OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 27 de março de 2014

DÚVIDAS

“Uma dúvida sobre nossas crenças pode paralisar-nos.

Uma dúvida sobre nossas forças pode vencer-nos.

Uma dúvida sobre o caminho pode desviar-nos.

Uma dúvida sobre nós mesmos pode matar-nos.

Maldita dúvida!

Uma dúvida pode:

  • ·         libertar-nos dos engodos;

  • ·         salvar-nos da trilha errada que escolhêramos;

  • ·         evitar-nos precipitados engajamentos funestos;

  • ·         ajudar-nos a transcender.


Bendita dúvida!

Quando preciso definir se uma dúvida é maldita ou bendita, pergunto à Viveka – à Divina Luz do Discernimento."

(Hermógenes - Viver em Deus - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2007 - p. 95)


sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

SABEDORIA

"O estudo dá cultura. A meditação dá sabedoria. A cultura enriquece o espírito. A sabedoria o eleva.

O enriquecimento do espírito o incha. Sua elevação o faz crescer, engrandecendo-o.

A inchação do espírito é vaidade, que se julga grande e vê tudo minguado em sua volta. O crescimento do espírito faz-lhe ver as coisas do alto, com discernimento.

A primeira produz distorção. A segunda acerta a perspectiva.

A cultura é acúmulo que vem de fora por justaposição. A sabedoria vem de dentro por crescimento próprio.

A cultura é adquirida nos livros pela inteligência. A sabedoria é haurida pelo coração, na natureza.

A cultura pode ser apanágio de um ignorante, tanto quanto a sabedoria pode ser coroamento de um iletrado.

Harvey foi taxado de louco quando expôs sua teoria da circulação do sangue na Academia de Medicina, Pasteur foi combatido pelos médicos por não ser médico; a Academia de Ciências de Paris classificou de chantagem a impostura o gramofone de Edison, e não tomou conhecimento do aparelho que tocava diante deles, sob a alegação de que a nobreza da voz humana jamais poderia ser reproduzida senão pelo homem. De quanto ridículo se revestem hoje essas apreciações dos doutores da ciência oficial.

Mas o homem não se emenda e teima em trilhar as mesmas estradas: dá muito valor à parte intelectual e quase nenhum ao coração.

Lamentavelmente confunde cultura com sabedoria, chamando sábios aos que apenas acumulam grossas bibliotecas em seus neurônios, sem, no entanto, assimilar em seus corações um grama de conhecimento da verdade divina, que é o amor a Deus através de seu representante visível: nosso próximo.

Precisamos ser sábios, mesmo que não possamos ter grande cultura." 

(C. Torres Pastorino - A Essência da Sabedoria - Ed. Martin Claret, São Paulo, 1998 - p. 49/50)
www.martinclaret.com.br


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

A MANEIRA CORRETA DE SATISFAZER OS DESEJOS

"Não é errado ter objetivos e desejos meritórios; o erro consiste em tentar expressar e satisfazê-los por meios finitos, porque então acabamos nos atolando na ilusão. Ao surgirem tais desejos, ore interiormente: 'Senhor, sei que o fundamento desses anseios é o desejo da alma para expressar sua natureza infinita, feita à Tua imagem. Ajuda-me a satisfazer minha ânsia de amor, poder e reconhecimento, conhecendo-me como alma.' Essa é uma maravilhosa maneira de raciocinar, usando o discernimento para vencer a ilusão.

'Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.' Sei que é assim. Há muitos anos, quando era uma jovem devota no caminho, percebi que nessas palavras Cristo enunciou a grande promessa de Deus de que, se primeiro procurássemos o Senhor, e se O procurássemos acima de todas as coisas, então tudo o mais que já tivéssemos almejado viria a nós. Decidi que iria provar ou refutar essa declaração em minha própria vida. Sempre que surgiam momentos de dúvida, eu renovava meu voto interior: usar as oportunidades nesta encarnação para provar que essas palavras da Bíblia são falsas ou verdadeiras.

A maneira mais fácil de seguir o caminho espiritual é escolher um princípio filosófico, ou uma declaração da verdade, e empenhar-se para construir sua vida em torno dele. Para cada um de vocês, há alguma verdade particular nas escrituras ou nas palavras de grandes santos que você cultiva especialmente por causa da inspiração que ela oferece. Não se contente meramente em ser inspirado pelas palavras. Tente cada dia viver essa verdade, o melhor que puder, de modo que sua inspiração se aprofunde, transformando-se em percepção direta.

O que mais interessava ao Mestre era o espírito do devoto - a determinação e o desejo amoroso de experimentar Deus. É isso que mantém ativos e puros os verdadeiros ensinamentos espirituais. Nem todo saber intelectual do mundo pode conseguir isso, porque a intelectualidade é, com muita frequência, um obstáculo entre o entendimento de Deus obtido da leitura ou de se ouvir falar dele, e Sua percepção direta. Quando um aspirante experimenta pessoalmente o amor e a sabedoria de Deus, ninguém consegue abalar sua convicção. (...)

