OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 8 de novembro de 2016

A NATUREZA PEDAGÓGICA DO CARMA (PARTE FINAL)

"(...) Um ego decide, às vezes, se assumirá ou não certo carma na vida presente, conquanto, muitas vezes, a mente cerebral não esteja inteirada da opção, de sorte que as próprias circunstâncias adversas, contra as quais o homem se debate, podem ser as mesmas que ele escolheu deliberadamente, a fim de favorecer a sua evolução. Quando ele se torna discípulo, e se acha, de certo modo, fora do estágio da evolução atualmente normal, amiúde domina e, em grande parte, modifica o seu carma - não que lhe seja dado escapar à parte que lhe cabe, senão que adquire muitos conhecimentos novos, e, portanto, coloca em movimento novas forças em muitas direções, as quais, naturalmente, alteram a operação das antigas. Colocando uma lei contra a outra, neutraliza forças cujos resultados poderiam atalhar-lhe o progresso.

Tem-se dito muitas vezes que o discípulo que toma providências para apressar o próprio progresso chama, por esse modo, o sofrimento sobre si. Essa talvez não seja a melhor maneira de dizê-lo. Tudo o que o discípulo faz é tomar a própria evolução nas mãos e tentar, tão rapidamente quanto possível, erradicar o mal e desenvolver o bem dentro de si mesmo, a fim de poder tornar-se, cada vez mais, um perfeito canal vivo do amor divino. É verdade que tal ação atrairá seguramente a atenção dos Grandes Senhores do Carma e, conquanto a resposta d'Eles seja dar-lhe uma oportunidade maior, pode envolver (e não raro envolve) um aumento considerável de sofrimento de várias maneiras.

Mas, se pensarmos com cuidado, veremos que é precisamente isso que se pode esperar. Todos temos, mais ou menos, um mau carma atrás de nós, e, enquanto não dermos cabo dele, ele será um perpétuo estorvo para nós em nosso trabalho superior. Um dos primeiros passos que podemos dar na direção do progresso sério é, portanto, solucionar o que quer que ainda permaneça em nós desse mal, e, assim, a primeira resposta dos Grandes à nossa luta para subir será, não raro, dar-nos a oportunidade de pagar um pouco mais dessa dívida (visto que nos tornamos agora tão fortes que podemos fazê-lo) a fim de que ela seja retirada do caminho do nosso trabalho futuro. O modo com que a dívida será paga é uma questão que está inteiramente nas mãos deles e não nas nossas; e podemos fiar-nos de que eles lidarão com isso de modo que não infligirão novos sofrimentos a outros - a menos, é claro, que esses outros ainda tenham alguma dívida cármica pendente, que pode ser descarregada dessa maneira. Seja como for, as grandes divindades cármicas procedem com inteira justiça em relação a cada pessoa interessada, quer direta, quer remotamente."

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 283/284)


domingo, 6 de novembro de 2016

AS TRÊS LEIS DA VIDA HUMANA

"O ego comum ainda não está em condições de escolher um corpo para si mesmo. O lugar do seu nascimento é geralmente determinado por três fatores, ou, talvez fosse melhor dizer, pela ação combinada de três forças. Em primeiro lugar, a lei da evolução, que faz o ego nascer em condições que lhe darão a ocasião de desenvolver as qualidades de que mais necessita. A ação dessa força, contudo, é limitada pelo segundo fator, a lei do carma. O ego pode não ter merecido a primeira oportunidade, e ver-se, em vista disso, obrigado a tolerar a segunda ou mesmo a terceira. Pode ser até que não tenha merecido nenhuma grande oportunidade, de modo que o seu destino será uma vida tumultuosa de escasso adiantamento.

Entra em ação também um terceiro fator - a força dos laços pessoais de amor ou ódio que o ego possa ter formado anteriormente, e que modifica a ação da primeira e da segunda força, pois, graças a ela, o homem pode ser, às vezes, arrastado a uma posição, que não se pode dizer que tenha merecido, não fora o forte amor pessoal que devotou a alguém mais elevado do que ele na evolução.

Um certo homem que tenha trabalhado muito além do ordinário - e já tenha entrado no Caminho que conduz ao estado de adepto - pode exercer alguma opção no tocante ao país e à família do seu nascimento; mas um homem assim será o primeiro a pôr de lado, inteiramente, qualquer desejo próprio na matéria e a entregar-se, de forma absoluta, nas mãos da grande lei eterna, confiado em que tudo o que ele lhe trouxer será muito melhor para ele do que qualquer seleção que venha a fazer.

Os pais não podem escolher a alma que habitará o corpo a que darão vida, mas, vivendo de modo que ofereçam uma oportunidade iniciadamente boa para o progresso de um ego avançado, podem tornar mais do que provável a vinda, para eles, de um ego nessas condições."

