OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sexta-feira, 26 de julho de 2013

A VERDADEIRA VIDA DO HOMEM É PAZ EM IDENTIDADE COM O SUPREMO ESPÍRITO

"Ninguém age corretamente ao abandonar o cumprimento dos inequívocos deveres da vida, baseados no mandamento Divino. Aquele que cumpre seus deveres por pensar que se eles não forem cumpridos algum malefício lhe sobrevirá, ou que o seu cumprimento removerá dificuldades do seu caminho, trabalha pelos resultados. Os deveres devem ser cumpridos simplesmente por terem sido mandados por Deus, que pode a qualquer momento ordenar que se lhes abandone. Enquanto não tivermos reduzido a inquietação da nossa natureza à tranquilidade, teremos de trabalhar, consagrando à Deidade todos os frutos de nossa ação e atribuindo-Lhe o poder de executar as tarefas corretamente. A verdadeira vida do homem é paz em identidade com o Supremo Espírito.

Esta vida não é trazida à existência por qualquer ato nosso, é uma realidade, ‘a verdade’, e é completamente independente de nós. A compreensão da irrealidade de tudo que parece se opor a esta verdade é uma nova consciência e não uma ação. A libertação do homem não está de modo algum relacionada às suas ações. Na medida em que as ações promovem a compreensão de nossa total inabilidade para emancipar a nós mesmos da existência condicionada, elas são úteis; após a compreensão desse estágio, as ações se tornam mais obstáculos do que auxílio. Àqueles que trabalham em obediência aos mandamentos Divinos, sabendo que o poder para assim trabalhar é um dom de Deus, e que não é uma parte da natureza autoconsciente do homem, alcançam a liberdade em relação à necessidade de ação. E então o coração puro é preenchido pela verdade, e é percebida a identidade com a Deidade. O homem tem de primeiramente se livrar da ideia de que ele realmente faz alguma coisa, sabendo que todas as ações ocorrem nas ‘três qualidades da natureza’ e de modo algum na alma.

Então ele tem de estabelecer todas as suas ações na devoção. Isto é, sacrificar todas as suas ações ao Supremo e não a si mesmo. Ou ele próprio se arvora no Deus a quem são consagrados os seus sacrifícios, ou os consagra ao outro verdadeiro Deus – Ishvara; e todos os seus atos e aspirações são dedicados ou para si mesmo ou para o Todo. Aqui se evidencia a importância do motivo. Pois se ele realiza grandes obras de valor, ou de benefício para a Humanidade, ou adquire conhecimento para poder dar assistência a seu próximo, e é movido a isso meramente porque pensa que assim alcançará a salvação, ele está agindo apenas para seu próprio benefício, e está portanto consagrando sacrifícios para si mesmo. Desta forma, ele tem de devotar-se internamente ao Todo; sabendo que ele próprio não é o agente das ações, mas a mera testemunha delas. Desde que está em um corpo mortal, ele é afetado por dúvidas que irão brotar repentinamente. Quando elas de fato surgem, é porque ele ignora algo. Ele deve para tanto ser capaz de dispersar a dúvida ‘pela espada do conhecimento.’ Porque se ele dispõe de uma resposta pronta para alguma dúvida, nesta mesma proporção ele a dissipará. Todas as dúvidas vêm da natureza inferior, e jamais em qualquer caso da natureza superior. Por isso à medida que ele cresce em devoção é capaz de perceber cada vez mais claramente o conhecimento que reside em sua natureza Sattvica (bondade). Pois está dito: ‘Um homem que seja perfeito em devoção (ou que persiste em seu cultivo) espontaneamente descobre o conhecimento espiritual em si mesmo com o passar do tempo’. E também: ‘Um homem com a mente cheia de dúvidas não desfruta nem deste mundo nem do outro (o mundo dos Devas), nem da beatitude final.’ A última frase é para destruir a ideia de que se há em nós esse Eu Superior ele irá, mesmo se formos indolentes e cheios de dúvidas, triunfar sobre a necessidade de conhecimento, conduzindo-nos à beatitude final junto com o fluxo evolutivo de toda a Humanidade.

A verdadeira oração é a contemplação de todas as coisas sagradas, em sua aplicação a nós mesmos, às nossas vidas e ações diárias, acompanhada do mais pujante e intenso desejo de tornar sua influência mais forte e as nossas vidas melhores e mais nobres, de modo que algum conhecimento delas nos possa ser concedido. Todos esses pensamentos têm de estar intimamente ligados à consciência da Essência Suprema e Divina da qual todas as coisas se originaram."

(H. P. Blavatsky - Ocultismo Prático - Ed. Teosófica, Brasília - p. 57/66)


quinta-feira, 25 de julho de 2013

EU REVELO OS MEUS MISTÉRIOS ÀQUELES QUE SÃO IDÔNEOS PARA OUVI-LOS

"Eu revelo os meus mistérios àqueles que são idôneos para ouvi-los. O que tua mão direita faz não o saiba a tua mão esquerda. 