Desse modo, encontrar Deus, ou mesmo buscá-Lo sinceramente, significa o fim de todos os desejos, porque o relacionamento com Deus satisfaz completamente. O homem de Deus, estando totalmente realizado, não tem nenhum desejo de se expressar como uma entidade-ego separada de Deus - compartilhando-O com os outros, despertando neles o interesse não por si mesmo, mas por Deus. Sua máxima alegria é atrair os outros para o único Amado que ele Adora. (...)"

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 200/201)


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

RETO DISCERNIMENTO

"9 - E pela prática do reto discernimento alcançado na senda do Yoga, ele salva a alma - a alma afogada no mar da existência condicionada [samsãra].

COMENTÁRIO - A alma está afogada, impregnada, imersa, contaminada pelo condicionamento resultante do processo de vir-a-ser, do samsãra, como dizem os hindus. O Nirvana é a libertação desse processo, e só pode ser alcançado pelo correto discernimento. Discernir é perceber o erro, a ilusão, a ignorância que nos impede de perceber o que É, chamado por Jiddu Krishnamurti de 'presente ativo'. É a percepção do aqui e agora, do atemporal, do Eterno que está na 'caverna' do nosso coração, como dizem os místicos de todas as épocas e raças."

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, 2011 - p. 18)

domingo, 24 de novembro de 2013

O LONGO CAMINHO PARA A INDIVIDUALIZAÇÃO



"2 – Dentre as criaturas sensíveis é difícil alcançar o nascimento como ser humano; dentre os seres humanos, nascer homem; quando homem, ser um Brãhmana; sendo um Brãhmana, desejar seguir a senda do dharma védico e entre esses aprender verdadeiramente. Mas o conhecimento espiritual que discerne entre o Espírito e o não espírito, a realização prática da fusão com Brahmãtman e a emancipação final dos grilhões da matéria são inatingíveis, exceto por um karma de centenas de milhões de encarnações. 

COMENTÁRIO - Reflitamos sobre a imensa quantidade de seres visíveis e invisíveis que existem nos inumeráveis mundos que constituem o Universo. Como é difícil ser humano! Mas o fato de sermos seres humanos não significa que alcançamos a plenitude desse estado, que, no dizer do psicólogo Carl Gustav Jung, chegamos à ‘individualização’. Pouquíssimos são os que conseguem esse objetivo, pois a imensa maioria constitui o ‘rebanho’ que é tocado pelos acontecimentos, vive e age em função de reflexões condicionadas. Simples marionetes manipuladas pelas circunstâncias. Ainda é mais difícil ser um Brahmana, alguém que alcançou a mais elevada estatura espiritual. As quatro castas tradicionais da Índia estão vinculadas não às circunstâncias do nascimento, mas à essência do ser de cada um. Mesmo para os que sejam realmente Brahmanas há a dificuldade de desejar efetivamente seguir o dharma como expresso nos Vedas. O dharma é Lei, Ordem, Justiça. É a linha de menor resistência que, uma vez seguida, nos permite alcançar a libertação dos laços do karma. Mas o texto nos adverte da dificuldade do verdadeiro aprendizado. A fusão com a centelha suprema que está dentro de nós, o Brahmãtman, é algo de suprema dificuldade, pois depende fundamentalmente do karma de cada um. E para que isso ocorra são necessárias centenas de milhões de encarnações."

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 15/16)





quinta-feira, 21 de novembro de 2013

AQUIETANDO-SE NATURALMENTE (2ª PARTE)

"(...) Certamente é bom ser crítico no sentido correto; é um sinal de que viveka, ou a faculdade de discernir, está devidamente ativa. Mas esse tipo de observação deve estar livre do elemento pessoal. O verdadeiro viveka não produz reações nem memórias que distorçam o relacionamento. Por outro lado, a atitude não pessoal dá origem a sentimentos de gentileza e de compreensão das lutas que as outras pessoas travam. Ser verdadeiramente impessoal ou estar simplesmente dizendo ‘eu não sou pessoal’ depende de se estar calmamente perceptivo do que acontece, não tendo resíduos ou imagens na mente.

Como outro exemplo, podemos olhar nossa reação a um problema de saúde. Essa experiência, abordada corretamente, pode ensinar o impessoalidade. O corpo é útil e deve ser cuidado, mas não deve receber importância como posse pessoal. Será que podemos olhar para ele com desapego, como se fosse o corpo de outra pessoa que nos é entregue sob custódia? Ele não é ‘nosso’, exceto durante algum tempo. Como assinalou Lewis Thomas, ‘os microorganismos que fazem colônias no corpo podem muito bem dizer ‘ele é nosso’. Mas por enquanto ele é uma boa ferramenta no plano físico.

A perspectiva pessoal e a reação pessoal são como uma ferida na mente, uma fonte de irritação. Se aprendemos a ser pessoais ou um tanto não pessoais (a palavra impessoal sugere falta de sentimento, mas os bons sentimentos caracterizam a mente não pessoal), poderemos descobrir que existe muito menos atividade e agitação mental. (...)"

