OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 19 de março de 2024

SOFRIMENTO, DESEJO E AVIDEZ

"Se sentirmos aquela profunda preocupação com o sofrimento que existe no mundo, vamos querer saber a saída. A maioria de nós continua a levar uma vida comum e medíocre, porque não há nada que nos inquiete profundamente. Não sentimos a urgência de fazer acontecer uma mudança, Ver essa  necessidade é o primeiro passo. Quando a vemos, então nós vamos naturalmente tentar achar a resposta. 

O Senhor Buda deu Sua resposta de modo muito simples. Ele disse que a causa do sofrimento é o desejo, a avidez que existe de diversas formas em cada um de nós. Quando imaginamos que derrotamos em nós uma forma dessa avidez, ela ressurge de outra forma. 

Essa avidez não é apenas por objetos. Alguns podem não ter, digamos, avidez por dinheiro; talvez a pessoa não queira ser parte da alta sociedade, ou se cobrir de joias. Mas temos avidez por outras coisas como progresso espiritual. Nós temos ideias preconcebidas sobre relacionamentos com outras pessoas. Se eu imagino um relacionamento com você no qual você gosta bastante de mim, há em mim uma avidez pelo tipo de relacionamento que eu imaginei. Quando isso não acontece de forma que eu imaginei, eu me sinto infeliz. A avidez também assume a forma de dominação, agressividade, autopromoção de várias maneiras as quais, se formos objetivos, podemos enxergar em nós mesmos. Também há o desejo de fugir de alguma coisa, e o desejo de impor ideias sobre outras pessoas. 

O desejo ou avidez existe porque não temos um sentido dos verdadeiros valores; nós tomamos a coisas de pouco valor por aquelas que são mais valiosas, aquilo que é irreal por aquilo que é real. Então, ver as coisas na sua verdadeira natureza é extremamente importante. A vida espiritual consiste em saber o que é essencial e o que não é essencial. 

É óbvio que tudo aquilo que tem uma existência condicionada, e depende de outra coisa para existir, possui menos valor do que aquilo que é incondicionado. Vamos tomar como exemplo o tipo de felicidade que a maioria de nós desfruta. Nós podemos nos considerar razoavelmente felizes, mas nossa felicidade depende de condições externas e de outros indivíduos. Se nós nos comportamos de uma determinada maneira, seremos felizes. Se nos comportarmos de modo diferente, nos tornamos imediatamente infelizes. Se você me fizer de boba, por exemplo, isso me deixa infeliz. Minha felicidade depende de você aceitar uma imagem que eu criei de mim não sendo boba, mas ao contrário como sendo alguém bem especial. Se possuímos muitas coisas que nos dão uma sensação de segurança, nós somos felizes, de outro modo não. Todo tipo de felicidade como essa depende de uma determinada condição ou de outra pessoa obviamente não é verdadeira felicidade. Mas nós esmos o tempo todo tentando nos agarrar a essas coisas que são dependentes.(...)"

Radha Burnier, Não há Outro Caminho a Seguir, Ed. Teosófica, Brasília, 2016, p. 88/90.
Imagem: Pinterest. 




quinta-feira, 10 de novembro de 2022

ACEITAÇÃO E MUDANÇA

"Aceitar as coisas 'como elas são 'é um dos argumentos fundamentais de Eckhart Tolle na obra O Poder do Agora. Essa receita, que parece nos convidar ao imobilismo, é, por sinal, frequentemente citada como uma das causas do estado de pobreza do povo indiano, embora lá se apresente também um dos mais baixos índices de criminalidade. O teósofo C. Jinarajadasa aborda esse paradoxo em um de seus textos, ressaltando a profunda diferença entre o pensamento indiano e o ocidental, em face dos reveses da vida.

Marcado pela cultura hinduísta, o indiano típico não procura racionalizar a causa de seu desconforto, segundo Jinarajadasa. Diante de um resfriado, provavelmente não dirá, como um europeu ou americano, 'peguei esse resfriado porque tomei chuva ontem'. Para ele tudo é fruto: do karma, de uma sucessão de causas e efeitos cujo início pode até mesmo estar muito longe daquele momento específico. Em face disso, ele apenas aceitará em seu 'agora' o fato de estar resfriado, ou seja, aquilo que 'é'.

O relato de Jinaradasa nos leva a pensar que, se o indivíduo não atentou para a provável causa do resfriado, será levado a repetir o problema. Mas o que ocorre quando pensamos saber a causa de um problema e o repetimos sempre - como é bastante comum?

Primeiramente temos que analisar o sentido daquilo que 'é', segundo Tolle, e isso corresponde ao fato que se encontra diante de nós. O que é um fato? É tudo o que nos rodeia, independentemente de julgamentos, e também o que surge em nosso corpo neste momento: perturbação, doença, fadiga. São ocorrências do mundo fenomênico, tratadas como a Grande Ilusão (Maya) na filosofia hindu, em virtude de sua impermanência.

Podemos negar a impermanência de tudo o que vivemos agora, seja em matéria de saúde, bens materiais ou relações afetivas? Tudo isso vai mudar, vai passar, dentro em pouco ou no máximo em alguns anos; no entanto, em nosso mundo de inconsciência nós agimos como se fosse durar para sempre. Nossa ânsia de prolongar o prazer ou evitar a dor nos faz correr atrás de alguma mágica que possa apagar da nossa frente aquilo que 'é': a impermanência.

Apesar da impermanência de tudo, neste momento cada situação é um fato, e isso inclui os nossos limites pessoais. AÍ reside um dos maiores problemas de convivência: quando ignoramos nosso limite ou o limite alheio como um fato, dentro da natureza do agora, esperamos dos outros mais do que podem nos dar, e até mais do que temos o direito de pedir.

