OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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sábado, 2 de agosto de 2014

NOSSO POTENCIAL INFINITO (2ª PARTE)

"(...) O ímpeto para ser e fazer o que seja o mais nobre o mais belo do que sejamos capazes é a mola propulsora de todas as realizações elevadas. Empenhamo-nos pela perfeição aqui na Terra porque ansiamos por recuperar nossa unidade com Deus. A alma é absolutamente perfeita, mas quando se identifica com o corpo, como ego, as imperfeições humanas distorcem sua expressão. (...) A yoga nos ensina a conhecer a natureza divina em nós mesmos e nos outros. Por meio da meditação iogue podemos ter consciência de que somos deuses.

O reflexo da lua não pode ser visto claramente em águas agitadas, mas quando a superfície da água está calma, aparece um reflexo perfeito da lua. O mesmo acontece com a mente: quando está tranquila, vê-se claramente refletida a face enluarada da alma. Nós, como almas, somos reflexos de Deus. Quando, por meio de técnicas de meditação, eliminamos os pensamentos inquietos do lago da mente, contemplamos nossa alma - reflexo perfeito do Espírito - e compreendemos que a alma e Deus são Um.

A Autorrealização é o conhecimento - percebido mediante o corpo, a mente e a alma - de que somos um com a onipresença de Deus, de que não temos de orar para que ela venha a nós, de que não estamos, meramente, sempre próximos dela, mas de que a onipresença de Deus é nossa própria onipresença, de que somos parte Dele agora, tal qual haveremos sempre de ser. Só o que precisamos é aperfeiçoar nosso conhecimento.

Concentre sua atenção no seu interior. Você sentirá um novo poder, uma nova força, uma nova paz - em seu corpo, mente e espírito. (...) Comungando com Deus, você muda sua condição de ser mortal para ser imortal. Quando fizer isso, todos os liames que o limitam serão rompidos. (...)"

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 05/06)

segunda-feira, 21 de julho de 2014

YOGA PRÁTICO

"Yoga é uma palavra sânscrita que indica união. Em todas as religiões existe um aspecto místico ou esotérico no qual o principal tema de estudo e pesquisa é o yoga. No cristianismo há referência à união mística que denota uma condição de yoga. Muitos acreditam que a senda do yoga é extremamente difícil, indicada, portanto, apenas a poucos escolhidos. Entretanto, Jesus disse: ‘Pois meu jugo é fácil e meu fardo é leve.’ O caminho do yoga é para todos, e seu fardo é realmente leve, desde que abordado da maneira correta.

O tema do yoga, sob uma forma ou outra, pode ser encontrado em todas as religiões, mas no hinduísmo foi feito um estudo bastante abrangente dessa técnica. No exato sentido da palavra, yoga é um dos seis sistemas de filosofia hindu. Existem vários ramos de yoga, mas um dos mais completos sistemas é o raja yoga, com o qual está associado o nome de Patañjali. No entanto, devemos lembrar que Patañjali não iniciou nenhum sistema – ele foi um grande compilador no campo do yoga, e por meio dessa compilação ofereceu ao mundo a obra-prima conhecida como os Yoga Sutras.

O raja yoga pode ser descrito como o yoga da integração. Uma clara compreensão desse sistema é extremamente necessária, particularmente hoje em dia, por causa das crescentes frustrações psicológicas que causam desintegração interna e desorganização externa na vida do homem."

(Rohit Meht - Excerto do artigo Yoga Prático - Revista Sophia, Ano 9, nº 36 - p. 5)


quarta-feira, 9 de julho de 2014

A MEDITAÇÃO NA VISÃO DO YOGA

"A maioria dos sistemas de meditação indianos modernos reconhece o Yoga Sutra como uma fonte de seus próprios métodos. Existem inúmeras escolas espirituais chamadas ‘Yoga’: o bhakti yoga é o caminho da devoção; o karma yoga usa o serviço altruísta; e o jnana yoga toma o intelecto como seu veículo. A via esboçada nos Yoga Sutra condensa todas elas.

Embora seus métodos possam variar, todas as trilhas yóguicas buscam transcender a dualidade na união. Consideram que a dualidade está dentro da mente, na separação entre os mecanismos da consciência e seu objeto. Para transcender a dualidade, o aspirante deve penetrar em um estado em que essa falha é superada na fusão do vivenciador com o objeto. Esse estado é o samadhi, onde a consciência do meditador funde-se com seus conteúdos.