(Radha Burnier – Revista Sophia, nº 33 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília – p. 41)


terça-feira, 5 de novembro de 2013

ALMA VERSUS EGO (PARTE FINAL)

"(...) Os espaços físicos do reino corporal no reinado do rei Ego frequentemente são mal aproveitados e suscetíveis às epidemias de doenças e velhice prematura que se espalham pelo reino (...) A população de pensamentos, vontade e sentimentos torna-se negativa, limitada, exausta, e infeliz; os trabalhadores inteligentes das células e das unidades de vida atômica e subatômicas tornam-se desorganizados, ineficientes e debilitados. (...) São violadas todas as leis que levariam ao bem-estar dos cidadãos mentais e celulares no reino do homem. É um domínio de trevas repleto de temores, incertezas e infelicidades em grande número, contrapondo-se a cada breve momento de prazer.

[No] reino corporal sob o reinado do rei Alma, (...) a população de pensamentos, vontade e sentimentos é sensata, construtiva, pacífica e feliz. As massas de trabalhadores conscientes e inteligentes células, moléculas, átomos, elétrons e unidades de centelhas de vida criadoras (vitátrons, prana) - são plenas de vitalidade, harmoniosas e eficientes. (...) Todas as leis que se referem à saúde, à eficiência mental e à educação espiritual dos pensamentos, da vontade, dos sentimentos e dos habitantes celulares inteligentes do reino corporal são cumpridas sob a orientação suprema da sabedoria. O resultado disso é que a felicidade, a saúde, a prosperidade, a paz, o discernimento, a eficiência e a orientação intuitiva permeiam o reino corporal - puro domínio de luz e bem-aventurança!

O corpo e a mente humanos são verdadeiros campos de batalha na guerra entre a sabedoria e a força enganosa consciente que se manifesta como avidya, ignorância. Todo aspirante espiritual que tem como objetivo estabelecer em si mesmo o governo do rei Alma precisa derrotar os rebeldes; o rei Ego e seus poderosos aliados."

(Paramahansa Yogananda - A Yoga do Bhagavad Gita - Self-Realization Fellowship - p. 26/27)

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

COMO CONTROLAR A MENTE? (2ª PARTE)

"(...) Uma das características da pessoa evoluída é que ela não é egoísta. A mente, ao contrário, é muito pessoal e está vinculada ao desejo, como rapidamente descobrimos quando observamos com cuidado as nossas reações em relação a pessoas e acontecimentos. À medida que a mente se torna mais aguçada, fica mais crítica em relação a como os outros pensam e agem. Aliás, ela tem uma enorme satisfação em encontrar algo que possa criticar ou condenar. Em um nível subconsciente, isso fortifica o ego e o seu senso de superioridade. Pode ser por isso que falar e pensar criticamente é tão comum.

Certamente é bom ser crítico, no bom sentido; isso é sinal de viveka, a faculdade do discernimento, está evoluindo, e de que o certo é visto como certo e o errado como errado. Porém, esse tipo de observação deve estar livre do elemento pessoal. O verdadeiro discernimento não produz reações que distorcem os relacionamentos. A atitude não-pessoal, ao contrário, leva a sentimentos gentis e à compreensão das lutas travadas pelos outros.

Outro exemplo é a nossa resposta a um problema de saúde, uma experiência que pode ensinar muito sobre a impessoalidade. O corpo é algo útil e deve ser cuidado, mas não devemos lhe dar importância como algo que possuímos. (…) Mas, por enquanto, o corpo é uma boa ferramenta com a qual podemos atuar no plano físico. (...)"


(Radha Buernier - Como manter a mente em paz - Revista Sophia nº 12 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 28
www.revistasophia.com.br


sábado, 19 de outubro de 2013

JÑᾹNA YOGA

"A palavra Jñᾱna deriva da raiz sânscrita ‘jñᾱ’, que significa conhecimento, discernimento e o seu ideal é a realização da Verdade Absoluta. É conhecido como o caminho do conhecimento que conduz à sabedoria. É despertar o conhecimento que seja capaz de extinguir a causa principal do sofrimento, a ignorância (avidyᾱ). Este conhecimento não é apenas um conhecimento comum da natureza das coisas, mas sim o conhecimento metafísico sobre a real natureza do espírito. O principal objetivo é demonstrar que o sujeito e o objeto tão, separados, são apenas duas expressões de um Ser ou Substância Absoluta. Desta forma, a Consciência Absoluta (Brahman) e a Consciência individual (Ᾱtmᾱ), Deus e o homem, o Criador e o criado, são apenas manifestações diferentes de uma Realidade Universal (Brahman). A máxima na tradição do Vedᾱnta é que Brahman é Ᾱtmᾱ e Ᾱtmᾱ é Brahman.