Ao nos sugerir a aceitação daquilo que 'é', Tolle não nega a validade de tentarmos mudar, buscando, por exemplo, o remédio para uma doença. Ele diz 'aceite', e depois, se for o caso, 'aja'. Qual é o efeito disso? Quando você aceita uma situação agradável ou desagradável apenas como um fato, não como algo a que se agarrar ou rejeitar de imediato, deixa de fazer o eterno jogo da polaridade prazer-dor, repetindo os problemas. Então surge à sua frente um outro fato: a escolha mais sábia e menos dolorosa possível, porque ela nasce agradável ou desagradável apenas como um fato, não como algo a que se agarrar ou rejeitar de imediato, deixa de fazer o eterno jogo da polaridade prazer-dor, repetindo os problemas. Então surge à sua frente um outro fato: a escolha mais sábia e menos dolorosa possível, porque ela nasce de seus canais espirituais, intuitivos, e não de sua mente, que é prisioneira da reatividade e do tempo.

Esse talvez seja o resultado da fé que produz milagres ou da resignação indiana - se é boa ou má, de fato não podemos avaliar. Em ambos os casos, porém, a implícita atitude de entrega deve abrir caminho para nosso Deus pessoal. Ele é livre do tempo e infinitamente mais capaz de fazer escolhas do que o intelecto, pois está em harmonia com a Vida Universal."

(Walter Barbosa - Aceitação e mudança - Revista Sophia Ano 19, nº 96 - p. 12/13)
Imagem: Pinterest.


quinta-feira, 6 de outubro de 2022

A EVOLUÇÃO DO DOMÍNIO SUBJETIVO

"O ensinamento esotérico diz que não apenas a matéria e a forma evoluem em nosso mundo, mas os estados subjetivos que incluem nossas naturezas emocional, mental e espiritual também evoluem. Através de todos os reinos, até o estágio humano, a evolução procede sem intervenção autoconsciente. O que, equivale dizer, é um processo passivo e não está sob o controle direto de plantas ou animais.

No estágio humano isso muda. A evolução física para. Não há evidência de que criaturas físicas novas, mais evoluídas, mais capazes irão aparecer sobre a Terra. A forma humana parece ser o estágio físico final em nosso mundo. A evolução do domínio subjetivo, no entanto, está longe de se completar. Uma mudança evolutiva ulterior em nossa natureza psicológica e mais recôndita só pode ser produzida por meio de um esforço consciente. A psicologia moderna reconhece que, se desejamos nos livrar do comportamento: neurótico e da dor dele resultante, devemos nos esforçar para ver o mundo sob uma luz diferente e nos transformarmos. Não é possível comprar uma pílula psicológica indicada pelo terapeuta que assegure que viveremos felizes e produtivos. Se queremos nos tornar pessoas plenas, devemos mergulhar profundamente no nosso interior, nos auto observar e buscar novos insights e maneiras de responder ao mundo.

Curiosamente, nosso desenvolvimento tende a recapitular o processo evolutivo. Como seres humanos, passamos rapidamente através de estados passivos no ventre e durante a infância. Depois começamos a obter domínio sobre cada nível de nosso ser. Primeiramente, nos identificamos com o corpo físico, precisamos de algum controle razoável sobre ele no início de cada encarnação, como o fez a raça como um todo no passado distante. Então, o processo de maturação exige que obtenhamos um controle razoável sobre nossas emoções e sobre aquela parte de nossa mente intimamente associada às nossas emoções. Desenvolvemos também nosso intelecto, algumas pessoas apenas um pouco, outras muito profundamente. A maioria para aí. 

Os mais sábios sentem, como disse Walt Whitman, que não estamos contidos entre nossos chapéus e nossas botinas. Existe um eu interior que insta o eu consciente a mudar, a se desenvolver, a revelar mais do potencial interno, a obter controle sobre todo o eu em todos os níveis de sua expressão. Esse eu interior é o cocheiro de Platão, que segura firmemente as rédeas dos cavalos, mantendo-se no controle independentemente da vontade dos animais.

O eu interior tem um proposito para cada encarnação. Encarnamos por alguma razão. Não estamos aqui apenas por causa dos processos biológicos. Numa simples vida, nosso eu interior se propõe a desenvolver qualidades e forças particulares. Ele se esforça por obter resultados positivos vencendo a resistência 

Aceitamos que para desenvolver os músculos devemos vencer a resistência do peso. O que não compreendemos é que o mesmo princípio aplica-se aos níveis emocional, mental e espiritual. Da mesma forma que nos fortalecemos fisicamente ao superar a resistência física, aumentamos o vigor psicológico e espiritual vencendo a resistência nessas dimensões."

(Edward Abdill - A senda mística para a paz interior - Revista Sophia, Ano 12, nº 48, p. 30/31)
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terça-feira, 27 de setembro de 2022

A MENTE COMPASSIVA

"O propósito da evolução é permitir à consciência alcançar a perfeição na manifestação humana como seres altruístas, com as qualidades de amor e compaixão, à imagem da divina inteligência que é a fonte de toda a vida. O amor dessa inteligência é visível em toda a sua criação, criada com infinita compaixão. Isso fica evidente nas miríades de espécies de vida com as habilidades especiais que lhes foram fornecidas pela natureza para sua sobrevivência.

Mahavira, o grande instrutor e reformador do Jainismo, declarava que não bastava a não violência como credo. Ele estendia esse princípio à solidariedade e ao auxílio a outros seres vivos, para se viver naturalmente, de acordo com as leis da natureza. A Nova Era exige sensibilidade e compaixão, mantendo em mente a interconexão e interdependência da vida em todos os níveis.

