OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 9 de setembro de 2021

QUALIDADES DO DEVOTO QUE CATIVAM A DEUS (CAPÍTULO XII)

"Aquele que está livre de ódio a todas as criaturas, é amigável e benevolente para com todos, é desprovido de possessividade e da consciência do 'eu', é equânime no sofrimento e na alegria, tudo perdoa e está sempre contente, que pratica yoga com regularidade, buscando o tempo todo conhecer o Eu e unir-se ao Espírito por meio da yoga, que é dotado de firme determinação, com a mente e o discernimento entregues a Mim, esse é Meu devoto e Me é querido. 13-14

Aquele que não perturba o mundo e que não pode ser perturbado pelo mundo, que está livre de exultação, ciúme, receio e preocupação, ele também Me é querido. 15 

Aquele que está livre de expectativas mundanas, que é puro de corpo e mente, que está sempre pronto para agir, que permanece sem se tornar preocupado ou ser afligido pelas circunstâncias, que abandonou todos os empreendimentos motivados pelo desejo e originado no ego, esse é Meu devoto e Me é querido. 16

Aquele que não sente regozijo nem aversão em relação ao que é alegre ou triste (nos aspectos fenomênicos da vida), que está livre da mágoa e dos desejos, que expulsou a consciência relativa de bem e mal, e que é atentamente devotado, esse Me é querido. 17

Aquele que é igualmente sereno diante de amigos e adversários, em face da adoração e da ofensa e diante das experiências de calor e frio, prazer e sofrimento; que renunciou ao apego, e considera iguais a censura e o elogio; que é calmo e se contenta com facilidade, não é apegado à vida doméstica e tem disposição tranquila e piedosa, esse Me é querido. 18-19

Mas aqueles que se mantêm, com amor e veneração, nesta religião (dharma) imortal, revelada até aqui, impregnados de devoção, supremamente absortos em Mim, tais devotos Me são extremamente queridos." 20

(Paramahansa Yogananda - A Yoga do Bhagavad Gita - Self-Realization Fellowship - p. 140/141)

  

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

O QUE NÃO ME PERTENCE QUE VÁ EMBORA

"Por que ser ciumento? Se você entrega seu amor a alguém que não o aprecia; se esta pessoa não quer você ou dá a outro o reconhecimento que você acha que merece, é óbvio que o ciúme não vai segurar a pessoa e nem vai curar a tensão do relacionamento. Aprisionar alguém com ciúme e exigências certamente não produzirá felicidade. Relacionamentos felizes só crescem com amor e confiança. O amor sobrevive quando nos sentimos respeitados, úteis e livres do sentimento de posse.  

Então, qual é o remédio? Sempre que o ciúme tentar prender você, afirme com convicção. 'Estou livre da escravidão do ciúme e do medo. O que é meu é meu, e o que não me pertence que vá embora!' Quando você se libertar de todo o medo e ciúme, sua vida será maravilhosa. Você pode ser livre. O que é seu será sempre seu, e o que não é para ser seu jamais faria você feliz. A satisfação plena resulta do aperfeiçoamento constante de si, de modo que ao invés de ter que procurar os outros, eles é que o procurarão. Dê amor e amizade sem esperar ou exigir nada em troca. A expectativa o tornará uma vítima do sofrimento.  

Mesmo enquanto se empenha em melhorar, aprenda a ser ímpar, confiante em suas próprias virtudes e em seu próprio valor. Se quer que os outros acreditem em você, lembre-se: não são apenas as suas palavras que produzem efeito, mas sim o que você é e o que você sente interiormente - o que está em sua alma. Procure sempre ser um anjo no seu interior, não importa como os outros ajam. Seja sincero, gentil, afetuoso e compreensivo. Quem não responde à bondade não é digno de atenção. Mesmo que você tenha de perder alguém que ama, é melhor deixá-lo ir pensando em você como um anjo do que como o monstro de olhos verdes do ciúme. Deixe com essa pessoa um lindo pensamento do seu amor, e esse amor permanecerá no coração dela para sempre."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 162/163)

terça-feira, 15 de junho de 2021

ABANDONAR O APEGO ÀS COISAS INANIMADAS


"O apego a posses materiais e similares é outro obstáculo que devemos abandonar em nossa busca do tranquilo permanecer. Podemos nos opor a essa atitude de aferramento treinando da maneira que se segue. Primeiro, devemos considerar que, [17] se formos apegados à nossa riqueza, fama ou reputação e gerarmos orgulho desses atributos elogiados pelos outros, as delusões de orgulho e de apego vão nos levar a renascer em reinos inferiores, onde sofreremos terríveis medos. [18] Devemos compreender que nossa mente confusa é incapaz de discriminar entre o que é benéfico e o que é prejudicial a si mesma. Por isso, ela corre descontroladamente para os objetos de apego, inconsciente do imenso tormento que, em nome deles, terá de suportar em vidas futuras. [19] Sábia é a pessoa que permanece desapegada de riqueza, fama e coisas do gênero, porque é o nosso aferramento a esses deleites que dá origem a todos os nossos medos.