Este caminho está totalmente baseado no sistema não-dualista (advaita) do Vedᾱnta, cujos textos autorizados abordam a investigação profunda sobre a natureza do Ser (Ᾱtmᾱ) e do não ser (Ᾱnatmᾱ) e seu principal objetivo é libertar o homem da escravidão da ignorância (avidyᾱ). "

(Maria Laura Garcia Packer - a Senda do Yoga - Ed. Teosófica, Brasília - p.32)


quinta-feira, 17 de outubro de 2013

CULTURA DA MENTE

"O ocultista sabe o valor do conhecimento, mas ele acredita no emprego do discernimento na aquisição do conhecimento relacionado com o lado fenomenal da Natureza. Em primeiro lugar, ele sabe que todo conhecimento obtido através da mente inferior é relativo e, por conseguinte, não lhe dá a importância que assume aos olhos do homem comum do mundo. O ocultista adquire o conhecimento que lhe é necessário e útil em seu trabalho, mas não sobrecarrega a mente com conhecimentos detalhados que não lhe são úteis no momento. Ele não encara o conhecimento como uma espécie de ornamento ou passatempo como fazem alguns letrados e cientistas. Em segundo lugar, ele sabe da possibilidade de desenvolver faculdades superfísicas que o habilitam a adquirir, sem muita dificuldade, qualquer espécie de conhecimento que possa necessitar. O desenvolvimento do corpo causal e do veículo Buddhico, com as faculdades que lhe são próprias, torna desnecessário o acúmulo de conhecimentos detalhados na mente inferior, à vista da facilidade de obtenção de tal conhecimento a qualquer momento, e sua maior credibilidade quando adquirido dessa maneira.

Não quer isto dizer, é claro, que o aspirante à Sabedoria Divina deva desprezar o conhecimento relacionado ao lado fenomenal da vida, ou que possa negligenciar a cultura da mente inferior. Há uma poucos pessoas aptas a desenvolver suas faculdades superfísicas no presente imediato, e por muitas vidas vindouras a grande maioria dos candidatos, trilhando o caminho da Autorrealização, terá que operar em seus corpos mentais inferiores e através deles."

(I.K. Taimni - Autocultura à Luz do Ocultismo - Ed. Teosófica, 1997 - p. 103/103)


sexta-feira, 4 de outubro de 2013

REENCARNAÇÃO: VIAGEM DA ALMA PARA A PERFEIÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) É melhor satisfazer desejos menores ou insignificantes, porque assim nos livramos deles. Mas é preciso fazê-lo com sabedoria e discernimento, senão até os pequenos desejos podem voltar com mais vigor, reforçados pela experiência. Pessoas com tendência a beber, por exemplo, costumam 'raciocinar' assim: 'Hoje beberei quanto quiser e amanhã ficarei sem beber.' Após várias repetições da experiência, o resultado mais comum é descobrir que se formou um hábito e, então, será difícil abandoná-lo. O mesmo pode acontecer com qualquer outro desejo. 

Deus não é um ditador que nos enviou aqui e nos ordena o que fazer. Ele nos deu livre-arbítrio para fazermos o que quisermos. Já ouvimos muita coisa sobre a importância de ser bom. Entretanto se todos nós vamos direto para o céu quando morremos (como alegam alguns), de que adianta fazermos o bem enquanto estivermos aqui? Se todos recebem a mesma recompensa no fim da vida, por que não ser um pessoa ambiciosa, egoísta, já que o caminho do mal geralmente é mais fácil de trilhar? Seria inútil imitar a vida dos grandes santos se, ao morrer, todos nós - tanto os bons quanto os maus - nos tornássemos anjos.

Por outro lado, se no plano de Deus estamos todos destinados a ir para o inferno, será igualmente inútil nos preocuparmos com o comportamento nesta vida. E de que valeria vigiar as ações, se nossas vidas fossem como automóveis, que quando estão velhos são lançados na sucata, e ali terminam? Se nisso se resume a vida do homem, não há necessidade de ler as escrituras ou de exercitar o autocontrole."

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 215)


terça-feira, 24 de setembro de 2013

O CAMINHO DA DEVOÇÃO

"O modo mais fácil de encontrar Deus é pela devoção. Qualquer pessoa que procura o meio fácil deve concentrar-se, predominantemente, em desenvolver essa qualidade. Porém, junto com a devoção, também necessitará desenvolver o discernimento. Nosso guru, Paramahansa Yogananda, uma vez definiu o discernimento como o aprendizado para fazer as coisas que devemos fazer quando devemos fazê-las.

O discernimento espiritual mantém nossos pensamentos focalizados em um ponto. Sempre que praticamos qualquer ação, esse discernimento faz com que perguntemos a nós mesmos: 'Isso me dará mais percepção de Deus?' O discernimento nos permite dizer 'neti, neti (isto não, isto não)' àquelas ações que não nos conduzirão a Ele e nos compromete a evitá-las. Àquelas atividades que o discernimento nos disser que levarão a Deus, podemos dizer: 'Isto eu farei fielmente'. Se você seguir esses dois princípios básicos, devoção com discernimento, verá que constituem o meio mais simples para encontrar Deus. Naturalmente, quando digo 'devoção', isso inclui a prática das técnicas de meditação dadas pelo guru. 