No Nobre Caminho Óctuplo de Buda, o primeiro passo, Reta Visão, é considerado de vital importância. Isso significa a compreensão da unidade da vida e das leis que governam o universo, Buda ensinou que trishna, ou desejo, é a causa do sofrimento. Os seres humanos se prendem ao ciclo de vida e morte por meio de desejos incessantes que causam um imenso sofrimento. A ignorância do propósito da vida mantém as pessoas escravizadas.

A mente humana, condicionada por coisas como raça, religião, classe social, etc., está encurralada num modo preconceituoso de considerar o mundo. Para compreender esse condicionamento é necessário sabedoria para descobrir suas causas. Os preconceitos a respeito das pessoas são as causas da divisão que cria conflito e sofrimento. Com a percepção, esse condicionamento pode ser reconhecido e a pessoa pode se libertar dele.

A. P. J. Kaalam, ex-presidente da Índia, falando perante o Parlamento Europeu, citou o antigo poeta tamil Kaniyan Pungudranar: 'Eu sou um cidadão do mundo e todos os cidadãos do mundo são meus parentes e amigos. Onde há retidão no coração há beleza no caráter. Onde há beleza no caráter há harmonia no lar. Onde há harmonia no lar há ordem na nação. Onde há ordem na nação há paz no mundo.'

São necessários, portanto, corretos valores e corretas formas de educação que resultem em indivíduos responsáveis e compassivos. Há muita coisa errada numa sociedade baseada apenas em valores materiais. Não deveria haver sensibilidade e compaixão para compartilhar os limitados recursos do mundo com aqueles que são menos afortunados que nós? A extrema ganancia de políticos, patrões e outros, com suas práticas ardilosas, é responsável por muita iniquidade no mundo.

Essa doença é visível nos níveis individual, social e nacional do mundo. Há muito sofrimento no continente africano, que é explorado por seus recursos naturais e vida selvagem. O tráfico de 'diamantes de sangue' e outras pedras preciosas abastece as indústrias de armamento que fornecem armas para milícias e tribos inimigas. Essas práticas nefastas são responsáveis por assassinatos, estupros e saques.

Em diversas partes do mundo há extrema crueldade contra cães e outros animais, que são cozidos vivos para deleite de pessoas que apreciam esse tipo de culinária. Radha Burnier escreveu: 'Viver de maneira compassiva no mundo moderno dificilmente parece ser um ideal, já que atrapalha grandes e imediatos lucros de negócios e entra em conflito com a procura de novos prazeres e satisfações.'

Outra causa de conflito é a doutrinação religiosa, que cria sociedades intolerantes. No discurso que fez nas Nações Unidas, a jovem Malala Yousufzai enfatizou a necessidade da educação promover um pensamento liberal e a não violência, citando os exemplo de Buda, Cristo, Maomé, Gandhi e Pashtun Badshah Khan..

Para o mundo mudar, o individuo precisa mudar. Uma mente que tenha preocupação compassiva com o bem-estar global deve estar envolvida em ações proativas. Nelson Mandela disse: 'Nosso medo mais profundo não é de sermos inadequados. E de sermos poderosos além da conta. É a luz, e não as trevas que nos assusta. Quem sou eu para ser tão brilhante, talentoso e famoso? Na verdade, quem é você para não ser? Você é um filho de Deus. Brincar de ser pequeno não serve ao mundo... Nascemos para tornar magnifica a glória de Deus que que está dentro de nós.'"

(Bhupendra Vora - A Mente Compassiva - Revista Sophia, Ano 18, nº 87, p. 43)
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terça-feira, 9 de agosto de 2022

A SEDUÇÃO DA PREGUIÇA

A preguiça é uma tentativa de evitar o sofrimento necessário para o crescimento.
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"Em última instância, o pior empecilho para o desenvolvimento emocional, mental e espiritual dos seres humanos vem a ser o que chamamos de preguiça. Pode-se definir a preguiça como uma tentativa de evitar o sofrimento necessário e indispensável para o crescimento. A preguiça é estimulada pelo medo das mudanças. Ela resulta de uma diminuição da autoestima que nos impede de fazer o esforço apropriado em direção a uma vida mais plena. Neste sentido, a preguiça é o exato oposto do amor.

Todos possuímos um lado sadio e outro doentio, embora em diferentes graus e intensidades diversas. Portanto, todos carregamos uma certa preguiça, mesmo que possamos ser extremamente diligentes. É preciso atenção para não confundir uma compulsão para trabalhar excessivamente com uma ausência de preguiça. De fato, muitas pessoas se mostram tremendamente ativas mas tal agitação encobre uma enorme dificuldade de evoluir, de se aprimorar; um medo de mudar, a preguiça de evoluir.

Por outro lado, por mais preguiçosa e doentia que uma pessoa possa ser, ela possui algum grau de autoestima e capacidade de esforço que podem, e devem, ser estimulados, incentivados e amplificados ao máximo, pois representam a saúde em luta contra a doença Quando percebemos que nossa saúde e nossa felicidade dependem da capacidade de superarmos a preguiça, compreendemos a importância de uma dedicação diária à luta para combater e vencer a preguiça. Entendemos também que o maior mal que podemos fazer a uma criança, ao educá-la, consiste em estimular sua preguiça, fazendo por ela o que ela mesma deveria aprender a fazer, em vez de incentivá-la a cuidar de si mesma.

