OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


quinta-feira, 31 de julho de 2025

FÉ E OBRAS

"'A fé se não tiver obras, é morta em si mesma. TIAGO 2:l7

Imaginemos o mundo transformado num templo vasto, respeitável sem dúvida, mas plenamente superlotado de criaturas em perene adoração ao Céu.

Por dentro, a fé reinando sublime: Orações primorosas...

Discursos admiráveis... Louvores e cânticos...

Mas, por fora, o trabalho esquecido: Campos ao desamparo...

Enxadas ao abandono... Lareiras em cinza...

De que teria valido a exaltação exclusiva da fé, senão para estender a morte no mundo que o SENHOR nos confiou para a glória da vida ?

Não te creias, desse modo, em comunhão com a Divina Majestade, simplesmente porque te faças cuidadoso no culto externo da religião a que te afeiçoas.

Conhecimento nobre exige atividade nobre.

Elevação espiritual é também dever de servir ao Eterno Pai na pessoa dos semelhantes.

É por isso que fé e obras se completam no sistema de nossas relações com a vida superior.

Prece e trabalho.

Santuário e oficina.

Cultura e caridade.

Ideal e realização.

Nesse sentido, Jesus é o nosso exemplo indiscutível.

Não se limitou o Senhor a simples glorificação de DEUS nos Paços Divinos, quanto à edificação dos homens. Por amor infinitamente a Deus, na Sublime Tarefa que lhe foi cometida, desceu à esfera dos homens e entregou-se à obra do Amor infatigável, levantando-nos da sombra terrestre para a Luz Espiritual."

Extraído do livro "Palavras de Vida Eterna", de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel, http://livroespirita.4shared.com/, p.10.
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terça-feira, 29 de julho de 2025

A ALEGRIA

"A alegria é uma flor delicada demais para desabrochar na atmosfera poluída da mente mundana, que persegue a felicidade no dinheiro e nas posses. A alegria fenece também quando as pessoas a regam de maneira inadequada, impondo condições à felicidade e dizendo a si mesmas: 'Não serei realmente feliz enquanto não comprar este carro (ou roupa, ou casa, ou pacote de férias na praia)!' Os materialistas, por mais desesperadamente que persigam a borboleta da felicidade, nunca a apanham. Ainda que tivessem tudo não estariam satisfeitos, e a felicidade continuaria fugindo deles.

Por outro lado, a felicidade brota de maneira espontânea no coração daqueles que são interiormente livres. Flui com naturalidade, à semelhança da fonte da montanha após as chuvas de abril, nas mentes acostumadas a um modo de vida simples e que, por vontade própria, renunciaram ao tumulto das chamadas 'necessidades' vãs o castelo dos sonhos de um espírito conturbado.

Quando desistimos da ambição mundana para procurar a paz dentro de nós mesmos, às vezes sentimos no começo uma certa nostalgia dos antigos hábitos. Acostumados aos negócios materiais, a simplicidade pode de quando em quando perturbar-nos, como coisa seca e sem atrativos.

Aos poucos, porém, se perseverarmos, criaremos o hábito do mundo interior e descobriremos uma felicidade bem maior na suficiência espiritual. Começaremos a apreciar mais e mais profundamente o significado da verdadeira bem-aventurança.

Do mesmo modo, podemos ter uma sensação passageira de perda após falhar em nossos negócios. Então a vida, a princípio, parecerá destituída da relva da esperança. Se, no entanto, após vaguear durante algum tempo por esse deserto, começarmos a encarar nossas circunstâncias corajosamente, concluiremos que a vida não mudou em sua essência e que os acontecimentos só foram definidos como fracasso por nossa imaginação. Evocaremos momentos felizes: por exemplo, os deleites singelos da infância. Súbito, compreenderemos que o contentamento íntimo é a única e exclusiva definição válida de sucesso e, de maneira igualmente maravilhosa, que o contentamento é a única coisa na vida que não podemos perder!

Em qualquer caso, a secura da perda, do fracasso e do desapontamento aparentes pode ser levada a reverdecer como o deserto após uma chuva copiosa. Novas searas verdejantes de paz brotam de súbito nas mentes que buscam o repouso. Então a alma conhece uma felicidade mais preciosa que o maior sucesso assegurado pelos empreendimentos materiais.