Qual o modo mais fácil de conquistar alguém? Não é com a razão; é com o amor. Assim, a maneira lógica de conquistar o Amigo Divino é amá-Lo. Amor é o que eu buscava neste mundo. Eu vivia para o amor. Mas eu queria o amor que fosse perfeito; e compreendi que não temos o direito de esperar dos seres humanos o amor perfeito, porque eles mesmos são imperfeito. Um problema com o mundo hoje é que esposos e esposas, filhos, famílias, todos se queixam da falta de amor que recebem um do outro. Não param para pensar que, se você quer amor, precisa dar amor primeiro. Você não pode receber amor apenas exigindo-o de alguém. Você precisa dar, e então receberá. E se você quer Deus, precisa dar-Lhe amor primeiro. Em troca, receberá tamanha abundância que não chorará mais pelo amor imperfeito deste mundo.

Sempre que eu lia a respeito do amor ideal entre amigos, ou pais e filhos, ou esposos e esposas, pensava: 'Amado Deus, se esses relacionamentos humanos podem ser tão belos, muito mais lindo deve ser o relacionamento Contigo, de quem essas diferentes formas de amor fluem'. Como é inspirador e estimulante esse pensamento! Mas você não pode encontrar Deus simplesmente raciocinando sobre as qualidades Dele; você tem que tentar senti-las, concentrar-se nelas, meditar sobre a natureza Dele, até que as qualidades que
Ele manifesta tornem-se parte de sua própria experiência. Para conhecer Deus como amor, escolha um pensamento particular que desperte devoção em você e detenha-se bastante tempo nele, durante a meditação profunda, para aumentar a profundidade de seu sentimento."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 181/182)


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

É NECESSÁRIO COMPREENDER O SIGNIFICADO DA RELIGIÃO (1ª PARTE)

"Para a maioria das pessoas, religião é uma questão de tradição familiar, benefícios sociais, ou hábito moral. Elas não têm ideia da importância da religião. Quando perguntei a um homem que religião seguia, sua resposta foi: 'Nenhuma em particular. Troco de igreja conforme me convêm'.

Quem não busca Deus como a suprema necessidade da vida não compreende o significado da religião. Por que todos procuram dinheiro? Porque estão condicionados ao pensamento de que o dinheiro é essencial para suprir as coisas necessárias ao bem-estar. Não é preciso dizer-lhes isso; eles simplesmente sabem. Então, por que a maioria das pessoas não compreende a necessidade de conhecer Deus? Porque lhes falta imaginação e discernimento. Muito cedo na vida, vi que as respostas da teologia e até das escrituras a certas questões jamais poderiam satisfazer plenamente a alma, se a verdade não fosse experimentada por meio da realização e da comunhão com Deus. Por exemplo, quando minha mãe morreu e quando outros entes queridos começaram a ser arrancados de mim, rebelei-me interiormente, e ninguém pôde dar uma explicação satisfatória. Decidi que eu mesmo tinha de achar a resposta, com meus próprios esforços. 'Não vou aceitar isso cegamente', prometi. 'Vou encontrar a resposta Daquele que é o Criador deste universo'. Procurei diretamente em Deus a compreensão dos mistérios da vida, que não podia achar nos ensinamentos das igrejas e dos templos. Se a religião não pudesse esclarecer por que alguns nascem pobres e outros, ricos; alguns, cegos e outros, saudáveis, como poderia convencer-me da justiça divina? Os mestres da Índia, alcançando a comunhão com Deus, encontraram as respostas para os enigmas da vida por meio da realização interna, e nos mostraram como fazer o mesmo. (...)"

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 112/113)


quarta-feira, 24 de julho de 2013

QUE DEVEMOS FAZER COM OS JOVENS PARA CORRIGIR SEU CARÁTER E COMPORTAMENTO?

"Uma criança, com certeza, tocará uma lâmpada quente até queimar. Os jovens não têm equilíbrio. Eles também querem resultados imediatos. Por exemplo: ontem tivemos um casamento aqui. O jovem queria um filho imediatamente; não queria esperar nove meses. O guru (assim denominado) aparece e os jovens correm em bandos para perto dele, esperando uma rápida autorrealização. Mas, uma vez desapontados, vão-se embora e, no processo, ganham alguma prudência e paciência. 

Uma história curta: Um jovem, cujos pais eram muito pobres, se graduou, principalmente porque os professores estavam cansados de vê-lo reprovado nos exames. Seus pais ficaram orgulhosos e disseram: "Nós encontraremos uma esposa para você." O rapaz respondeu: "Eu aceitarei somente uma noiva que tenha curso universitário, pois eu tenho um diploma universitário." A mãe respondeu: "Nós não podemos pagar empregados para uma jovem que só sairá de seu quarto às 9 horas da manhã. Nós necessitamos de uma esposa que ajude nos trabalhos da casa." O filho replicou: "São as minhas necessidades que importam, não as suas. Façam como desejo, ou eu irei embora." Os pais capitularam e conseguiram a esposa desejada. O jovem contou aos amigos: "Eu agora sou a própria felicidade." Três dias depois, ele disse à esposa: "Querida, levante agora e faça um café para mim." Ela lhe respondeu: "Meu querido, eu sou uma bacharel como você. Por favor, levante e traga o café para mim!" Então, o jovem proclamou para todos que a vida se havia tornado negra e tudo era infelicidade e miséria total. Em apenas 3 dias, ele passou da total felicidade para a total miséria. 

