OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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sábado, 29 de abril de 2017

PASSOS NO CAMINHO (1ª PARTE)

"O curso normal da evolução humana leva o homem para o alto, estágio por estágio. Entretanto, uma distância imensa separa até os gênios e os santos do homem que 'está no limiar da divindade' – e ainda mais daquele que cumpriu a ordem de Cristo: 'Sede perfeitos, como Vosso Pai do Céu é perfeito.' Há alguns passos que levam à subida para a Passagem, da qual está escrito: 'Estreita é a porta e árduo o caminho que leva à vida, e poucos são os que o encontram.' Quem são 'os perfeitos', dos quais fala Paulo, o Apóstolo?

Na verdade, há passos que levam a esse Portal, e poucos são os que palmilham o seu caminho árduo. A Porta é a da Iniciação, o segundo nascimento, o batismo do Espírito Santo e do Fogo, o Caminho que leva ao conhecimento de Deus, que é a Vida do Eterno.

No mundo ocidental, os estágios, ou passos, foram chamados de Purgação, Iluminação, União; por esses estágios, o Místico – o que é levado à visão Beatífica pela devoção – designa o Caminho. No mundo oriental, o Ocultista – o Conhecedor ou Gnóstico – vê os passos de uma forma um tanto diferente, e divide o caminho em dois grandes estágios: o Probatório e o Caminho propriamente dito; o Probatório representa a Purgação do Místico, enquanto o Caminho propriamente dito é a Iluminação do Místico. Ele procura, ainda, desenvolver em si próprio, quando no Caminho Probatório, certas 'qualificações' definidas, preparando-se para passar através do Portal que marca o fim do Caminho, enquanto no Caminho propriamente dito ele deve descartar por inteiro dez 'grilhões' que o impedem de atingir a Libertação ou Salvação Final. E terá de passar através de quatro Portais ou Iniciações.

Cada uma das qualificações deve ser desenvolvida até certo ponto, embora não completamente, antes que o primeiro Portal possa ser cruzado. São os seguintes, esses Portais:

• Discernimento: o poder de distinguir entre o real e o irreal, entre o eterno e o transitório – a visão aguda que vê o que é Verdadeiro e reconhece o que é Falso sob todos os disfarces.

• Imparcialidade ou Ausência de Desejo: estar acima do desejo de possuir objetos que dão prazer ou afastar objetos que causam dor, pelo domínio absoluto da natureza inferior e pela transcendência da personalidade.

• Os Seis Dons ou Boa Conduta: controle da mente, controle do corpo – em palavras e em ações –, tolerância, resignação ou boa disposição, equilíbrio ou determinação, confiança. (...)"

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)


domingo, 26 de março de 2017

CRIATIVIDADE (PARTE FINAL)

"(...) Tudo o que acontece conosco agora reflete nossa carma passado. Se sabemos disso e o sabemos realmente, sempre que sofrimento e dificuldades nos atingem não os vemos mais como falhas ou catástrofes, nem os vemos de modo algum como punição. Não nos culpamos mais, nem nos permitimos odiar a nós mesmos. Vemos que a dor que atravessamos é a culminância dos efeitos, a fruição de um carma passado. Os tibetanos costumam dizer que o sofrimento é 'uma vassoura que varre todo o nosso carma negativo'. Podemos até ser-lhes gratos porque um carma está chegando ao fim. Sabemos que a 'boa sorte', um fruto do bom carma, pode logo passar se não a usarmos bem, e a 'má sorte', o resultado do carma negativo, pode na verdade estar dando a nós uma maravilhosa oportunidade de evoluir.

Para os tibetanos, o carma tem um significidado realmente vivo e prático no seu cotidiano. Eles vivem de acordo com o princípio do carma, no conhecimento da verdade que contém, e essa é a base da ética budista. Eles o entendem como um processo justo e natural. O carma inspira neles, portanto, um sentido de responsabilidade pessoal em tudo o que fazem. Quando eu era jovem, minha família tinha um excelente empregado chamado A-pé Dorje, que gostava muito de mim. Ele era realmente um santo, e nunca fez mal a ninguém em toda sua vida. Sempre que, em minha infância, eu dizia ou fazia algo prejudicial, ele replicava gentilmente: 'Oh, isso não está certo'; desse modo, instilava em mim um profundo senso da onipresença do carma e um hábito quase automático de transformar minhas reações, caso algum pensamento nocivo me invadisse o coração.

É realmente tão difícil perceber o carma em ação? Não basta apenas olhar para trás em nossas vidas para ver com clareza as consequências de alguns de nossos atos? Quando aborrecemos ou ferimos alguém, isso não veio de volta contra nós? Não fomos deixados com uma amarga e negra recordação, e com as sombras da autodesaprovação? Essas recordações e sombras são o carma. Nossas hábitos e medos também provêm do carma, o resultado de ações, palavras e pensamentos que tivemos no passado. Se examinarmos nossas ações e tomarmos realmente consciência delas, veremos que há um padrão que se repete: sempre que agimos negativamente, isso resulta em dor e sofrimento; sempre que agimos positivamente, isso no final resulta em felicidade."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 133/134)


quarta-feira, 15 de março de 2017

AMOR ABNEGADO

"Quando somos uno com o Infinito, não temos consciência de nós mesmos como egos; sabemos apenas que a onda da vida não pode interromper e dançar sem o oceano por trás dela. Se você se apegar demais às coisas do mundo, esquecerá Deus. É por isso que Ele nos faz perdê-las - não para nos punir, mas para averiguar se amamos mais a insignificância que o Ilimitado.

A fim de evoluir espiritualmente, você precisa primeiro acompanhar o espírito do Cristo universal. Não significa que tenha de ser crucificado para se tornar outro Cristo! Mas deve, em certo sentido, crucificar todos os desejos vãos. Algumas pessoas buscam os dons de Deus, mas os sábios buscam apenas Deus, o Propiciador de todos os dons. Você pode tentar agradar às pessoas - que, no entanto, logo o esquecerão. Talves erijam uma estátua em sua homenagem, mas poucas olharão para ela e se lembrarão de suas boas ações.

A sociabilidade deve ser aprimorada, o que não quer dizer que você precise conhecer a todos pessoalmente. Convide o mundo inteiro para o seu coração. A consciência de Cristo a tudo abrange com seu amor. Essa consciência nasceu no corpo de Jesus e no de outros grandes mestres. Até que você a alcance, não julgue ninguém. Graças a ela, seu julgamento deverá ser sempre delicado, não passando na verdade de uma avaliação."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda,  A Espiritualidade nos Relacionamentos - Ed. Pensamento, São Paulo, 2011 - p. 42/43)


terça-feira, 14 de março de 2017

A REENCARNAÇÃO E SUA NECESSIDADE (PARTE FINAL)

"(...) A glória da humanidade, do ponto de vista científico, parece estar fora da lei da causação. A ciência não nos diz como construir mentes robustas e corações puros para o futuro. Ela não nos ameaça com uma vontade arbitrária, mas deixa-nos sem explicação sobre as desigualdades humanas. Dizem que os ébrios legam a seus filhos corpos propensos à doença, mas não explicam por que algumas infelizes crianças são os recipientes de herança tão hedionda.

