OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


domingo, 8 de outubro de 2017

CARIDADE

"As ideias da Teosofia acerca da caridade significam esforço pessoal para os demais; compaixão e bondade pessoais; interesse pessoal no bem-estar e prosperidade dos que sofrem; previsão e ajuda pessoais em suas penas e necessidades. Os teósofos não acreditam na eficiência do sistema de dar dinheiro por intermediários; acreditam aumentar cem por cento o poder do dinheiro e sua eficácia pelo nosso contato e simpatia pessoais com os que o necessitam. Creem no alívio da alma tanto, se não mais, que aquele do estômago; porque o agradecimento promove maior bem naquele que o expressa que naquele que o fez sentir. Onde está o agradecimento que vossos milhões de libras esterlinas deveriam ter despertado ou os bons sentimentos provocados por eles? Por ventura no ódio que o pobre do East-End sente pelo rico? No aumento do partido da anarquia e da desordem ou nessas centenas de operárias, vítimas do sistema 'do suor' obrigadas a andar pelas ruas, diariamente, para ganhar o sustento? Acreditamos que um bom livro que oferece às pessoas matéria para pensar que fortalece e torna mais clara sua mente facilitando-lhes o entendimento de verdades sentidas de maneira vaga, porém sem que as pudessem formular, produz um bem real e substancial. 

Relativamente ao que chamais de atos práticos de caridade em favor de nossos semelhantes, fazemos o pouco que podemos, porém, como já disse, a maior parte de nossos irmãos é pobre e a Sociedade, por si mesma, não tem recursos suficientes para contratar gente dedicada a seu serviço. (...). Os poucos que reúnem condições de fazer o que se chama vulgarmente atos de caridade seguem os preceitos budistas e trabalham por si próprios, porém não por procuração ou subscrevendo publicamente a obras caritativas. O teósofo deve antes de mais nada esquecer sua personalidade." 

(H. P. Blavatsky - A Doutrina Teosófica - Ed. Hemus, São Paulo - p. 86/87)


sábado, 7 de outubro de 2017

O SACRIFÍCIO

"A Teosofia considera o sacrifício individual pelo bem de muitos como muito superior à abnegação por uma ideia sectária, como por exemplo a de 'salvar os pagãos da condenação'.

Em nossa opinião o Padre Damião (aquele jovem de trinta anos que sacrificou sua vida inteira para aliviar os sofrimentos dos leprosos de Molokai e que viveu durante dezoito anos sozinho com eles, sendo atacado pelo mal e morrendo) não se sacrificou inutilmente. Aliviou e proporcionou uma relativa felicidade a milhares de pobres desgraçados. Consolou-os mental e fisicamente, derramou um raio de luz na tenebrosa noite terrível de uma existência, cuja amargura não é comparável a nenhuma outra nos anais do sofrimento humano. Era um verdadeiro teósofo e sua memória viverá eternamente em nós. Consideramos esse pobre sacerdote belga incomensuravelmente mais elevado que, por exemplo, aqueles sinceros, porém insensatos e inúteis missionários que sacrificaram suas vidas nas ilhas dos mares do Sul ou na China. Que bem lograram fazer? Nas primeiras lidavam com seres ainda inaptos para a recepção de qualquer verdade e no segundo caso, tratava-se de uma nação cujos princípios de filosofia religiosa são tão elevados como quaisquer outros, se quisessem, aqueles que os possuem, seguir o modelo de Confúcio e outros sábios de sua raça. Morreram vítimas de canibais e de selvagens, ou do fanatismo e ódio populares; enquanto que se tivessem ido aos tugúrios de Whitechapel ou outra daquelas localidades que param e apodrecem sob o brilhante sol de nossa civilização, cheias de selvagens cristãos e de lepra mental, teriam podido executar um verdadeiro bem e ter conservado sua vida para uma causa melhor e mais digna.

Se dispuséssemos de meios para tanto, erigiríamos uma estátua do padre Damião, santo verdadeiro e prático, perpetuaríamos sua memória para sempre como exemplo vivo de heroísmo teosófico, de compaixão e autossacrifício budista e cristão...

Porém uma distinção deve ser estabelecida. Nenhum homem tem direito de deixar-se morrer de fome para que outro possa alimentar-se, a não ser que a vida deste último seja, de maneira evidente, de maior utilidade aos outros do que a sua. Porém é seu dever sacrificar seu próprio bem-estar e trabalhar pelos demais se estes são incapazes de fazê-lo. É seu dever dar tudo quanto tenha, completamente, se não tem serventia a ninguém além de si mesmo, no caso de guardá-lo egoisticamente. A Teosofia ensina a abnegação, porém não o autossacrifício impulsivo e inútil, nem justifica o fanatismo."