A receita para conseguir superar a preguiça é, como de costume, muito fácil de ser formulada e dificil de ser executada. Trata-se de uma diária e permanente vigilância para evitar que a preguiça nos envolva, da mesma maneira como nos envolvem os vicios, nos arrastando para a tentação. No caso da preguiça é a tentação de deixar para depois, de adiar infinitamente - e nada realizar. Se nos mantemos atentos e enfrentamos com firmeza a sedução da preguiça, a recompensa será o resultado obtido acompanhado de um alegre sentimento de vitória, que traz consigo paz, alegria e felicidade."

(Luiz Alberto Py - Olhar Acima do Horizonte - Ed. Rocco, Rio de Janeiro, 2002 - p. 125/126)
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quinta-feira, 7 de julho de 2022

COMO ENFRENTAR A DOR DOS PADRÕES DESTRUTIVOS - A DOR DA MUDANÇA

"Você poderia esperar, ao atravessar esse importante limiar, que os padrões novos e construtivos pudessem substituir imediatamente os antigos padrões destrutivos. Tal expectativa não é realista e não corresponde à verdade. Os padrões construtivos não podem ter uma base sólida antes que você experimente e atravesse a dor e a frustração originais e tudo aquilo do que você fugia. Essa coisa à qual você virou a face tem que ser encarada, sentida, experimentada, compreendida. Você tem que lidar com ela, tem de chegar a um acordo e assimilá-la antes que o que é doentio e não realista seja dissolvido, antes que o que é imaturo amadureça e que as forças sadias, mas reprimidas, sejam trazidas para os seus canais próprios de forma que operem de maneira construtiva para você. Quanto mais você adia esse doloroso processo, mas difícil e demorado ele será quando você finalmente estiver pronto para passar da infância para a idade adulta. A dor desse processo é uma dor saudável de crescimento e a luz estará à vista se e quando você superar a sua resistência a ele. A força, a autoconfiança e a capacidade de viver integralmente, com todos os seus padrões construtivos começando a funcionar, constituem ampla compensação por todos os anos de vida destrutiva e improdutiva, bem como pela dor de atravessar o portal para a maturidade emocional. 

Você pode imaginar-se sendo poupado da experiência da dor contra a qual você instituiu os padrões destrutivos? Você os utilizou para fugir de algo que ocorreu na sua vida, e o fato de isso ser real ou imaginário faz pouca diferença. Foi o processo fantasioso de fugir e voltar as costas algo que existe ou existiu, não encarando, portanto, a sua realidade nem lidando com ela, que causou a doença da sua alma. Por conseguinte é essa área que tem que ser tratada agora. É por isso que aqueles dentre vocês que deram os seus primeiros passos hesitantes do limiar estão confusos pela dor da experiência . Com frequência você não compreende inteiramente porque isso ocorre; você pode ter uma vaga ideia e algumas respostas parciais, mas esta palestra vai ajudá-lo a conseguir um entendimento mais profundo da razão pela qual isso acontece.

Intelectualmente todos vocês sabem que este Pathwork não é um conto de fadas no qual a pessoa descobre os seus desvios, suas concepções errôneas e evasões e, depois de ter feito isso, aguarda-o, naturalmente, nada além de uma grande felicidade. É verdade, naturalmente, que, em última análise, a libertação dos grilhões de erro e de desvio necessariamente lhe trará a felicidade, mas até que você alcance esse estágio, muitas áreas de sua alma têm que ser experimentadas até que a sua psique esteja realmente preparada para obter o melhor da vida. Mesmo depois de a dor aguda ter recebido o tratamento adequado, não estando, portanto, mais presente, existirá a expectativa irreal, embora com frequência incosciente, de que a vida a partir de então sempre irá garantir aquilo que você deseja. Não, meus amigos. Todavia, a realidade é muito melhor. Na verdade, você vai aprender a enfrentar os reveses e as dificuldades, em vez de ser arrastado por eles. Você não irá fortalecer as suas defesas destrutivas. Isso, por sua vez, vai equipá-lo com os instrumentos para tirar o melhor de cada oportunidade e para obter o máximo benefício e a maior felicidade de cada experiência da vida.

É necessário dizer que isso jamais é conseguido com os seus mecanismos de defesa destrutivos e com suas várias imagens. Deixe-me repetir aqui o que tenho dito com frequência: a princípio, os eventos negativos externos vão continuar a cruzar o seu caminho, como resultado dos seus arraigados padrões do passado, mas você vai encará-los de maneira diferente. À medida que aprende a fazê-lo, você se torna consciente de muitas oportunidades de felicidade que você ignorou no passado. Dessa maneira, você começa a modificar os seu padrões até que muito, muito gradualmente os eventos externos infelizes cessam. Mas enquanto você se encontrar no início desse estágio, não espere satisfação e felicidade imediatas em cada aspecto. Primeiro você precisa ver as suas possibilidades e oportunidades e a sua capacidade independente de escolha, em vez de ficar totalmente indefeso à espera que o destino lhe traga felicidade. 

A essa altura, você deve compreender como, em muitos aspectos, causou a sua própria infelicidade por meio de suas próprias evasões e defesas, destrutivas e divorciadas da realidade. Você perceberá agora, com um novo senso de força, como pode criar a sua própria satisfação e felicidade. Da mesma forma que antes, isso não pode ser feito por meio da compreensão intelectual. É um processos interior que cresce organicamente. Assim como você, agora, compreende em profundidade que nenhum destino ou Deus cruel o puniu ou negligenciou, da mesma maneira irá entender e saber que, na verdade, é você que pode criar toda a satisfação qua sua alma deseja como um anseio do qual você nem ao menos tinha consciência quando iniciou este Pathwork. 