A Reencarnação devolve a justiça a Deus e poder ao homem. Todo espírito humano entra na vida humana como um gérmen, sem conhecimento, sem consciência, sem discernimento. Pela experiência, agradável ou dolorosa, o homem reúne material, como foi explicado antes, e o erige em faculdades mentais e morais. Assim, o caráter com que nasceu foi feito por ele, e marca o estágio que ele alcançou em sua longa evolução. A boa disposição, as excelentes possibilidades, a natureza nobre são o espólio de muitos e duros campos de batalha, são o salário de pesados e duros labores. O reverso indica um estágio mais recente de crescimento, o pequeno desenvolvimento do gérmen espiritual.

Todos caminham por uma estrada igual, todos estão destinados a alcançar a máxima perfeição humana. A dor é consequência dos erros e é sempre reparadora. A força se desenvolve na luta; colhemos, após cada semeadura, o resultado inevitável – a felicidade, que vem do que é correto, e o sofrimento, que vem do que é errado. Um bebê que morre logo depois de nascido paga com a morte um débito, uma dívida do passado, e retorna rapidamente à Terra, retido por breve espaço de tempo, livrando-se da sua dívida, para reunir a experiência necessária ao seu crescimento. As virtudes sociais, embora colocando o homem em desvantagem na luta pela existência, levando mesmo, talvez, ao sacrifício da sua vida física, constroem um nobre caráter para as suas vidas futuras, modelando-o para se tornar um servidor da nação.

O gênio chega a ser inerente ao indivíduo como resultado de muitas vidas de esforço, e a esterilidade do corpo que ele usa não roubará ao futuro os seus serviços, porque ele retorna maior a cada novo nascimento. O corpo envenenado pelo alcoolismo de um pai é usado por um espírito que aprende, com a lição do sofrimento, a guiar sua vida terrena sobre linhas melhores do que as que seguiu no passado.

Assim, em cada caso, o passado individual explica o presente de cada um, e quando as leis do desenvolvimento forem conhecidas e obedecidas, um homem poderá construir com mãos seguras seu destino futuro, modelando seu desenvolvimento em linhas de beleza sempre crescente, até que atinja a estatura do Homem Perfeito."

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)
fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


segunda-feira, 13 de março de 2017

A REENCARNAÇÃO E SUA NECESSIDADE (1ª PARTE)

"Há apenas três explicações para as desigualdades humanas, sejam de capacidade, de oportunidade ou de circunstância, 1: Criação especial por Deus, implicando que o homem é indefeso, seu destino sendo controlado por uma vontade arbitrária e incalculável. 2: Hereditariedade, conforme sugere a ciência, implicando igual impotência por parte do homem, sendo ele o resultado de um passado sobre o qual não teve controle. 3: Reencarnação, implicando que o homem pode tornar-se senhor do seu destino, o resultado do seu próprio passado individual, sendo, assim, o que fez de si mesmo. A criação especial é rejeitada por todos os que raciocinam, como explicação para as condições que nos rodeiam, a não ser na mais importante de todas elas, o caráter com o qual e o ambiente ao qual nasce uma criança. A evolução é tida como certa em tudo, menos na vida da inteligência espiritual chamada homem. Ele não tem passado individual, embora tenha um futuro individual infinito. O caráter que traz com ele – e do qual, mais do que qualquer outra coisa, depende o seu destino na Terra – é, segundo essa hipótese, especialmente criado para ele por Deus, e é imposto a ele sem qualquer escolha de sua parte, destino saído da sacola da sorte da criação, da qual ele pode retirar um prêmio ou um bilhete em branco, sendo este último a condenação ao infortúnio. Do jeito que for, ele deve aceitá-lo.

Se da sacola ele retirar uma boa disposição, ótima capacidade, uma natureza nobre, tanto melhor: ele nada fez para merecê-lo. Se tirar uma criminalidade congênita, uma idiotia congênita, uma moléstia congênita ou um alcoolismo congênito, tanto pior para ele: ele nada fez para merecê-lo. Se a eterna bem-aventurança está anexada a um e o tormento eterno a outro, o desafortunado deve aceitar sua má sorte como puder. O poder do oleiro não é maior do que o da argila? Isso pareceria triste, se a argila pudesse sentir.

Sob outro aspecto, a criação especial é grotesca. Um espírito é criado especialmente para um pequeno corpo que morre poucas horas depois de ter nascido. Se a vida na Terra tem algum valor educativo ou experimental, esse espírito será, para sempre, o mais pobre, ao perder a vida, e a oportunidade perdida jamais poderá ser recuperada. Se, por outro lado, a vida humana na Terra não é essencialmente importante e leva com ela a certeza de muitas ações más e de sofrimento, e a possibilidade de sofrimento eterno ao seu final, o espírito que vem para um corpo que dura até a velhice mal pode tratar dele, pois deve suportar muitas doenças que o outro pode evitar, sem qualquer vantagem equivalente. E pode ser condenado para sempre.

A lista das injustiças induzidas pela ideia da criação especial poderia ser ampliada ao infinito, porque tal ideia inclui todas as desigualdades. Ela faz miríades de ateus, que a consideram incrível para a inteligência e revoltante para a consciência. Ela coloca o homem na posição de inexorável credor de Deus, perguntando, estridentemente: 'Por que me fizeste assim?' (...)"