(H. P. Blavatsky - A Doutrina Teosófica - Ed. Hemus, São Paulo - p. 84/86)


sexta-feira, 6 de outubro de 2017

OS DEVERES

"O primeiro dos deveres teosóficos é o de cumprir o próprio dever para com todos os homens e principalmente com aquelas pessoas com as quais temos obrigações especiais, seja por tê-las assumido voluntariamente, como por exemplo os laços do matrimônio, seja por termos sido ligados a elas pelo destino, como as que devemos a nossos pais ou parentes. 

Deve-se reprimir e vencer ao seu inferior por intermédio do superior. Purificar-se interna e moralmente; não temer a ninguém nem a nada além do tribunal de sua própria consciência. Não fazer nada pela metade; isto é, quando se acredita fazer uma coisa boa, deve-se fazê-la aberta e francamente e se é má, apartar-se dela completamente. 'É dever de um teósofo aliviar sua carga pensando no sábio aforismo de Epitecto: Não te deixes apartar de teu dever por qualquer reflexão que possa fazer a teu respeito o néscio mundo, porque suas censuras não estão em teu poder e consequentemente não devem importar em nada...

Nenhum homem pode dizer que nada pode fazer pelos demais, sob nenhum pretexto. 'Cumprindo sua obrigação na ocasião conveniente, o homem pode tornar-se credor do mundo', disse um escritor inglês. Um jarro d'água oferecido a tempo ao viajante sedento é mais valioso e digno que uma dúzia de manjares oferecidos a pessoas que podem pagar por eles. Um homem que não sinta isso jamais será teósofo; poderá, entretanto, continuar sendo membro de nossa Sociedade. Não temos regras para obrigar um homem a ser um teósofo prático se este não deseja ser." 

(H. P. Blavatsky - A Doutrina Teosófica - Ed. Hemus, São Paulo - p. 83/84)


quinta-feira, 5 de outubro de 2017

O DEVER

"O dever é aquilo que se deve à Humanidade, a nossos semelhantes, a nossos vizinhos, à nossa família e especialmente o que devemos a todos aqueles que são mais pobres e desamparados que nós mesmos. Esta é uma dívida que não satisfeita durante a vida nos torna espiritualmente insolventes e cria um estado de quebra moral em nossa próxima encarnação. A Teosofia é a quintessência do dever... O que chamais 'deveres cristãos' foi inculcado por todos  os  grandes reformadores  morais e religiosos séculos antes da Era Cristã. Não se tratava antigamente de tudo o que era grande, generoso e heróico, sendo objeto, como hoje, de prédicas no púlpito e até mesmo por nações inteiras. A história budista está repleta dos atos mais nobres e mais heroicamente generosos. 'Sede todos uma só vontade; compadecei-vos uns dos outros: querei-vos como irmãos; sede misericordiosos, afáveis; não devolvei mal ao mal, ou injúria por injúria mas, sede bondosos'. Observaram praticamente esses preceitos os discípulos de Buda, alguns séculos antes de Pedro. A ética do Cristianismo é indubitavelmente grande, mas é também inegável que não é nova, e que nasceu do mesmo modo que os deveres pagãos... 

Os que praticam seu dever para com todos e somente pelo dever são poucos e ainda menor número é contado entre os que cumprem esse dever pelo contentamento de sua própria consciência... Formosa, para leitura e discussão, é a ética moderna, porém que são as palavras quando não se convertem em atos? Finalmente, se me perguntais de que modo compreendemos o dever teosófico posto em prática e relacionado com Karma, posso responder que nosso dever é o de beber, sem a mínima queixa, até a última gota de qualquer conteúdo que o destino nos ofereça na taça da vida; colher as rosas da vida tão somente pelo aroma que possam exalar para os outros e nos contentarmos tão somente com os espinhos se não podemos gozar daquele aroma sem privar dele um outro ser. 