Esse comportamento dos jovens é típico, porque eles não foram ensinados a respeitar e reverenciar seus pais. Seu comportamento na direção espiritual é similar. Como pode haver qualquer luz espiritual sem que o interior esteja limpo! E o trabalho interior é indagação silenciosa e discernimento. Depois que o interior estiver limpo, as disciplinas exteriores podem ter algum valor."

(J.S. Hislop - Conversações com Sathya Sai Baba - Fundação Bhagavan Sri Sathya Sai Baba do Brasil - p. 47)


sábado, 20 de julho de 2013

SEJA IMPARCIAL

"Não se preocupe como as pessoas o tratam; preocupe-se apenas como você se comporta. Esse ideal foi ensinado por Jesus, por Paramahansa Yogananda e por todos os grandes mestres. Existe uma forma correta de reagir a cada situação na vida, em relação às pessoas que nos amam e às que não nos amam; e Senhor Krishna quis dizer isso quando louvou a equanimidade como uma virtude essencial. "Ó Arjuna, aquele a quem esses (contatos dos sentidos com seus objetos) não podem agitar, que é tranquilo e imparcial na dor e no prazer, somente ele está apto para alcançar a perenidade!" Ele não disse: "Seja tranquilo quando as pessoas são gentis e amáveis com você". Isso é fácil de fazer. Ele ensinou que precisamos manifestar equanimidade em todas as circunstâncias. Quando você pratica isso, vê que surgem resultados positivos. 

Gurudeva era como um espelho cristalino, sem mácula. Toda pessoa que ficasse diante desse espelho via a si mesmo exatamente como era, sem qualquer distorção ou racionalização; ela via seu pequeno eu ego em detalhes devastadores. Paramahansaji conhecia as fraquezas de cada um de nós. E não fugia do seu dever de nos treinar! Não que gostasse dessa responsabilidade - lembro-me de um dia ele me dizer: "Eu não gosto de disciplinar. Em minha próxima vida, não vou disciplinar ninguém. Entretanto, o dever do guru é encontrar os defeitos na natureza das pessoas que buscam sua ajuda espiritual e, com o bisturi de sua sabedoria intuitiva, lancetar os furúnculos psicológicos para que elas possam se curar."

É assim que a autodisciplina também funciona. Ela nos ensina a usar o discernimento, que é simplesmente a habilidade de fazer o que devemos fazer, no momento em que devemos fazê-lo. Entretanto, a menos e até que saibamos quais são nossas fraquezas, não podemos mudá-las. Mesmo quando conhecemos nossas fraquezas, muitas vezes falta-nos o desejo suficientemente forte para superá-las. Quando, porém, nosso desejo de melhorar a nós mesmos for sincero, seremos conduzidos a alguém, um amigo divino tal como nosso Guru, que poderá apontar nossas falhas e nos ajudar a corrigi-las. Os resultados de nossas associações diárias com outras pessoas também podem ser esclarecedores para deslindar nossos pontos fracos. Você reconhecerá muitos de seus traços indesejáveis se analisar sua reação diante de outras pessoas e do comportamento delas.

Cada ser humano atraiu para si toda particularidade de seu ambiente, incluindo as pessoas a seu redor. As experiências resultantes são essenciais para seu crescimento espiritual. O devoto pode reagir positivamente e beneficiar-se de seu ambiente, ou pode reagir negativamente e ser arruinado por ele. Sempre temos essa escolha, porque possuímos livre-arbítrio. Porém, em última análise, Deus colocou cada um de nós onde estamos, por meio da operação de Suas leis cósmicas, em resposta a nossas próprias ações."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p.63/65


sexta-feira, 5 de julho de 2013

A ESTRADA PARA A LIBERDADE (PARTE FINAL)

"(...) Os verdadeiros instrutores, por outro lado, estão preocupados com o despertar da inteligência - o desabrochar da faculdade de discernimento (viveka), que começa com a compreensão do que fez com que a humanidade se entregasse à violência, à ganância, à agressão e assim por diante durante milênios, e também a percepção das manifestações desses condicionamentos em si próprio. A atenção, a reflexão e a percepção abrem a mente à possibilidade de se libertar da compulsão e da conformidade.

A crença, a obediência cega, a falta de vontade de prestar atenção aos fatores psicológicos dentro do indivíduo e da sociedade, assim como a tendência de fazer o que quer que seja conveniente no momento presente são sérios obstáculos ao despertar. Por isso Buda disse: "Não aceite o que eu digo, descubra o que é a verdade.".

Devemos ver por nós mesmos que os caminhos do mundo são dolorosos ao extremo, e que deve haver uma mudança; somente então se pode encontrar a energia para ouvir sem cair na crença, para investigar sem preconceitos e para descobrir a verdade diretamente.

Pouquíssimas pessoas gostam de ouvir uma mensagem que as tire de seu torpor; elas preferem permanecer estagnadas internamente e depender de outros para sua salvação. Fluir com a correnteza da mundanidade é muito mais fácil do que fazer o forte esforço necessário para emergir dessa correnteza e alcançar a praia. O oceano de samsâra está cheio de tubarões e outros animais perigosos, como descrevem os textos clássicos, mas as pessoas querem permanecer ali, talvez porque sintam vagamente que o mal conhecido é melhor que o desconhecido. 