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 263)


quarta-feira, 2 de novembro de 2016

VIVA NO MAIS ELEVADO

"Muito frequentemente as pessoas pensam que uma mudança de circunstâncias irá ajudá-las a atingir o seu ideal. Ou julgam que a prática sincera de sua fé religiosa ou o trabalho que fazem para transformar o mundo em uma utopia devem ser a sua preocupação principal. Todavia, a única mudança que vale a pena deve ocorrer na consciência do próprio indivíduo. Cada um de nós deve parar de projetar seus próprios problemas para o mundo e depois culpar o mundo pelos problemas que são nossos. A maioria de nós faz isso o tempo todo. Construímos grandes edifícios e instituições intelectuais para justificar e reforçar as barreiras contra o autoexame. Por exemplo, minha própria profissão, a psicologia, como disciplina intelectual, é um produto do esforço e da consciência humana e, portanto, tende a sofrer de síndrome de superdeterminismo. O debate 'hereditariedade versus ambiente' começou cedo na história da psicologia. Primeiramente, o desajuste foi atribuído a causas paternais e sociais. Hoje em dia não é popular e se considera ingenuidade atribuir mais do que poderes determinantes menores às características herdadas. Um caso em questão é a malevolência com que muitos psicólogos atacam as teorias do professor Eysenck sobre as diferenças herdadas de raça e de classe na inteligência. Tais reações são compreensíveis, já que as pessoas se sentem mais confortáveis se puderem provar que as causas têm origem fora delas mesmas e que estão sofrendo como resultado dos pecados de seus pais.

Não se pode superestimar o valor da profecia que se autorrealiza. Atualmente, é comum acreditar que as pessoas são ruins, que o mundo está em um estado lastimável, e que de algum modo devemos combater o sistema para conseguir nossa fatia do bolo, ou que devemos desistir e afundar. O futuro parece sombrio. As pessoas estão inundadas em pensamentos desagradáveis e depressivos. Definimos a nós mesmos por meio da negação - pelo que somos e pelo que as outras pessoas não são. E, pelo que se lê nos jornais, a nossa consolação geralmente vem do pensamento de que pelo menos as coisas não estão tão ruins para nós como parecem estar para os outros. É de admirar que as pessoas tenham a tendência a serem desagradáveis? Contudo, pense naquelas pessoas que você conhece e que tendem a considerar o que é possível e melhor à sua volta. Elas não apenas são proeminentes, assim como sua atitude em relação à vida faz curvar toda situação que enfrentam em direção ao preenchimento de suas expectativas. Em outras palavras, sendo aquilo que há de mais elevado nelas mesmas, respondendo ao que há de melhor em si mesmas e nos outros, continuamente corrigindo seus hábitos negativos e tentando viver de maneira positiva, essas pessoas estão começando a realizar um mundo de beleza e de bondade. Parece ser verdadeiro o antigo ensinamento chinês de que a melhor maneira de se combater o mal é fazer progresso vigoroso em direção ao bem. Uma tal atitude de necessidade envolve abandonar a ansiedade referente aos resultados das próprias ações."

(Nicky Hamid - Rumo a um estado de consciência mais elevado - Revista TheoSophia Abril/Maio/Junho de 2010 - Pub. Sociedade Teosófica no Brasil - p. 42/43)


terça-feira, 25 de outubro de 2016

SACRIFÍCIO

"(...) Há um modo de colocar a vida diária à sombra da vida do Cristo: é fazer de toda ação, de todo ato um sacrifício, executando-o não pelo que possa nos aproveitar, mas para vantagem e progresso dos outros; e nesta vida terra a terra, vida de humildes deveres, de ações mesquinhas, de interesses vulgares, procuremos mudar o motivo da nossa vida diária e, assim, transformá-la. Não é preciso variar coisa alguma da nossa vida externa. Qualquer que seja o gênero de vida, o sacrifício é possível; qualquer que seja o meio, Deus pode ser servido. O despertar da espiritualidade não é assinalado pela ação, mas pela maneira como é feita esta ação. 

Não são das circunstâncias, mas da nossa atitude diante delas que depende o nosso desenvolvimento. 'Na verdade, este símbolo da cruz pode nos servir de pedra de toque, aqui embaixo para distinguir o bem do mal, em muitos momentos difíceis. Somente aquelas ações em que a luz da cruz penetra, são dignas da vida do discípulo. Devemos entender, por isto, que o aspirante deve ter por móvel o fervor de uma bondade pronta a todos os sacrifícios. O mesmo pensamento aparece neste versículo: Quando o homem entra no caminho, põe seu coração na cruz; e quando o coração e a cruz se enlaçam estreitamente, o fim foi alcançado. Isto nos permite determinar o nosso grau de progresso, examinando se é o egoísmo ou a renúncia de nós mesmos que domina nossa vida'¹

Toda a vida, que assim começa a se formar, prepara a caverna em que o Cristo-Criança deverá nascer; ela não será senão uma redenção contínua, divinizando cada vez mais os elementos humanos. Tal vida crescerá até alcançar as proporções de um ' Filho bem-amado' e um dia irradiará a glória do Cristo.

Todo o homem pode caminhar para este fim, fazendo o sacrifício de todos os seus atos e todas as suas faculdades, até o momento em que o ouro seja separado de qualquer impureza, substituindo apenas o metal puro."

¹ Leadbeater, O Credo Cristão, p. 82.

(Annie Besant - O Cristianismo Esotérico - Ed. Pensamento, São Paulo/SP - p. 129/130)


quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O PROPÓSITO DA ADORAÇÃO RITUALÍSTICA

"Os homens têm temperamentos diferentes na forma de adorar Deus. Para satisfazer as necessidades de todos, as escrituras prescrevem quatro métodos diferentes de adoração.

Um deles é o método ritualístico de adorar Deus, personificado numa imagem ou símbolo. Um método ainda mais do que esse é adorá-Lo por meio da oração e do japa. O aspirante espiritual ora, repete o nome de Deus e medita na forma luminosa de seu Ideal Escolhido dentro do próprio coração.

Mais elevado ainda é a meditação. Quando alguém pratica essa forma de adoração, mantém o fluxo do pensamento continuamente em Deus e permanece absorto na presença viva de seu Ideal Escolhido. Esse método transcende a oração e o japa, mas o sentido de dualidade ainda permanece.