Não se trata do que nós, membros da Sociedade Teosófica, fazemos - ainda que alguns de nós façam tudo quanto possam - mas sim de que a Teosofia nos leva mais longe no caminho do bem do que o faz o Cristianismo moderno. A ação esforçada e leal é o que digo, não a simples intenção e as palavras! Um homem pode ser o que quiser; o mais mundano egoísta e duro de todos os homens e até o maior canalha e isto não lhe impedirá de arrogar-se o nome de cristão, nem tampouco a um outro de considerá-lo como tal. Porém nenhum teósofo tem direito a esse nome se não está inteiramente imbuído do axioma de Carlyle: 'O objeto do homem é um ato e não um pensamento, ainda que este fosse o mais nobre' e se não amolda sua vida diária a esta verdade... 

A felicidade, ou melhor, a satisfação pode ser consequência para o cumprimento do dever, mas não é nem deve ser o motivo para isso."

(H. P. Blavatsky - A Doutrina Teosófica - Ed. Hemus, São Paulo - p. 82/83)


quarta-feira, 4 de outubro de 2017

ALMA E ESPÍRITO

"Platão define a alma (Buddhi) como 'o movimento capaz de mover a si próprio'. 'A alma, acrescenta (Leis, X), é a mais antiga das coisas e o princípio do movimento', chamando assim a Atma (Buddhi) de 'alma' e a Manas de 'Espírito', o que também é feito por nós. 

'A alma foi criada antes que o corpo e este é posterior e secundário, sendo, de acordo com natureza, governado pela alma. A alma que rege todas as coisas que se movem em todas as direções, rege igualmente os céus. A alma, consequentemente, governa as coisas no céu e na terra, bem como no mar, por seus movimentos cujos nomes são: querer, considerar, vigiar, consultar, opinar justa ou erroneamente, ter alegria, confiança, medo, ódio, amor, juntamente com todos os movimentos primitivos unidos a estes. Sendo uma deusa, tem sempre a Noûs, um deus, como aliado e ordena as coisas de forma correta e feliz; porém, quando se une a Annóia (negação de Noûs) trabalha sempre em sentido oposto nas coisas.' 

Nesta linguagem, bem como nos textos budistas considera-se o negativo como existência essencial. O aniquilamento é explicado de uma forma semelhante. O estado positivo é o ser essencial, porém não a manifestação como tal. Em linguagem budista quando o espírito entra no Nirvana perde a existência objetiva, porém conserva o ser subjetivo. 

Em sua dedução filosófica 'acerca dos sonhos', Aristóteles expõe com a maior clareza esta doutrina da alma dupla, ou seja, alma e espírito. 'É preciso que averiguemos em que porção da alma aparecem os sonhos', diz ele. Todos os antigos gregos acreditavam que no homem existia não uma alma dupla, mas sim tripla. E encontramos também a Homero designando por thumos à alma astral ou alma animal chamada 'espírito" por Draper e à divina: noûs, nome pelo qual também é denominado, por Platão, o espírito mais elevado. 

Os jainistas acreditam que a alma, à qual dão o nome de Jiva, tenha sido unida desde a eternidade a dois corpos etéreos e sublimados, um dos quais é invariável e formado dos poderes divinos da alma mais elevada; o outro variável e composto das mais grosseiras paixões do homem, de suas afecções sensuais e atributos terrestres. Quando a alma foi purificada depois da morte une-se a seu Vaycarica ou espírito divino e converte-se num deus. Os partidários dos Vedas, os sábios Brâmanes expõem a mesma doutrina nos Vedanta. A alma, segundo seus ensinamentos, como uma parte do divino espírito universal ou inteligência é capaz de se unir com a essência de sua Entidade mais elevada. 

Este ensinamento é explícito, os Vedanta afirmam que todo aquele que lograr conhecimento completo de seu deus se converte em deus, ainda que permaneça em seu corpo mortal, e adquire poder sobre todas coisas. Citando da teologia védica o verso que diz: 'Verdadeiramente existe apenas uma Divindade, o Espírito Supremo, ele é da mesma natureza que a alma do homem', Draper mostra como as doutrinas budistas chegaram à Europa Oriental através de Aristóteles. Consideramos esta afirmativa pouco digna de crédito, posto que Pitágoras e depois dele, Platão, ensinaram-nas muito anteriormente a Aristóteles. Se posteriormente os últimos platônicos admitiram em sua dialética os argumentos aristotélicos acerca da emanação foi unicamente porque suas opiniões coincidiam em alguns pontos com aquelas dos filósofos orientais."

(H. P. Blavatsky - A Doutrina Teosófica - Ed. Hemus, São Paulo - p. 49/51)