OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 24 de abril de 2014

A MENTE É UM FENÔMENO SOCIAL (4ª PARTE)

"(...) No Oriente sempre foi totalmente diferente. O ser era respeitado. Não se perguntava o que a pessoa fazia, mas sim quem a pessoa era. E isso bastava. Se você tivesse descoberto a compaixão, se tivesse florescido, isso bastava. A sociedade devia ajudá-lo e servi-lo. Ninguém dizia que você deveria trabalhar ou que deveria criar algo. No Oriente, pensava-se que vivenciar seu próprio ser era a mais alta forma de criatividade, e a presença de um homem assim era valorizada. Ele poderia ficar anos em silêncio.

Maavira passou doze anos em silêncio. Não falava, não ia aos vilarejos, não via ninguém. E quando começou a falar, alguém perguntou a ele: 'Por que você nunca falou nada antes?' Ele respondeu: 'A fala se torna valiosa apenas quando você atingiu o silêncio. Do contrário, é fútil. Não apenas fútil, mas também perigosa, pois você está jogando lixo na cabeça dos outros. Foi esse o esforço que fiz, o de falar apenas quando toda fala houvesse cessado dentro de mim. Quando essa fala interior desaparecesse, eu poderia falar. Nesse momento, não seria uma doença.'

E todos podiam esperar, pois acreditavam em reencarnação. Há histórias de discípulos que vinham procurar um mestre e esperavam durante trinta anos, sem perguntar nada. Apenas esperaram até que o mestre dissesse: 'Por que você veio?' Trinta anos é muito tempo - uma vida inteira desperdiçada -, mas esperar durante trinta anos trará uma realização.

Há ocidentais que vêm me procurar e dizem: 'Estamos de partida esta tarde, então nos conte o segredo, nos diga como podemos nos tornar silenciosos. Desculpe, mas não podemos ficar, precisamos partir.' Estão pensando de acordo com as categorias que aprenderam - café instantâneo -, por isso acreditam que deve haver uma 'meditação instantânea', algum segredo que eu possa lhes contar e que resolva a questão. Não há segredo algum. É um longo esforço que requer muita paciência. E quanto mais pressa você tiver, mais tempo levará. Lembre-se disso: se você não estiver com pressa, pode acontecer agora. Quando você não está com pressa, sua mente possui dentro de si a qualidade adequada, o silêncio está lá. (...)" 

(Osho - Aprendendo a silenciar a mente - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2002 - p. 78/80)


quarta-feira, 23 de abril de 2014

NO CENÁRIO DA VIDA

"Não importa, ó homem, qual o papel que te coube no drama da vida.

Rei ou vassalo, milionário ou mendigo, filósofo ou analfabeto - não importa.

Se o mendigo no palco desempenhar bem o seu papel de mendigo, receberá mais aplausos do que o rei que não soube fazer o papel de rei.

Mais vale desempenhar com inteligência o papel de tolo do que tolamente fazer o papel de inteligente.

Homem! Desempenha bem o papel que te coube no plano de Deus - e será homem de bem!

Deus não precisa de ti nem do estardalhaço que no mundo fizeres - ele poderia fazê-lo muito maior...

Deus não precisa do bem que fizeres - ele o poderia fazer sem ti mil vezes melhor...

Mas Deus quer que pratiques o bem para seres bom.

Pode Deus fazer sem ti todo o bem - mas não pode ser bom em teu lugar.

Seres bom é tarefa eminentemente individual - ninguém a pode fazer por ti.

Para todos os efeitos podes passar procuração a outrem - menos para ser bom.

Ninguém te pode fazer bom contra a tua vontade.

E, 'quando tiveres feito tudo que te foi ordenado, dize: Sou servo inútil; não fiz senão o que fazer devia...'

Quando houveres desempenhado do melhor modo possível o teu papel, brilhante ou humilde, no cenário da vida não esperes pelos aplausos da platéia.

Desaparece em silêncio por detrás dos negros bastidores do esquecimento, da ingratidão ou da morte...

'Por todo o bem que tu fizeres espera todo o mal que não farias...'

Se a platéia te aplaudir, agradece a boa intenção - mas não contes com isso!

Se a platéia te vaiar, tolera a injúria  - mas não te entristeças por isso!

Não valem uma lágrima nem um sorriso todos os elogios ou vitupérios do mundo.

Não és santo porque os homens o dizem - nem és celerado porque os homens o afirmam...

Seja-te suficiente galardão a consciência do dever cumprido do melhor modo possível.