O método de adoração superior a todos é aquele em que se medita na unidade entre o Atman e Brahman. Esse método condiz direta e imediatamente a Deus. O aspirante espiritual realiza Brahman e está convencido de que Deus existe. É a verdadeira constatação da Realidade onipresente.  

Esses são os diferentes estágios pelos quais o aspirante espiritual evolui. Para o ser humano, é de vital importância iniciar sua jornada espiritual a partir do estágio onde se encontra. Se o homem comum receber orientação para meditar em sua união com Brahman absoluto, ele não compreenderá a ideia. Não conseguirá captar a verdade desse fato nem será capaz de seguir as instruções. Ele poderá tentar durante algum tempo, mas, cedo ou tarde, irá se cansar e desistir.

Se esse mesmo homem, porém, for orientado a adorar a Divindade oferecendo-lhes flores, incenso e outros acessórios próprios à adoração ritualística, sua mente gradualmente se concentrará em Deus e ele encontrará alegria no ato de adorar. Por meio desse tipo de adoração, aumenta a devoção à prática do japa. Quanto mais sutil a mente se torna, maior sua capacidade de entregar-se a forma mais elevada de adoração. O japa inspira a mente à prática da meditação. Com isso, de forma natural, o aspirante dirige-se gradualmente para seu Ideal.

Tomem o exemplo de um homem no quintal de sua casa. Ele quer chegar até o telhado, mas em vez de subir os degraus da escada um a um para alcançá-lo, tenta pular de uma só vez. O que acontece com ele? Ele se machuca seriamente. Coisa semelhante acontece na vida espiritual. Deve-se prosseguir no caminho gradualmente, pois assim como existem leis que regem o mundo físico, existem também as que governam o mundo espiritual."

(Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda - O Eterno Companheiro - Ed. Vedanta, São Paulo - p. 222/223)


domingo, 16 de outubro de 2016

PORQUE E COMO JESUS SOFREU (PARTE FINAL)

"(...) Se um homem é capaz de servir-se do negro carbono da dor para fazer ouro e pedra preciosa de realização espiritual, deve ele ter ultrapassado toda a alquimia ocultista de toda a magia mental, e deve ter entrado no santuário da mística divina.

Quando um desses místicos escrevia 'eu transbordo de júbilo no meio de todas as minhas tribulações', devia ele ter experiência desse segredo.

E quando o Mestre disse que ele devia entrar em sua glória pelo sofrimento e pela morte voluntária, devia ter removido um espesso véu que, para o comum dos mortais, encobre o mistério do sofrimento como fator de autorrealização.

Apesar de ter Jesus sofrido voluntariamente tudo o que sofreu para entrar na sua glória, contudo o modo como ele soube sofrer é um modelo para todos os sofredores. Não sofre com covardia, como os fracos, nem com jactância, como certos heróis, ou pseudo-heróis da humanidade, que desafiam os martírios e a morte. No Getsêmane, o seu Jesus humano pede ao Cristo divino que, se possível, faça passar aquele cálice amargo - mas logo se entrega totalmente, à vontade superior do seu Cristo divino. No Gólgota, por um momento, o seu ego humano clama em altas vozes: 'Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?' - mas logo o seu Eu crítico se resigna e murmura serenamente: 'Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito'.

Ele sofre como o mais humano dos homens, porque era integralmente humano no seu Jesus, e integralmente divino no seu Cristo.

Cada homem é potencialmente o que ele pode vir a ser atualmente. Horror ao sofrimento e à morte, a repugnância contra injustiças e ingratidões são compatíveis com a soberania, calma e serenidade do espírito. Uma completa integração do nosso ego inferior em nosso Eu superior perfaz a harmonia total da natureza humana.

Ser tentado a revoltar-se contra o sofrimento é humano - deixar-se derrotar pelo sofrimento é deplorável.

Toda a serenidade no sofrimento depende, em última análise, da visão da nossa existância total, cuja falta dificulta e mesmo impossibilita a compreensão da tarefa evolutiva do sofrimento."

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 47


sexta-feira, 23 de setembro de 2016

DE ONDE PROVÉM AS DOENÇAS (PARTE FINAL)

"Apesar de determinadas doenças terem seu início no decorrer da própria encarnação em que se manifestam, muitas delas foram geradas ANTES do nascimento físico. Nós mesmos, como almas, as escolhemos como meio de purgação de antigos desequilíbrios ou como meio de fortalecimento e desenvolvimento de certas qualidades que de outro modo não emergiriam. Escolhemos nossas enfermidades com o mais profundo poder de decisão e, por esse motivo, é inútil querermos depois combatê-las às cegas. Isso não quer dizer que as doenças sejam indispensáveis à evolução do homem: pelo contrário, elas são um mal, ainda que por enquanto necessário.

Há certas correntes de pensamento que admitem que estaríamos geneticamente programados para viver nesta Terra cerca de cento e cinquenta anos (isso dentro do ATUAL código genético), e podemos facilmente compartilhar desta ideia na medida em que, refinando nossa capacidade de percepção, reconhecemos esse potencial em nosso próprio corpo físico. Três fatores impedem, entretanto, e há muito parecem impedir, que permaneçamos em encarnação o quanto nos seria possível: a alimentação inadequada de dezenas de gerações através dos séculos, os tóxicos absorvidos por diferentes vias (físico-etéricas, emocionais e mentais) e o estado de ansiedade ao qual a vida voltada para valores corriqueiros dá permanente estímulo. Assim, muito trabalho há para ser feito em favor da saúde, antes que possamos atingir nossa máxima longevidade e vigor físico. Sabe-se, porém, que faz parte do Plano Evolutivo que o homem se torne completamente são num ciclo futuro da Terra, assim como ele o é em outros planetas e estrelas desta ou de outras galáxias (referimo-nos tanto a locais físicos como a dimensões mais sutis de vida)."