[20] Outro ponto a considerar é que todas as nossas posses e tudo aquilo pelo qual lutamos nesta vida terão de ser deixados para trás quando chegar o momento de partir sozinhos e compreendendo que não vamos levar nada conosco a não ser as marcas cármicas gravadas em nossa mente, devemos abandonar o apego aos prazeres passageiros desta vida.

Uma consideração final refere-se à nossa atitude ao receber elogio. Não há motivo algum para ficarmos alegres quando as pessoas falam bem de nós ou infelizes quando nos criticam. Por quê? Porque nenhum elogio que recebemos tem poder para elevar ou aumentar nossas boas qualidades e nenhuma censura pode nos fazer cair. Ademais, [21] sempre haverá algumas pessoas que irão nos elogiar e outras que irão nos desprezar. Portanto, que prazer pode haver em ser elogiado e que desprazer pode haver em ser menosprezado?"

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, 2009 - p. 308)


quinta-feira, 11 de fevereiro de 2021

MORTE

"O nosso nascimento também dá origem aos sofrimentos da morte. Se, durante a nossa vida, tivermos trabalhado arduamente para adquirir posses, e se tivermos nos tornado muito apegados a elas, experienciaremos grande sofrimento na hora da morte, pensando: 'Agora, tenho de deixar todas as minhas preciosas posses para trás'. Mesmo agora, achamos difícil emprestar algum dos nossos mais preciosos bens, quanto mais dá-lo! Não é de surpreender que fiquemos tão infelizes quando nos damos conta de que, nas mãos da morte, temos de abandonar tudo. 

Quando morremos, temos de nos separar até mesmo dos nossos amigos mais próximos.Temos de deixar nosso companheiro ainda que tenhamos estado juntos durante anos, sem passar sequer um dia separados. Se formos muito apegados aos nossos amigos, experienciaremos grande sofrimento na hora da morte, mas tudo o que poderemos fazer será segurar suas mãos. Não seremos capazes de parar o processo da morte, mesmo se eles implorarem para que não morramos. Geralmente, quando somos muito apegados a alguém, sentimos ciúme caso ele (ou ela) nos deixe sozinhos e passe o seu tempo com outra pessoa; mas, quando morrermos, teremos de deixar nossos amigos com os outros para sempre. Teremos de deixar todos, incluindo nossa família e todas as pessoas que nos ajudaram nesta vida. 

Quando morrermos, este corpo que temos apreciado e cuidado de tantas e variadas maneiras terá de ser deixado para trás. Ele irá se tornar insensível como uma pedra e será sepultado sob a terra ou cremado. Se não tivermos a proteção interior da experiência espiritual, na hora da morte experienciaremos medo e angústia, assim como dor física. 

Quando a nossa consciência deixar nosso corpo na hora da morte, todas as potencialidades que acumulamos em nossa mente, por meio das ações virtuosas e não virtuosas que fizemos, irão conosco. Não poderemos levar nada deste mundo além disso. Todas as outras coisas irão nos decepcionar. A morte interrompe todas as nossas atividades – as nossas conversas, a nossa refeição, o nosso encontro com amigos, o nosso sono. Tudo chega ao fim no dia da nossa morte e temos de deixar todas as coisas para trás, até mesmo os anéis em nossos dedos. No Tibete, os mendigos carregam consigo um bastão para se defenderem dos cachorros. Para compreender a completa privação provocada pela morte devemos lembrar de que, na hora da morte, os mendigos têm de deixar até esse velho bastão, a mais insignificante das posses humanas. Ao redor do mundo, podemos ver que os nomes esculpidos em pedra são a única posse dos mortos."

(Geshe Kelsang Gyatso - Budismo Moderno - Ed. Tharpa Brasil, 3ª edição, 2015 - p. 53/54)


quinta-feira, 5 de novembro de 2020

O OBSERVADOR E O OBSERVADO (9ª PARTE)

"23. O fenômeno observador-observado cria um relacionamento de possuir e de ser possuído.