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)

domingo, 12 de março de 2017

A REENCARNAÇÃO NO PASSADO

"Talvez não haja no mundo doutrina filosófica que tenha tão esplêndida ancestralidade como a da Reencarnação – o desenvolvimento do Espírito humano através de repetidas vidas na Terra –, experiências que são reunidas durante a existência terrena e trabalhadas para se transformarem em capacidade intelectual e consciência durante a vida celeste. Assim, uma criança nasce com suas experiências pretéritas transformadas em tendências e possibilidades mentais e morais. Como acertadamente observou Max Muller, as maiores inteligências que a humanidade produziu aceitaram a Reencarnação. A Reencarnação é ensinada e ilustrada nos grandes épicos hindus, como fato indubitável, no qual a moralidade se baseia. E a esplêndida literatura hindu, que encanta os eruditos europeus, está impregnada dessa certeza. Buda ensinou a Reencarnação e falava constantemente em seus nascimentos anteriores. Pitágoras fazia o mesmo, e Platão incluiu-a em seus escritos filosóficos. Josephus declara que essa ideia era aceita pelos judeus, e conta a história de um capitão que encorajava seus soldados a lutar até a morte, fazendo-lhes lembrar seu retorno à Terra. Na Sabedoria de Salomão está dito que nascer num corpo impoluto era a recompensa 'por ser bom'. Cristo aceitou-a, dizendo a seus discípulos que João Batista era Elias. Virgílio e Ovídio consideravam-na como coisa estabelecida. O ritual composto pelos sábios do Egito ensinava-a. As escolas neoplatônicas aceitavam-na, e Orígenes, o mais culto dos padres cristãos, declarou que 'todo o homem recebia um corpo segundo seus méritos e suas ações passadas'. Embora condenada por um Concílio da Igreja Romana, as seitas heréticas mantiveram essa velha tradição. E veio até nós, da Idade Média, a palavra de um culto filho do Islã: 'Morri como pedra e tornei-me uma planta; morri como planta, e tornei-me um animal; morri como animal, e tornei-me um homem. Por que temeria eu a morte? Quando foi que me tornei menos do que era, por morrer? Morrerei como homem, e me tornarei um anjo.' Posteriormente, encontramos a Reencarnação ensinada por Goethe, Fichte, Schelling e Lessing, para citar apenas alguns entre os filósofos alemães. Goethe, em sua velhice, antecipava alegremente a ideia do retorno. Hume declarou que aquela era a única doutrina da imortalidade que um filósofo poderia considerar, opinião, de certa forma, semelhante à do nosso professor Mc Taggart, o inglês que, analisando a imortalidade em suas várias teorias, chegou à conclusão de que a da Reencarnação era a mais racional. Não preciso lembrar a ninguém que tenha cultura literária o fato de que Wordworth, Browing, Rossetti e outros poetas acreditavam nela. O reaparecimento da crença na Reencarnação não é, portanto, a emergência de uma crença supersticiosa entre nações civilizadas, mas um sinal de recuperação no que se refere a uma temporária aberração mental do Cristianismo, de uma desracionalização da religião, que produziu tanto mal e deu lugar a tanto ceticismo e materialismo. Afirmar que há a criação especial de uma alma para cada novo corpo implica que a vinda da alma à existência depende da formação de um corpo, e leva, inevitavelmente, à conclusão de que, com a morte, a alma passará a não mais existir. Que uma alma sem passado possa ter um futuro pela eternidade é tão incrível como dizer que uma bengala poderia existir com uma única ponta. Só a alma que não nasceu pode esperar não ser levada pela morte. A perda do ensinamento da Reencarnação – com seu purgatório temporário resultante de sentimentos nocivos, e seu céu temporário para a transformação da experiência em capacidade – deu origem à ideia de um céu infinito, do qual ninguém é bastante digno, e de um inferno infinito, para o qual ninguém é bastante perverso, confinando a evolução humana a um insignificante fragmento da existência, prendendo um futuro eterno ao conteúdo de uns poucos anos, e tornando a vida um ininteligível emaranhado de injustiças e parcialidades, de genialidade não conquistada e de criminalidade não merecida. Um problema intolerável para os que raciocinam, e tolerável apenas para a fé cega e sem fundamento."

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)
fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


domingo, 5 de março de 2017

OUVINDO A CANÇÃO DA VIDA

"Cientistas cuidadosos consideram a harmonia como parte da consumação última da vida em evolução. Dizem ser uma meta evolutiva. Para a mente mundana, individualidade e unicidade parecem ser opostas à harmonia social. Um dos grandes problemas da civilização é reconciliar a ordem necessária para uma sociedade pacífica com a liberdade necessária para a expressão e o desenvolvimento individuais. Quando a ênfase na ordem é demasiada, ela se torna opressiva; quando a liberdade torna-se importante demais, frequentemente termina em anarquia. É necessário equilíbrio. Esse equilíbrio é o que a natureza realiza por meio de suas leis, que infalivelmente recompõem quaisquer desequilíbrios.

Pelo fato da harmonia ser a ordem universal, nosso progresso interior, como seres morais e espirituais, depende de readquirirmos o senso de harmonia que perdemos. Os outros filhos da natureza não têm problemas como nós, pois são inteiramente parte do todo e livres do sentido de ego. Mas nós, seres humanso, alienamo-nos da natureza, nossa mãe, e dos seus outros filhos de muitas espécies. Portanto, viver em paz é um problema para os seres humanos. Harmonia, felicidade e paz caminham juntas. Prova disso é quando nos desentendemos com alguém; sempre nos sentimos infelizes, ou pelo menos constrangidos. Assim, para seguir além na estrada que leva à felicidade, devemos recuperar a harmonia. Como diz aquele belo texto em A Voz do Silêncio: 'Antes que alma possa ver, a harmonia interior deve ser atingida, e os olhos da carne devem tornar-se cegos à ilusão.'

As tradições religiosas estimulam as pessoas a se tornarem inocentes como crianças. A inocência existe quando a mente purga o sentido do ego e as imagens ilusórias. As crianças estendem os braços espontaneamente para outras crianças e para os animais, que também são inocentes como elas. Recebemos um grande dom, o dom da autopercepção. Ele não deve ser jogado fora, mas usado para purgar de nossa consciência todas as manifestações do ego e do pseudoconhecimento que arrasta a consciência para a separatividade e a absorção de diferenças.

A mente é a grande assassina do real, porque coleta as partes e perde o todo. Está tão presa em detalhes que não ouve a grande canção da vida. Aqueles que têm discórdia interior criam desavença exterior; aqueles que experienciam a harmonia vertem paz em toda parte.

A harmonia interior se expressa espontaneamente no viver inofensivo, na preocupação ecológica, no respeito e no senso de justiça com relação a todas as formas de vida, na ausência de exploração, na recusa em ceder à ganância, no viver simples e no sentimento profundo, evitando toda forma de desperdício e de luxo desnecessário. Obediência à lei da harmonia é a grande necessidade do mundo atual."

(Radha Burnier - A lei da harmonia universal - Revista Sophia - Ano 7. nº 28 - p. 13)


sábado, 25 de fevereiro de 2017

CORPO MENTAL

"Esse corpo, de matéria mais fina do que a do astral, como a do astral é mais fina do que a do físico, é o corpo que responde com suas vibrações às mudanças do nosso pensamento. Cada mudança no pensamento produz uma vibração em nosso corpo mental e põe em atividade a matéria nervosa do nosso cérebro. Essa atividade nas células nervosas produz nelas muitas modificações elétricas e químicas, mas é a atividade do pensamento que causa isso e não as modificações que produzem o pensamento.