Somente por meio da atenção pacientemente sustentada, do pensamento profundo e da contemplação sobre os principais problemas da vida, da purificação e do refinamento da faculdade de percepção é que a visão clara é desenvolvida. Não há alternativa para os indivíduos que estão empreendendo tal curso de autotreinamento, que pode ser longo ou curto, dependendo da seriedade que se aplicam. O mundo não pode mudar por si próprio. Os indivíduos constituem o mundo, e somente os indivíduos que se transformam podem transformar o mundo."

(Radha Burnier - Revista Sophia nº 36 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 24/25)


terça-feira, 2 de julho de 2013

CARMA - CONSTRUÇÃO DO FUTURO INDIVIDUAL (2ª PARTE)

" (...) Apesar de dizer que "de boas intenções está o inferno calçado", o erro cometido com boa intenção acarretará mau e bom Carma. Mau, pelo ato errado; bom, pelo intenção elevada. Se, ao errar, mesmo por fraqueza, o indivíduo tem em mira um ideal mais alto, se em lugar de desanimar com o erro, procurar criar novas forças para resistir, estará constituindo alicerces mais sólidos para vidas futuras. 

Certos sonhos marcam a influência de erros de vidas passadas, na presente. Assim, indivíduos virtuosos, abstêmios, de pensamentos puros, têm, no entanto, sonhos em que procedem de maneira contrária ao que pensam e fazem e vigília (Platão, aliás, disse que o homem mau faz o que o bom sonha.) Estes sonhos são os últimos resquícios de lutas passadas. O abstêmio por temperamento, que sonha estar a se embriagar e a sentir prazer na bebida, esgota, pelo sonho, os restos do vício de uma vida anterior, atualmente vencido. É princípio oculto que aquilo que desejarmos, aplicando toda a nossa vontade, acabaremos obtendo, mais cedo ou mais tarde, numa ou noutra vida.

Naturalmente há pessoas que têm menor potência de materialização dos desejos do que outras e obtêm, com facilidade o que para outros é custoso. Recordo-me da história de um estudante de ocultismo que, para experimentar a força do pensamento, começou por imaginar um tapete com forma e desenhos por ele concebidos. Um dia fizeram-lhe presente de um tapete igual ao que concentrara em seu pensamento. Esta força depende da constituição psíquica e de outras resultantes cármicas. Enquanto indivíduos realizam o que querem, em poucos meses, outros levam anos e muitos só realizam em vidas posteriores aquilo que desejaram. É o caso de indivíduos "com sorte", que ganham fortunas inesperadas, conquistam boas situações "por acaso" etc. 

De maneira que nenhum esforço será vão. Mas este fato deve nos dar também seu ensinamento. Precisamos pensar bem aquilo que queremos. Seja o caso do indivíduo que mentaliza a riqueza. Suponhamos que a conquiste logo, embora seja egoísta, sensual, glutão. Que aplicação irá dar ao dinheiro ganho? Certamente a pior possível.

Pela lei do Carma, conseguiu o que desejou, mas pela mesma lei, irá colher, depois, as pesadas consequências daquilo que fez com a riqueza aplicada sem discernimento. Só mais tarde a experiência ganha pelo sofrimento irá lhe ensinar a grande verdade do princípio bíblico: "Não semeeis tesouros na terra..." (...)"

(Alberto Lyra - O Ensino dos Mahatmas - IBRASA, São Paulo - p. 215/216)


segunda-feira, 3 de junho de 2013

TANTRA YOGA - O GURU (9ª PARTE)

" (...) O tantra estabelece que a simples aquisição intelectual do conhecimento é insignificante. Faz-se indispensável a experiência, a qual só será alcançada através do sadhana, sob a direção indispensável de um competente guru. Competente guru é alguém que já tenha percorrido o difícil caminho, e consequentemente alcançado, no todo ou em parte, a Verdade que se propõe a partilhar. O guru genuíno não se limita a dar somente informações, mas também algo do que já conquistou e faz parte de si mesmo. É recomendado reverenciar e servir o guru como a própria Divindade. Tal prescrição impõe, naturalmente, severo discernimento da parte do candidato a discípulo, antes de confiar-se tanto a alguém. É aconselhável prudência na "caça ao guru", tanto que seja evitada a autoentrega a um incapaz ou a um trapaceiro, a um dos tão numerosos "falsos profetas", a magos negros ou vamagurus. Estes são sempre ávidos por dominar ingênuos discípulos. Para prevenir imprudentes autoentregas a falsos gurus é sempre bom lembrar o velho preceito: 
Quando o discípulo está pronto, o Mestre aparece.
E Jesus, sempre vigilante e empenhado em amparar-nos, adverte: 
Guardai-vos dos falso profetas... (Mt 7:15)* 
A prudência sugere que inicialmente paremos a ansiosa caça ao guru, e por meio de sadhanas como Bhakti, Karma, Hatha Yoga, conquistemos um razoável grau de espiritualidade. Será assim e por isto que, na hora exata e não antes, o guru certo aparecerá. Outra advertência igualmente válida, mas parecendo contraditória, nos lança à "busca ao guru". Não um ser humano, mas o excelso guru de todos os gurus. Aquele que reside no coração de cada um e, misericordiosamente, sempre ao alcance da prece, da autodoação e da meditação. (...)"