Aqui as palavras utilizadas são sva-sakti e svãmi-sakti. O sutra indica que cada um tenta satisfazer a si mesmo. Svãmi-sakti é o possuidor e quer possuir, seja um objeto ou um indivíduo. Mas aquilo que o homem busca possuir, por sua vez, quer possuir o possuidor. O relacionamento do possuidor e do possuído é obviamente de uso. É uma estranha lei da vida que aquele que quer possuir deve também estar pronto para ser possuído. Ambos estão comprometidos com svarupa-upalabdhi, que significa tentar satisfazer seu próprio fim. Possuir é ser possuído. Os dois seguem juntos. Ter um sem o outro é uma impossibilidade. Este é o ponto crucial do relacionamento de uso. O explorador e o explorado seguem juntos. A necessidade de ser explorado dá origem ao explorador. No relacionamento de uso vemos a pior forma de exploração do homem pelo homem. Patañjali diz no sutra subsequente que:

24. Este desejo de possuir e de ser possuído é motivado por avidiã ou ignorância.

Certamente tal relacionamento de uso nasce da ignorância. Patañjali tem discutido o problema das aflições. A maior aflição que surge na vida do homem deve-se aos relacionamentos infelizes. Este é o maior problema do homem. Ele seria intensamente feliz se pudesse conhecer o segredo do reto relacionamento. Mas o reto relacionamento pode surgir apenas quando a couraça de avidyã é quebrada. Precisamos nos lembrar de que o relacionamento de uso tem sua origem no desejo de continuidade. A questão de uso pela própria continuidade de si é o que dá origem à rãga e dvesa. Porém este desejo por continuidade não tem valor a menos que conheçamos a entidade que quer ser contínua. O relacionamento de uso é motivado pelo desejo de posse. Contudo, antes que possamos possuir o outro, precisamos possuir a nós mesmos. Mas o Ser⁷ pode ser possuído? Se ele é não nascido, como pode ser possuído? Se aquilo que é vivo está em um estado de fluxo, como pode um fluxo ser possuído? Então, o que é aquilo que possuímos? Certamente, podemos possuir apenas nossa imagem, e é esta imagem que consideramos como nós mesmos, que é asmitã no verdadeiro sentido. Tendo formado uma imagem de nós mesmos, movemo-nos na direção de possuir a imagem do outro. É o que chamamos de relacionamento. Não é de admirar-se que tal relacionamento não leve à alegria e à felicidade. Transformamo-nos em uma imagem, e considerar esta imagem como nós mesmos é a mais elevada forma de ignorância. O relacionamento de uso com sua consequente aflição pode desaparecer apenas quando esta ignorância colossal sobre nós mesmos tiver sido removida. Patañjali diz no próximo sutra: (...)"    

⁷ No original em inglês: Self. (N.E.)

(Rohit Mehta - Yoga a arte da integração - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 98/99)
ww.editorateosofica.com.br


terça-feira, 3 de novembro de 2020

O OBSERVADOR E O OBSERVADO (8ª PARTE)

"22. Para aquele que não objetiva realizar-se através da existência do observado, o observado não existe; mas para os demais ele continua a existir.

O homem normalmente estabelece um relacionamento de uso com o mundo em que vive, seja físico ou psicológico. É deste relacionamento que surge o observado. Precisamos nos lembrar de que tal relacionamento jamais poderá estabelecer-se com algo que está vivo, pois a vida é um estado de fluxo e, portanto, não é estática. O uso possível apenas em relação a algo estático ou imóvel. Assim, para ter aquele relacionamento, a vida precisa ser transformada em imagem. O sutra acima diz que, para aquele que tenha ido além do relacionamento de uso,  o observado não existe. Tal indivíduo não tem objetivo a realizar advindo da existência do observado. Daí que o observado desaparece quando cessa este relacionamento de uso. O sutra, contudo, diz que para os demais, o observado continua a existir. A partir disso, fica evidente que o observado não tem existência per se; ele é trazido à existência pelo observador para seu próprio propósito. O relacionamento de imagem à imagem, obviamente, é um relacionamento de uso, no qual há sempre o desejo de ter e de possuir. No seguinte sutra isso está ainda mais claro.(...)"

(Rohit Mehta - Yoga a arte da integração - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 97/98)


terça-feira, 3 de dezembro de 2019

A BEM-AVENTURANÇA DA ALMA

Resultado de imagem para A BEM-AVENTURANÇA DA ALMA"Alimentar o desejo do luxo é o caminho mais seguro para a desgraça. Não seja escravo de coisas ou posses; elimine até suas 'necessidades'. Empregue o tempo na busca da felicidade duradoura ou bem-aventurança. A alma imortal e imutável está por trás da cortina de sua consciência, onde foram pintados o fracasso, a doença e a morte. Erga o véu da mudança ilusória e assuma sua natureza imortal. Entronize sua consciência volúvel na imutabilidade e serenidade que traz dentro de si e que são o trono de Deus, deixando que sua alma manifeste bem-aventurança dia e noite.

A natureza da alma é bem-aventurança - um estado interior perene de alegria sempre nova, incessante, que eternamente nos domina até mesmo quando passamos pelas provas do sofrimento físico e da morte. 