O corpo mental, como o astral, varia muito de pessoa para pessoa; ele é feito de matéria mais rústica ou mais fina, de acordo com as necessidades da consciência mais ou menos desenvolvida que esteja em conexão com ele. Nas pessoas cultas, ele é ativo e bem definido; nos não desenvolvidos é nublado e incipiente. Sua matéria, obtida no plano mental, é a do mundo celeste, e está em constante atividade, pois o homem pensa em sua consciência desperta quando está fora do corpo físico, no sono e depois da morte, e vive apenas em pensamento e emoção quando deixa para trás o mundo astral e passa para o céu. Sendo esse o corpo no qual longos séculos serão passados no mundo celeste, é evidente que será racional tentar aperfeiçoá-lo tanto quanto possível aqui. Os meios são o estudo, o pensamento, o exercício de boas emoções, a aspiração (prece) e o empenho em fazer o bem. E, acima de tudo, a prática regular e persistente da meditação. O uso desses recursos significará uma rápida evolução do corpo mental e um imenso enriquecimento da vida celeste. Maus pensamentos, de todos os tipos, poluem-no, prejudicam-no, e, se forem persistentes, irão tornar-se verdadeiras doenças e mutilações do corpo mental, incuráveis durante seu período de vida.

Assim são os três corpos mortais do homem: ele descarta o físico pela morte e, o astral, quando estiver pronto para entrar no mundo celeste. Quando terminar sua vida celeste, o seu corpo mental também se desintegrará e, então, ele será um Espírito, revestido de seus corpos imortais. Na descida para o renascimento, um novo corpo mental é formado, e também um novo corpo astral, de acordo com a personalidade de cada um. E ambos ligam-se ao seu corpo físico. E o homem entra, pelo nascimento, em um novo período de vida."

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento


sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

CORPO ASTRAL

"O desenvolvimento do corpo astral difere imensamente de acordo com a pessoa, mas em todas elas é o corpo que oferece a experiência do prazer e da dor, que é atirado à ação e à paixão, ao desejo e à emoção, e é no corpo que residem os centros de nossos órgãos do sentido — a visão, a audição, o olfato, o gosto e o tato. Se a paixão, o desejo e a emoção forem baixos e sensuais, então a matéria é densa; suas vibrações, em consequência, mostram-se relativamente lentas, e suas cores são escuras e sem atrativos — marrom, vermelho e verde escuros, e suas combinações se iluminam de vez em quando por algum rápido relâmpago escarlate, o que indica uma pessoa em estágio inferior de evolução. Marrom avermelhado indica sensualidade e avidez; cinza esverdeado indica falsidade e astúcia; marrom indica egoísmo; escarlate indica cólera; amarelo em volta da cabeça significa inteligência; o cinza azulado sobre a cabeça indica sentimentos religiosos primitivos (culto fetichista, etc.); pontos de rosa profundo indicam início de amor. À proporção que a evolução continua, a matéria faz-se mais fina, as cores mais claras, mais puras, mais brilhantes. O verde indica simpatia e adaptabilidade; o rosa indica amor; o azul fala de sentimentos religiosos; o amarelo indica inteligência; o violeta, quando acima da cabeça, indica espiritualidade.

Usamos esse corpo durante as horas em que estamos acordados; em pessoas educadas e refinadas, ele alcançou um estágio bastante alto de evolução. Sua matéria mais fina está em contato íntimo com a matéria do corpo mental, e ambos trabalham juntos, constantemente, agindo e reagindo um sobre o outro. A aparência comum do corpo astral se transforma quando outro ser humano se torna o centro do seu mundo. O egoísmo, a falsidade e a cólera desaparecem, e um aumento enorme do carmesim, cor do amor, torna-se visível. Outras modificações indesejáveis ocorrem, mas isso é uma abertura das portas de ouro para aquele que passa por essa experiência e será culpado se elas se fecharem novamente. A cólera intensa mostra seus terríveis efeitos no corpo astral; todo ele é coberto pela tonalidade sombria da malícia e dos maus desejos, que se expressa em espirais e vórtices de um sombrio tom tempestuoso, do qual partem flechas ardentes, procurando ferir a pessoa pela qual é sentida essa cólera — um espetáculo tremenda e verdadeiramente medonho.

Durante o sono, o corpo astral desprende-se do físico, e nas pessoas altamente desenvolvidas a consciência funciona nos corpos superiores e no mental. Aprendemos muito durante o nosso sono, e o conhecimento assim obtido filtra-se para o cérebro físico, e às vezes fica impresso nele, como um sonho vívido e instrutivo. No mundo astral, na maioria dos casos, a consciência pouco se preocupa com o que está acontecendo ali, já que seu interesse principal está em seu próprio exercício, em pensamento e emoção. Mas é possível levá-la a exteriorizar-se para ganhar conhecimento do mundo astral. Ali, a comunicação com amigos que perderam seu corpo físico pela morte é conseguida constantemente, e a recordação disso pode ser levada para a consciência em vigília, formando, assim, uma ponte sobre o abismo cavado pela morte.

Premonições, pressentimentos, a sensação de uma presença invisível e muitas outras experiências desse gênero são devidas à atividade do corpo astral e às suas reações sobre o físico; o aumento da frequência dessas sensações resulta da sua evolução entre pessoas cultas. Dentro de poucas gerações ele terá seu desenvolvimento tão generalizado, que irá tornar-se tão familiar como o corpo físico. Depois da morte, vivemos por algum tempo no corpo astral usado durante nossa vida na Terra, e quanto mais aprendermos a controlá-lo e a usá-lo sensatamente agora, melhor será para nós depois da morte."