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 38
www.pensamento-cultrix.com.br


quarta-feira, 21 de setembro de 2016

DE ONDE PROVÉM AS DOENÇAS (1ª PARTE)

"Antigamente se dizia que as doenças eram enviadas por Deus para castigo dos pecadores. Séculos depois modificou-se essa ideia, e o 'diabo', criatura má, passou a ser quem as trazia. Depois disso, os pesquisadores descobriram os vírus e as bactérias e a estes foram então atribuídas as causas das enfermidades. Mais recentemente, quando começaram a surgir escolas de psicologia, certas doenças passaram a ser consideradas produto ou somatização das reações e dos estados psíquicos do homem. Assim, ideias e pesquisas sobre o assunto foram evoluindo e, por certo, não estacionaram aí.

Quando o apelo interior da humanidade por maior expansão de consciência se tornou suficientemente forte para atrair novos esclarecimentos sobre a saúde e a doença, ela pôde receber conhecimento mais amplo. Seres que trabalham nas dimensões interiores do planeta lho puderam transmitir através de uma espécie de telepatia que não se limita ao âmbito mental. Essa telepatia superior consiste num contato consciente que a alma do homem estabelece com o núcleo interior de um ser ainda mais evoluído do que ele, de onde recebe ensinamentos. Além disso, a aprendizagem por vias subjetivas também pode ser feita através da 'leitura' daquilo que está impresso nas camadas do éter cósmico, camadas sutis que envolvem a Terra e que contêm toda e qualquer informação. Através desse acervo, percebe-se pelos sentidos interiores que o atrito provocado na atmosfera terrestre pelas forças construtivas que vêm através dos raios solares produz as doenças no planeta e na maioria dos reinos nele existentes. Isso é causado não pelas forças positivas em si, mas pela própria condição impura da atmosfera terrestre, que reage à sua passagem, como vimos. 

A presença das enfermidades, como já foi dito, é própria dos níveis de consciência físico-etérico, emocional e mental - não existe além deles. É nesses três planos vulneráveis que também está localizada a parte pessoal da nossa consciência. Na verdade, o homem como um todo é emanação da Mente Única, que se manifesta sob vários aspectos, e a personalidade humana é apenas um deles. Sempre que o pensamento e a energia estejam centrados nas características mais materiais do ser, enfocando de modo exclusivo assuntos da personalidade, o indivíduo  está mais sujeito à doenças, dado que é exatamente nessa área que elas existem. 'Um homem é o que ele pensa', diz certa lei. Se polariza sua atenção apenas no lado físico, emocional e mental da própria vida, torna-se ainda mais suscetível à condição doentia dos níveis terrestres. (...)"

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 33/34


quarta-feira, 14 de setembro de 2016

DIVISÕES DO CARMA

"Denominemos, segundo os hindus:

Carma total ou Sanchita, o mal e o bem acumulados de todas as vidas passadas.

Carma parcial ou inicial ou Prarabda, a quantidade de sofrimento e de prazer destinados a uma vida física.

Carma final ou futuro ou Agami ou Kryiamana, a relação entre o bem e o mal praticados na vida atual. É o Carma que estamos formando, para ser descontado futuramente, nesta ou em outras encarnações.

A diferença entre o Carma final e o inicial, dará um saldo a favor do indivíduo, e será descontado do Carma total.

Em cada vida física o indivíduo procura descontar certa porção de Carma.

No fim de numerosas existências, terá pago todas as suas dívidas cármicas.

Esgotado o mau Carma total, o indivíduo terminou sua evolução humana.

A vida do indivíduo é coisa por demais complexa, para poder-se descer à análise de todos os seus atos, pensamentos e sentimentos.

Muita coisa resolve-se dentro do próprio mecanismo da natureza, porém o resultado global dos atos do indivíduo tem de passar pelo controle dos Senhores do Carma.

Há ações que produzem resultados imediatos, porém outras só permitirão a colheita de frutos em novas vidas.

Então intervêm os Auxiliares Superiores, distribuindo para cada existência terrena a quantidade de bom e mau carma, criando o ambiente, as circunstâncias em que a pessoa vai viver e lutar."

(Alberto Lyra – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 62)


segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O INDIVÍDUO SEMI-HUMANO

"A Lei do Karma traz-nos de volta ao nascimento num corpo físico - às vezes num corpo de homem, às vezes num de mulher - para ajudar a despertar a consciência e fazê-la crescer pouco a pouco. Nossa antenção foi chamada para esse fato por um feliz artigo escrito por um acadêmico da Universidade de Cambridge, que assinalou que existe todo um processo de evolução ocorrendo para içar situações variadas a um nível mais elevado. Assim, o inseto cresce até um nível mais elevado, e depois a um nível mais elevado ainda, até que surge o estágio humano e depois o super-humano, a respeito do qual muito pouco sabemos. Nesse processo de uma evolução em expansão, o homem não é ainda um ser humano pleno, mas apenas está a caminho. Ainda existe muito do animal na grande maioria das pessoas que chegaram até este estágio de possuir um corpo físico humano, mas que trazem muitos traços animais - algo mais próximos do verdadeiro ser humano e alguns ainda no nível animalesco. A maioria é uma mistura de ambos.