Se você, caro leitor, tiver de escorregar ou despencar na ladeira do sucesso, para se ver abandonado pela riqueza e o prestígio, e coagido a viver em humildes circunstâncias - não se lamente. Antes, acolha bem a nova aventura que a vida coloca em seu caminho.

Se os seus sonhos forem mentirosos e o arruinarem, adapte-se corajosamente à nova situação. Na simplicidade você encontrará - embora talvez nunca a tenha procurado ali! - a doce bem-aventurança por que seu coração sempre suspirou.

A vida lhe dará mais do que você porventura haja sonhado se apenas procurar definir a prosperidade a uma nova luz: não como ganho material, mas como contentamento íntimo, divino."

Paramhansa Yogananda, Como Ser Feliz o Tempo Todo, Ed. Pensamento-Cultrix, São Paulo, SP, 2008, p. 65/67. 
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quinta-feira, 24 de julho de 2025

EVITANDO A TENTAÇÃO

Vigiai e orai para não entrardes em tentação”. JESUS (MARCOS, 14:38.)

Vigiar não quer dizer apenas guardar. Significa também precaver-se e cuidar. E quem diz cuidar, afirma igualmente trabalhar e defender-se.

Orar, a seu turno, não exprime somente adorar e aquietar-se, mas, acima de tudo, comungar com o Poder Divino, que é crescimento incessante para a luz, e com o Divino Amor, que é serviço infatigável no bem.

Tudo o que repousa em excesso é relegado pela Natureza à inutilidade.

O tesouro escondido transforma-se em cadeia de usura.

A água estagnada cria larvas de insetos patogênicos.

Não te admitas na atitude de vigilância e oração, fugindo à luta com que a Terra te desafia.

Inteligência parada e mãos paradas impõem paralisia ao coração que, da inércia, cai na cegueira.

Vibra com a vida que escoa, sublime, ao redor de ti, e trabalha infatigavelmente, dilatando as fronteiras do bem, aprendendo e ajudando aos outros em teu próprio favor.

Essa é a mais alta fórmula de vigiar e orar para não cairmos em tentação."

Extraído do livro "Palavras de Vida Eterna", de Francisco Cândido Xavier, pelo Espírito Emmanuel, http://livroespirita.4shared.com/, p.8.
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terça-feira, 22 de julho de 2025

HUMILDADE, PERCEPÇÃO E SINCERIDADE

"Ate que um homem descubra o que ele é e, com toda sinceridade, comece a tentar se refazer, é improvável que faça muito progresso no Caminho ou seja muito útil a humanidade. O primeiro passo consiste no reconhecimento de sua própria falta de dignidade. O próximo, consiste em uma determinação de continuar, apesar disso e, o terceiro, em um esforço varonil e inabalável de se modificar. A satisfação pessoal é uma imensa barreira, tanto para o desenvolvimento oculto quanto para a utilidade oculta. Humildade, sinceridade e uma visão clara de si mesmo esses são três elementos essenciais para o sucesso. Quase todos os fracassos ocorreram porque, no início, essas várias condições não foram cumpridas de forma suficiente, especialmente a humildade, cuja ausência causou mais quedas do que todos os vícios juntos.

A sinceridade absoluta e completa é uma virtude muito rara. Muito poucos a possuem. Em algum lugar, sob a pele da maioria das pessoas. há uma veia de egoísmo, de desejo de recompensa. Onde isso existe, a sinceridade absoluta é impossível. Juntamente com a sinceridade está a unicidade de coração e de propósito. Isso também é extremamente raro. No mundo exterior, o conselho é que não é prudente colocar todos os ovos na mesma cesta. No Ocultismo, a dificuldade do neófito geralmente e a pequenez dos ovos e a insuficiência do número deles. A maioria das pessoas tem muito pouco para oferecer, especialmente no começo.