Não necessita de apoteose verbal quem dentro de si traz a apologia real da justiça e da verdade.

Pode sofrer, sereno e calmo, todas as vaias do mundo quem não buscou os aplausos dos homens.

Mais feliz se sente na derrota do que na vitória quem não é 'derrotado' por vitória alguma.

Mais luminosa é para o herói a escuridão dos bastidores do que para o covarde o fulgor da ribalta.

Desaparece tanquilo Moisés nas alturas do Nebo - porque introduziu o seu povo na terra de Canaã...

Morre feliz o Batista nas profundezas do cárcere - porque levou a humanidade até a alvorada do reino de Deus...

'Está consumado!' - exclama o Nazareno no alto da cruz.

Não vale a vida pela extensão que ocupa no tempo ou espaço - vale pela intensidade com que é vivida.

Quem vive como deve, vive a sua vida em toda a plenitude.

Vida feliz!..."

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2005 - p. 115/116)

A MENTE É UM FENÔMENO SOCIAL (3ª PARTE)

"(...) Como eu disse antes, este conceito linear de uma vida única cria ansiedade. Por isso, quando você fica em silêncio, sozinho, fica preocupado. Uma coisa é certa para você: o tempo está sendo desperdiçado. Você não está fazendo nada, está apenas sentado. Por que você está desperdiçando sua vida? E este tempo não pode ser recuperado, porque no Ocidente se ensina que 'tempo é dinheiro'. Isto está absolutamente errado, porque a riqueza é criada pela escassez e o tempo não é escasso. Toda a economia depende da escassez: se alguma coisa é escassa, ela se torna valiosa. Mas o tempo não é escasso, está sempre presente. Não é possível esgotá-lo, então o tempo não pode ser econômico e, portanto, não pode representar riqueza.

Ainda assim, continuam ensinando que o tempo é uma riqueza que não deve ser desperdiçada, pois não voltará. Então, você não pode ficar sozinho, apenas sentado, durante três anos. Nem três meses, nem mesmo três dias, pois você terá desperdiçado esse tempo. E o que você está fazendo? Surge um segundo problema, porque no Ocidente ser não é muito valioso, mas fazer é valioso. Pergunta-se sempre 'o que você tem feito?', pois o tempo serve para fazer algo. Dizem, no Ocidente, que uma mente vazia é a morada do demônio. Você sabe disso e sua mente sabe disso. Então, ao sentar-se, sozinho, você fica amedrontado. Está perdendo tempo, não está fazendo nada, você fica se perguntando: 'O que você está fazendo aqui? Está apenas sentado? Desperdiçando o seu tempo?' Como se ser, e apenas ser, fosse um desperdício! Você precisa fazer algo para provar que usou seu tempo. A diferença na forma de pensar está aí.

Na antiguidade, sobretudo no Oriente, ser era o bastante. Não havia necessidade de provar mais nada. Ninguém iria perguntar: 'O que você tem feito?' O seu ser já era suficiente e era aceito como tal. Caso você fosse uma pessoa silenciosa, cheia de paz, de contentamento, estava tudo bem. Por isso, no Oriente, jamais foi pedido aos sannyasins que trabalhassem. E sempre pensamos que os sannyasins, aqueles que deixaram de lado todo o trabalho, eram melhores do que aqueles que estavam ocupados trabalhando.

Isso jamais ocorreria no Ocidente. Se você não estiver trabalhando, é um vagabundo, um mendigo. Os hippies são um fenômeno recente, mas, de certa forma, o Oriente sempre teve uma mentalidade hippie. Criamos os maiores hippies do mundo! Buda e Maavira, sem qualquer ocupação, sentados, meditando, aproveitando seu ser, apenas extraíndo contentamento de seu jeito de ser, sem fazer nada. Mas nós os respeitávamos: eram os seres supremos, os mais elevados. Buda era um pedinte, mas até os reis ajoelhavam-se aos seus pés. (...)"

(Osho - Aprendendo a silenciar a mente - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2002 - p. 77/78)
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terça-feira, 22 de abril de 2014

CONHECIMENTO ESOTÉRICO, PARA VIDYA E EXOTÉRICO APARA VIDYA

Somente Brahman é realmente o Universo. Aquele que conhece esse Brahman, o supremo e o Imortal, oculto na cavidade do coração, desfaz aqui mesmo o nó da ignorância.

