OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 14 de abril de 2016

A DESCOBERTA DA ESPIRITUALIDADE (PARTE FINAL)

"(...) Quando a vivência religiosa atua positivamente na geração da qualidade espiritual da consciência, o faz através de exemplos e ensinamentos libertadores, que geram um entendimento da realidade que é inspirador e induz à ação e ao aprofundamento. A qualidade espiritual da consciência, então, cresce firmemente gerando harmonia à sua volta e distribuindo aos mais próximos a inspiração que a alimenta. 

No entanto, quando a prática religiosa suprime a espiritualidade, surgem estados de fanatismo e credulidade, julgamentos arrogantes em relação ao diferente, domínio sobre a consciência de outros, supressão da autonomia e da liberdade de pensamento, perda da espontaneidade e propensão a representar papéis de superioridade. Nesse caso, a vivência religiosa pode gerar grande prejuízo nas relações interpessoais e desestabilizar interiormente seus praticantes. Impossibilitados de contar de forma autônoma com seus recursos interiores, já que sua liberdade mental e discernimento são vistos com desconfiança, tornam-se cada vez mais dependentes de figuras externas de autoridade. 

Uma interessante definição de espiritualidade foi dada por Annie Besant, uma ativista social que viveu no final do século XIX e começo do século XX, e que se tornou teosofista após conhecer a fundadora do movimento teosófico, Helena Blavatsky. Besant afirmou que espiritualidade é a percepção da unidade. O conceito de unidade remete a ensinamentos antigos presentes em muitas tradições, e afirma que existe uma realidade última que está na origem do mundo manifestado, onde todas as coisas estão conectadas e compartilham da mesma natureza e origem.

A noção de interdependência, presente no paradigma sistêmico que surgiu da física de partículas e que rapidamente domina os mais diversos cenários atuais da ciência, confirma esse antigo axioma. Do ponto de vista da consciência, portanto, a espiritualidade implica em ultrapassar o pensar discriminativo. No entanto, isso é insuficiente para a compreensão do que Annie Besant procurou mostrar."

(Marco Aurélio Bilibio Carvalho - A descoberta da espiritualidade - Revista Sophia, Ano 9, nº 33 - p. 6/7)


quarta-feira, 13 de abril de 2016

A DESCOBERTA DA ESPIRITUALIDADE (1ª PARTE)

"Você já se perguntou o que é espiritualidade? Para muitas pessoas, a espiritualidade é aquilo que é vivenciado por quem professa uma religião. De fato, dentro do universo das religiões, com seus ensinamentos e cultos, pode-se entrar numa atmosfera de profunda elevação espiritual. Além disso, nossa cultura religiosa ocidental ensina que não há espiritualidade fora da religião, e diferentes religiões disputam o privilégio de serem o único caminho para Deus.

No entanto, Gordon Allport, um dos mais importantes psicólogos do século XX, em um estudo sobre preconceito observou que, paradoxalmente, no meio religioso encontram-se tanto os mais impactantes exemplos de compaixão e tolerância, como os mais perturbadores exemplos de preconceito, violência ideológica e intolerância. Isso significa que professar uma religião não está necessariamente associado a uma genuína vivência espiritual. E, portanto, a pergunta continua: o que é espiritualidade?

Analisada do ponto de vista subjetivo, ou seja, naquela dimensão que se passa no interior de nossa mente, a espiritualidade surge como uma qualidade especial da consciência da ordem do amor, da sabedoria e da paz interior. Ela pode ser inspirada e estimulada pela prática religiosa ou, como percebeu Allport, pode ser suprimida por uma prática inadequada e imatura, tanto do ponto de vista existencial como ético. (...)"

(Marco Aurélio Bilibio Carvalho - A descoberta da espiritualidade - Revista Sophia, Ano 9, nº 33 - p. 5/6)


terça-feira, 12 de abril de 2016

OS CAMINHOS PARA SE APROXIMAR DE DEUS

"(13:24) Para contemplar o Eu no eu (o ego purificado) por meio do eu (a mente esclarecida), alguns aspirantes seguem o caminho da meditação, outros o do conhecimento e outros ainda o da atividade desprendida (serviço).

Aqui são mencionados, de passagem, os três métodos pelos quais podemos nos aproximar de Deus (ou seja, da realização de Si Mesmo). O primeiro é a meditação - a senda da atividade interior, a que chamamos ciência do Kriya Yoga. O segundo, o Shankhya Yoga, a vereda do discernimento ou Gyana. E o terceiro, o Karma Yoga, o caminho da reta ação.

