OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O SILÊNCIO E A VERDADE INTERIOR (1ª PARTE)

"O grande mestre indiano Kabir escreveu: 'Conhecendo-a, o ignorante se torna sábio / E o sábio se torna mudo e silencioso / O adorador fica completamente inebriado, / Sua sabedoria e seu desapego tornam-se perfeitos: / Ele bebe do copo das endogamias e das exogamias do amor.' (Tagore, 1915)

Essa poesia maravilhosa, fala da redescoberta da verdade interior, essa sabedoria que emana do fundo do nosso ser e que nos torna mudos e silenciosos com sua presença. Quando a verdade desabrocha na nossa mente, não queremos mais nada a não ser o seu perfume. O amor que dela exala é tão forte que nos faz ir além dos muros de nossa tribo, nacionalidade, condição social e intelectual, de nossa orientação religiosa e filosófica, para amar o outro como amamos a nós mesmos.

Conhecer a verdade interior é diferente de perceber essa verdade através de uma teoria religiosa ou espiritual, de uma compreensão ou um entendimento filosófico ou de qualquer outro processo intelectual. Conhecê-la é ter um contato direto com ela, sem subterfúgios ou alegorias de qualquer tipo. Todos nós temos potencial para chegar a esse conhecimento, para provar desse cálice, que está cheio do vinho da sabedoria e do amor. Basta fazermos o trabalho necessário para despertar esse conhecimento.

O trabalho do silêncio é um caminho para alcançar a verdade. Quando vivenciamos a verdade por meio do silêncio da mente e da inspiração do nosso coração, damos as mãos ao Deus interior, diretamente, sem intermediários. Sua luz é extraordinária e difícil de ser colocada em palavras. (...)"

(Antonio Monteiro dos Santos - O Silêncio e a verdade interior - Revista Sophia, Ano 12, nº 52 - p. 19)

quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

VENÇA O DESEJO E O APEGO PELO DESENVOLVIMENTO DA SABEDORIA

"Descarte o desejo pelos prazeres sensoriais, os quais, como o prazer obtido enquanto se coça um eczema sarnoso, somente torna a doença mais grave. Você não a pode sarar enquanto ceder à tentação de coçar. Quanto mais você coça, mais é tentado a continuar, até sobrevir o sangramento. Desista, portanto, desta vã pretensão¹ e se concentre sobre assuntos espirituais, ou, no mínimo, mova-se no mundo com a sempre presente convicção de que ele é um marasmo, uma rede, uma armadilha na qual o desejo e o apego precipitarão você. 

Raiva e ira podem ser usadas para proteger o sadhaka (asceta) contra o mal que o acoça. Enraiveça-se, mas somente contra as coisas que o estorvam.² Ire-se, mas somente contra os que fazem de você um bruto. Cultive jnana (sabedoria) e visualize o Senhor nas coisas e nas atividades. Isso torna cada vez mais eficaz seu nascimento humano. Não vasculhe os erros dos outros, porque os outros são manifestações do Senhor, o qual você está buscando realizar. O que vê nos outros são os seus próprio erros.

Da mesma forma como a cauda de um girino, o ego se desprende, à medida que se cresce em sabedoria. Deve simplesmente cair, pois, se for cortada, o pobre girino morrerá. Assim, não se aborreça quanto a seu ego. Desenvolva sabedoria, cultive discernimento, conheça a natureza fugaz de todas as coisas objetivas e, então, a 'cauda' não sobreviverá."

¹ A vã pretensão de saciar a fome de prazer (kama) através da permissiva gratificação.
² Raiva e ira são aqui força de expressão para acentuar o quanto precisamos evitar as coisas e atividades que estorvam nosso caminho de retorna à 'casa do pai'.

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 99/100)


O FENÔMENO "HOMEM" (PARTE FINAL)

"(...) Ultimamente, causaram grande celeuma as obras do jesuíta francês Teilhard de Chardin, que traça o itinerário evolutivo do homem através das zonas que ele denomina hilosfera (matéria), biosfera (vida), noosfera (intelecto) rumo à logosfera (razão); o homem começou no 'ponto Alfa' e culminará no 'ponto Omega'. Muitos consideram esse paleontólogo como materialista, pelo fato de ver o início do homem na hyle (matéria); não compreenderam Teilhard de Chardin; a essência de todos os finitos é o Infinito, isto é, a Essência Divina, imanente em todas as existências, sem excluir a matéria. O que os materialistas chamam matéria são apenas os fenômenos perceptíveis dela; ninguém sabe o que é a matéria em sua essência invisível; e o X, a grande Incógnita, que nem os sentidos percebem nem a inteligência concebe. Esse X, o grande Além-de-fora, que é também o grande Além-de-dentro, é a essência Infinita. Se, pois, o Chardin deriva o homem da matéria, deriva-o do Infinito; a matéria é apenas um canal, mas não é a Fonte de onde o homem fluiu. Aliás, quem não vê o Infinito imanente em todos os Finitos, não compreenderá o Teilhard de Chardin, como não compreenderá a mensagem do Cristo, no Evangelho, quando diz: 'O Pai está em mim, e eu estou no Pai... O Pai também está em vós, e vós estais no Pai'. 