Não desejar não é negar; é obter o autocontrole de que necessitamos para recuperar a herança eterna de realização plena dentro da alma. Primeiro, pela meditação, dê à alma a oportunidade de manifestar esse estado e depois, permanecendo sempre nele, cumpra seus deveres para com o corpo, a mente e o mundo. Você não precisa renunciar às suas ambições e ser negativo; ao contrário, permita que a alegria duradoura, sua verdadeira natureza, o ajude a concretizar seus sonhos mais elevados. Usufrua de experiências dignas com a alegria de Deus. Cumpra seus nobre deveres com júbilo divino."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como Ter Coragem, Serenidade e Confiança - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 137/138)
www.editorapensamento.com.br


terça-feira, 9 de julho de 2019

A REAL NATUREZA DO AMOR

"(...) Não sabemos o que o amor realmente significa. Conhecemos apenas o amor que se baseia no apego e na posse. Quando uma pessoa se enamora, especialmente se for amor à primeira vista, não construído através de reações acumuladas, o objeto de amor parece revestir-se de uma beleza divina. Infelizmente, essa condição esvaece, pois se mescla a outros sentimentos, mas ele indica o que é a real natureza do amor; é a luz que brilha de uma natureza dentro de nós próprios que ilumina a beleza oculta nas coisas. 

Toda a ação da natureza espiritual tem o encanto e o frescor da espontaneidade. A virtude tem esse encanto. É como uma flor sempre nova. A ação da natureza espiritual não é apenas integralmente voluntária; ela é também irrestrita. Ela se doa completamente. A beleza da virtude está em tal doação.

Existe uma natureza muito profunda dentro de nós que se exterioriza apenas quando o terreno estiver desimpedido para ela. Aquela natureza permanece a mesma, e é atemporal em sua qualidade, mas é capaz de uma variedade de ação infinita. Todo modo e forma de sua ação constituem uma forma de beleza; quando se expressam na conduta da pessoa, também constituem uma forma de virtude."

(N. Sri Ram - Em Busca da Sabedoria - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 48/49)


sexta-feira, 16 de março de 2018

FORME BONS HÁBITOS

"Passo a passo, você atingirá o fim da estrada. Um bom ato seguido por outro conduz a um bom hábito. Escutando, você é estimulado a agir. Decida agir; junte-se somente com pessoas boas; leia somente livros elevados; forme o hábito de namasmarana (repetição do nome do Senhor) - e, então, a ignorância (ajnana) automaticamente desaparecerá. Anandam (Bem-aventurança), que crescerá dentro de você, pela contemplação sobre Anandaswarupa (a forma divina que personifica a bem-aventurança), afastará toda aflição e toda preocupação.

Esta proximidade é ganha pelo bhaktha (devoto), o qual não pode estar firme, exceto após a anulação do 'eu' e do 'meu'. Quando um preso é conduzido de um lugar a outro, é escoltado por dois policiais. Não é? Quando o homem que é prisioneiro nesta cadeia² se move de um lugar a outro, é também acompanhado por ahamkara (egoísmo) e mamakara (possessividade). Quando ele se movimenta sem estes dois, esteja certo, ele é um homem livre, libertado da prisão."

² ',,,nesta cadeia...' - a cadeia de nascimentos e mortes, isto é, samsara.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 52)


sexta-feira, 15 de setembro de 2017

SIMPLICIDADE

"Simplicidade não significa mero ajustamento a um padrão. Requer-se muita inteligência para sermos simples, e não apenas que nos ajustemos a determinado padrão, por mais nobre que ele se nos afigure, exteriormente. A maioria de nós, infelizmente, começa a ser simples nas coisas exteriores, é bem fácil ter escassas posses e estar satisfeito com poucas coisas; contentar-se com pouco e talvez dividir este pouco com outros. Porém, uma simples manifestação exterior de simplicidade, nas coisas, nas posses, não implica, por certo, simplicidade interior. Porque, nas condições atuais do mundo, estão-nos sendo impostas cada vez mais coisas, exteriormente. A vida se está tornando cada vez mais complexa. Para fugir de tal situação, procuramos renunciar às coisas ou desapegar-nos delas — de automóveis, casas, organizações, cinemas, e das inumeráveis circunstâncias que nos assaltam do exterior. Pensamos que, pela renúncia, seremos simples. Já houve muitos santos e muitos instrutores que renunciaram ao mundo; parece-me, no entanto, que tal renúncia, por parte de qualquer de nós, não resolve o problema. A simplicidade fundamental, real, só pode vir à existência interiormente, e daí manifestar-se, exteriormente, como expressão. Como ser simples — eis o problema: porque a simplicidade nos torna mais e mais sensíveis. A mente sensível, o coração sensível, é essencial, porque capaz de rápido percebimento, rápida receptividade.

Sem dúvida, só podemos ser interiormente simples, quando compreendemos os inumeráveis empecilhos, apegos, temores, em que estamos aprisionados. Entretanto, de modo geral, gostamos de estar presos a pessoas, posses, ideias. Gostamos de ser prisioneiros. Interiormente, somos prisioneiros, embora exteriormente pareçamos muito simples. Interiormente somos prisioneiros dos nossos desejos, das nossas necessidades, de nossos ideais, de inumeráveis impulsos. A simplicidade não pode ser achada, se não somos livres interiormente. Por conseguinte, ela deve começar de dentro, e não de fora."