O ser humano médio de hoje em dia é essa mistura; a proporção varia de indivíduo para indivíduo, de modo que ninguém é exatamente como uma outra pessoa. Infelizmente, a maioria de nós não sabe que alguns desses traços que exibimos enquanto enfrentamos as circunstâncias do presente são realmente resíduos de encarnações prévias em vidas vividas no período pré-humano. Os grandes seres humanos, como o Senhor Buda, estão livres dos estorvos de vidas passadas. Eles são plenamente humanos, às vezes mais do que humanos.

Se pudéssemos compreender com maior clareza todo o processo - ou seja, o processo evolutivo - compreenderíamos melhor como alguém verdadeiramente cresce, e não apenas como a forma física se desenvolve. Se pudéssemos compreender isso, veríamos que a maioria dos seres humanos ainda não está em forma. Assim, a evolução é um tema importante que devemos entender tanto quanto possível, não apenas a condição física atual, mas também o papel que ela desempenha no despertar espiritual.

Aqueles que são descuidados para com as crianças, que estão muito voltados para si mesmos e negligenciam-nas, maltratam-nas, e mesmo as descartam por qualquer que seja a razão, demonstram imperfeição em seu próprio ser. Vai levar ainda muito tempo para que a pessoa nesse estágio torne-se plenamente humana. Se pudéssemos compreender melhor tudo isso, mais livres estaríamos das compulsões, crescendo mais em verdadeira felicidade e não apenas nos assim chamados prazeres de uma vida superficial."

(Radha Burnier - Meu karma sou eu mesmo - TheoSophia, Ano 104, Abril/Maio/Junho de 2015 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 11/12)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


sábado, 10 de setembro de 2016

O CONCEITO DE 'DHARMA' NO GITA (1ª PARTE)

"O Bhagavad Gita abre com a palavra dharma; e o Mahabharata encerra com a palavra dharma. Tentemos entender o que se quer dizer por dharma.

Em inglês a palavra é interpretada como 'lei'. Uma das interpretações da palavra dharma é dever, mas a palavra é traduzida também como 'lei'. Dharma é derivada da raiz sânscrita dhri, que significa segurar, sustentar, unir. Assim pode-se interpretar dharma  como significando 'aquilo que segura e une indivíduos, grupos ou comunidades, como unidades shakti'. O que 'segura', 'mantém' é dharma. A palavra 'lei' é derivada da raiz latina, 'ligar'. Não pode haver sociedade sem uma força aglutinadora. Aqui estamos uma pequena família; vivemos juntos neste ashram. Vocês acreditam que seria possível vivermos juntos, compartilharmos de uma vida comum, sermos membros de uma fraternidade comum, se não houvesse algo que nos unisse? Suponhamos que todos vocês fizessem o que quisessem, o que aconteceria? Suponhamos que, quando toca o sino para a aula de preces, eu insista em fazer minha caminhada matinal, um de vocês insista em tomar um copo de leite, e outro insista em continuar na cama dormindo, qual seria o resultado? O ashram se desfaria. Não pode haver vida no ashram sem alguma harmonia. Deve haver alguma força aglutinadora, a que chamamos 'lei'. Dharma é o que nos une, nos segura, nos mantém.

A palavra 'lei' precisa ser melhor compreendida. Existe algo chamado 'lei de costume' ou mores (em latim) ou Sitte (em alemão). Dharma não é costume. Nos primitivos estágios da evolução humana, os grupos tinham de viver juntos, e algum poder aglutinador era necessário. Certos costumes tornaram-se muito úteis como conservadores de hábitos e adquiriram força de lei. Nas sociedades primitivas, tais costumes ainda prevalecem. Dharma não é costume.

O costume desempenha seu papel na evolução. Contudo, dharma não é costume porque existem ocasiões em que vocês podem não obedecer aos costumes, quando vocês podem voltar-se contra um costume, e seguir seu próprio caminho. (...)"

(Sadhu Vaswani - O Conceito de 'Dharma' no Gita - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 39)


sexta-feira, 9 de setembro de 2016

FRAGMENTOS DA SABEDORIA ETERNA

"Todo poder no mundo é resultado da harmonia entre o homem e a natureza. O homem que ergue a vela num barco para navegar contra o vento não está vencendo o vento, mas harmonizando sua vontade com a lei. Não é por lutar contra as leis que o homem pode ganhar, mas por cooperar com elas.

O ocultista sabe que o mesmo princípio rege todos os planos, e não apenas em relação à matéria de cada mundo, mas também nas formas de vida que aí habitam, quer superiores ou inferiores na escala da evolução. Portanto, o conhecimento das leis mecânicas da natureza, que trouxeram tanto poder e riqueza para os seres humanos, representa apenas um aspecto da harmonia que deve existir entre eles. Um sentimento de carinho e simpatia pelos animais, plantas e até pelos minerais, pelos espíritos da natureza e pelos anjos é igualmente importante, se não for mais ainda, para o progresso do homem. A natureza se compõe de vida e de matéria, e é mediante um sentimento de simpatia que esta vida torna-se conhecida e harmonizada com os homens. Olhar o mundo como um lugar cheio de entidades ameaçadoras é o costume infeliz de nossa época, mas o homem que enfrenta a vida com um sentimento de benevolência com todas as coisas vivas, não apenas verá e aprenderá mais do que os outros, mas terá uma passagem mais suave no mar da vida. Há uma tradição indiana da 'boa mão' de certas pessoas que tem esta simpatia, e para quem as plantas crescem bem enquanto para outras pessoas não o fazem. Autoridades em ciência oculta disseram muitas vezes que, pelo seu amor por todos os seres, o verdadeiro iogue ou sanyasi poderia andar nas montanhas e na selva sem ser atacado por répteis ou animais selvagens.