Honestidade, retidão austera, é outra qualidade básica essencial para o sucesso no Ocultismo. Tentações para desonestidade, especialmente nos assuntos mais sutis da vida interior, colocam constantemente em risco a integridade da alma, seu bem mais valioso. Sem integridade, que significa 'expressar a verdade por toda a natureza', nenhum progresso seguro é possível.

Progresso no caminho e um trabalho teosófico ativo são sinônimos Eles realmente são assim. O apoio à Sociedade Teosófica é uma das maneiras mais seguras de conquistar o interesse e a boa vontade pessoal dos Mestres e de seus Chefes. Um trabalhador bem-sucedido da Sociedade Teosófica é um indivíduo raro em um mundo moderno de interesse próprio, busca de favores e orgulho ilimitado. Humilde, sincero, quieto, sábio e imerso na Sabedoria Antiga, o verdadeiro teósofo é realmente um ser humano único e valioso.

É um fato triste que deve ser encarado, que o homem se recusa deliberadamente a ser ensinado por aqueles que são mais sábios do que ele ou, na melhor das hipóteses, apenas faz de conta que segue as orientações dos fundadores das religiões e das verdades que ensinam. E triste constatar, portanto, que a humanidade deve aprender suas mais elevadas lições por meio da operação da lei cármica.

O amor - em sua mais elevada, mais ampla e grandiosa interpretação e expressão é a panaceia para todos os males humanos, o único ideal sobre o qual pode ser estabelecida uma vida ou uma civilização que será feliz e que perdurará."

Geoffrey Hodson, A Vida do Iniciado, Ed. Teosófica, Brasília, DF, 2021, p. 52/54.
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quinta-feira, 17 de julho de 2025

A INTUIÇÃO DESENVOLVE A VERDADEIRA PERSONALIDADE

"A intuição da alma é uma faculdade de Deus. Ele não tem boca, mas sabe o gosto de tudo. Não tem mãos nem pés, no entanto sente o universo inteiro. Como? Por intuição, por Sua onipresença.

Normalmente, o homem se utiliza dos sentidos para obter informação sobre si mesmo e sobre o mundo em que vive. A mente nada sabe, exceto o que os cinco sentidos lhe dizem. Mas o super homem confia na intuição, seu 'sexto sentido', para adquirir conhecimento. A intuição não depende dos sentidos ou do poder da inferência para obter dados. Por exemplo, você tem certeza de que certa coisa vai acontecer e acontece, exatamente como previu. Todos provavelmente já tiveram uma experiência assim. Como sabiam, sem qualquer dado inferencial ou sensório? Esse conhecimento direto é o poder intuitivo da alma.

O antigo sábio indiano Patanjali diz que a autoridade das escrituras não é, por si só, prova da verdade. Como, então, se pode saber se a Bíblia e o Gita são verdadeiros? Os dados transmitidos pelos sentidos e pelo poder de inferência não fornecem a prova definitiva. A verdade, em última instância, só é compreendida ou 'provada' pela intuição, pela percepção da alma.

A verdadeira personalidade começa a desenvolver-se quando você consegue sentir, pela intuição profunda, que não é o corpo só lido e, sim, a corrente divina e eterna da Vida e da Consciência dentro do corpo. Foi assim que Jesus pôde caminhar sobre as águas. Ele sabia que tudo se compõe da consciência de Deus.

A personalidade humana pode ser transformada em personalidade divina. Expulse a consciência de que você é um amontoado de carne e ossos. Todas as noites, Deus o faz esquecer essa ilusão. Porém, assim que você acorda, volta às aparentes limitações do corpo."

Paramahansa Yogananda, A Eterna Busca do Homem, Self-Realization Fellowship, p.150.
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terça-feira, 15 de julho de 2025

IRRESPONSABILIDADE

"O indivíduo que não aceita a responsabilidade por seus atos e, constantemente, cria álibis e recorre a dissimulações, culpando os outros, é denominado imaturo.

Nosso modo de pensar atrai nossas experiências, pois pensar é um contínuo ato de escolher. Evitar não pensar é também uma escolha; portanto, somos nós que fabricamos as fibras que confeccionarão a textura da nossa existência.

Quando selecionamos um determinado comportamento, cujo resultado é possível prever, estamos também escolhendo esse mesmo resultado e, obviamente, devemos aceitar a responsabilidade de tal fato.