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento


quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

CORPO FÍSICO

"Este é, no momento, o corpo mais altamente desenvolvido do homem, e aquele com o qual todos estamos familiarizados. Consiste em matéria sólida, líquida, gasosa e etérica, as três primeiras primorosamente organizadas em células e tecidos, formando órgãos que permitem à percepção tornar-se consciente do mundo exterior, e a última possuindo vórtices através dos quais derramam-se forças. Como o corpo etérico separa-se do sólido, do líquido e do gasoso por ocasião da morte, o corpo físico é, com frequência, subdividido em denso e etérico; o primeiro é composto dos órgãos que recebem e atuam, e o último é o veículo das forças vitais e seu transmissor para o seu companheiro denso. Qualquer rompimento da parte etérica em relação ao corpo denso, durante a vida física, é pernicioso; esse rompimento pode ser causado por anestésicos, e ele desliza para fora, sem governo, em algumas organizações peculiares, geralmente chamadas 'mediúnicas'; separado de seu companheiro mais denso, torna-se indefeso e inconsciente, nuvem levada pelos centros de força, inútil quando não há para quem transmitir as forças que se movem nele e sujeito à manipulação de entidades exteriores, que podem usá-lo como um molde para materializações. Ele não pode afastar-se muito do corpo denso, pois este pereceria se perdesse a conexão com ele. Quando essa desconexão acontece, a parte densa 'morre', isto é, perde o fluxo de forças vitais que sustentam suas atividades. Mesmo assim, a parte etérica, ou duplo etérico, paira próximo do seu parceiro na vida, e se constitui na 'aparição' ou 'sombra', vista depois da morte, movendo-se sobre as sepulturas. O corpo físico, como um todo, é o meio que o homem tem para se comunicar com o mundo físico e, por causa disso, às vezes é chamado de 'corpo de ação'. Ele também recebe vibrações dos mundos mais sutis e, quando pode reproduzi-las, 'sente' e 'pensa', pois seu sistema nervoso é organizado para reproduzir essas vibrações na matéria física. Como o ar invisível, vibrando fortemente, increspa a superfície da água densa e, como a luz invisível, ativa os filamentos nervosos e os cones retinianos, a matéria invisível dos mundos mais sutis leva vibrações sensíveis para a matéria mais densa do nosso corpo físico, tanto etérico quanto denso. A evolução continua e o corpo físico evolui, isto é, reúne combinações cada vez mais finas de matéria retirada do mundo exterior, torna-se suscetível a ondas de vibração cada vez mais rápidas, e o homem se vai fazendo cada vez mais 'sensitivo'. A evolução racial consiste em grande parte nessa sensitividade sempre crescente do sistema nervoso aos impactos externos; para a saúde, a sensitividade deve permanecer dentro dos limites da elasticidade, isto é, o sistema deve recobrar imediatamente sua condição normal, após a distorção; se essa condição existir, a sensitividade estará na crista da onda evolucionária e torna possível a manifestação de gênios. Se não estiver presente, se o equilíbrio não for restaurado rápida e espontaneamente então a sensitividade é nociva e malévola, levando à degeneração, e, finalmente, se não for freada, à loucura." 

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento
fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

O HOMEM E SEUS CORPOS MORTAIS

"Os Mundos nos quais o homem está evoluindo à proporção que faz sua caminhada pelo círculo de nascimentos e mortes são três: o mundo físico, o astral ou intermediário e o mundo mental ou celeste. Nesses três mundos ele vive, do nascimento à morte, em sua vigília do dia a dia; nos dois primeiros ele vive, do nascimento à morte, em sua vida noturna de sono e por algum tempo depois da morte; no último, ocasionalmente, mas raramente, ele entra, durante o sono, em alto transe, e ali passa a parte mais importante da sua vida depois da morte, alongando-se o período ali vivido à proporção que ele evolui.

Os três corpos nos quais ele funciona nesses três mundos são todos mortais: nascem e morrem. Melhoram vida após vida, tornando-se mais e mais valiosos para servir como instrumentos do Espírito revelado. São cópias, em matéria mais densa, dos corpos espirituais imortais, não influenciados pelo nascimento  ou pela morte, e formam o vestuário do Espírito nos mundos superiores, onde ele vive como o Homem espiritual, enquanto aqui vive como o homem de carne, o homem 'carnal'. Esses corpos espirituais imortais são aquilo de que fala São Paulo: 'Sabemos que, se a morada terrena deste tabernáculo fosse dissolvida, teríamos uma casa de Deus, uma casa que não foi feita com as mãos, e que é eterna nos céus. Por esta, nos lamentamos, desejando ardentemente sermos providos com a nossa morada que está no céu.' Esses são os corpos imortais, e deles trataremos em outro capítulo.

Os três corpos mortais são: o físico, o astral e o mental, e estão relacionados, individualmente, com os três mundos nomeados anteriormente."

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)


segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

NOVAS MANEIRAS DE VER O MUNDO

"No decorrer da evolução, o ser humano distinguiu-se por uma melhoria na memória, uma maior habilidade para pensar e uma capacidade acentuada para a imaginação, adquirida por toda criança à medida que aprende a falar. Mas a natureza não revela como devemos usar esses dons. Fizemos uso dessas capacidades adicionais para sermos mais gentis, mais atenciosos, para melhor protegermos a Terra, nosso ambiente, e até mesmo nossa própria espécie?

Nos últimos dez anos os seres humanos mataram trinta milhões de seus próprios irmãos em guerras. Trata-se de um processo egoico horrendo. Ele é a causa principal da luta dentro da família, entre irmãos e entre marido e mulher, além de ser a atitude dominante. A causa dessa luta é o mesmo desejo por dominação que se projeta entre as nações. Mas a guerra é apenas uma manifestação numa escala maior, enquanto a sua raiz é a mesma.

Devemos examinar a causa de uma forma mais profunda.  Como ela começa? Se observarmos uma criança crescendo e tornando-se lentamente mais egoísta, veremos que sua imaginação, pensamento e memória, combinados com o seu instinto de buscar prazer e evitar a dor, resulta no prazer psicológico e no medo da dor psicológica. A mente está calculando se pode obter mais segurança e prazer. O desejo de acumular e de proteger a si próprio de qualquer tipo de dano futuro parece perfeitamente natural. Ele surge em toda criança.

Estaremos todos presos nessa armadilha ou poderemos nos libertar, se aprendermos a respeito dela? Os biólogos explicam como a violência chegou até nós por meio do nossa passado biológico; sua explicação não está errada. O ser humano pode se aliar à violência e se tornar um Hitler, ou eliminá-la e se tornar um Gandhi, um Krishnamurti. Há uma liberdade que a natureza deu ao homem, mas não aos animais.

Não podemos fazer com que um tigre se torne vegetariano, mas o ser humano, embora nascido num ambiente não vegetariano, pode deixar de comer carne, se vir a conhecer a compaixão. Temos essa capacidade de mudança. Toda a questão a respeito do que é moral e correto surge somente para o homem. Se ele fosse completamente determinado pelo seu passado biológico, não sendo por isso responsável pelo que faz, como poderia ser culpado? Mas não é esse o caso, realmente. Portanto, devemos exercitar a capacidade de aprender por nós mesmos e, assim, por meio do autoconhecimento, nos libertar da desordem na consciência."

(P. Krishna - Novas maneiras de ver o mundo - Revista Sophia, Ano 7, nº 25 - p. 5/6)
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domingo, 5 de fevereiro de 2017

O QUE É O PROGRESSO? (PARTE FINAL)

"(...) Estudos sobre o cérebro humano avançaram a ponto de fazer algumas pessoas pensarem que podem mudar as características psicológicas de pacientes e clientes. Um repórter escreveu: 'À medida que os neurocientistas aprenderem quais produtos químicos causam determinados traços da personalidade, a tentação de brincar com a natureza será irresistível.' Alguns otimistas e aventureiros no campo da neurociência acreditam até mesmo que, no futuro, estarão em posição de projetar cérebros.