A mente está repleta de ondas de pensamento que criam o abismo que o Yoga procura transpor. Acalmando suas ondas de pensamento, apaziguando a sua mente, o yogui encontrará a união. Essas ondas de pensamento são a fonte de emoções forte e hábitos cegos que prendem o homem a um falso eu. Quando sua mente fica clara e quieta, o homem pode conhecer a si mesmo como realmente é. Nessa quietude, pode conhecer Deus.

Nesse processo, sua crença errônea em si mesmo como um indivíduo único, separado de Deus, será superada. À medida que suas ondas de pensamento são subjugadas, o ego do yogui retira-se. Finalmente, como liberto, está apto a vestir seu ego ou a descartá-lo como um conjunto de roupas. Vestindo seu ego, ele age no mundo; descartando-o pelo apaziguamento da mente, ele une-se a Deus. Mas primeiro ele precisa submeter-se a uma árdua disciplina de mente e corpo."

(Daniel Goleman - A Mente Meditativa - Ed. Ática)
Excerto de texto retirado do Jornal do Yoga – www.casadeyogashantiom.com.br


domingo, 6 de julho de 2014

A ALEGRIA DE DAR ALEGRIA (PARTE FINAL)

"(...) A prática de seva é consequência natural de um elevado bhâvana ou atitude filosófica, que diz que quem ajuda é o mesmo que recebe ajuda, em termos do Absoluto Uno. Quem ajuda os outros o faz por ter a certeza de que o outro não existe fora de si mesmo, e que a separação é maya (ilusão); o que faz é na convicção de que Deus Uno é quem dá e é quem recebe. Quem assim age está livre de aspirar reconhecimento, retribuição ou recompensa. Não visa nem mesmo a conquistar um lugarzinho no céu. Não se utiliza dos necessitados como instrumento de egoísticos planos de 'salvação' ou 'indulgências'.

Seva é a característica do yoga da ação ou Karma Yoga. É trabalho desinteressado. O passo seguinte é a oferenda de todos os frutos de ação ao Senhor. O último passo é o mais libertador consiste em considerar o Senhor como o único autor das ações. Esse é o agir que liberta. Chamado Karma Yoga.

O agir no mundo só não semeia sofrimentos se for conducente à Divindade; só não gera remorsos e frutos amargos, quando a vontade individual do pseudoagente se conforma com a Sábia Vontade Divina; quando o indivíduo cumpre seu papel no mundo, mantendo-se em harmonia com o Senhor do mundo. Esta é a ação reta de que fala o budismo.

Sáhama karma é a atividade que visa à autogratificação ou prazer pessoal. É portanto aseva, o oposto de seva. E, como bem enunciou Cristo, cada um atinge o objetivo de seus desejos, o homem que trabalha por motivos egoísticos chegará a colher os frutos decepcionantes de seus vulgares anseios. E, no fim, só frustrações colherá. Nishama karma, ao contrário, nunca dará frutos amargos, pois é o agir inegoístico e em harmonia com o Divino. 

'Dedicando todas as ações a Deus, considerando-se a si mesmo tão só um servo ou instrumento, isento de desejos pela colheita dos frutos da ação, a salvo do egoísmo e sem qualquer sentimento de cobiça, engaja-te na batalha' (Gita)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 180/181)

sábado, 5 de julho de 2014

A ALEGRIA DE DAR ALEGRIA (1ª PARTE)

"Um dos caminhos de viver em paz e curar-se da angústia é chamado seva, ou seja, agir no mundo visando a felicidade e o benefício dos outros. É a arte de ter a alegria de dar alegria.

Todo aspirante ao yoga e à conquista da mente precisa pensar o quanto é fonte de sofrimento e decepção o trabalhar egoísticamente, visando a, com o fruto do trabalho, adquirir coisas e conquistar posições. Esse agir em proveito próprio é o 'normal' na espécie humana sofredora. Pelo yoga é denunciado como um empecilho à realização espiritual, consequentemente, à conquista de paz da mente. Bhoga ou o agir do usurário, do egoísta, do mercenário, do gozador não o conduz a outro resultado que não à frustração. Já velho ou no leito da morte, o usurário sente, dramaticamente visível, a inutilidade do que viveu juntando. A moderna psiquiatria já reconheceu que o trabalho em proveito dos outros, que não se confunde com a mera caridade (não caricaturada!), é solução para muitos casos de neurose. Um ansioso é geralmente uma pessoa doentiamente interessada em si mesma. Todo seu medo, todas suas preocupações decorrem desse exagerado amor a si mesmo. O que se puder fazer para canalizar sua mega ânsia para um trabalho generoso constitui portanto tratamento.