Somos responsáveis pela maneira como nos relacionamos com as pessoas, isto é, cônjuges, filhos, parentes, amigos e conhecidos, porque, certamente, ninguém nos obriga a agir desta ou daquela forma, mas, se assim acontecer, é porque nós mesmos cedemos diante da exigência dos outros.

Considerando que nossas atitudes são como grãos de areia, repetindo-as, com certa regularidade, criaremos pequenos montes. Tudo se inicia com diminutos grãos de areia. Inicialmente, formam uma colina, logo depois, um morro e, com a constante repetição dessas mesmas atitudes, erguem-se enormes montanhas e, finalmente, uma cordilheira.

Somos responsáveis por tudo o que experimentamos em nós mesmos; enfim, criamos nossa própria realidade.

'Pode o homem, pela sua vontade e por seus atos, fazer que não se deem acontecimentos que deveriam verificar-se e reciprocamente? Pode-o, se essa aparente mudança na ordem dos fatos tiver cabimento na sequência da vida que ele escolheu..."

Assim sendo, os Espíritos Sábios afirmam que a mudança de nosso destino somente ocorre quando, realmente, assumimos a responsabilidade por nossa vida, usando de determinação e vontade. Essa transformação, entretanto, não é realizada de um momento para o outro, ou mesmo, não se trata de um simples querer caprichoso; em verdade, é o produto de uma sequência de escolhas ao longo de inumeráveis experiências e acontecimentos.

O indivíduo que não aceita a responsabilidade por seus atos e, constantemente, cria álibis e recorre a dissimulações, culpando os outros, é denominado imaturo.

O homem adulto se caracteriza pelo fato de que ele próprio delimita seu código de conduta moral, já alcançou um certo grau de independência interior e faz seus julgamentos baseado em sua autonomia.

Os amadurecidos atingiram um bom nível de relacionamento consigo mesmos e, consequentemente, com os outros; por isso, resolvem facilmente tanto os conflitos internos como os externos. Dessa maneira, assumem as responsabilidades que lhes competem e estão despertos para a realidade.

A fase primordial da vida se inicia na total inconsciência e, a partir de então, o princípio inteligente progride de maneira gradativa e constante rumo a uma cada vez maior consciência de si, isto é, à crescente iluminação de suas faculdades e atividades íntimas. As criaturas começam a notar primeiramente os princípios que lhes parecem vir de fora e, depois, no decorrer de seu progresso espiritual, percebem que tudo se encontra em sua intimidade. Não é o mundo que se transforma; o que acontece é que elas mudam de níveis de consciência, alterando o mundo em si mesmas.

Em virtude disso, o emérito pensador e escritor espírita Léon Denis resumiu e estruturou, de modo coerente e homogêneo, que o psiquismo dorme no mineral, sonha no vegetal, sente no animal, pensa no hominal e, por fim, atinge vasta habilidade intuitiva na fase angelical, dando prosseguimento a seu processo evolutivo pelo universo infinito.

A proposta do 'despertar' das almas é antiquíssima e é encontrada em diversas passagens do Novo Testamento. O apóstolo Paulo, o incomparável divulgador da Boa Nova, escrevendo aos Efésios, no capítulo V, versículo 14, assim se reporta: 'Desperta, tu que dormes, e levanta-te dentre os mortos...'

Despertar, entretanto, é condição inadiável para que atinjamos as verdades transcendentes, reavivando em nós a consciência para os objetivos essenciais da eternidade.

Todos os esforços da criatura servem a um único objetivo: torná-la mais consciente, isto é, ampliar o seu próprio modo de ver as coisas. Não nos esqueçamos, pois, de que a evolução de nossas almas nada cria de novo; o que ela faz é melhorar, progressivamente, nossa visão sobre aquilo que sempre existiu.

Sobre essa questão, os Espíritos Superiores asseveram, com muita sabedoria, que a alteração no rumo dos acontecimentos, provocada pelo homem, pode dar-se "... se essa aparente mudança na ordem dos fatos tiver cabimento na sequência da vida que ele escolheu...". Portanto, não poderá haver maturidade vivencial sem que o indivíduo se conscientize plenamente de seu livre-arbítrio e de que tudo o que sofre, goza, percebe e experimenta nada mais é do que o reflexo de si mesmo."