Até onde podemos ver, a capacidade humana de agir não aumenta junto com o aumento do conhecimento e das habilidades tecnológicas. Pode o cérebro insensato, que parece ter tanto talento para causar sofrimento, terminar projetando cérebros que irão melhorar os problemas para a espécie humana e para todos os outros seres incorporados na corrente evolutiva?

A destruição da diversidade da Terra é outra causa de preocupação, mas a grande maioria das nações e das pessoas não está preocupada, e busca um estilo de vida que torna a destruição inevitável. Quem seria capaz de adivinhar o futuro do humilde mamífero das primeiras eras, e imaginar que iria tornar-se algo que propõe redesenhar cérebros por si próprio? Se houvesse oportunidade para alguma outra criatura da natureza intervir como o homem intervém, talvez ela pudesse destruir aquele humilde mamífero. Clonar e imiscuir-se geneticamente nos traços que definem a diversidade das espécies e subespécies pode ser antiprogresso.

O direcionamento na evolução só pode originar-se da inteligência ilimitada do universo, operando naquela esfera eterna onde passado, presente e futuro são um. Os Adeptos dizem que, para eles, passado, presente e futuro são como um livro aberto. Somente uma consciência assim pode saber o que é bom, no final das contas. Um cérebro insignificante e uma mente que nem mesmo reconhece que existe uma inteligência superior podem dar passos regressivos enquanto imaginam que existe progresso. Essa mente pode imaginar-se em posição de decidir que parte da diversidade do planeta deve ser preservada ou destruída; que tipo de progênie é melhor para a vaca, o porco ou o ser humano; como o cérebro deve ser moldado e como substituir características indesejadas para satisfazer nada mais do que sua própria vaidade.

Nós, humanos, somos verdadeiramente parte de uma grande família invisível. 'Deus sabe mais' é um bom ditado quando sabemos que Deus é a vida una, a inteligência suprema, sob cuja visão a direção é clara."

(Radha Burnier - Onde está Deus? - Revista Sophia, Ano 8, nº 30 - p. 15)


sábado, 4 de fevereiro de 2017

O QUE É PROGRESSO? (1ª PARTE)

"O quanto os seres humanos realmente ajudam a produzir o progresso com suas invenções? Existem graves temores sobre o efeito da engenharia genética. Clérigos, parlamentares, médicos e muitas outras pessoas expressaram séria preocupação a respeito da produção de 'bebês geneticamente projetados'. Justifica-se os pais acreditarem que suas escolhas melhorarão as coisas para si ou para a humanidade?

O que decide o progresso evolucionário é apenas uma questão de especulação. Alguns pensadores conjecturaram ou intuíram que havia objetivos embutidos na evolução. Vicornte de Nouy apresentou essa visão no livro Human Destiny, publicado há várias décadas. Outros lhe têm dado apoio com evidências extraídas de seus próprios estudos biológicos e evolutivos.

Edmund Sinnott, no livro Biology of the Spirit, escreveu: 'Um organismo, à medida que se desenvolve a partir de um ovo ou de uma semente, regula de tal maneira seu crescimento que se move firmemente rumo à produção de um indivíduo maduro de uma espécie definida. Um direcionamento e uma autorregulação similares são evidentes nesse comportamento, e assim nos traços mentais, Oferece-se a sugestão de que essa tendência rumo à busca do objetivo, manifesta nas atividades tanto do corpo quanto da mente, é uma característica básica de toda a vida."

Se a própria evolução tem objetivos embutidos, a não ser que se façam tentativas de entendê-los, a tecnologia que produz bebês clonados, ou mesmo porcos ou carneiros clonados, pode não ser benéfica a longo prazo. Deveriam pessoas confusas escolher o tipo de progênie que terão? Que características verão o ulterior desenvolvimento da inteligência superior, da sabedoria e da compaixão? Quem sabe? (...)"

(Radha Burnier - Onde está Deus? - Revista Sophia, Ano 8, nº 30 - p. 14/15)


sexta-feira, 13 de janeiro de 2017

O VERDADEIRO SENTIDO DA EDUCAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) A criança precisa aprender, desde os primeiros anos de vida, a se manter limpa. Depois deve haver um treinamento dos sentidos, incluindo as cores e os sons. Uma das maneiras de entrar em contato com a vida na natureza é ouvir os seus sons. Os sentidos são as janelas da alma. Quando seu alcance aumenta, toda a superfície de contato com a vida também é aumentada. O pensamento e a formação de imagens, que é parte do nosso pensar, baseiam-se nas impressões dos sentidos. A imaginação não acontece no vácuo; ela é estimulada por nossas reações.

A apreciação das artes e a prática de uma arte específica para a qual a criança tenha aptidão deve ser parte do programa educacional. Esta é, com certeza, uma maneira de refinar e educar as emoções.

As emoções e sentimentos têm um papel mais vital que o corpo físico ou o intelecto. Até mesmo a saúde depende, em grande parte, da condição emocional da pessoa. Mas nossa educação não dá qualquer atenção a isso e baseia-se quase exclusivamente no cultivo da mente. Se pudermos estimular a capacidade de afeição e simpatia da criança para com os outros, estaremos dando um impulso à sua evolução. 

Uma criança deve, desde os primeiros anos, aprender a ter consideração para com os outros em todos os contextos. Além disso, a educação deve preparar o indivíduo para continuar aprendendo pelo resto da vida. 

Qual a finalidade da vida? Talvez seja mais vida, com a crescente compreensão de suas potencialidades e do poder de criar, de modo que possa fluir cada vez mais livremente e criar segundo a própria vontade. Deve-se ajudar as pessoas a atingirem o mais alto grau de inteligência possível e a serem livres para fazer uso dessa inteligência; então, em sua liberdade, elas poderão fazer o que desejarem. Educar deveria significar 'abrir avenidas' nos cérebros e corações dos jovens, avenidas que se alargarão e os levarão em frente em um processo de aprendizado incessante, através de uma corrente de reação construtiva do ambiente para a alma e da alma para o ambiente.

A alma do homem é imortal e seu futuro é o futuro de algo cujo crescimento e esplendor não têm limites. Por isso, a educação no sentido verdadeiro deve ser a educação do corpo, da mente e das emoções, de tal maneira que juntos formem um instrumento para a expressão da alma e a realização do seu propósito."