'Quem dá aos pobres empresta a Deus' é uma fórmula de caridade vulgar, que, como se pode ver, não passa de uma barganha. Dar para depois receber é espúrio. É egoísmo. No final de contas, é ainda o ego do pretenso 'caridoso' que vai receber a 'recompensa'. Seva é diferente. Nada tem de negociata. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 179/180)


quarta-feira, 18 de junho de 2014

IDENTIFICAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Uma das principais vias do yoga ou união é o desidentificar-se com o mundo de Deus para identificar-se com Deus do mundo. Esse caminhar é libertação pelos resultados e iluminação quanto ao processo psicológico.

À medida que avança nessa desidentificação, o homem vai se tornando cada vez mais invulnerável aos acontecimentos, às coisas, aos fatos e às pessoas.

Um imaturo vai ao cinema e goza e sofre, respectivamente, com as vitórias e derrotas do herói ao qual se identifica. Seus nervos, glândulas e vísceras são sacudidos pelos acontecimentos do mundo mítico criado pela fita. Uma pessoa de espírito crítico e amadurecido, conhecedora da técnica e arte cinematográficas, sabe 'dar o desconto', e assiste ao filme, dizendo para si mesmo: 'não é comigo'; 'eu não sou aquele personagem'; 'tudo isso é ilusão'.

O mundo que nos rodeia só é realidade na medida em que nos identificamos com ele, pois nos impõe dor ou prazer, pesar ou alegria, confiança ou medo... Desde que conheçamos o que é realmente o mundo, começaremos a sentir a equanimidade do espectador de mentalidade evoluída, sem sofrer nem gozar, sem tentar fugir ou buscar, sem medo, sem ódio e sem tédio."

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 159/160)

terça-feira, 17 de junho de 2014

IDENTIFICAÇÃO (2ª PARTE)

"(...) O 'normal' é o indivíduo sentir-se miserável e perdido só porque caiu doente. Muitas senhoras esnobes se danam quando a cronista deixou de citar seu nome na coluna social.

Aquilo que quando nos falta nos dá infelicidade é o objeto de nossa identificação. Somos identificados ao que ansiosa e desastrosamente queremos conservar, cultivar, desenvolver... Somos uns perdidos de nós mesmos porque nos identificamos a uma variedade sem conta de coisas, posições e pessoas. Nossa segurança e paz dependem de tudo isso com que nos identificamos.

Segundo o yoga, uma das maiores fontes de sofrimento é o identificar-nos com os níveis mais densos e materiais de nosso próprio ser. Os que se identificam com o corpo, e somos quase todos, costumam dizer: 'Eu estou doente', 'eu estou cansado'.

O yoguin, já desidentificado com o corpo, usa outra linguagem e diz: 'Meu corpo está doente.' O yoguin, em sua sabedoria, diz que seu corpo morre, pois sendo realmente um agregado de substâncias, algum dia se desfará, mas afirma que ele, em Realidade, é o Eterno, o Imutável, o Imóvel, o Perfeito, e portanto, jamais morrerá. Pode haver medo da morte para quem assim pensa?

Enquanto o homem comum adoece com os arranhões em seu carro ou em sua saúde, o sábio, desidentificado do grosseiro e do falível, mantém-se imperturbável, identificado que é com o eterno, o incorruptível e o imortal, que em Realidade ele é. Enquanto o pobre homem identificado é joguete ao sabor das circunstâncias incontroláveis na tempestuosa atmosfera da matéria, o yoguin, vivendo no Espírito, não se deixa apanhar nas malhas da ansiedade e da preocupação e não cai presa da 'coisa'. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 158/159)

terça-feira, 3 de junho de 2014

O OBJETIVO DO IOGA

"Ioga é ao mesmo tempo religião, ciência e arte, já que tem a ver com ser (sat) e saber (jnana). O objetivo do ioga, no entanto, está além desses três, e também além de qualquer dos opostos que possa implicar. (...)

Alcançar o objetivo do Ioga requer a transformação do ser humano da forma natural e atual para uma forma perfeita e real. (...) Geralmente, a pessoa é escrava das forças mecânicas da Natureza e todas suas ações são determinadas pela lei do Karma, a lei da ação e reação. No entanto, por meio do Ioga, a pessoa pode tornar-se samkrita (literalmente, bem informada, culta, refinada), não mais estando à mercê das forças e inclinações naturais.