Essa consciência só pode emergir depois de uma compreensão mais completa de todas as suas falsas soluções e concepções errôneas, cujas pro.fundezas o farão consciente das suas necessidades. O resultado primordial deste Pathwork é o entendimento de seu próprio sistema de causas e efeitos e o senso de força, independência, autoconfiança e justiça que essa compreensão dá a um indivíduo. Quanto tempo leva para atingir os primórdios hesitantes dessa força e para, mais tarde, aumentá-la depende dos seus esforços, da sua vontade interior e da sua superação da sempre presente resistência, a qual se desgasta apenas depois que você obtém considerável reconhecimento dos seus caminhos tortuosos." ... continua.

(Eva Pierrakos e Donovam Thesenga - Não Temas o Mal - Ed. Cultrix, São Paulo, 1993 - p. 109/111)
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terça-feira, 19 de abril de 2022

O VALOR DO PERDÃO (PARTE FINAL)

"(...) O discernimento é necessário no perdão, como em todas as situações da vida. Ao perdoar não preciso concordar nem apoiar o comportamento prejudicial ou antissocial do outro. O perdão é uma atitude interior e não um ato externo, muitas vezes teatral. O objetivo do perdão não é mostrar que temos uma natureza superior e magnânima. Tampouco tem o propósito de mudar ou envergonhar o outro, mas simplesmente mudar nossa maneira de ver o mundo e, com isso, mudar os pensamentos negativos ou de discórdia que nutrimos em nossa mente. Dessa forma, alcançamos seu verdadeiro propósito que é trazer paz para nossa mente, abrir caminho para o amor incondicional e permitir que venhamos sentir a verdadeira alegria de nos livrarmos dos venenos do passado. 

O perdão é especialmente importante no seio da família. É entre aqueles que mais amamos que ocorrem mais ocasiões para sofrimento: palavras inapropriadas em momentos de estresse, descuidos com as suscetibilidades de cada um dos nossos familiares, esquecimentos de datas, ocasiões especiais, promessas esquecidas, expectativas não alcançadas, enfim, toda gama de situações em que magoamos nossos familiares e somos magoados por eles. Nesse sentido, a família é realmente um lugar fundamental para o exercício do perdão. Em uma recente homilia, o Papa Francisco disse:

'Não existe família perfeita. Não temos pais perfeitos, não somos perfeitos, não nos casamos com uma pessoa perfeita nem temos filhos perfeitos. Decepcionamos uns aos outros. Por isso não há casamento saudável nem família saudável sem o exercício do perdão. O perdão é vital para nossa saúde emocional e sobrevivência espiritual. Sem perdão a família se torna uma arena de conflitos e um reduto de mágoas. Quem não perdoa não tem paz na alma nem comunhão com Deus. A mágoa é um veneno que intoxica e mata. Guardar mágoa no coração é um gesto autodestrutivo. É autofagia. Quem não perdoa adoece física, emocional e espiritualmente. É por isso que a família precisa ser lugar de vida e não de morte; território de cura e não de adoecimento; palco de perdão e não de culpa. O perdão traz  alegria onde a mágoa produziu tristeza, cura, onde a mágoa causou doença.'

O perdão só será completo em nossas vidas quando conseguirmos perdoar inteiramente nossos pais. Muitas pessoas, mesmo em sua vida adulta, guardam ressentimentos de certas atitudes do pai ou da mãe, ou de ambos. Mesmo que nossos pais tenham sido amorosos conosco, ainda assim, é provável que nosso relacionamento com eles, em nossa tenra infância, tenha deixado marcas psicológicas profundas que nos acompanham pelo resto de nossas vidas. Para nos libertarmos de nossos traumas de infância, precisamos perdoar aqueles que julgamos 'culpados' pelos problemas de nossas vidas. Vale lembrar que, se tivermos a possibilidade de conhecer as circunstâncias da infância de nossos pais, vamos verificar que eles provavelmente repetiram conosco o tratamento que receberam dos pais deles, nossos AVÓS.

Esse entendimento, de que as pessoas tendem a repetir ou repelir o que vivenciaram no passado, é importante para aprendermos a extensão de como somos prisioneiros do passado. A libertação da culpa, ou do medo, que é o outro lado da culpa, facilitará nosso entendimento de que para alcançar a paz e a felicidade precisamos nos libertar do passado.²¹ Um futuro melhor só pode ser construído no presente. Mas, para isso, teremos que estar conscientes do presente, em vez da usual aceitação de que o presente é uma continuação automática do passado e que o futuro será a mesma coisa, ou seja, uma prisão eterna.

O perdão é uma mudança de atitude interior. Para isso precisamos estar convencidos de que podemos mudar. Toda mudança começa com uma decisão interior, com o pensamento de que deve haver uma alternativa e que podemos escolher essa alternativa. Com isso assumimos a responsabilidade por nossa vida em vez de esperar que nossos problemas sejam resolvidos por uma fonte externa, seja ela o nosso companheiro/a, o governo ou Deus."

²¹ KRISHNAMJURTI, J. Liberte-se do Passado. São Paulo: Ed. Cultrix.

(Raul Branco - A Essência da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2018 - p. 87/89)
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quinta-feira, 14 de outubro de 2021

A INVESTIGAÇÃO POR PRAZER - IV

"O que os homens desejam é saber como mudar a dor pelo prazer; ou, por outras palavras, encontrar por meio de que procedimento pode regular-se a consciência, com o fim de que a sensação mais agradável, seja e que se experimente. Se é possível descobrir-se isto para o esforço do pensamento humano, é pelo menos uma questão digna de se ter em conta.