Essa simpatia é perfeitamente natural. Se você sente admiração e amor por certa pessoa, por sua vez há a tendência de que ela se interesse por você e lhe retribua a afeição. Da mesma maneira, se você se afeiçoa a um animal, este se torna muito ligado a você. Assim também nos reinos vegetal e mineral impera a mesma regra, embora com efeitos menos óbvios. Daí a regra de que flores e plantas crescem melhor com certas pessoas do que com outras, e de pessoas de sorte. É o magnetismo pessoal que as estimula, e é assim que em nível elevado estimulamos a afeição."

(C.W. Leadbeater - Fragmentos da Sabedoria eterna - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 32)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


sábado, 3 de setembro de 2016

SER HUMANO - UMA ESPÉCIE ÚNICA

"O homem é autoconsciente, isto é, tem consciência de si próprio. Enquanto outras espécies possuem uma consciência grupal que pertence à sua própria espécie, o ser humano é uma espécie única no sentido de que tem a capacidade de inquirir. Só o homem consegue fazer perguntas e inquirir sobre a sua origem e lugar na natureza. O seu cérebro volumoso e postura ereta distinguem-no dos outros primatas. Com essa vantagem evolutiva desenvolveu uma profunda sensibilidade em relação à realidade da sua vida e às situações que o rodeiam. O seu cérebro, mente e consciência juntam-se para proporcionar conhecimento em três níveis diferentes e torná-lo cada vez mais sábio. O cérebro ajuda-o a processar os dados sensoriais, a mente reflete sobre os dados recolhidos, a consciência confere-lhe subjetividade e ele torna-se capaz de obter conhecimento em primeira mão. Assim o homem, com a sua mente inquiridora, pode ser convicção intelectual e dar um passo em direção ao insight espiritual ou realização intuitiva. Em suma, o homem é único e tem o potencial de se tornar sábio e se libertar dos seus reflexos animais, das suas paixões animais. Devido aos seus reflexos e paixões animais, está apegado, ligado ao seu grupo, e não se importa de enganar e lutar com outros grupos. É comum julgar-se que uma coisa é boa e que outra coisa é má, que isto é útil e que aquilo não é útil; mas não é suficiente para se tornar sábio. No sábio prevalece a responsabilidade. Ser um ser humano é viver no estado de responsabilidade. O sentido da responsabilidade é construído na natureza psíquica do homem como uma força positiva, sendo esta a razão porque ele oscila entre dois polos. Num polo existe o sentido da responsabilidade e, no outro, os reflexos animais que tentam escapar-lhe, pelo que o homem fica confuso, permanecendo numa constante luta interior. O homem não é sábio porque tem a tendência para se evadir da responsabilidade, que é um impulso puramente biológico e uma forma de egoísmo que conduz ao apego e ao egoísmo. Nesse sentido, o homem é uma espécie única que atravessa o terceiro milênio. Perguntemo-nos se não está na hora de aceitarmos a nossa responsabilidade para com as futuras gerações e para com o planeta em que, juntos, evoluímos?"

(C.A. Shinde - Nos sábios não existe apego - TheoSophia - Ano 101 - Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 13/14)


quarta-feira, 24 de agosto de 2016

FENOMENOLOGIA ESPÍRITA

"A fenomenologia espírita tem incontestavelmente utilidade para as naturezas materiais, objetivas, que são impressionadas pelos fatos físicos e são incapazes de compreender as intruções metafísicas. 

Ao materialista endurecido, a prova objetiva é muitas vezes necessária e ... nem sempre suficiente - multiplicam-se as provas, às vezes, sem o menor resultado.

Porém os expedientes objetivos são importantes como meio e não fim; é preciso prevenir o abuso.

A busca do ato fenomênico com prejuízo do ensinamento moral é apenas um deslocamento do materialismo.

O espírito que somente se dedique à fenomenologia, não é espiritualista, é um materialista perigoso, porque 'materializou' as coisas espirituais.

A finalidade do Espiritismo pode ser a de mostrar fenômenos a fim de abalar o materialismo e provar a existência de outra vida, mas o seu principal objetivo deve ser espalhar o Evangelho espiritualista.

A fenomelogia oferece também perigos frequentes e graves: atraído por comunicações enganadoras, o indivíduo pode desviar-se inteiramente da boa rota.

Todavia, até os mais esquisitos processos podem auxiliar a evolução individual.

Até o Mal pode permitir a evolução, porque as consequências dele transformam-se em lição inolvidável.

É como a criança que aprende a comportar-se bem com os desastres provenientes das desobediências."

(Alberto Lira - O ensino dos mahatmas - IBRASA, São Paulo, 1977 - p. 114/115


quarta-feira, 17 de agosto de 2016

MANTER A CONSCIÊNCIA DO EGO

"Por termos passado por eras de evolução, durante as quais estivemos satisfeitos em sofrer exílio nas trevas do mundo exterior, resulta que, mesmo que tenhamos nos reconhecido como Egos por um curto tempo, haverá sempre a tendência para escorregarmos de volta aos antigos hábitos de identificação com os corpos.