O procedimento do Ioga corresponde o significado básico da palavra educação: ajuda a extrair o que na verdade já está em nós, mas que não era percebível sob a forma inculta. O desenvolvimento progressivo da pessoa verdadeira (purusha) no aspirante assemelha-se à libertação de uma figura extraída da pedra informe. Empreender uma tarefa como o Ioga envolve a pessoa como um todo, resultando numa remodelagem da mente, do corpo e das emoções – Em suma, num novo nascimento. Deferentemente da escultura, a modelagem envolvida no Ioga é essencialmente de dentro para fora, pois o iogue é o artista, a pedra e as ferramentas. Mas a pessoa não cria o estado de liberdade; se está devidamente preparada e não insiste em possuir e controlar tudo, ela pode permitir que venha à superfície, e o possua, aquilo que está profundamente no interior."

(Ravi Ravindra - O objetivo do Ioga - Revista Theosophia - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil, ano 100, Outubro/Novembro/Dezembro - p. 13)

domingo, 11 de maio de 2014

EQUILÍBRIO INTERIOR

"Ao trilhar o caminho espiritual precisamos de equilíbrio. Pode-se dizer até mesmo que precisamos de equilíbrio perfeito. Somente o equilíbrio interior dá perspectiva às coisas e permite agir de maneira correta. O Bhagavad Gita afirma que equilíbrio é ioga. Sem equilíbrio a percepção não é clara, portanto, muitas coisas dão errado. Os Upanishades falam da senda do fio da navalha; a Bíblia menciona o caminho reto e estreito. Tudo isso sugere a mesma ideia.

Mesmo na prática da virtude deve haver equilíbrio. Levada ao excesso, a virtude deixa de ser virtude. Imagine uma pessoa tão generosa que dá tudo o que possui, ficando sem ter com o que sobreviver. Ela se tornará um fardo para os outros. A generosidade tem que ser combinada com bom senso.

O equilíbrio está em não pender para um lado ou para o outro. Como diz o Bhagavad Gita, o sábio de mente estável não é sacudido nem abalado; não é atraído nem repelido por coisa alguma. Ele está sempre voltado profundamente para dentro de si; é pacífico e imperturbável.

Nos Yoga Sutras contam que o apego (raga) e a repulsa (dvesha) são as causas primárias da miséria. O problema está dentro do indivíduo, não fora. A vida espiritual começa quando cessa a atração por objetos e prazeres. (...)

A consciência do homem comum está focada na noção de dualidade: o que é agradável e o que não o é. Isso nos deixa confusos e abalados. Mas a consciência equilibrada permanece em um nível profundo, onde tudo é conhecido como parte do todo. Esse é o nível da verdade, onde não há nem o real nem o irreal, nem o bem nem o mal. O que é verdadeiro é bom. A totalidade está além de todas as divisões."

(Radha Burnier - Equilíbrio Interior - Revista Sophia, ano 5, nº 19 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília -  p. 27)

terça-feira, 6 de maio de 2014

VICHARA (1ª PARTE)

"'Conhecer-te a ti mesmo' era o dístico, que tendo achado no pórtico do templo de Delfos, Sócrates ensinava a seus díscipulos. Autoanalisa-te, díriamos hoje. Pratica vichara (autopesquisa), ensina o yoga. Em outras palavras, eu sugeriria: desilude-te em relação a ti mesmo. 

Tal sugestão soa como um conselho pessimista. Não é?

Desiludir-se não é negativismo. É libertar-se. É melhorar. É progredir para Deus. É salvar-se. Os iludidos ou estão no ou vão para o inferno. Só os desiludidos chegam ao céu. Que Deus abençoe minhas desilusões!

Quando um ser humano consegue desiludir-se do falso diagnóstico que de si mesmo fazia, as portas do céu lhe são abertas. Ninguém é tão bom como orgulhosamente se acredita, nem tão inferior quanto pessimistamente pensa ser. Tanto a primeira como a segunda ilusão devem ceder à judiciosa e redentora autognose, isto é, o conhecimento (gnose) real de si mesmo. Vichara é a busca, o inquérito no estilo 'quem sou eu'.

Cada um de nós é - quando livre da ilusão - a própria Realidade. O homem foi feito à imagem e semelhança de Deus. Não é o que se sabe?! - Pois bem, vamos procurar Deus através de conhecer aquilo que somos, descartando-nos, para isso, dos falsos juízos que de nós fazemos. Simples, não é?