Poder-se-ia perguntar: 'Por que Krishna não mencionou também o caminho do Bhakti Yoga, a devoção?' Em verdade, sem devoção, nenhum outro caminho funcionará. Krishna enfatiza frequentemente, no Gita, a importância da devoção. Neste capítulo, ressalta a necessidade de mover guerra pela causa da verdade (daí as constantes referências ao kshetra e a Kurukshetra, símbolo da luta que o progresso espiritual pressupõe). Quer na meditação, no julgamento ou na ação, uma atitude devota deve inspirar tudo o que se faça. A devoção é a corda que impulsiona a seta para o alvo. Sem ela, todo esforço espiritual reduz-se a amealhar um bom karma. Não poderá garantir libertação." 

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 406


segunda-feira, 11 de abril de 2016

CARÁTER AMADURECIDO

"Do ponto de vista moral, pode-se dizer que não existe no homem um caráter amadurecido e firme se ele não tiver ainda enfrentado estágios de sofrimento e de dor. Aquele que já o tem formado certamente o conquistou através de experiências assim, vividas no passado, na encarnação atual ou nas anteriores. O êxtase, que acontece quando o homem se deslumbra pela manifestação de todo seu próprio potencial interior, só é possível quando já existe nele suficiente desenvolvimento nesse sentido; caso contrário, o orgulho ali medraria.

Por caráter formado entendemos a capacidade de assumir o momento presente sem a menor vacilação; isso nada tem a ver, em essência, com aquilo que denominamos temperamento. Enquanto o temperamento é resultado de uma situação circunstancial, que muda a cada instante conforme o raio energético do indivíduo ou do ambiente que o cerca, o caráter é resultado de uma evolução superior. O temperamento traz elementos que continuamente devem ser trabalhados e elevados, em cada encarnação, inclusive pela fusão e mescla com temperamentos opostos que existem dentro do mesmo ser. (...)

Do ponto de vista evolutivo e espiritual, o sofrimento e a dor, quando aceitos, são fatores que impulsionam o progresso; quando, porém, são rejeitados pelas camadas superficiais do ser, deixam de produzir esse efeito e passam a construir apenas uma purificação de resíduos de ações, sentimentos e pensamentos negativos do passado. Falar do próprio sofrimento, partilhando-o com outras pessoas por mero desabafo, ou reagir contra a sua presença, impede que o valor moral e espiritual que seria trazido por ele se instale no caráter do indivíduo. Nesse caso, o que é vivenciado não passa de mero fato físico ou psicológico."

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 79/80)

domingo, 10 de abril de 2016

VIDA E MORTE

"Do ponto de vista da verdade, que é Teosofia³, a morte tem um caráter diferente do que comumente imaginam as pessoas de quaisquer crenças. O medo da morte é a coisa mais comum no mundo; na verdade, a morte é retratada como a rainha do terror. Na Índia, os costumes e ritos dedicados ao funeral imprimem pavor nas mentes dos enlutados com pompa quase primitiva, enquanto no Ocidente o horror com que é considerada está vestido com o silêncio de um pesar negro e sombrio. Mas, do ponto de vista do homem eterno, a morte é um incidente recorrente no caminho de seu progresso, e, como nos diz o Bhagavad-Gita, 'por que se afligir com o inevitável?'

Existem razões para pensar que a morte não é um incidente prejudicial, e geralmente também não é dolorosa. Na maioria dos casos a mudança deve decididamente ser para melhor; o evento em si deve ser um evento que traz alívio. Para o teósofo o mundo físico é o verdadeiro anel externo de trevas. O processo de inspiração (que é morte em suas fases sucessivas) é um processo de se aproximar mais do centro de onde viemos.

Em toda parte na Natureza existe a alternância de noite e dia. Manvãntara e Pralaya, expansão e contração, limitação e transcendência, o eterno balanço do pêndulo. Toda a manifestação surge por meio dessa dualidade - o ritmo da oscilação de um polo a outro de qualidade ou de estado. Olhando-se a partir desse prisma, existe uma lei de morte e nascimento constantes, o tempo todo, em toda parte, nada havendo de estranho e terrível no processo.

Do ponto de vista prático, para os oniscientes administradores do Karma, a morte deve significar simplesmente o movimento de um peão, e provavelmente não é considerada por eles como um evento de grande importância. Pode até mesmo ser uma recompensa pelo bom trabalho prestado, a consequência do julgamento de que o homem fará melhor em algum outro lugar do que provavelmente fará aqui, se sua encarnação atual for prolongada. Em muitos casos pode muito bem ser o efeito de um evento ajustável, e até aí talvez sob nosso controle. De qualquer modo, se fizemos o melhor possível em qualquer circunstância, podemos esperar por melhores oportunidades da próxima vez."

³ Aqui se entenda que o autor se refere à Sabedoria Divina, que é a verdade, e não à literatura na qual se tenta percebê-la e descrevê-la, sem a pretensão de arrogar-se como sendo a própria verdade (N.E.).

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 33/34)