"Desfazer o nó da ignorância é chegar ao conhecimento superior, chegar até Para Vidya. Enquanto olha para a imagem de um espelho, aquele que vê também a pessoa que lançou a imagem, conhece a criação e também o Criador presente na criação. Ver o Criador na criação é, de fato, chegar ao conhecimento superior. Aquele que vê somente a criação está perdido em Apara Vidya, e será enredado nos problemas da criação. (...) O Criador pode ser encontrado em cada ponto da criação. Para indicar isso, o Instrutor diz que Ele está ‘oculto na cavidade do coração’. A palavra cavidade indica aquilo que é imperceptível. Precisamos de extraordinária sensibilidade para ver o Criador na criação, pois, embora manifesto ele está oculto. O Upanixade Mundaka O descreve como ‘movendo-se em segredo’.

Para Vidya é de fato conhecimento esotérico assim como Apara Vidya é conhecimento exotérico. Mas esotérico não é algo mantido em segredo pelo homem. Paradoxalmente, o segredo jaz no aberto, o esotérico está sempre exposto ao olhar de qualquer um. Está ali para vermos, mas é a cegueira do homem que o impede de ver aquilo que está na sua frente. Essa cegueira não se deve a algum defeito orgânico. Diz-se que não há ninguém tão cego quanto aquele que não quer ver! A cegueira do homem é dessa natureza. Nenhum homem pode afastar o esotérico do olhar do outro. Aquele que não pode ver o esotérico fechou seus  próprios olhos, o homem volta suas costas à luz e grita  que está escuro! O conhecimento exotérico é o conhecimento da criação, mas o esotérico é o conhecimento do criador imperceptivelmente presente na criação. Esse é o significado de Brahman ‘morando na cavidade do coração’. Ao olhar superficial, Brahman é invisível; mas aquele que traz uma dimensão de profundidade à sua percepção, vê o Criador sentado no coração de sua criação."

(Rohit Mehta - O chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 125)


A MENTE É UM FENÔMENO SOCIAL (2ª PARTE)

"(...) Em uma das escrituras tibetanas está escrito que, mesmo se você tiver que correr, deve fazê-lo devagar. Se você correr, jamais atingirá lugar algum. Perceba o aparente paradoxo: sente-se e você atingirá seu objetivo, mas, se correr, não chegará a lugar algum. Nessa cadeia eterna, de milhões de vidas, há sempre tempo suficiente. A paciência, então, se torna possível. Mas no Ocidente, como há apenas uma vida, a cada momento um pouco dessa vida vai se transformando em morte. Há uma perda constante, nada é realizado, nenhum desejo é satisfeito, tudo está incompleto... Como você pode ser paciente? Como esperar? Tornou-se impossível esperar. Com essa ideia de uma única vida, junto com outra ideia, a do tempo linear, o pensamento cirstão criou uma forte ansiedade dentro da mente. (...)

O pensamento cristão diz que o tempo não se move em círculos, mas sim em linha reta. Nada se repetirá, então tudo é único. Todo o qualquer evento irá ocorrer uma única vez em toda a eternidade, não se repetirá jamais. Não é um círculo, não é como uma roda em movimento, na qual um aro irá girar várias vezes. No Oriente, o tempo é um conceito circular, como as estações se movendo em um círculo. Se o verão chega agora, então chegará sempre, Sempre foi assim e assim será para sempre.

Este conceito oriental está mais próximo da verdade: a Terra se move em um círculo, o Sol se move em um círculo, as estrelas se movem em um círculo e a vida também. Todo movimento é circular, e o tempo não pode ser uma exceção: se o tempo se mover, irá fazê-lo de forma circular. O conceito linar do tempo está absolutamente errado.

É por isso que, no Oriente, nunca nos interessamos muito por História. Estivemos interessados pelo mitos, mas não pela História. Foi o Ocidente que introduziu a História no mundo. É por isso que Jesus tornou-se o centro da História, o início do calendário. Medimos o tempo com a ideia de 'antes de Cristo' e 'depois de Cristo'. Cristo tornou-se o centro de toda a História, a primeira pessoa histórica.

Buda não é histórico, nem Krishna. Não é possível ter certeza sobre o nascimento de Krishna, se ele existiu de fato ou não, se foi apenas uma história ou se houve fatos históricos. Ninguém nunca se preocupou com isso no Oriente. Dizem simplesmente que todas as coisas são histórias, que já foram contadas muitas vezes e serão contadas de novo. Não é preciso, então, preocupar-se com os fatos, pois os fatos são repetitivos. É melhor preocupar-se com o tema. Caso contrário, coisas importantes podem passar desapercebidas. (...)"

(Osho - Aprendendo a silenciar a mente - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2002 - p. 74/76)
www.esextante.com.br