro da duração infinita, à medida que o atemporal dá origem ao tempo. Assim como ocorre com o espaço e o movimento, nosso mundo familiar de tempo 'dividido' é gerado a partir desse reino indiviso e informe.

A duração abarca tudo simultaneamente, enquanto o tempo que experimentamos precisa se adaptar à visão sequencial: uma coisa de cada vez. É difícil imaginar a realidade como um todo presente simultaneamente na duração, porque nossa mente é parte do processo do tempo. A atemporalidade nos escapa.

Blavatsky explica que aquilo que é visto em um momento específico é a soma de todas as suas diferentes condições, desde o seu surgimento em forma material até o seu desaparecimento da Terra. Ela compara esse somatório com uma barra de metal lançada ao mar. O momento presente de uma pessoa é representado pela seção transversal da barra, no ponto em que o oceano e o ar se encontram. Ninguém diria que a barra surgiu no momento em que deixou o ar ou que desapareceu quanto entrou na água. Da mesma forma, surgimos do passado para mergulhar no futuro, apresentando, momentaneamente, uma faceta de nós mesmos no presente."

(Tempo e atemporalidade - Do livro Sabedoria Antiga e Visão Moderna, Shirleu Nicholson, Ed. Teosófica - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 17)
www.revistasophia.com.br


quarta-feira, 27 de setembro de 2017

UMA PROPRIEDADE DA MENTE (PARTE FINAL)

"(...) As crianças ficam à vontade com o tempo não linear; ao brincar, parecem abolir o relógio. Nós também podemos modificar nossas sensações sobre  o tempo e torná-lo mais lento. Com isso, os processos biológicos também ficam mais lentos e saudáveis. A 'doença da pressa' pode ser revertida através das chamadas 'terapias do tempo', de acordo com Dossey. Isso pode ser feito por meio de técnicas como biofeedback, meditação, hipnose, jogos criativos e visualização de fantasias.

Nessas experiências, passado, presente e futuro se fundem, o que libera as pressões do tempo e quebra momentaneamente o seu domínio sobre nossa vida. Essas práticas também tendem a modificar nosso conceito linear do tempo como algo que avança inexoravelmente para a frente. Podemos aprender a sair dessa prisão e viver um 'presente em fluxo eterno', sentindo a atemporalidade da duração.

Quando não estamos mais dominados pelo tempo linear, vivemos em harmonia os aspectos cíclicos do tempo. Para as pessoas que vivem mais próximas à natureza, os ciclos das estações, do dia e da noite, as fases da lua, o plantio e a colheita - e nossos ciclos internos, como vigília e sono, respiração, menstruação - desempenham um papel importante. O tempo, para essas pessoas, é moldado por eventos recorrentes; a vida se ordena de acordo com ritmos naturais, em vez da segmentação artificial dos relógios.

Para essas pessoas, o tempo é um processo dinâmico e interminável, que retorna continuamente - uma espiral, em vez de um rio. O ritmo do viver representa a preservação do princípio dos ciclos, que a teosofia e a filosofia oriental traduzem como uma espécie de movimento circular por toda a realidade manifestada. Viver em harmonia com os ciclos é estar em harmonia com o universo."

(Tempo e atemporalidade - Do livro Sabedoria Antiga e Visão Moderna, Shirleu Nicholson, Ed. Teosófica - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 16/17)


terça-feira, 26 de setembro de 2017

UMA PROPRIEDADE DA MENTE (1ª PARTE)

"Helena Blavatsky, assim como muitos filósofos, viu que o tempo, como sucessão de eventos, é tanto uma propriedade da nossa mente quanto uma parte da realidade. Nós percebemos de forma seriada e classificamos como passado, presente e futuro; os eventos, entretanto, simplesmente são.

O tempo é uma generalização, um conceito que formulamos a partir da experiência. Depois atribuímos a ele uma existência separada da nossa vivência dos eventos. Blavatsky, contrariando a noção de que o tempo flui e nós permanecemos parados, afirma que 'o tempo é apenas uma ilusão produzida pelos sucessivos estados da nossa consciência, à medida que atravessamos a duração eterna'.

A forte tendência de ordenar as coisas em sequência atua sobre a nossa percepção do mundo. O sentido de tempo linear fragmenta o panorama ininterrupto das mudanças interconectadas da natureza, percebido claramente pelos índios hopi.

Quando sonhamos ou mergulhamos em pensamentos o tempo pode se expandir, de modo que minutos ou segundos parecem horas, ou horas passam num relance. A sensação de passagem rápida ou lenta do tempo pode resultar de fatores físicos, como temperatura corporal, temperatura do ar ou influência de café, chá ou álcool, ou ainda fatores psicológicos como tédio ou interesse. É comum sentir que a semana de trabalho se arrasta, enquanto os fins de semana 'passam voando'.

A 'progressão ordenada, militar, do tempo medido' é muito diferente do 'tempo ilimitado da mente', segundo as expressões de Bérgson. Para alguns o tempo normalmente parece fluir mais lentamente do que para outros. Ao longo do dia, nossa percepção do passar do tempo também muda. Há momentos em que ele é uma corrente que se desloca montanha abaixo; depois, é como um rio sereno na planície. Nenhum dos padrões está 'correto'; o tempo não possui velocidade absoluta. Mas a pressa excessiva pode ser prejudicial e o ritmo lento pode ter efeitos curativos sobre nossa saúde. (...)"

(Tempo e atemporalidadeDo livro Sabedoria Antiga e Visão Moderna, Shirleu Nicholson, Ed. Teosófica - Revista Sophia, Ano 2, nº 7 - p. 16)