Tal é o nosso erro frequente. Quando, durante a meditação ou o transcurso de alguma cerimônia, experimentamos um instante de grande elevação espiritual, dizemos depois para nós mesmos: 'Quão agradável foi isso! Sinto que haja terminado.' Não cometamos esse engano. Quando experimentamos algo sublime, quando nos reconhecemos como o divino Ser, digamos: 'Isto é muito aprazível e há de subsistir em mim.' Essa é a grande diferença. Nossa fraqueza está em, ao experimentarmos esses sublimes sentimentos, nós os deixarmos desvanecerem-se. Não devemos tolerar isso, mas nos rebelar dizendo: 'Não permito que esse sentimento se desvaneça. Vou manter essa divina realização; Eu, o divino Ser, vou preservá-la.' E isso é possível porque já foi realizado; e deve sê-lo. Todos realizaremos algum dia nossos poderes divinos, e aprenderemos a manter como uma permanente realidade a consciência que comumente só temos durante uns poucos minutos. Por que não começarmos desde já?

Se nos reconhecemos como Egos participantes da vida de divino contentamento e inefável felicidade, decidamos permanecer em tal estado. Não voltemos às trevas do exílio. Por que retornar àquela existência limitada em uma masmorra sombria, que é a vida da personalidade, quando podemos viver no fulgor da Vida divina? Por que não permanecer ali, atuar a partir dali, viver ali?"

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 40/41)


terça-feira, 16 de agosto de 2016

O EGO E A PERSONALIDADE


"A Individualidade, ou Ego individual, paira acima da Personalidade ou Ego pessoal ou eu inferior.

O Ego está para a Personalidade como o cocheiro de um carro para os cavalos. 


É aquele que guia, porém estes têm sua ação e vida próprias.

Assim, o corpo físico tem a consciência física ou elemental físico; o corpo astral tem a consciência astral ou elemental astral; o corpo mental tem a consciência mental ou elemental mental. 

A necessidade de dormir, de comer, não é derivada do EGO, da Individualidade superior ou imortal e sim função do elemental físico. 

O conjunto de funções do corpo físico lhe dá certa 'consciência' que atrai a atenção do Ego superior ou individual.


As diferentes funçõs corporais efetuam-se pela simples consciência física ou elemental físico.

Os movimentos reflexos (retirar o pé quando alguém o coça, estando a pessoa dormindo; dar um salto de susto etc.) são também efeito da consciência do corpo físico.

Da mesma forma, o elemental astral leva o corpo astral às mais fortes e variadas emoções, às paixões avassaladoras, porque aquele necessita de impressões fortes.

O elemental mental impele o corpo mental à variedade de pensamentos, à instabilidade mental.

Acima de tudo, está o Ego, com sua vontade e o seu idealismo superior, procurando tudo controlar, porém vencido muitas vezes.

O fio, que liga à personalidade, pode alargar-se se esta, purificando-se e compreendendo a vida superior, procura elevar-se e unir-se ao EGO.

Comer, beber, dormir, ter vida sexual são necessidades normais e inerentes ao corpo físico, da mesma forma que as sensações ao corpo astral e o exercício do pensamento ao corpo mental.

Mas estes corpos, em virtude de sua consciência própria ou individual, procuram por si as maiores impressões possíveis, entrando em conflito com o EGO superior e prejudicando a evolução.

De modo que o dano começa quando esses corpos são solicitados além do normal.

O homem que controla suas paixões fá-lo pela superioridade de seu EGO, da sua verdadeira individualidade, processando-se assim a evolução individual.

Compreendemos assim a lei dos membros que combatem contra a lei do espírito, de que nos fala São Paulo.

Não devemos perder de vista o fato de que esses corpos formam, normalmente, um todo harmonioso."

(Alberto Lyra – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 137/138)

segunda-feira, 15 de agosto de 2016

CONDENAÇÃO ETERNA

"(...) não há condenação eterna.

Suponhamos que um indivíduo que em vidas sucessivas vá criando cada vez pior carma.

Chegará ao ponto de sua dívida não poder ser saldada nesta onda evolutiva.

Deixará de seguir para a frente com a presente humanidade e ficará longo período de tempo em inação.

Quando a seguinte onda evolutiva criar nova humanidade, mais jovem que a presente (veremos que à custa do reino animal atual), então esse indivíduo recomeçará em outras condições o seu ciclo de vidas.

Ele atrasou-se por uma corrente de vida.

Isto é a condenação eônica.

'EON' é traduzido erradamente por eterno."

(Alberto Lyra – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 68)


sexta-feira, 12 de agosto de 2016

SOMOS A SENDA

"Em certo sentido, somos já perfeitos e divinos nesse exato momento. Nosso verdadeiro Eu, nosso verdadeiro Ser não é o fugaz e sempre mutável vislumbre que chamamos presente, senão que abarca todo o nosso passado e todo o nosso futuro. É o completo existir com todo o seu ciclo de evolução nele contido. Assim é que somos tantos homens primitivos quanto homens perfeitos; e aquilo por que nos esforçamos, em realidade, já é nosso; o segredo da evolução consiste em nos tornarmos o que somos. Somente assim podemos compreender o significado de outras máximas ocultistas, como a de que 'nós mesmos devemos nos tornar a Senda'. Isso é a completa verdade e, contudo, só a compreendemos quando em nossa consciência como Egos considerarmos a meta, o desígnio de perfeição, a conquista do Adeptado, não como algo estranho e muito distante, do qual temos de nos aproximar de fora, mas como nossa divindade interior, nosso próprio Ser mais íntimo.