(N. Sri Ram - O verdadeiro sentido da educação - TheoSophia, publicação da Sociedade Teosófica no Brasil, Ano 99, Janeiro/Fevereiro/Março de 2010 - p. 33/34)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

O HOMEM NOS TRÊS MUNDOS (1ª PARTE)

"O homem como sabemos, vive normalmente em três mundos: o físico, o emocional e o mental, e é colocado em contato com cada um desses mundos através de um corpo fornecido por esse tipo de matéria. E atua em cada um desses mundos por meio de um corpo apropriado. Portanto, ele cria resultados em cada um desses corpos, de acordo com as respectivas leis e poderes, e todos eles estão dentro dos limites da lei do karma que tudo abrange. Durante sua vida diária, quando acordado, o homem está criando 'karma', isto é, resultados, nesses três mundos, a que chega pela ação, pelo desejo e pelo pensamento. Quando seu corpo físico está adormecido, o homem está criando karma em dois mundos - o emocional e o mental - e a quantidade de karma então criado por ele depende do estágio de sua evolução.

Podemos nos restringir a esses três mundos, porque os que estão acima deles não são habitados conscientemente pelo homem comum; mas devemos, apesar disso, lembrarmo-nos de que somos como árvores, cujas raízes estão fixadas em mundos mais altos e cujos galhos espalham-se para os mundos inferiores em que vivem os nossos corpos mortais, e nos quais nosso discernimento está trabalhando.

As leis trabalham dentro de seus próprios mundos, e devem ser estudadas como se sua atuação fosse independente. Tal como cada ciência estuda as leis que funcionam dentro do seu departamento, mas não esquece o trabalho mais amplo de condições de maior alcance, o homem, que está trabalhando em três departamentos as leis são invioláveis, imutáveis, e cada uma delas produz seus efeitos totais, embora o resultado final da sua interação seja a força eficiente que permanece quando todo o equilíbrio de forças opositoras foi alcançado. Tudo quanto é verdade no que se refere às leis em geral é verdade para o karma, a grande lei. Estando presente a causa, os acontecimentos devem seguir-se. Retirando ou acrescentando causas, entretanto, eles podem modificar-se. (...)"

(Annie Besant - Os Mistérios do Karma e a sua Superação - Ed. Pensamento, São Paulo, 2009 - p. 43/44)


segunda-feira, 19 de dezembro de 2016

SOFRER OU CRESCER (PARTE FINAL)

"As coisas mundanas não podem nos dar esse tesouro, mas a desilusão que elas provocam, sim. Isso ocorre na medida em que, 'des-iludidos', partimos ao encontro do ser, tornando o insucesso material uma alavanca para o espírito. Por meio da inteligência evolutiva, a insaciedade do ego acaba provocando sua destruição.

Enquanto não chegamos lá, porém, o sofrimento domina. Diante dele, rebelar-se ou crescer? Rebelar-se é não aceitar o sofrimento, negá-lo, buscar culpados ou substitutos, anestesiar-se com drogas e outros recursos de fuga. Quando a aceitação não acontece, a causa do sofrimento segue desconhecida, aumentando o problema. 

Nós fortalecemos tudo aquilo a que resistimos. Aceitar não significa, porém, desistir da mudança. Ao contrário, quando olhamos a situação com receptividade, a raiz do problema - de base mental, incluindo desejos insatisfeitos - vem à tona, sugerindo uma ação harmonizadora que brota das profundezas do ser e extinguindo o problema. A razão é simples: pusemos consciência nele, expandindo a vida espiritual - às vezes até descobrindo que nunca existiu um problema. A escuridão não suporta a luz.

Eckhart Tolle nos dá uma chave ao dizer que a escuridão é passiva e a luz é ativa. Quando iluminamos um quarto escuro não é a escuridão que sai, é a luz que entra. Por isso, Blavatsky diz que o mal não tem existência própria, é apenas ausência do bem.

Somente de cada um de nós depende manter ou eliminar a realidade do sofrimento, crescendo no processo. Sofrer ou não é escolha nossa. Frequentemente, porém, dando razão a Tolle, escolhemos sofrer - como nas situações de ódio mantidas por longo tempo -, gerando o paradoxo de arruinar a vida com nosso próprio veneno."

(Walter S. Barbosa - Sofrer ou crescer - Revista Sophia, Ano 13, nº 55 - p. 06/07)


domingo, 18 de dezembro de 2016

SOFRER OU CRESCER (1ª PARTE)

"A entrada neste mundo se faz com sofrimento, seja para a mãe, seja para a criança, abrindo caminho nas entranhas maternas. Deixar o corpo, em geral, também é motivo de sofrimento. Ao longo da vida, o sofrimento nos acompanha como 'a roda do carro que segue a pata do boi que o puxa'. Esse boi pode muito bem ser representado por nossa natureza anímica, fundamentada no desejo. Conforme o Budismo, aí reside a causa do sofrimento.

O Budismo ensina também o Caminho do Meio, onde o desejo pode ser usufruído em sua face benigna, preservadora de geração e da manutenção da vida. Além de estar por trás da união do macho com a fêmea, do impulso de comer um doce, de comprar um carro, o desejo preside o nascimento do universo pela união do pai e mãe cósmicos, desdobrados de Deus (absoluto): o espírito e a matéria, tornando o desejo a base da manifestação.

Portanto, nosso problema não está exatamente no desejo, mas no excesso, que alimenta a gula, a inveja, a competitividade, a violência. Nunca paramos de desejar; nossa satisfação sempre depende de que algo aconteça. Porém, quando esse algo acontece, um vazio latente sufoca a alegria ante o objeto de desejo conquistado. Não é essa a continuidade sem fim do sofrimento, de que trata o Budismo?

Eckhart Tolle, em O Despertar de uma nova consciência, afirma que esse fato está associado ao 'corpo de dor'. Vivendo de nossas tendências para o confronto, atração pelo perigo, filmes de terror e outras paixões estranhas - considerando o instinto de preservação do ego - o prazer desse corpo é se alimentar de sofrimento. A explicação pode estar nas vidas elementais, que evoluem 'para baixo', em simbiose com a negatividade humana, enquanto esta quebra as referências de proteção e conforto do ego. Nada é desperdiçado na economia universal.

Pagamos o preço. Jamais desistimos. Por quê? O motivo é o tesouro oculto na essência dessa busca, à espera talvez de nosso último desejo como seres humanos. Trata-se da paz que intuitivamente sabemos existir, como algo inerente à autossuficiência do espírito (somente por já existir é que pode ser real). Às vezes percebemos a paz no sentimento de 'estar em tudo' ou 'conter tudo' que a meditação provoca. Abre-se então um espaço de silêncio dentro de nós, uma ausência de pensamento. Tudo acontece nesse silêncio, levando afinal ao samadhi, a realização de nossa natureza divina. (...)"