*Convém um estudo de todo o texto (Mt 7:15 e seguintes), pois ele descreve os sinais denunciadores do charlatão.

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 132/133)


sábado, 1 de junho de 2013

TANTRA YOGA - AVENTUREIRISMO ARRISCADO (7ª PARTE)

" (...) Quanto à prática de técnicas visando ao "despertar de kundalini", que está se tornando lamentavelmente tão comum, o bom conselho é muita prudência!

Trata-se de uma arriscada aventura, a qual se pode aprender como começar, mas dificilmente como controlar e parar. Segundo o Pandit Gopi Krishna, que foi a maior autoridade científica em kundalini nos últimos tempos, autor de Kundalini, o processo pode terminar bem, isto é, com a gloriosa iluminação - no caso em que o processo seja rigorosamente bem conduzido, que depende da direção apta de um guru altamente capacitado e santo (o que é raríssimo), e já possuidor de uma elevadíssima condição ética espiritual. Se mal conduzido (o caso mais provável e mais frequente), o processo pode degenerar em doença mental irreversível, culminando às vezes com suicídio; pode também produzir paranormalidade. E esta hipótese, à luz do discernimento, pode não ser tão desejável como parece. Pessoas egoístas, destituídas de "poderes", causam algum mal a si e aos outros. Mas quando armadas com os chamados siddhis inferiores, tornam-se verdadeiramente diabólicas a produzir "milagres" malignos, para finalidades egoístas e imediatas, em detrimento dos outros e sempre inspiradas pelas trevas. O que estou dizendo não resulta de leituras, mas de lidar com diversos casos muito tristes. Evitemos despertar avoada e ambiciosamente a fantástica energia que a natureza sabiamente mantém em latência, enrolada, à espera de que antes nos purifiquemos, que tenhamos vencido o grande inimigo - asmita ou egoísmo. 

Em nosso último encontro em seu Centro de Estudos em Deradum (Índia), o Pandit Gopi Krishna confirmou o que eu já aprendera do Mestre Jesus sobre a aquisição de "poderes" e outros "brinquedos" e "magias":
Mas buscai primeiro o Reino de Deus, e a perfeição dele, e todas essas coisas [siddhis e kundalini] vos serão acrescentados. (Mt 6:33) (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 130/131)
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quinta-feira, 30 de maio de 2013

TANTRA YOGA - MÃO DIREITA E MÃO ESQUERDA (5ª PARTE - III)

" (...) Todos os Avatares e Grandes Mestres mostram que satisfazer aos desejos com o objetivo de vencer a pressão com que eles "imperiosamente" se impõem é tão inteligente quanto tentar apagar fogueira lançando combustível sobre as labaredas. Na Bhagavad Gita, o Senhor Krishna descreve, com precisão e dramaticidade, como um homem que se entrega à gratificação dos desejos sensuais, conforme proposto acima, ao contrário do prometido, a sublimação, desce num tobogã para a própria ruína. Declarou o Avatar:
Quando um homem se demora a pensar nos objetos (sensórios) cria apego por eles; do apego, o desejo nasce; do desejo surge o ódio; o ódio produz o embuste; a partir da ilusão perde-se a memória; desta perda sobrevém a destruição da capacidade de discernir; perdido o discernimento, a ruína acontece. (II:62,63)
O "assuma" e "libere-se", tão receitado por certa classe de "terapeutas" modernosos, como se vê, não é uma novidade. Vetustos textos e gurus tântricos (da "mão esquerda") já preceituavam tal sadhana (?!!!). Mas somente a seus discípulos pasubhava (tipo animalesco). Um velho guru tântrico - esclareça-se - tinha bastante sabedoria para orientar o discípulo a fim de evitar promiscuidades, abusos, aberrações e distorções, e ainda mais, tendo progredido para a condição de viryabhava (tipo heróico), percebia quando o sadhana do discípulo deveria ser modificado. Recomendava então rituais apropriados a seu novo status espiritual, os da "mão direita", isto é, Bhakti, Kriya, Karma, Hatha e Jnana Yoga.

O mesmo Haridas Chaudhuri, que tão convincentemente defende o "vale tudo" para atender aos desejos, sob o pretexto de o Tantra ser uma "abordagem afirmativa da natureza", em páginas seguintes da mesma obra propõe valiosas advertências:
...tem-se frequentemente a tendência de levar muito longe o espírito de afirmação (...) Quando uma pessoa se torna muito afirmativa no seguir o caminho da natureza, é preciso que se lhe fale sobre a glória transcendente do espírito. Doutra forma, ela pode perder-se no labirinto do desejo e vir a transviar-se no autoembuste em nome da religião. (...) Algumas vezes a promiscuidade sexual é sancionada como um modo de religião. (...) A magia negra então se mascara de religião."  
 (José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 128/129)