(Krishnamurti, A Primeira e Última Liberdade, Ed. Cultrix, São Paulo - p. 75/76)


quarta-feira, 9 de agosto de 2017

ALEGRIA INCOMPARÁVEL

"A lógica das abstinências é a mesma. A não possessividade requer não indulgência, que surge de não roubar, que surge da não falsidade, que só pode existir com a não violência. As observâncias e abstinências estão inter-relacionadas, e relacionam-se também com todo o sistema de compreensão da mente de Patañjali. A disciplina é apenas um foco em um contexto amplo; nela 'não devem interferir fatores biológicos, físicos nem sociais' (sutra 31). Os resultados da disciplina terão a medida do nosso esforço, e devemos ficar atentos a desculpas como cansaço, falta de tempo, etc. Patañjali promete a recompensa para os que se esforçam:

  • 36. 'Para aquele que está estabelecido em satya, ou não falsidade, a própria ação é a recompensa.'
  • 37. 'Quando estamos estabelecidos em asteya, ou não roubar, sentimos como se tivéssemos toda a riqueza do mundo.'
  • 38. 'Quando estamos estabelecidos em brahmacarya, ou não indulgência, somos dotados de inexaurível energia.'
  • 39. 'Quando estamos estabelecidos em aparigraha, ou não possessividade, começamos a compreender o significado da existência.'
  • 42. 'Quando estamos estabelecidos em santosa, ou autossuficiência, surge uma alegria incomparável.'"

(Cristina Szynwelski - O yoga e a moral espiritual - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 33)


segunda-feira, 7 de agosto de 2017

ABSTINÊNCIA E COMPREENSÃO

"As abstinências devem ser praticadas por meio da percepção e compreensão da nossa conduta e das nossas motivações. A não falsidade representa, além da eliminação de toda espécie de dissimulação, a capacidade de ver as coisas como elas são, e não como nós as projetamos. Mehta afirma que as projeções surgem de um passado mal resolvido; as frustrações das experiências passadas se projetam em situações novas e nos impedem de viver livremente cada momento da vida.

Não roubar abrange todas as formas de imitação, ainda que sutis. Quando estamos insatisfeitos com o que temos ou somos, passamos a desejar ou a imitar a condição de outras pessoas. Esse comportamento vem do sentimento de estarmos psicologicamente incompletos. Quando não desejamos ter o que não é nosso ou ser o que não somos, experimentamos um estado de preenchimento psicológico, de satisfação pela vida.

A não indulgência representa o abandono da busca de prazer. Isso não significa negar o prazer, mas parar de correr atrás dele. O prazer do paladar, por exemplo, não é nenhum mal em si; entretanto, ficar o tempo inteiro pensando em comida é ruim, pois gera uma distorção na mente que a impede de viver o momento presente. A não indulgência é viver o prazer quando ele acontece, e depois esquecê-lo.

A não possessividade é o desapego de todos os tipos de objetos. Isso não significa ser um mendigo, mas possuir as coisas sabendo que elas são transitórias e amanhã podem não estar mais conosco. Por objetos entendemos não apenas os bens materiais, mas todas as nossas condições de vida, que podem mudar a qualquer momento. Viver em função de memórias de fatos passados também é uma espécie de apego; é ficar preso a um conteúdo da mente."

(Cristina Szynwelski - O yoga e a moral espiritual - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 32)


domingo, 23 de julho de 2017

TREINANDO A MENTE (1ª PARTE)

"Há tantas formas de apresentar a meditação, e devo ter ensinado isso milhares de vezes, mas a cada vez é diferente, de um modo direto e sempre novo.

Felizmente vivemos numa época em que pelo mundo todo muita gente se familiariza com a meditação. Tem sido cada vez mais aceita como uma prática que atravessa as barreiras culturais e religiosas e se eleva acima delas, permitindo àquele que a busca estabelecer um contato direto com a verdade do seu ser. É uma prática que a um tempo transcende o dogma e é a essência das religiões.

Via de regra desperdiçamos nossas vidas distraídos do nosso eu verdadeiro, numa atividade sem fim; a meditação é o caminho para trazer-nos de volta a nós mesmos, onde podemos realmente experimentar e provar nosso ser completo, além de todos os padrões habituais. Nossas vidas são vividas em intensa e ansiosa luta, num turbilhão de velocidade e agressão, competindo, apegando-nos possuindo e conquistando, sobrecarregando-nos sempre de atividades irrelevantes e de preocupações. A meditação é o exato oposto disso. Meditar é interromper por completo o modo como 'normalmente' operamos, em benefício de um estado isento de cuidados e tensões em que inexiste competição, desejo de posse ou apego a qualquer coisa, sem a luta intensa e ansiosa, sem fome de adquirir. Um estado desprovido de ambição onde não cabe nem o aceitar nem o rejeitar, nem a esperança nem o medo, um estado em que lentamente começamos a libertar-nos das emoções e dos conceitos que nos aprisionaram, até chegarmos a um espaço de simplicidade natural.