Se a mente do homem permanece fixa sobre algum assunto determinado com a concentração suficiente, obtém a iluminação com relação ao mesmo, mais cedo ou mais tarde. O indivíduo em quem a iluminação final aparece, é chamado um gênio, um inventor, um inspirado. Porém, ele é unicamente a síntese de uma grande obra mental verificada em seu redor por homens desconhecidos, dos quais alguns estão separados dele por grandes distâncias; sem ele houvera carecido de material necessário para sua empresa. Do mesmo modo o poeta precisa o alimento de inumeráveis poetastros.

Ele é a essência do poder poético do seu tempo e dos tempos anteriores a ele. É impossível separar um indivíduo de qualquer espécie, dos seus congêneres. 

Portanto, se em vez de aceitar o desconhecido como incognoscível, os homens, de comum acordo, a ele dirigissem seus pensamentos, estas Portas de Ouro não permaneceriam tão inexoravelmente fechadas. Só se necessita de uma mão forte para empurrá-las e abri-las. A coragem para entrar nelas é a mesma que se necessita para penetrar no mais secreto da nossa própria natureza, sem medo nem vacilação. Na mais delicada porção, a essência, o perfume dos homens, se encontra a chave com a qual estas grandes portas se abrem. E uma vez abertas, o que é que ali se encontra? Vozes existem aqui e ali, que, no meio do grande silêncio dos séculos, a esta pergunta respondem; todos os que por elas passaram têm deixado atrás de si palavras à maneira de legados para os que são como eles. Nestas palavras podemos encontrar definidas algumas indicações referentes daquilo que se vê mais além das portas. Porém, unicamente aqueles que desejam empreender este caminho podem ser o significado oculto que por trás das palavras se escondem. Os sábios, ou melhor, os comentadores, leem os livros sagrados de diferentes nações, os de poesia e de filosofia, devido a encumeadas inteligências e neles unicamente encontram mero materialismo. A imaginação, glorificando as legendas da natureza, ou exagerando as possibilidades físicas do homem, lhes explica tudo quanto eles encontram na bíblia da humanidade. 

Tudo quanto existe nas palavras destes livros, existe em cada um de nós e é impossível encontrar, tanto na literatura, como em qualquer das direções em que a inteligência se lance, o que não existe no homem que estuda. Isto é, sem dúvida, um feito evidente conhecido por todos os verdadeiros estudantes. Mas tem que ser especialmente recordado, com referência a este assunto obscuro e profundo, desde o momento em que com tanta facilidade acreditam os homens que nada para os demais pode existir, ali onde encontram eles o vazio unicamente. 

Uma coisa logo percebe o homem que lê. Todos os que se adiantarem, não têm achado que as Portas de Ouro conduzam ao esquecimento. Ao contrário, logo que o limiar das mesmas se cruzou, pela primeira vez, a sensação é real. Mas pertence a uma nova ordem, a uma ordem desconhecida para nós na atualidade e que não podemos apreciar sem que, pelo menos, possuamos alguma indicação a respeito do seu caráter. Esta indicação pode indubitavelmente ser obtida por qualquer estudante que se familiarize com toda a literatura que para nós é acessível. Os livros e manuscritos místicos existem, mas permanecem inacessíveis, simplesmente porque não existe homem algum em disposição de ler a primeira página de qualquer deles, que não se convença como aqueles que têm estudado o assunto suficientemente. Deve existir uma linha contínua através destes conhecimentos; vemos nós passar da mais densa ignorância à sabedoria; é natural, unicamente, que possamos obter o conhecimento intuitivo e a inspiração. Possuímos alguns raros fragmentos destes grandes dons do homem; onde, pois, está o todo do qual devem eles constituir uma parte? Escondido atrás do sutil e, ao parecer, infranqueável véu, que o oculta de nós, como oculta toda a ciência, toda arte, todos os poderes do homem, até que este tem a coragem suficiente para rasgá-lo. Esta coragem procede  unicamente da convicção. Uma vez que um homem crê que aquilo que deseja existe, tratará de obtê-lo a todo custo. A dificuldade neste caso estriba-se na incredulidade do homem. É necessário muito tempo e grande concentração do pensamento, para se poder lançar na direção da região desconhecida da natureza do homem, com o objeto de que as portas se possam abrir e ser suas gloriosas perspectivas exploradas.

Que merece a pena fazer-se isto, aconteça o que acontecer, tudo deve conduzi-lo a crer ao que fez a triste pergunta do século corrente... É a vida digna de ser vivida? Certamente é o suficiente para incitar o homem a um novo esforço, a suspeita de que mais além da civilização, mais além da cultura mental, mais além da arte e da perfeição mecânica, existe alguma coisa de novo, outro vestíbulo que nos admite às realidades da vida." 

(Mabel Collins - Pelas Portas de Ouro - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 19/22


quinta-feira, 26 de agosto de 2021

O CONSELHO GERAL

"'Viva neste mundo como um convidado. O seu verdadeiro mundo não é aqui. A escritura da casa em que você vive talvez leve o seu nome, mas a quem ela pertenceu antes de você a adquirir? E de quem ela será depois que você morrer? A casa é apenas uma hospedaria à beira da estrada, uma parada na longa estrada que leva até o seu lar em Deus.

'Portanto, pense em você mesmo como um convidado na Terra. Evidentemente, enquanto estiver aqui, tente ser um bom convidado. Comporte-se da melhor maneira possível. Seja responsável. Zele pelas coisas que Deus lhe deu; entretanto, nem por um momento se esqueça de que essas coisas pertencem a Ele, não a você.

'Como as pessoas são tolas dedicando o seu tempo a cuidar do corpo, a entesourar riquezas, a acumular mais bens! Quando a morte as arrebatar, elas não haverão de deixar coisa nenhuma. 