Extraído do livro "As dores da alma", de Francisco do Espírito Santo Neto, pelo espírito Hammed, Boa Nova, editora e distribuidora de livros espíritas, 1998, p. 41/43.                                                                  Imagem: Pinterest


quinta-feira, 10 de julho de 2025

LUXÚRIA

"(...). O tipo de Amor mais frequentemente responsável pelo sentimento de Ciúme é aquele mais bem denominado de Luxúria. Para naturezas refinadas provavelmente seria, à primeira vista, inadmissível e impróprio chamar Luxúria de um tipo de Amor. Ainda assim há algo em comum entre eles. Associações posteriores e ruins, e consequências naturais e inevitáveis, deram atualmente à Luxúria uma conotação realmente má. Que nem sempre foi assim é aparente no uso da expressão 'Lusty Youth'¹, que significa apenas vigor físico e capacidade para Amor físico, sem qualquer sentido depreciativo.

Como Amor geralmente é o desejo de união por troca e igualdade, assim Luxúria é o desejo por união por troca e igualdade apenas no eu ou corpo físico, preeminentemente.

Como casamentos baseados somente na Luxúria apenas levam invariavelmente à exaustão e saciedade da natureza física em um tempo mais ou menos curto, e, não tendo sido cultivados os eus mentais e espirituais mais elevados, as formas mais elevadas do Amor que duram por longas eras de tempo permanecem impossíveis, infelicidade é a consequência lógica de tais casamentos, e muito mais de uniões que não foram santificadas pelas formalidades do casamento formalidades que têm no mínimo uma sombra de religião e espiritualidade sobre eles.

Parece então que as consequências más da Luxúria, as resultantes saciedade, exaustão, cansaço, tristeza e infelicidade, a tornam má; de outra maneira ela não seria má; de outra maneira a sua consanguinidade com o Amor adequado seria indiscutível. É o mesmo com outros estados mentais aos quais a palavra Amor é ainda menos hesitantemente aplicada pela humanidade. Nós lemos que Romanos e outros epicuristas 'amavam' línguas e cérebros cozidos de rouxinóis e outros pássaros delicados. A presente constituição da maioria da raça humana é tal que ela alegremente sanciona o uso da palavra Amor nesta conexão, e falha inteiramente em ver o horror do assassinato indiscriminado envolvido. No senso estrito e abstrato da palavra, no entanto, até esse uso é perfeitamente correto²; são apenas as 'consequências' envolvidas que lançam essa obscuridade sobre a palavra nesta referência. Como Bhishma disse:

'Carne não cresce em gramados, nem em árvores nem em pedras: é obtida apenas pelo matar de uma criatura viva; daí o pecado de comê-la."

Pode ser percebido aqui que quanto mais o Amor é confinado ao eu físico, mais ele é Luxúria; quanto mais ele se aproxima de um 'apetite', desejo de sentir, menos ele tem da característica de Emoção adequada."

¹ A expressão foi mantida em inglês por não haver uma palavra adequada em português que mantivesse a relação com a raiz da palavra luxúria (Nota da trad.)
² Veja acima, cap. 6 desta obra.

Bhagavan Das, A Ciência das Emoções, Ed. Teosófica, Brasília, DF, 2023, p. 102/104.
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terça-feira, 8 de julho de 2025