Pois lhe digo que é obra ciclópica, que quase ninguém consegue realizar. No entanto, o pouco que conseguirmos na procura de nosso Verdadeiro Eu já pode nos melhorar a úlcera; dar-nos alegria se estivermos tristes, e vida, se desanimados. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 148/149)


sábado, 3 de maio de 2014

O DESAFIO DA IMPERMANÊNCIA - INSTRUMENTOS DE APRENDIZAGEM (PARTE FINAL)

"(...) Nas situações de prazer e de dor, o tempo parece de encurtar e se alongar, respectivamente. Quem já não viveu horas de amor que duraram um segundo ou uma dor de cabeça que durou um século?

‘Talvez seja difícil reconhecer que o tempo é a causa do nosso sofrimento e de nossos problemas. Acreditamos que eles são causados por situações específicas em nossas vidas, e, de um ponto de vista convencional, isso é uma verdade. Mas enquanto não lidarmos com a disfunção básica da mente – o apego ao passado e ao futuro e a negação do presente – os problemas apenas mudarão de figura’, ensina Tolle; ‘não há salvação dentro do tempo. Você não pode se libertar no futuro’. Então, de que maneira podemos nos libertar e deixar de sofrer em razão da impermanência? Percebendo que a única dimensão real do tempo é o agora. Na plenitude misteriosa desse espaço-tempo que não tem começo nem fim, que é imutável dentro da descontinuidade que nos cerca, a relação observador-observado deixa de existir, restando apenas a observação, um estado de totalidade com o fluxo da vida. Nessa totalidade deve reinar a consciência descrita por Cristo como ‘Eu e o Pai somos Um’.

O que nos impede de viver o agora neste momento, deixando de sofrer as agruras do tempo psicológico? Provavelmente nenhuma dor física. Contudo, quase nunca estamos ‘bem’ de verdade. Há um conjunto de sensações misturadas com lembranças desconfortáveis, fazendo nosso pensamento vaguear de um lado para outro. São as ‘flutuações da mente’, semelhantes às ondulações na superfície de um lago, que nos impedem de ver seu fundo. Nessa imagem, o fundo do lago é a nossa natureza real, que a instabilidade da mente encobre.

Por essa razão, no yoga a mente é estudada em profundidade. Yoga é definido como ‘a dissolução de todos os centros de reação da mente’, nos Yogas-sutras de Patanjali (Sutra número 2), conforme tradução e comentário de Mehta. (...)

Por meio da disciplina do yoga que inclui técnicas objetivas como auto-observação e a meditação, podemos inverter o jogo, reeducando a mente a fim de colocá-la a nosso serviço. Nem por isso a natureza cíclica do mundo mudará; isso está entre as coisas que não mudam. A diferença é que não estaremos mais vivendo inconscientemente esses ciclos; estaremos integrados neles, acompanhando com nossos batimentos cardíacos o ritmo do coração do mundo."

(Walter S. Barbosa - O desafio da impermanência - Revista Sophia, Ano 12, nº 48 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 26)


segunda-feira, 17 de março de 2014

A ALMA DEVE REASCENDER ATÉ DEUS

"Antes que a criação existisse, havia a Consciência Cósmica: o Espírito ou Deus, como Absoluto, a Bem-aventurança sempre existente, sempre consciente, sempre nova, além da forma e da manifestação. Quando a criação surgiu, a Consciência Cósmica 'desceu' para o universo físico, onde Se manifesta como Consciência Crística:¹ o reflexo puro e onipresente da inteligência e da consciência de Deus, inerente a toda a criação e nela oculto. Quando a Consciência Crística desce para o corpo físico do homem, torna-se alma ou superconsciência: a bem-aventurança sempre existente, sempre consciente e sempre nova de Deus, individualizada por encerrar-se no corpo. Identificando-se com o corpo, a alma se manifesta como ego ou consciência mortal. A Ioga ensina que a alma deve tornar a subir, pela escada da consciência, de volta ao Espírito.²"

¹ As escrituras hindus referem-se à Consciência Crística como Kutastha Chaitanya, consciência universal ou inteligência onipresente. 
² A Ioga ensina que a morada da alma - da vida e da consciência divina do homem - situa-se nos centros espirituais sutis do cérebro: Sahasrara, o lótus de mil pétalas, no topo do cérebro, sede da consciência cósmica; Kutastha, no ponto entre as sobrancelhas, sede da consciência crística; e o centro que se localiza no bulbo raquidiano (ligado por polaridade ao Kutastha), sede da superconsciência. Descendo para o corpo (e para a consciência física), a partir dos centros de mais alta percepção espiritual, a vida e a consciência fluem para baixo, ao longo da coluna vertebral, passam pelos cincos centros espinhais astrais (...) e se distribuem exteriormente pelos órgãos físicos vitais, pelos órgãos de percepção sensorial e pelos órgãos de ação.
Para reconquistar a percepção beatífica de sua unidade com Deus, a alma humana deve inverter o curso descencional, subindo pela rota sagrada da coluna até seu lar, nos centros mais elevados de percepção divina, no cérebro. 