'As pessoas dão desculpas constantemente. 'Não tenho tempo para meditar', elas dizem. 'Tenho de cumprir os meus compromissos.' Bem, quando Deus as chamar, elas terão de faltar com todos os seus compromissos! A morte é um 'compromisso' que elas não podem cancelar.

'Por que perder tanto tempo com coisas efêmeras? Ó cegos: despertai!

'De um lugar além dos pequenos prazeres da vida, Deus chama você. Ele assim o faz estando além da dor, irmã gêmea do prazer. 'Procure-me', Ele diz. 'Descubra em mim a alegria eterna que você tem procurado durante tanto tempo nas ondas das mudanças. Tudo o que você esperou durante encarnações seguidas você haverá de encontrar para sempre apenas em Mim.'"

(Paramhansa Yogananda - A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento-Cultrix, 2010, p. 178/179)


terça-feira, 24 de agosto de 2021

MUDANÇA REAL

"Uma mudança só é possível do conhecido para o desconhecido, não o contrário. Por favor, pense nisso junto comigo. Na mudança do conhecido para o conhecido há autoridade, uma perspectiva de vida hierárquica - 'você sabe, mas eu não sei'. Por isso, eu crio um sistema, vou atrás de um guru, sigo alguém porque ele me dá  o que eu preciso saber, uma certeza de conduta que produzirá resultado, sucesso. O sucesso é o conhecido. Eu sei o que é ser bem-sucedido. É isso o que eu quero. Então prosseguimos do conhecido para o conhecido, em que a autoridade precisa existir - a autoridade da sanção, do líder, do guru, a hierarquia, aquele que sabe e o outro que não sabe -, e aquele que sabe deve me garantir o sucesso, o sucesso em meu esforço, na mudança, para que eu seja feliz, eu tenha o que quero. Isso não é motivo para a mudança da maioria de nós? Por favor, observe seu próprio pensamento e verá os caminhos da sua própria vida e da sua própria conduta. Quando você olha para elas, isso é mudança? A mudança, a revolução, é algo do conhecido para o desconhecido, em que não há autoridade, em que pode haver um total fracasso. Mas se você está assegurado de que vai progredir, de que vai ser bem-sucedido, de que ficará feliz, terá uma vida eterna, então não há problema. Você busca o curso de ação conhecido, ou seja, você se coloca sempre no centro das coisas."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 339)


quinta-feira, 13 de maio de 2021

JAMAIS ESQUEÇA SUA VERDADEIRA NATUREZA!

"Lembre-se de que, como filho de Deus, você é dotado de força muito maior do que jamais precisará, para vencer todas as provas que Deus possa mandar. 

Muitas vezes, ficamos sofrendo sem fazer um esforço para mudar. É por isso que não encontramos paz e contentamento duradouros. Se perseverássemos, certamente seríamos capazes de superar todas as dificuldades. Devemos nos esforçar, para passar da infelicidade à felicidade, do desespero à coragem.

Primeiro, é necessário sentir a importância de mudar nossa condição. Essa atitude estimula nossa vontade de agir. Tomemos a decisão de sempre fazer o esforço para melhorar o Autoconhecimento e, desse modo, melhorar continuamente nossa existência.

Os cientistas espirituais da Índia exploraram o reino da alma. Para benefício da humanidade nos deram certas leis universais de meditação por meio das quais os buscadores sinceros - podem, cientificamente, controlar a mente e alcançar a Autorrealização.

Ao desenvolver a natureza divina, você ficará completamente desapegado do corpo, não mais se sentirá identificado com o mesmo. Cuidará dele como se cuidasse de uma criancinha. À medida que perceber seu verdadeiro Ser, pela meditação, você se libertará de dores físicas e mentais. Jogará fora as limitações de uma vida inteira. Essa é a melhor maneira de viver seus dias na terra."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 152)


quinta-feira, 29 de abril de 2021

EM SUA VIDA: PARTICIPAÇÃO ÍNTIMA (3ª PARTE)

"(...) Fique alerta à mudança e use-a com sabedoria. Você pode usar a natureza transitória da vida em seu benefício. A maioria das pessoas tem medo de mudar; outras não dão importância. Para usar a mudança de modo criativo, tais atitudes não irão funcionar. Nenhuma estratégia de vida funcionará se não for dinâmica e expansiva. A mudança em si é neutra, visto que para cada mudança construtiva haverá uma outra destrutiva. Mas é no princípio da mudança que está a chave, pois ele ensina que seguir o fluxo da vida traz crescimento e criatividade, enquanto tentar congelar acontecimentos, lembranças, prazer e inspiração provoca estagnação. Os momento mais agradáveis e inspiradores de sua vida pedem para ser relembrados e saboreados. Você precisa resistir a essa tentação porque no instante em que tenta se agarrar à experiência ela perde a vitalidade que a tornou especial em primeiro lugar. 
Use o princípio da mudança para manter sua vida fresca e renovada. Assumir que o fluxo da vida é sempre autorrenovador irá ajudá-lo a evitar a estagnação e a ansiedade acerca do futuro. O que torna as pessoas ansiosas sobre o futuro é um medo torturante de que o melhor já passou ou de que a única oportunidade perdida terá sido decisiva. 'A pessoa que se foi' é um tema recorrente de romances fracassados e que se aplica igualmente a carreiras, projetos abandonados e aspirações empobrecidas. Mas, na realidade, 'a pessoa que se foi' representa o apego a uma ideia fixa. Todo o sucesso de uma pessoa criativa é baseado na confiança de que a inspiração é permanente. Quanto mais você cria, mais há para se criar. Em um documentário sobre um famoso maestro que completava oitenta anos de vida, o momento mais pungente foi o de seu último comentário: 'Não tenho o desejo de viver muitos anos a mais, exceto por saber que estou apenas começando a dizer tudo o que quero através de minha música.'