Quando reconhecermos o que significa converter-nos na Senda, também saberemos que nada terreno poderá se interpor entre nós e nossa meta, pois a vimos e nos tornamos unos com ela. É como se houvéssemos visto nossa própria divindade e como se a meta estivesse no centro de nosso Ser. A Senda da Perfeição se converte, então, no desenvolvimento de nossa divindade."

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 50/51)


segunda-feira, 25 de julho de 2016

NUNCA MACHUQUE (PARTE FINAL)

"(...) Há muitas pessoas, especialmente na América, que evitam matar porque julgam que a matança e o dano que são feitos atualmente terão incontáveis sofrimentos. Isso é verdade, e quanto mais profundamente a compreendermos, melhor será se acreditarmos na não violência (ahimsa). Ahimsa é uma das marcas de um ser humano que não deseja infringir sofrimento, e devemos pertencer a esta categoria até que o mundo mude de direção. 

(...) C.W. Leadbeater escreveu sobre nosso dever com os animais...

Ninguém é obrigado a ter um gato ou um cão, mas se tiver, terá maior responsabilidade com esse animal do que o fazendeiro com qualquer integrante de seu rebanho. Seria egoísmo imperdoável de quem possuir esse animal pensar apenas no prazer que ele lhe proporciona e não na evolução do animal. O animal doméstico é como uma criança - com a diferença de que, enquanto uma criança já é um ego e deve ser auxiliada para controlar seus novos veículos, o animal ainda não é um ego separado e deve ser auxiliado para isso. O processo de individualização de um animal já foi descrito: notas sobre o assunto serão encontradas em: Introdução à Teosofia, A Vida Interna, O Homem Visível e Invisível e O Credo Cristão. Uma leitura cuidadosa do que aí foi escrito mostrará a linha de deveres que temos com os animais. Devemos nos esforçar para desenvolver sua afeição e seu intelecto, cujo principal fator é o afeto que temos por eles. Escrevi longamente em A Vida Interna sobre os erros que frequentemente o homem faz na relação com os animais domésticos. Todos esses erros devem-se a atitudes egoístas com o animal, um esforço para usá-lo para gratificar nossas paixões inferiores - por exemplo, quando um cão é treinado para caçar e assim fazer mais mal do que seus ancestrais fizeram como animais selvagens. Porque o animal selvagem mata apenas por alimento, impelido pela fome; mas o cão é treinado para matar pelo prazer de matar e por isso se degrada na escala da evolução em vez de se elevar.

C.W, Leadbeater entendia isso como algo semelhante à 'longa' jornada do homem para a perfeição, e escreveu muito a respeito disso. Concluirei com algumas de suas palavras: Quando compreendemos que o que habitualmente chamamos de nossa vida é apenas um dia na vida real, e que devemos ter só os dias que são necessários para nossa evolução, vemos que o mandado de Cristo: 'Sê perfeito como teu Pai que está no céu é perfeito' não é um hipérbole vazia, mas uma clara direção a que no tempo devido devemos obedecer."

(Radha Burnier - Maya em toda parte - Revista Theosophia, Ano 102, Julho/Agosto/Setembro 2013 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 10/11) 
www.sociedadeteosofica.org.br

domingo, 24 de julho de 2016

NUNCA MACHUQUE (1ª PARTE)

"Normalmente estamos interessados em nossas próprias imagens, que pensamos representar a verdade, as coisas como são. Podemos ver que as pessoas estão em circunstâncias variadas, e cada um considera que vê a verdade. Estamos tão acostumados com isto que não pensamos que seja estranho. Entendemos que é normal.

Os planos da natureza podem ser muito diferentes do que o homem pensa. Nós, seres humanos, vivemos num estado ilusório (maya) e pensamos que ele é a realidade, mas esta é muito diferente. Por exemplo, os animais fazem o que a natureza lhes ordena e ficam tranquilos. No entanto, quando o homem resolve moldar o mundo como um todo, ele transforma o mundo da vida animal no que não é.

Um cientista da Universidade de Oxford, escrevendo sobre a evolução, disse que a evolução é um processo em que muitas espécies estão incluídas. E todas elas realizam o crescimento que assume forma conforme vamos do vegetal ao animal e depois para a existência humana. Não consideramos que os animais que desprezamos e matamos, as criaturas que maltratamos, são todas partes de um processo que inclui nossa própria evolução. Se compreendêssemos isso, o mundo seria diferente. Veríamos que as criaturas que consideramos inferiores e desprezíveis realmente não o são. Na verdade, o tratamento que recebem faz muita diferença para o crescimento delas e do nosso.

Em nossa tradição (indiana), as melhores pessoas sabem que é assim; por isso, o tratamento que dão a todos considerados inferiores tem um papel muito belo e muito precioso a desempenhar. Isto é indicado em algumas de nossas tradições. Quando visitei a Índia Central, contaram-me que havia um ermitão vivendo em lugares solitários nas florestas. Algumas pessoas que o conheciam sabiam que sua atitude produzia grande respeito. Ele passava por selvas de sua área sem medo ou temor de que criaturas selvagens pudessem atacá-lo. Dormia em cavernas, às vezes muito perto de animais perigosos e nada lhe acontecia. Ele sabia, e os animais ao redor também sabiam, que ele era um deles. Não pensavam em feri-lo porque ele era um homem santo. (...)"


(Radha Burnier - Maya em toda parte - Revista Theosophia, Ano 102, Julho/Agosto/Setembro 2013 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 9/10) 
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