(Paramahansa Yogananda - A Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 17/18)


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

VIVENDO A VIDA DA IOGA – COMPAIXÃO

"A base fundamental da espiritualidade é a compaixão. Mesmo que num sentido impessoal, devemos naturalmente ter compaixão por aqueles que estão passando por necessidades. Devemos ser solidários com suas condições de infelicidade espiritual, mental e emocional; pois a vida espiritual tem suas fundações no coração, que deve ser sensível ao sofrimento – subumano e humano – sempre que ele possa existir, respondendo a ele e sentindo um forte ímpeto para oferecer alívio. Este é o grande segredo. O ideal é que o iogue seja capaz de amar e demonstrar um profundo interesse altruísta e compassivo. Estes devem ser sabiamente colocados em ação, à medida que a liberdade pessoal venha a permitir. Devemos visitar e escrever àqueles que sofrem, procurando dar apoio, ajuda e cura, e até mesmo ajuda-los fisicamente, dentro dos ditames de nossas próprias responsabilidades. Isto é o amor puro em ação – o grande ideal. Animais, crianças e adultos tornam-se então o campo de serviço em qualquer nível que a pessoa possa estar livre para alcançar e ajuda-los. O idealismo precisa ser aplicado de forma prática. Devemos lembrar sempre que o ioga inclui o esquecimento de si mesmo e o serviço amoroso expresso de forma criteriosa."

(Geoffrey Hodson – A Suprema Realização através da Ioga – Ed. Teosófica, Brasília, 2001 – p. 96)


quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

RETO DISCERNIMENTO

"9 - E pela prática do reto discernimento alcançado na senda do Yoga, ele salva a alma - a alma afogada no mar da existência condicionada [samsãra].

COMENTÁRIO - A alma está afogada, impregnada, imersa, contaminada pelo condicionamento resultante do processo de vir-a-ser, do samsãra, como dizem os hindus. O Nirvana é a libertação desse processo, e só pode ser alcançado pelo correto discernimento. Discernir é perceber o erro, a ilusão, a ignorância que nos impede de perceber o que É, chamado por Jiddu Krishnamurti de 'presente ativo'. É a percepção do aqui e agora, do atemporal, do Eterno que está na 'caverna' do nosso coração, como dizem os místicos de todas as épocas e raças."

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, 2011 - p. 18)

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

RAZÕES CONSIDERADAS PARA A PRÁTICA DA IOGA

"Sugiro pelo menos cinco razões pelas quais devemos praticar ioga:

1. Para responder a um apelo interior ou 'chamado' que finalmente se torna tão irresistível que 'não existe mais nenhum outro caminho a seguir'.

2. Para ajudar a alcançar a realização da unidade com o Divino.

3. Para ser cada vez mais efetivo na ajuda aos outros no sentido de que atinjam esta mesma realização. Isto ocorre naturalmente, pois quando um indivíduo torna-se iluminado, os que estão a seu lado também se iluminam. (Malcolm Muggeridge, referindo à Madre Tereza de Calcutá, disse: 'Nunca conheci nenhuma outra pessoa mais memorável. O mero fato de encontrá-la de passagem por um momento causa uma impressão inesquecível. Presenciei pessoas caindo em pratos quando ela passava.')

4. Para elevar-se além da autodegradação em qualquer forma. 

5. Para ser continuamente inspirado a acelerar a própria evolução por causa dos outros, com os quais cada passo é inevitavelmente compartilhado; o motivo de suma importância: 'para benefício de todos.'