Palavras como estas, em formas várias, vão através de todos os livros sacros da humanidade, do Oriente e do Ocidente. A Bhagavad Gita diz: "Quando o discípulo está pronto, então o Mestre aparece". A prontidão do discípulo não é a causa da vinda do Mestre, mas é a condição predisponente para seu aparecimento. 

A lei de causa e efeito governa todo o mundo da física; mas na metafísica não funciona essa lei. No mundo espiritual as coisas acontecem livremente, embora não arbitrariamente. Também o mundo metafísico é regido pela lei, mas uma lei superior que a inteligência analítica do homem profano não pode compreender. O mundo superior é governado pela graça e não pela causa. A causalidade escraviza, a graça liberta. 

Através de séculos, tem-se discutido sobre o mistério da graça. O que acontece pela graça, ou de graça, não obedece à lei de causa e efeito. Nem um homem pode merecer (ou causar) a graça; se assim fosse, não seria graça. Por outro lado, porém, os dons divinos não são dados arbitrariamente a qualquer homem, o que seria o domínio do caos. Gratuitamente, sim - arbitrariamente, não. 

Quando o homem ultrapassa o limite estreito da análise intelectual e entra na vasta zona de intuição espiritual, então compreende ele o mistério da graça, equidistante de causalidade e arbitrariedade. Compreende esse mistério, mas não o pode analisar. A palavra grega analyein, de que fizemos "analisar", quer dizer literalmente "dissolver". Quem analisa, dissolve, destrói. Quem analisa uma rosa no laboratório, não tem mais um rosa, porque a análise a dissolveu, destruiu. E, ainda que o cientista recomponha os seus componentes decompostos, o composto resultante não é a rosa; falta-lhe o principal, a alma ou vida, que o cientista analítico não pode analisar nem reconstruir. 

Para inteligir a rosa basta analisá-la - mas para compreendê-la é necessário intuí-la sem a analisar. Análise se refere às partes, a intuição visa ao Todo. Para compreender os mistérios de Deus e do Cristo, é necessário intuir, em silenciosa auscultação. Pode a análise intelectual preceder, pode mesmo chegar à sua penúltima etapa, mas nunca chegará à última meta da verdadeira compreensão intuitiva."

(O Quinto Evangelho - A Mensagem do Cristo - Tradução e comentários: Huberto Rohden - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 89/90)


A PERSEVERANÇA E O DESAPEGO (PARTE FINAL)

"(...) O Gênesis traz a mesma lição, embora com palavras diferentes: 'Instável como a água tu não vencerás.' A impaciência é um obstáculo no caminho. Queremos resultados rápidos para os esforços espirituais. Como a galinha, reviramos os ovos e os destruímos. Como um jardineiro impaciente, cavamos as raízes das plantas, para termos certeza de que elas se aprofundaram.

Em Aos Pés do Mestre, Krishnamurti lembra a importância da objetividade em nossa conduta: 'Nenhuma tentação, nenhum prazer mundano, nenhuma afeição mundana deverá jamais te pôr de lado. Pois tu mesmo deves tornar-te um com o caminho.' Krishnamurti também aconselhou: 'Mantém-te vivo, consciente, e não deixes que nada sufoque a chama. Não deixes um simples pensamento sequer escapar sem observares de onde veio, seus motivos e significação. Mantém-te acordado.'

O ditado 'pedra que rola não cria limo' também pode ser interpretado de maneira completamente diferente, num outro contexto. O limo numa pedra pode ser um estorvo. Ele faz a pedra parecer musgosa e suja, pois uma pedra limpa, clara e brilhante é mais agradável ao olhar.  

A pedra fica cheio de limo quando permanece apegada a um lugar. O mesmo se aplica a nós. Quando permitimos que o apego a pessoas, coisas e sensações prevaleça, a mente fica contaminada pelo limo dos pensamentos e das memórias, que passam a governar nossa vida. As percepções se turvam, tornam-se estreitas e limitadas. Em A Voz do Silêncio, Blavatsky recomenda: 'Luta com teus pensamentos impuros antes que eles ganhem poder sobre ti, (...) pois se lhes deres folga e eles crescerem e tomarem raiz, o sobrepujarão a ti e te matarão.' Nessa interpretação, rolar tem um sentido de desapego. 'Os sábios não se demoram nos jardins das delícias dos sentidos', como afirmou Krishnamurti. 

Uma pessoa bem estabelecida no caminho da santidade é chamada parivrajaka (andarilho), no saber religioso hindu. Os budistas também o chamam de sotapanna, 'aquele que entrou na corrente'. Uma pedrinha no leito do rio vai rolando na rápida corrente, não cria limo e gradualmente se torna mais lisa, limpa e menor, até que finalmente se funde à areia indiferenciada e brilhante."

(Surendra Narayan - Revista Sophia nº 7 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 13)


quarta-feira, 24 de julho de 2013

QUE DEVEMOS FAZER COM OS JOVENS PARA CORRIGIR SEU CARÁTER E COMPORTAMENTO?