Reúna informações de todas as fontes. O universo é multidimensional, e quando nos referimos ao fluxo da vida, estamos nos referindo a um fluxo multidimensional. Imagine não apenas um rio caudaloso correndo para o mar, mas uma centena de pequenos riachos convergindo, misturando-se, cada um acrescentando sua contribuição única. Para extrarir o melhor da vida, você deve estar consciente de que qualquer coisa pode contribuir para isso. Inspiração vem de todas as direções, tanto de dentro quanto de fora. Você deve permanecer antenado para sentir a continuidade com que sua alma está se comunicando com você. Não é como ficar diante de uma TV a cabo mudando de canal na esperança de achar algum programa interessante. Mais propriamente, na agitação das sensações que bombardeiam o cérebro todos os dias, algumas delas foram feitas para voce - elas carregam um significado que lhe é exclusivo.
Na cultura indiana, diz-se que Deus gasta tanto tempo se escondendo quanto se revelando, o que aponta para uma verdade diária. A próxima coisa que o estimulará está adormecida até que você a acorde. O futuro é um esconderijo a que chamamos de desconhecido. Também o conhecido, que é o aqui e agora, não vem de outro lugar que não o desconhecido. O instinto que diz 'algo aguarda do outro lado' é válido. Você se encontra na linha divisória entre o desconhecido e o conhecido. Sua tarefa é buscar na escuridão a próxima coisa que faça sentido.
Algumas pessoas evitam essa tarefa repetindo o conhecido incessantemente. O que elas não percebem é que o desconhecido nunca é verdadeiramente invisível. Sua alma antecipa aquilo de que você necessita e ela deixa sinais e indícios em seu caminho. Essa é a forma sutil de orientação empregada pela alma. Ela elimina os começos inúteis, sem direção, enganosos e falsos. Se você se sintonizar com atenção, sentirá uma sensação vibrante acerca do que deveria estar fazendo - que é certo, fascinante, tentador, prazeroso, curioso, intrigante e desafiador, tudo de uma só vez. Estar aberto a esses sentimentos, o que é totalmente subjetivo, permite que você recolha os sinais deixados por sua alma. O desconhecido parece obscuro somente para aqueles que não conseguem ver seu brilho oculto."...continua

(Deepak Chopra - Reinventando o Corpo, Reanimando a Alma - Ed. Rocco Ltda., Rio de Janeiro, 2010 - p. 258/260)


quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

O ESPÍRITO DO GUERREIRO

"Embora tenhamos sido levados a acreditar que se abrirmos mão acabaremos sem nada, a própria vida revela seguidamente o contrário: o desapego é a senda para a verdadeira liberdade. 

Exatamente como os rochedos da orla do mar que açoitados pelas ondas não sofrem dano mas são esculpidos e erodidos em belas formas, nossas personalidades podem ser modeladas e nossas arestas mais rudes atenuadas por mudanças. Podemos aprender com mudanças desgastantes a desenvolver uma suave mas inabalável tranquilidade. Nossa autoconfiança cresce e fica tão maior, que a bondade e a compaixão começam a irradiar de nós naturalmente e a trazer felicidade aos outros. Essa bondade é o que sobrevive à morte, uma bondade fundamental que existe em cada um de nós. Nossa vida toda é um ensinamento sobre como revelar essa profunda bondade, e um treino para realizá-la.

Desse modo, cada vez que as perdas e decepções da vida nos ensinam alguma coisa sobre a impermanência, elas nos trazem mais perto da verdade. Quando você despenca de uma grande altura, só há um lugar possível para aterrisar: o solo; o solo da verdade. E se você possui o entendimento que deriva da prática espiritual, essa queda de modo algum é um desastre, mas a descoberta de um refúgio interno. 

Dificuldades e obstáculos, se adequadamente compreendidos e usados, podem muitas vezes tornar-se uma fonte inesperada de energia. Nas biografias dos mestres, você verificará uma e outra vez que se eles não tivessem enfrentado dificuldades e obstáculos não teriam descoberto a força de que precisavam para superá-los. Isso aconteceu, por exemplo, com Gesar, o grande rei guerreiro do Tibete, cujas aventuras compõem o maior épico da literatura tibetana. Gesar significa 'indomável', alguém que nunca pode ser derrotado. Desde o momento em que Gesar nasceu, Trotung, seu tio mau, tentou matá-lo de todas as maneiras. Mas a cada tentativa Gesar tornava-se mais forte. De fato, foi graças aos esforços de Trotung que Gesar se tornou tão grande. Isto deu origem a um provérbio tibetano: Trotung tro ma tung na, Gesar ge mi sar, o que quer dizer: 'Se Trotung não tivesse sido tão mai e intrigante, Gesar nunca teria se erguido tão alto'.

Para aos tibetanos, Gesar não é somente um guerreiro marcial mas também um guerreiro espiritual. Ser um guerreiro espiritual significa desenvolver um tipo especial de coragem que é, desde a sua origem, inteligente, bondosa e destemida. Os guerreiros espirituais podem ainda ter medo, mas mesmo assim eles são corajosos o bastante para experimentar o sofrimento, para relacionar-se de maneira franca com seu medo fundamental e, sem fugir, extrair lições das dificuldades. Como nos disse Chögyam Trungpa Rinpoche, tornar-se um guerreiro significa que 'podemos trocar nosso mesquinho desejo de segurança por uma visão muito mais vasta - a do destemor, abertura e heroísmo genuínos...' Penetrar no campo transformador dessa visão muito mais vasta é aprender a se sentir em casa em plena mudança, e a fazer da impermanência um amigo."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 60/61