Por que isto é tão difícil? O obstáculo físico é a não responsividade das células do cérebro ao pensamento impessoal e universal. Durante o atual Esquema Planetário, o pensamento e o sentido de separatividade torna difícil atingir a plena consciência espiritual de unidade com o todo. Isto irá tornar-se normal no desenvolvomento futuro do homem, porém, neste ínterim, a prece, a meditação, a contemplação ou a ioga bem-sucedidas aceleram este progresso evolucionário. Consequentemente, as células do cérebro, quando usadas para a contemplação de ideais supramentais e espirituais, tornam-se cada vez mais responsivas ao pensamente abstrato e intuitivo."

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Ioga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 32/33)


terça-feira, 10 de dezembro de 2013

BUSCA PELO SUPREMO

"Os Upanishads afirmam que a realização do Atman produz uma mudança em nossa vida, e que não é possível comparar essa nova vida à nossa vida atual. A glória, a felicidade e a paz não são palavras vazias e sem sentido; expressam o estado de uma pessoa que alcançou a experiência espiritual. (...)

Um homem sem equilíbrio, cheio de orgulho e apegado ao mundo, não pode alcançar a realização. É necessário um espírito humilde para aceitar os conselhos do mestre e querer purificar a mente. Muito raramente temos consciência de nossos próprios defeitos. É preciso encontrá-los e corrigi-los. A purificação da mente produz uma modificação importante, que transforma o nosso modo de pensar.

Seguir os conselhos de um guru e as disciplinas da yoga torna tudo isso possível. A partir desse momento, a busca pelo Senhor Supremo é realizado com todo amor. Ao praticar o autocontrole e a meditação descobrimos nosso verdadeiro ‘eu’. Um dia alcançaremos a Realidade Suprema e saberemos que o Ser Supremo, e apenas Ele, dirige o mundo em sua totalidade."

(Swami Ritajananda - A Prática da Meditação - Ed. Lótus do Saber, São Paulo,2006 - p. XXVII)
www.lotusdosaber.com


terça-feira, 3 de dezembro de 2013

NIRVANA

"A palavra Nirvana significa, literalmente, extinguir. A extinção de todas as ações do eu pequeno é o caminho para esse grande desconhecido que é o Nirvana. Na terminologia da ioga ele é descrito como o silenciar dos movimentos da mente, pois a mente é a criadora do pequeno eu pessoal. Alcançar o Nirvana não é tornar-se algo, mas eliminar o egoísmo. A filosofia Vedanta assinala que Brahman, ou o verdadeiro Ser, não pode ser encontrado através da busca nem da tentativa de adquirir algo, seja conhecimento ou qualquer outra coisa.

Brahman é encontrado através da negação, da rejeição de tudo o que é falso. A falsidade se expressa nos movimentos da mente, que se baseia na noção, limitada ou ampla, de sobrevivência e de segurança. É também o movimento da busca de prazer. A negação total da sobrevivência e do prazer é o abandono do eu ao não-eu, do ser ao não-ser. Uma vez que cada um tem que negar seu próprio pequeno eu e descobrir o grande Não-eu, o autoconhecimento não pode ser obtido de outra pessoa. Não pode ser alcançado através de informações obtidas em livros. Cada pessoa tem que fazer seu próprio trabalho, e tem de fazê-lo diariamente."

(Radha Burnier - O Caminho do Autoconhecimento - Ed. Teosófica, 2000 - p. 87/90)


sábado, 30 de novembro de 2013

ESCUTAR (SRÃVANA)

"(...) vimos que o yoga é adequado para o grau menos avançado de buscadores e a inquirição para os mais avançados. (...) consideremos o caminho da inquirição, que sem esforço conduz ao Conhecimento de Brahman.

D: O que é o caminho da inquirição?

M: Dos shãstras sabe-se bem que consiste de srãvana, manama, nidhidhyasana e samãdhi, isto é, escutar a Verdade, refletir, meditar e Paz Bem-aventurada. Os próprios Vedas declaram isso: ‘Meu caro, deve-se escutar o mestre falar a respeito do Ser; refletir e meditar sobre Ele.’ Em outro lugar, diz-se que o Eu Real tem de ser percebido na Paz Beatífica. Sri Shankaracharya repete a mesma ideia no Vakyavrtti, a saber: enquanto o significado do texto sagrado ‘eu sou Brahman’ não for percebido em toda a sua verdadeira importância, deve-se praticar srãvana, etc.