Os mestres da meditação budista sabem o quão flexível e maleável é a mente. Se a treinamos, tudo é possível. Na verdade, já somos perfeitamente treinados pelo samsara e para ele, treinados para ficar ciumentos, treinados para o apego, treinados para ser ansiosos e tristes e desesperados e ávidos, treinados para reagir com raiva ao que quer que nos provoque. Somos treinados, de fato, até o ponto dessas emoções negativas surgirem de modo espontâneo, sem que tentemos produzi-las. Assim, tudo é uma questão de treino e do poder do hábito. Dedique a mente à confusão e logo veremos - se formos honestos - que ela se tornará uma mestra sinistra na confusão, competente no seu vício, sutil e perversamente dócil em sua escravidão. Dedique a mente na meditação à tarefa de libertá-la da ilusão e veremos que com tempo, paciência, disciplina e o treinamento adequado, ela começará a desembaraçar-se e conhecer sua bem-aventurança e claridade essenciais. (...)"

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 87/88


quarta-feira, 12 de julho de 2017

FELICIDADE AQUI E AGORA

"Todos os nossos esforços conscientes são direcionados à busca da felicidade, mas a infelicidade surge da própria tensão desses esforços. Conseguimos nos manter infelizes a maior parte do tempo. O dinheiro (ou a falta dele) é uma das maiores causas de infelicidade. O rei Abdul Rahamn III, o maior dos reis Omayyad da parte moura da Espanha, era rico, poderoso, temido e respeitado em todo o mundo ocidental. Sua bela capital, Córdoba, era orgulho e inveja de toda a Europa. Ele reinou por mais de cinquenta anos, mas, durante esse longo período, lembrava-se de ter sido verdadeiramente feliz apenas por catorze dias.

O desejo é a principal causa da infelicidade. Os objetos mundanos de desejo - dinheiro, posição, posses, fama - são amaldiçoados por uma doença peculiar; a dualidade. Sua natureza projeta duas reações opostas, como dor e prazer, estados agradáveis e desagradáveis se alternam na mente. Por isso, a satisfação de um desejo nunca leva a um estado de felicidade ininterrupta. Um exemplo é o dinheiro, que pode comprar prazeres, mas traz preocupações sobre como investí-lo e multiplicá-lo.

Quando desejamos algo, forjamos um elo com o objeto desejado. Por isso, no momento em que cobiçamos alguma coisa, perdemos, na mesma medida, a nossa liberdade. Não é necessário explicar que a escravidão anula a alegria da vida; apenas as criaturas livres podem ser verdadeiramente felizes. 

Há solução para esse problema universal? Segundo o Bhagavad Gita (v. 23), 'apenas aquele que consegue manter sob controle (...) a pressão exercida pelo desejo e o ódio pode ser feliz.' Essa fórmula para a felicidade é simples e lúcida, sem ambiguidades. Se aprendermos a controlar nossas paixões, podemos ser felizes aqui e agora. A dificuldade é como fazer isso

Portanto, a atitude básica a ser adotada é restringir o desejo ao mínimo necessário. Obviamente, as necessidades mínimas para uma vida razoável devem ser atendidas. Muito embora os passos para obtê-las possam ser tecnicamente classificados como desejo, os filósofos não se preocupam muito com eles.

Abandonar o desejo pode soar como matar a alegria, mas não é assim. Algumas pessoas mais felizes do mundo foram homens santos que limitaram seus desejos. O segredo é desfrutar de tudo sem tentar possuir nada. Se Deus nos equipou com cinco sentidos e uma mente ativa, certamente não foi para amordaçá-los. O problema surge apenas quando queremos explorar a natureza em nosso benefício, excluindo os outros.

Quanto mais deixarmos de olhar em torno com um sentido de posse, quanto mais meditarmos sobre a natureza interna das coisas, maior será a felicidade. A prática da concentração contemplativa pode nos levar a um estágio onde, sem esforço consciente, a mente permanece em beatitude enquanto realizamos trabalhos mundanos com a maior eficiência. Esse é o estágio do indivíduo liberado (jivanmukta), mesmo vivendo na carne; ele possui a felicidade ilimitada."

(A. V. Subramanian - Felicidade aqui e agora - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 15)


sábado, 17 de junho de 2017

ADMINISTRAÇÃO DO TEMPO

"Tempo dedicado a nós mesmos, tempo dedicado ao próximo, tempo dedicado a Deus, tempo dedicado ao repouso - eis os quatro itens essenciais à boa administração de nossas vidas.