CIÚME

"Ciúme é uma Emoção peculiar e poderosa. Ela parece ser Repulsão mais a consciência de um possível ou até provável tipo especial de superioridade de seu objeto, superioridade essa que possibilitará a essa pessoa ganho e apropriação exclusiva para si de algo que é amado, cobiçado, desejado, por ambos. Ela implica Amor a um certo objeto, e Ódio de outra pessoa que impede a aquisição exclusiva desse objeto. A intensidade da emoção é diretamente proporcional ao tanto de exclusividade de posse que se deseja ter ou se teme que outro tenha. Quando não se deseja a posse inteira e exclusiva, mas se teme que seja desejada e assegurada por outro, o ciúme toma a forma de dúvidas em reação à retribuição de seu amor pelo objeto deste, uma sensação de insegurança no que tange à retenção do estimado afeto da pessoa amada. Na medida em que está seguro em seu próprio lugar de permanência, o Amor não é suscetível ao Ciúme, mas acolhe a afeição concedida por outros ao seu objeto, como um campo comum de enriquecimento do amor; e mesmo que outros tentem expulsá-lo, sorrirá serenamente na segurança (e apenas na exata proporção da segurança) da futilidade de seus esforços. Nas formas mais intensas de Ciúme, conectadas com o amor sexual, em que a posse exclusiva é essencial à completude e integridade da relação, pelo menos entre seres humanos, a emoção é inevitável (a não ser que exista confiança mútua perfeita), e Amor e Ódio surgem simultaneamente em suas formas mais ferozes. Consequentemente, o Ciúme é uma emoção da qual se pode dizer que perturba a mente do ser humano, a sacode, a divide em dois, mais poderosamente que qualquer outra Emoção. Ele aguça o todo de sua natureza dual de uma maneira que nenhuma outra emoção faz.

O Amor implicado no Ciúme é, obviamente, um Amor egoísta. No Amor como tal, não há egoísmo ou altruísmo. Ele procura união, o que significa a igualdade de ambos os fatores a serem unidos. Enquanto o desejo de união existe entre os dois fatores da relação, o Amor adequado nem é egoísta nem altruísta entre esses dois. Quando, no entanto, o desejo por união está apenas de um lado, não do outro, então o desejo por união se torna um desejo de aquisição, um desejo egoísta. No Ciúme, o Amor, o desejo por união, implicitamente se tornou um desejo de aquisição, pois, se de fato existisse Amor de ambos os lados, não haveria possibilidade de intervenção de uma terceira parte, e o Ciúme não existiria na mente daquele que ama e é amado. Igualmente, naquele que não há Exclusividade, não há Reserva, cujo olhar de Amor está voltado não em direção à separação material, mas em direção à união espiritual, nele não há Ciúme."

Bhagavan Das, A Ciência das Emoções, Ed. Teosófica, Brasília, DF, 2023, p. 101/102.
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quinta-feira, 3 de julho de 2025

FIZEMOS DA CRIAÇÃO DIVINA UMA BAGUNÇA

"Deus não nos deu o raciocínio apenas para que questionássemos tudo, sem jamais estar satisfeitos. O próprio fato de poder questionar mostra que existem certos processos evolutivos que nos capacitam a adquirir cada vez mais conhecimento. Talvez não compreendamos totalmente, mas instintivamente sabemos que deve haver certa justiça na lei que cria infinitas diferenças entre os seres humanos. É possível achar alguma pista? Nós a encontramos na lei da reencarnação, cujo corolário é o karma ou princípio de causa e efeito. Em certo momento, Deus criou todas as almas de modo uniforme e justo. Todos tínhamos a mesma bondade e o mesmo potencial dentro de nós, mas devido ao mau uso da inteligência e do livre-arbítrio, criamos terrível desordem e falta de igualdade falta de uniformidade - na vida.

Não podemos generalizar ao falar de pessoas, pois Deus concedeu a cada indivíduo a liberdade de fazer escolhas pessoais. Mesmo que sejamos, até certo ponto, limitados pelas circunstâncias cármicas, que são os efeitos de nossos atos passados, podemos com a mente fazer tudo o que quisermos. Na caixa-forte mental estão todos os grilhões da escravidão, mas também as chaves da liberdade.

Todos os atos têm origem mental. Os problemas começam porque as pessoas alimentam muitos pensamentos loucos, e pensamentos errados levam a ações erradas. Aqui, cada qual quer ser ou ter algo diferente dos demais, as pessoas fazem o que lhes vem à cabeça. Casam-se e se divorciam quantas vezes desejam; fazem o que querem, sem pensar no próximo e sem pensar nem mesmo em seu bem-estar maior. Ficamos estarrecidos vendo a loucura do mundo tantos ideais, e tão diferentes, mantidos por muitos milhões de pessoas que se contradizem e entram em conflito. Uma pessoa ou grupo quer determinada coisa, e outra pessoa ou grupo quer o oposto. Há muitos costumes que nos prendem, muitas filosofias que nos confundem. Sempre digo que somos todos um pouco loucos e não o sabemos, porque as pessoas com o mesmo tipo de loucura acabam ficando juntas. É só quando loucos de tipos diferentes se encontram que um chama o outro de louco.