"Uma criança, com certeza, tocará uma lâmpada quente até queimar. Os jovens não têm equilíbrio. Eles também querem resultados imediatos. Por exemplo: ontem tivemos um casamento aqui. O jovem queria um filho imediatamente; não queria esperar nove meses. O guru (assim denominado) aparece e os jovens correm em bandos para perto dele, esperando uma rápida autorrealização. Mas, uma vez desapontados, vão-se embora e, no processo, ganham alguma prudência e paciência. 

Uma história curta: Um jovem, cujos pais eram muito pobres, se graduou, principalmente porque os professores estavam cansados de vê-lo reprovado nos exames. Seus pais ficaram orgulhosos e disseram: "Nós encontraremos uma esposa para você." O rapaz respondeu: "Eu aceitarei somente uma noiva que tenha curso universitário, pois eu tenho um diploma universitário." A mãe respondeu: "Nós não podemos pagar empregados para uma jovem que só sairá de seu quarto às 9 horas da manhã. Nós necessitamos de uma esposa que ajude nos trabalhos da casa." O filho replicou: "São as minhas necessidades que importam, não as suas. Façam como desejo, ou eu irei embora." Os pais capitularam e conseguiram a esposa desejada. O jovem contou aos amigos: "Eu agora sou a própria felicidade." Três dias depois, ele disse à esposa: "Querida, levante agora e faça um café para mim." Ela lhe respondeu: "Meu querido, eu sou uma bacharel como você. Por favor, levante e traga o café para mim!" Então, o jovem proclamou para todos que a vida se havia tornado negra e tudo era infelicidade e miséria total. Em apenas 3 dias, ele passou da total felicidade para a total miséria. 

Esse comportamento dos jovens é típico, porque eles não foram ensinados a respeitar e reverenciar seus pais. Seu comportamento na direção espiritual é similar. Como pode haver qualquer luz espiritual sem que o interior esteja limpo! E o trabalho interior é indagação silenciosa e discernimento. Depois que o interior estiver limpo, as disciplinas exteriores podem ter algum valor."

(J.S. Hislop - Conversações com Sathya Sai Baba - Fundação Bhagavan Sri Sathya Sai Baba do Brasil - p. 47)


A PERSEVERANÇA E O DESAPEGO (1ª PARTE)

"'Pedra que rola não cria limo' é um velho ditado que ouvimos desde criança. Quer dizer que uma pessoa inquieta, que está sempre mudando, não prospera nem vence na vida. 

É comum usá-lo para alertar os jovens contra a troca de curso - de artes para ciências ou mesmo de física para biologia. Se alguém está interessado em esportes, é alertado contra mudar de voleibol para basquete e em seguida para futebol. Se alguém troca de carreira com muito frequência - de direito para jornalismo e depois gerente de restaurante - a analogia de pedra que rola também vem a calhar.  

A moral desse ditado, porém, tem implicações muito mais amplas. No caminho espiritual alguém pode se sentir tentado a mudar de jnana yoga para mantra yoga e depois para hatha yoga; assim, progride pouco. Ou pode viajar por todos os continentes, numa busca sem fim por sábios e gurus, sem conseguir proveito algum. Do mesmo modo, a pessoa que busca a verdade pode se distrair com o transcorrer da vida. Ela pode dar ouvidos a ilusões, permanecer estagnada ou até andar para trás. Foi por isso que Buda, em um dos últimos sermões a seus discípulos, disse: 'Buscai aquilo que é permanente e exercitai vossa salvação com diligência.'

Sem diligência, ou seja, sem constante esforço e atenção, não se pode crescer na compreensão correta; pedra que rola não cria limo. 'Um caminho com muitas paradas não permite chegar rápido ao final da linha', como um dos Mahatmas avisou a Sinnet, em suas cartas. (Cartas dos Mahatmas para A. P. Sinnett, Ed. Teosófica.)

No livro Footprints of Gautama Budha, Marie Byle conta uma interessante história. Um monge estava tendo problemas com seu progresso espiritual; frequentemente voltava 'à vida superficial da Terra, embora ainda estivesse usando o manto amarelo'. Desanimado, procurou Buda, que logo compreendeu a causa do problema e apontou para uma galinha numa moita. Havia dez ovos no ninho, mas nenhum pintinho. A galinha andava de lá para cá, em vez de chocar os ovos. Mesmo quando chocava, revirava-os com os pés, esperando que rachassem e alguns biquinhos aparecessem. Porém, não tinha sucesso.

Buda disse: 'Aquela galinha queria muito os filhotes, mas ela não os deixou nascer porque não chocou os ovos. O monge que tanto deseja a libertação dos desejos e o alcance da imortalidade não chegará à sua meta cobiçando-a. As coisas não vêm pelo desejo. Devemos deixá-las acontecer'. (...)"

(Surendra Narayan Revista Sophia nº 7 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 12/13)