Os ignorantes, egoístas e materialistas empenham quase todo o tempo no preenchimento de seus desejos de posse e prazer. Até o repouso é visto como algo que atrapalha, que impõe suspensões inoportunas ao trabalhar e ao gozar. Tempo para Deus... absolutamente nenhum. Tempo para o próximo? Que é isto?! O próximo é aquele que estiver ao alcance da mão para ser explorado como um meio de se ganhar mais e mais intensamente curtir.

Que desequilíbrio!

Infelizmente, é o que mais se encontra.

Você não é desses... Ou é?!

Senhor, com Teu infinito Poder, muda tais pessoas, salvando-as das 'trevas exteriores'."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 35/36)


terça-feira, 30 de maio de 2017

DESCUBRA O PROPÓSITO DE SUA EXISTÊNCIA USANDO A INTUIÇÃO

"Se usar a intuição, você conhecerá o verdadeiro propósito de sua existência neste mundo, e quando descobrir isso, encontrará a felicidade. A Terra é um palco e Deus é o Diretor de Cena. Se todos insistissem em ser reis e rainhas, o desenrolar do drama seria impossível. Além da realeza, o servo e o herói também precisam desempenhar bem seus papéis, para o êxito da peça. Vilões são os que perturbam o drama justo do Senhor. Os que escolhem tais papéis têm de pagar caro por seu flagrante desrespeito à direção divina. Independentemente da posição material ou da riqueza que a pessoa tenha, não se pode dizer que ela é bem-sucedida se isso for conseguido por meios escusos. A verdadeira felicidade só é possível quando desempenhamos nosso papel com correção; jamais de outra maneira. Quem faz o papel de milionário e quem faz o papel de pequeno comerciante - ambos são iguais perante Deus. No dia final, Deus despe todas as pessoas de suas posses e títulos. O que sua alma adquiriu é tudo o que você pode levar consigo. 

Os grandes mestres como Jesus conhecem a verdade por causa do seu poder intuitivo. Percebem as coisas não só com os olhos e com a mente, mas também com a intuição, que é tão desenvolvida que eles conhecem tudo. Jesus, que viveu uma vida muito pura, sabia que seria traído e crucificado. Mas ele também sabia que em última instância estaria nos braços do Deus imortal. Assim, somos todos filhos de Deus, aqui enviados para desempenhar um papel. O que interessa a Deus não é o papel em si, mas o nosso desempenho. Não desanime nunca se tiver recebido um papel difícil. Quando você terminar de representá-lo, será recebido como filho de Deus. Mas enquanto não terminar, você não será totalmente livre."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 111)


terça-feira, 11 de abril de 2017

O QUE VOCÊ ENTENDE POR AMOR?

"O amor é misterioso. Ele só pode ser entendido quando o conhecido é entendido e transcendido. Haverá amor só quando a mente estiver isenta do conhecido. Portanto, devemos abordar o amor negativamente, e não o contrário.

O que é o amor para a maioria de nós? Quando amamos, há possessividade, dominação ou subserviência. Dessa possessão surgem o ciúme e o medo da perda, por isso legalizamos esse instinto possessivo. Além do ciúme, surgem inúmeros conflitos com os quais cada um está familiarizado. Portanto, possessividade não é amor. Nem o amor sentimental. Ser sentimental, emocional, exclui o amor. A sensibilidade e as emoções são meramente sensações.

...Só o amor pode transformar a insanidade, a confusão e o conflito. Nenhum sistema, nenhuma teoria da esquerda ou da direita pode trazer paz e felicidade ao homem. Onde há amor não há possessividade, não há inveja. Há piedade e compaixão, não em teoria, mas verdadeiramente - por seu cônjuge e seus filhos, seu vizinho e seu subalterno... Só o amor pode trazer piedade e beleza, ordem e paz. Há amor com sua bênção quando 'você' deixa de existir."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 124)


sexta-feira, 31 de março de 2017

COMPREENDER, COMPARTILHAR E AMAR (2ª PARTE)

"(...) O que é compartilhar? Será doar coisas de que não mais precisamos, a sobra da nossa fartura? Kahlil Gibran diz, no livro O Profeta: 'Você doa apenas um pouco quando doa de suas posses. Quando doa de si mesmo é que você verdadeiramente doa. Pois o que são suas posses senão coisas que você mantém e guarda com medo de que possa precisar delas amanhã? E o que é o medo da necessidade senão a própria necessidade?'

Não podemos dar e partilhar nossa compreensão, e não podemos compreender os outros sem primeiramente compreendermos a nós mesmos. Podemos dar conhecimento aos outros, mas não sabedoria; o autoconhecimento é algo que devemos aprender de nós mesmos. 