Deus quer fazer da Terra uma coisa bonita, mas há muitas coisas fora de controle porque fazemos mau uso da liberdade que Ele nos concedeu. Nós é que criamos uma bagunça aqui. Nós, por intermédio das oportunidades que recebemos nesta vida e em outras encarnações, é que temos de nos aperfeiçoar e melhorar o mundo em que vivemos."

Paramahansa Yogananda, O Romance com Deus, Self-Realization Fellowship, p. 274/275.
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terça-feira, 1 de julho de 2025

O APELO DIVINO

"Reunidos os componentes habituais do grupo doméstico, o Senhor, de olhos melancólicos e lúcidos, surpreendendo, talvez, alguma nota de oculta revolta no coração dos ouvintes, falou, sublime:

- Amados, quem procura o sol do Reino divino há de armar-se de amor para vencer na grande batalha da luz contra as trevas. E, para armazenar o amor no coração, é indispensável ampliar as fontes da piedade.

'Compadeçamo-nos dos príncipes; quem se eleva muito alto, sem apoio seguro, pode experimentar a queda em desfiladeiros tenebrosos.

Ajudemos aos escravos; quem se encontra nos espinheiros do vale pode perder-se na inconformação, antes de subir a montanha redentora.

Auxiliemos a criança; a erva tenra pode ser crestada, antes do sol do meio-dia. 

Amparemos o velhinho; nem sempre a noite aparece abençoada de estrelas.

Estendamos mãos fraternas ao criminoso da estrada; o remorso é um vulcão devastador.

Ajudemos aquele que nos parece irrepreensível; há uma justiça infalível, acima dos círculos humanos, e nem sempre quem morre santificado aos olhos das criaturas surge santificado no Céu.

Amparemos quem ensina; os mestres são torturados pelas próprias lições que transmitem aos outros.

Socorramos aquele que aprende; o discípulo que estuda sem proveito adquire pesada responsabilidade diante do Eterno. Fortaleçamos quem é bom; na Terra, a ameaça do desânimo paira sobre todos.

Ajudemos o mau; o espírito endurecido pode fazer-se perverso.

Lembremo-nos dos aflitos, abraçando-os fraternalmente; a dor, quando incompreendida, transforma-se em fogueira de angústia.

Auxiliemos as pessoas felizes; a tempestade costuma surpreender com a morte os viajores desavisados.

A saúde reclama cooperação para não se arruinar.

A enfermidade precisa de remédio para extinguir-se. A administração pede socorro para não se desmandar.

A obediência exige concurso amigo para subtrair-se ao desespero.

Enquanto o Reino do Senhor não brilhar no coração e na consciência das criaturas, a Terra será uma escola para os bons, um purgatório para os maus e um hospital doloroso para os doentes de toda sorte.

Sem a lâmpada acesa da compaixão fraternal, é impossível atender à Vontade divina.

O primeiro passo da perfeição é o entendimento com o auxílio justo...'.

Interrompeu-se o Mestre, ante os companheiros emudecidos.

E porque os ouvintes se conservassem calados, de olhos marejados de pranto, Ele voltou à palavra, em prece, e suplicou, ao Pai, luz e socorro, paz e esclarecimento para ricos e pobres, senhores e escravos, sábios e ignorantes, bons e maus, grandes e pequenos...

Quando terminou a rogativa, as brisas do lago se agitaram, harmoniosas e brandas, como se a natureza as colocasse em movimento na direção do Céu para conduzirem a súplica de Jesus ao trono do Pai, além das estrelas..."

Texto extraído do livro "Jesus no Lar", de Chico Xavier, pelo Espírito Neio Lúcio, FEB, 2013, p. 133/135.
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