No Chitra Deepika, Sri Vidyaranyaswami diz que a inquirição é o meio para a sabedoria e que consiste em escutar a Verdade, refletir meditar; que somente o estado de bem-aventurada Paz da Pura Consciência, no qual apenas Brahman existe e nada mais, é a verdadeira ‘natureza’ da Sabedoria; que seu ‘efeito’ é a não renovação do nó do ego que desfila como ‘eu’, tendo sido este perdido de uma vez por todas; que seu ‘fim’ é manter-se sempre fixo no ‘Eu sou o Ser Supremo’ de modo tão forte, inequívoco e seguro quanto era a ignorante identificação anterior, ‘eu sou o corpo’; e que seu ‘fruto’ é a libertação. Disso segue-se que só o escutar, etc., é a inquirição no Ser.

Escutar a Verdade Suprema, refletir sobre ela, meditar nela e permanecer em Samãdhi formam, juntos, a inquirição no Ser. Isso tem como causa as quatro sadhãnas, a saber: discernimento, ausência de desejos, tranquilidade e desejo pela libertação. (...)"

(Advaita Bodha Deepika – A Luz da Sabedoria Não Dualista – Ed. Teosófica, Brasília, 2006 – p. 95/96)


quinta-feira, 28 de novembro de 2013

BHAGAVAD GITA (PARTE FINAL)

"(...) A palavra ioga é usada extensivamente no Bhagavad Gita. Seu significado literal é união com Deus, ou união do Ser individual com o Ser Universal. Quando a mente que está bem controlada permanece fixa apenas em Deus e está livre de desejos, o ser realizou a ioga.

A meta da vida humana é a realização de Deus. Na senda do conhecimento, temos que primeiro adquirir conhecimento, para alcançar a sabedoria. Aprender sobre algo é conhecimento; praticá-lo é sabedoria.

O Bhagavad Gita considera que atitudes morais ou princípios éticos (como humildade, modéstia, pureza, integridade, autocontrole, desapego, ausência de ego, estados de devoção) devem ser conhecidos e praticados para se adquirir conhecimento, sabedoria e despertar espiritual.

De um modo geral, a mente segue os sentidos, que não permitem a concentração total num assunto ou objeto. Por isso, a meditação também é necessária para a assimilação intelectual, convertendo o conhecimento em compreensão.

Para o sucesso da meditação é preciso ter pureza na mente, obtida com a eliminação do egoísmo, ódio, ciúme, inveja, presunção, desejo, ira, ganância. Isso se faz, primeiramente, identificando essas impurezas, através de um processo de autoanálise; a partir daí, dando os passos necessários para removê-las."

(R. K. Langar - Bhagavad Gita - Revista Sophia, Ano 2, nº 5 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 44)

domingo, 24 de novembro de 2013

O LONGO CAMINHO PARA A INDIVIDUALIZAÇÃO



"2 – Dentre as criaturas sensíveis é difícil alcançar o nascimento como ser humano; dentre os seres humanos, nascer homem; quando homem, ser um Brãhmana; sendo um Brãhmana, desejar seguir a senda do dharma védico e entre esses aprender verdadeiramente. Mas o conhecimento espiritual que discerne entre o Espírito e o não espírito, a realização prática da fusão com Brahmãtman e a emancipação final dos grilhões da matéria são inatingíveis, exceto por um karma de centenas de milhões de encarnações. 

COMENTÁRIO - Reflitamos sobre a imensa quantidade de seres visíveis e invisíveis que existem nos inumeráveis mundos que constituem o Universo. Como é difícil ser humano! Mas o fato de sermos seres humanos não significa que alcançamos a plenitude desse estado, que, no dizer do psicólogo Carl Gustav Jung, chegamos à ‘individualização’. Pouquíssimos são os que conseguem esse objetivo, pois a imensa maioria constitui o ‘rebanho’ que é tocado pelos acontecimentos, vive e age em função de reflexões condicionadas. Simples marionetes manipuladas pelas circunstâncias. Ainda é mais difícil ser um Brahmana, alguém que alcançou a mais elevada estatura espiritual. As quatro castas tradicionais da Índia estão vinculadas não às circunstâncias do nascimento, mas à essência do ser de cada um. Mesmo para os que sejam realmente Brahmanas há a dificuldade de desejar efetivamente seguir o dharma como expresso nos Vedas. O dharma é Lei, Ordem, Justiça. É a linha de menor resistência que, uma vez seguida, nos permite alcançar a libertação dos laços do karma. Mas o texto nos adverte da dificuldade do verdadeiro aprendizado. A fusão com a centelha suprema que está dentro de nós, o Brahmãtman, é algo de suprema dificuldade, pois depende fundamentalmente do karma de cada um. E para que isso ocorra são necessárias centenas de milhões de encarnações."

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentário de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 15/16)