O homem veio do Infinito (creação), mas fluiu e flui ainda através de vários Finitos (evolução) - até, um dia, atingir o ponto culminante dos Finitos, o 'ponto Omega', o Cristo Cósmico.

Esse processo evolutivo do homem é possível, porque o seu livre-arbítrio o isenta da cadeia férrea da causalidade mecânica, da escravizante alodeterminismo da natureza infra-humana. O livre-arbítrio é uma causalidade dinâmica, uma autodeterminação espontânea, a onipotência dentro do homem, a qual, uma vez plenamente acordada, torna possíveis todas as coisas impossíveis no plano inferior, porque é a Verdade Libertadora." 

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 84/85


quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

SERENIDADE: A FONTE DO PODER

"Toda pessoa tem uma alma e um corpo. Iludido, identifica a alma com o corpo e, portanto, com todas as condições físicas. O corpo pode ser ferido, mudado e destruído; tem seus limites e não dura muito. Assim, a pessoa identificada com o corpo se julga vulnerável.

A alma, porém, de modo algum pode ser ferida, mudada ou destruída. A alma, feita à imagem do Espírito, é serena, eterna e imperturbável.

Em virtude dos desejos mundanos, a pessoa se identifica mais e mais com a debilidade do corpo, sempre temerosa da morte e das limitações. Se dirigir sua atenção para longe das barreiras corpóreas, causadoras da infelicidade, e meditar até a ilusão desaparecer, a alma se descobrirá imorredoura, abrigada na fortaleza da onipresença: inconquistável, imune aos efeitos da mudança vibratória enganadora. Toda pessoa deve lembrar-se de que é imortal, inacessível à mudança ou à extinção mesmo quando seu corpo parece afetado pela doença, pelos acidentes ou pela morte.

Concentrando-se na alma, a pessoa sufoca os desejos passageiros e encontra a liberdade perene.

Não importa quanto haja meditado, se ainda teme as doenças e a morte física por não ter reconhecido a imortalidade da alma, você evoluiu muito pouco e não conquistou quase nada. Precisará meditar mais profundamente até estabelecer uma comunhão estática com Deus e ir além das limitações do corpo. Durante a meditação, procure reconhecer que você está muito acima de quaisquer mudanças corporais - você é informe, onipresente, onisciente."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como Ter Coragem, Serenidade e Confiança - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 25/26)


O FENÔMENO "HOMEM" (3ª PARTE)

"(...) É necessário darmos ideia clara sobre a palavra 'potência' ou 'potencialidade', que se diz transformar-se em 'atualidade'. É equívoca e inexata essa expressão 'transformar'. A potência não é, a bem dizer, inerente ao veículo finito, mas sim à Vida Infinita, a qual se serve de certos veículos finitos para se manifestar (parcialmente) no plano dos efeitos individuais. O corpo unicelular da ameba não encerra a potência de crear o corpo pluricelular do molusco, do peixe, do mamífero, do homem. Essa potência é, na realidade, o Infinito, a Essência Imanifesta, a Vida Universal do Cosmos, que se revela (parcialmente) através de algum veículo e aparece como Existência Manifesta. Essa forma existencial da Essência varia de espécie a espécie, de grupo a grupo, de indivíduo a indivíduo.

Na espécia 'homem' encerrava essa forma existencial o mais alto grau de potencialidade, porque este veículo era de todos o mais idôneo. Se dermos ao mais perfeito dos minerais a potencialidade grau 5, ao mundo vegetal o grau 10, ao mundo animal o grau 20, teremos de admitir para a espécie hominal talvez a potência grau 100. Dizer que essa potência 100 estava 'contida' nas potências 20, 10, 5, é o mesmo que abolir a lógica e a matemática. O maior não está contido no menor. Mas é fato que a potência maior (100) se serviu das potências menores (20, 10, 5) como canais e veículos para atingir o 100. O 100, porém, veio do \infty (Infinito), assim como do mesmo Infinito fluíram todos os finitos, pequenos e grandes. Do  \infty veio não só o 100, mas também o 20, o 10 e o 5. 

A diferença não está no fato de terem os finitos vindo do Infinito, mas tão somente do modo como dele vieram, uns por caminhos mais curtos, outros por mais longos. O homem é de todas as creaturas a que está realizando jornada mais longa e diversificada - e ninguém sabe por onde o homem possa passar ainda em eras futuras...

A ciência provou a realidade desses canais condutores que veicularam o corpo hominal - não provou, todavia, que o homem tenha vindo do animal. Nunca um finito maior vem de um finito menor, embora possa vir através de finitos menores. Muitos dos nossos tratados de evolucionismo, e sobretudo certos compêndios colegiais, primam por uma estupenda falta de lógica, confundindo causa com condição, afirmando que o homem veio do animal, quando deviam dizer através do animal. E quando procuramos retificar esse erro, replicam-nos que estamos fazendo 'jogo de palavras', porque fazemos distinção entre de e através. A lógica é coisa raríssima, mesmo entre homens chamados cultos. (...)

Se o Infinito se dignou a manifestar-se através de finitos de todos os graus, mesmo o mais imperfeito, como o corpo unicelular de um protozoário primitivo, será indigno do homem finito o que é digno do Universo Infinito? Qualquer forma finita é digna do Infinito; se assim não fosse, não teria ela aparecido. (...)"

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 83/84)