As revistas dão conselhos sobre como se tornar um amante melhor. É uma questão de amor ou de alguma outra coisa? Eu te amo enquanto você puder satisfazer minhas necessidades e puder me dar o que eu quero. Quando eu cansar de você procurarei um novo amor. Popularmente se pensa que ciúme é sinal de amor. Se amássemos mais o nosso parceiro, não exigiríamos direitos exclusivos, não encontraríamos dificuldades em conceder liberdade de pensamento e de ação. Usamos a palavra amor também em outras conexões, quando não é questão de amor, mas de algo mais. Esperamos que a outra pessoa satisfaça nossos desejos, e quando ela não o faz, ficamos cansados e dizemos que não mais a amamos. Pensamos também que é amor quando somos dependente um do outro.

Somos todos iguais. Todo mundo busca o amor. Queremos ser felizes e evitar o sofrimento. Mas se olho para a outra pessoa como sendo eu, então é mais fácil compreendê-la e amá-la. Quando eu me vejo no outro, então posso começar a sentir amor e compaixão. (...)'

(Pertti Spets - Compreender, compartilhar e amar - Revista Sophia, Ano 8, nº 29 - p. 19)


terça-feira, 28 de março de 2017

A PRECIOSIDADE DA NOSSA VIDA HUMANA (2ª PARTE)

"(...) O que significa 'encontrar o Budadharma'? Significa ingressar no Budismo buscando sinceramente refúgio em Buda, Dharma e Sangha e, assim, ter a oportunidade de ingressar e fazer progressos no caminho à iluminação. Se não encontrarmos o Budadharma, não teremos oportunidade para fazer isso e, assim, não teremos oportunidade de obter a felicidade pura e duradoura da iluminação, o verdadeiro sentido da vida humana. Concluindo, devemos pensar: 
Agora eu alcancei, por um breve momento, o mundo humano, e tenho a oportunidade de obter a libertação permanente do sofrimento e a felicidade suprema da iluminação por meio de colocar o Dharma em prática. Se eu desperdiçar esta preciosa oportunidade em atividades sem significado, não haverá maior perda nem maior insensatez .
Com esse pensamento, tomamos a firme determinação de praticar agora o Dharma dos ensinamentos de Buda sobre renúncia, compaixão universal e visão profunda da vacuidade, enquanto temos esta oportunidade. Então, meditamos repetidamente nessa determinação. Devemos praticar essa contemplação e meditação todos os dias em muitas sessões e, desse modo, nos encorajarmos a extrair o verdadeiro sentido da nossa vida humana. 

Devemos nos perguntar o que consideramos mais importante – o que desejamos, pelo que nos dedicamos ou com o que sonhamos? Para algumas pessoas são as posses materiais, como uma casa grande com os últimos requintes de conforto, um carro veloz ou um emprego bem remunerado. Para outros é reputação, boa aparência, poder, excitação ou aventura. Muitos tentam encontrar o sentido de suas vidas em relacionamentos familiares e círculo de amigos. Todas essas coisas podem nos fazer superficialmente felizes por pouco tempo, mas elas também causam muita preocupação e sofrimento. Elas nunca irão nos dar a verdadeira felicidade que todos nós, em nossos corações, buscamos. Já que não podemos levá-las conosco quando morrermos, com certeza irão nos decepcionar se tivermos feito delas o principal sentido da nossa vida. As aquisições mundanas, tomadas como um fim em si mesmas, são ocas: elas não são o verdadeiro sentido da vida humana. (...)"

(Geshe Kelsang Gyatso - Budismo Moderno, O Caminho de Compaixão e Sabedoria - Tharpa Brasil, São Paulo, 2016 - p. 29/30)
Fonte:  https://cienciaespiritualidadeblog.wordpress.com


sexta-feira, 3 de março de 2017

O PODER DA NÃO VIOLÊNCIA

"Revela a experiência que o mundo
Não pode ser plasmado à força.
O mundo é uma entidade espiritual,
Que se plasma por suas próprias leis.
Decretar ordem por violência
É crear desordem.
Querer consolidar o mundo à força
É destruí-lo,
Porquanto, cada membro
Tem sua função peculiar:
Uns devem avançar,
Outros devem parar.
Uns devem clamar,
Outros devem calar.
Uns são fortes em si mesmos,
Outros devem ser escorados.
Uns vencem na luta da vida,
Outros sucumbem.
Por isto, ao sábio não interessa a força,
Não se arvora em dominador,
Não usa de violência.

EXPLICAÇÃO: 'Bem-aventurados os mansos, porque eles possuirão a terra' - esta beatitude não é só do Cristo, mas também de Gandhi, de Tolstoi, de Thoreau, de Lao-Tse e de todos os conhecedores da natureza humana integral. O animal, que só é impelido pelos sentidos, e o homem ego, que ampliou a sua violência pela inteligência - todos eles apelam para a força.

Mas o homem racional espiritual sabe que o espírito é o maior poder, que não necessita de violência, porque violência é prova de fraqueza.

E, por mais estranho que pareça, o homem não violento também possuirá a terra, porque ninguém pode possuir algo ou alguém sem que o possuído concorde em ser possuído. Somente um possuidor não violento possui realmente o possuído."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 87/88)