(Walter S. Barbosa - Sofrer ou crescer - Revista Sophia, Ano 13, nº 55 - p. 05/06)


sábado, 10 de dezembro de 2016

A PONTE ENTRE A CONSCIÊNCIA INFERIOR E SUPERIOR (PARTE FINAL)

"(...) Somente o homem, em toda a criação, tem o poder de ficar face a face com Deus, porque tem em si uma fagulha, um germe da Vida Eterna e da Consciência do Universo. 'O Princípio que dá a vida mora em nós e fora de nós, é imortal e eternamente beneficente, não é ouvido, não é visto, não é cheirado, mas é percebido pelo homem que deseja percepção'. ('As Três Verdades'). 

Este Caminho ascensional é também apreciado com grande beleza pelo Mestre K. H. numa carta à senhora Francisca Arundale: 'Filha de sua raça e de seu tempo, apodere-se da caneta de diamante e escreva nas páginas de sua vida uma história de ações nobres, de dias vividos corretamente, de anos de esforço devotado. Assim você abrirá seu caminho sempre para cima, para os planos superiores da conciencia espiritual. Não tema, não desanime, seja fiel ao ideal que agora só pode ver vagamente'²³. Com o progresso lento no caminho a idéia e a visão vão-se tornando mais claras e mais fortes. O Mestre K. H., numa carta a outra senhora (no mesmo livro)²⁴, diz: Pouco a pouco sua visão ficará clara, você descobrirá que as névoa se dissipam, que suas faculdades interiores se fortalecem, sua atração para nós ganha força e a certeza toma o lugar das dúvidas'. 

Antahkarana, a 'ponte', uma vez formada, permitirá à inteligência transferir-se da mente do pensamento concreto comum para o plano mais elevado, para a mente mais divina. Este é o 'Filho de Deus', o espírito de Cristo em nós. Além está o plano da Consciência Divina universal e eterna, mas primeiramente, deve-se atingir a consciência de nosso próprio Ego mortal. Através dele chegamos a Deus, a Vida Divina. Isto é simbolizado pelo Senhor Cristo quando diz, identificando-se com o Eu Divino em todos os homens: 'Eu sou o caminho, a verdade e a vida; nenhum homem chegará ao Pai senão por mim'. 

Diz H. P. B.: 'Nenhum degrau da escada que vai ter ao conhecimento pode ser omitido. Nenhuma personalidade pode atingir ou entrar em comunicação com Atma (Divindade) a não ser através de Budhi-Manas (nossos Egos divinos)'.²⁵ 

A Consciência do Eu Superior, uma vez atingida, ilumina e inspira a consciência humana inferior. Certamente, é como foi dito anteriormente, todo o propósito da evolução assim fazer, mas antes que a 'Graça de Deus' possa descer e se apossar de nós, devemos, para que isso seja possível, empenhar todos os esforços. A este respeito H.P.B. cita a Cabala: 'Todas as criaturas no mundo tem alguém que lhes fica acima. Este superior tem o prazer interior de esparzir sobre elas seus eflúvios, mas não pode fazê-lo enquanto elas não o tenham adorado' (isto é, meditando como se faz no Yoga)."

²³ Cartas dos Mestres de Sabedoria, comp. C. Jinarajadasa. Ed. Teosófica, Brasília, 2011, p. 67. (N.E.)
²⁴ Ibidem, p. 146 (N.E.)
²⁵ A Doutrina Secreta, Vol. III, Ed. Pensamento, São Paulo. (N.E.)

(Clara Codd - A Técnica da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 75/76)

sexta-feira, 9 de dezembro de 2016

A PONTE ENTRE A CONSCIÊNCIA INFERIOR E SUPERIOR (2ª PARTE)

"(...) A escadaria é o uso, desenvolvimento e purificação progressiva da inteligência. H. P. B. diz-nos que, fazendo crescer os estados meditativos, as imagens empregadas vão se tornando cada vez mais simples e mais abrangentes, de modo que a mente ultrapassa completamente as imagens e atinge as chamadas regiões 'sem forma', embora, ainda diz ela, sem forma somente para os estados inferiores de consciência. 

Em Luz no Caminho²¹ também é descrita essa escadaria: 'Cada homem é para si próprio absolutamente o caminho, a verdade e a vida. Mas isso só se torna real quando ele domina firmemente sua total individualidade e, por força de sua vontade espiritual desperta, reconhece essa individualidade não como sendo ele próprio, mas como algo que com sofrimento criou para seu próprio uso e por meio do qual se propõe, à medida que seu crescimento lentamente desenvolve sua inteligência,  a alcançar a vida além da individualidade'. 

Dr. Alexis Carrel, em seu último livro publicado depois de sua morte, tem coisas de grande importância a dizer sobre aspectos sobrenaturais da vida. Ele afirma que o propósito da evolução da alma tem um objetivo ambicioso e espantoso: 'atingir o reino desconhecido que se estende além da ciência e da filosofia, o reino em cujo limiar o intelecto automaticamente se imobiliza. O espírito se ergue mais pelo sofrimento e desejo do que pelo intelecto; em certo ponto da jornada, ele deixa para trás o intelecto, pois seu peso é demasiado. Ele se reduz à essência da alma que é o amor. Sozinho, no meio da noite escura da razão, ele escapa ao tempo e ao espaço e, pelo processo que os próprios grandes místicos nunca conseguiram descrever, une-e ao inefável substrato das coisas. 

Esse caminho nos é destinado desde o começo da evolução. Pois a profunda sabedoria, que pertence ao nosso Eu evolutivo, está esperando a evocação desde a aurora da grande jornada evolutiva. O Senhor Cristo, em Sua prece antes de Seu julgamento e crucificação, fala a Seu Pai sobre a 'glória que tive junto de Ti antes que houvesse mundo'. São Paulo fala daquele que nos chamou com uma santa vocação... conforme sua própria determinação e graça... antes que o mundo começasse (II Timóteo, 1.9). 

Diz H. P. B. que a semente dessa sabedoria divina foi implantada nas almas nascentes dos homens pelos Dhyan Chohans no alvorecer da evolução. Ela cita as palavras do velho mestre Aryasangha: 'Aquilo que não é nem Espírito nem Matéria, nem Luz nem Trevas, mas é verdadeiramente o receptáculo e raiz de tudo isso... Tu és isso... a Luz-Vida se derrama para baixo pela escadaria dos sete mundos, escadas cujos degraus vão se tornando cada vez mais densos e cada vez mais escuros. É dessa série sete-vezes-sete que és o fiel escalador e espelho, ó homem pequeno!. És isto mas não sabes'.²² (...)"

²¹  Ed. Teosófica, 2011, pp 52-53. (N.E.)
²² A Doutrina Secreta, Vol. III, Ed. Pensamento, São Paulo. (N.E.)

(Clara Codd - A Técnica da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 73/74)