OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sexta-feira, 7 de junho de 2013

SOMBRA E LUZ - O DESPERTAR DA PERCEPÇÃO (2ª PARTE - I)

" (...) É a fixação do olhar na luz - na vida una que tudo permeia - que purifica nossas percepções, ampliando assim nossa visão. A disciplina requerida é bem conhecida: autopurificação, estudo e reflexão profundos, e o serviço altruísta que se segue naturalmente. Cada um desses passos é importante, mas são apenas passos e não fins em si mesmos, como às vezes se pensa. Por exemplo, o aprendizado e o desenvolvimento dos poderes de compreensão são necessários e úteis, mas não devemos permitir que se tornem desproporcionalmente importantes. 

Com relação a isso, lembro-me de uma história sobre Shankaracharya. Numa manhã bem cedo, quando seguia para o Ganges para o banho diário e as orações, ele ouviu um estudante repetindo em voz alta as regras da gramática sânscrita. Shankaracharya sentiu que aquela decoreba naquela hora gloriosa era perda de tempo que poderia ser mais bem utilizado para a contemplação das verdades da vida ou da natureza. E assim ele compôs o chamado Hino da Renúncia, que diz que sem jnana, ou sabedoria, nem o estudo nem o aprendizado assegurará a liberdade de alguém, mesmo em cem vidas. As regras de gramática não trazem proveito algum - contempla Govinda, o eu supremo que reside em tudo. 

Quando a sabedoria começa a raiar, chega a luz - a luz da compreensão e da compaixão, da unidade, da síntese e do amor que vê não as peças individuais, mas o quadro total no qual as peças se encontram.

A realização de nossa divindade, mesmo que seja parcial, pode não ocorrer durante muito tempo, mas na medida em que tentamos viver uma vida mais pura, e portanto menos egoísta, podemos pelo menos começar a entender que a felicidade duradoura está na consciência, não na satisfação dos nossos desejos. (...)"

(Surendra Narayan - Revista Sophia nº 43 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 34)


quinta-feira, 6 de junho de 2013

BEM-AVENTURADOS OS MANSOS, PORQUE ELES HERDARÃO A TERRA

"A ignorância e a ilusão são características da mente degenerada. Tal ignorância é confirmada e suportada pelo nosso sentimento de ego - a nossa ideia de que estamos separados uns dos outros e de Deus. Importa superar o egoísmo para que a mente se livre da ilusão. Portanto, bem-aventurados os mansos. Mas, por que diz Cristo que eles herdarão a terra? À primeira vista isso parece de difícil compreensão. Entre os aforismos iogues de Patanjali (ioga significa união com Deus, bem como o caminho para essa união) há um que corresponde a essa bem-aventurança: "O homem que toma a resolução de não roubar torna-se o mestre de todos os ricos." Que quer dizer "não roubar"? Quer dizer que precisamos desistir da ilusão egoísta de que podemos possuir coisas, de que algo pode pertencer-nos de modo exclusivo, como indivíduos. Podemos pensar: "Mas somos pessoas boas. Nada roubamos! Tudo quanto possuímos é fruto do nosso trabalho e merecimento. Pertence-nos por direito!" A verdade, porém, é que nada nos pertence. Tudo pertence a Deus. Quando olhamos qualquer coisa deste universo como nossa, estamos apropriando-nos de coisas de Deus.

O que é então a mansidão? É viver em autossujeição a Deus, livre do sentimento de "eu" e de "meu". Isso não significa que devamos fugir da riqueza, da família e dos amigos; devemos, porém, fugir da ideia de que eles nos pertencem. Eles pertencem a Deus. Devemos olhar-nos como servos de Deus, aos quais ele confia suas criaturas e bens. Tão logo assimilemos essa verdade e desistamos de nossas pretensões ilusórias e individuais, descobriremos que, em seu sentido mais genuíno, tudo nos pertence, no final das contas. 

Os conquistadores que se empenham em serem senhores do mundo pela força e pelas armas jamais herdam outra coisa além de ansiedades, aborrecimentos e dores de cabeça. Os avarentos, que acumulam riquezas enormes, não fazem mais do que acorrentarem-se ao ouro - jamais o possuem realmente. Mas o homem que abandona o sentimento de apego prova as vantagens que os bens proporciona, sem a angústia que a posse acarreta.

Muita gente se desagrada desta palavra de Cristo, por julgar que o manso nunca pode conseguir nada. Julgam que não há felicidade na vida, a menos que se use de agressividade. Quando lhes dizem para porem de lado o ego, para serem mansos - temem que perderão tudo. Erro deles, porém. Nas palavra de Swami Brahmananda:
"As pessoas que vivem pelos sentidos pensam que estão gozando a vida. Que sabem eles do prazer? Só aqueles que estão plenos da felicidade divina gozam de fato a vida."
Todavia, argumentos não provam esta verdade: é preciso vivenciá-la - aí então, fica-se convencido. Se um candidato à espiritualidade segue sinceramente o ensinamento de Cristo quanto à mansidão, acabará por achá-lo muito prático. Descobrirá que a cólera e o ressentimento podem ser conquistados pela doçura e pelo amor. O místico chinês Lao-Tzu expressa esta verdade ao dizer:
"Das coisas macias e fracas deste mundo, nenhuma é mais frágil do que a água. Mas, para vencer o que é firme e forte, ninguém pode igualá-la. O que é macio conquista o duro. A rigidez e a dureza são companheiras da morte. A maciez e a ternura são companheiros da vida."
Abandonando sinceramente o ego a Deus - tornando-nos mansos - alcançaremos tudo: herdaremos a terra."

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 24/26)


SOMBRA E LUZ (1ª PARTE - II)

" (...) Além da necessidade de modéstia, enfatiza-se a importância, o poder e a glória de cada ser humano individual: "O homem é a medida de todas as coisas". Diz um Upanishad: "Isso sou eu dentro do coração, maior do que a Terra, maior do que a atmosfera, maior do que o céu, maior do que esses mundos."

Esses aspectos que nos reduzem à total insignificância e que ao mesmo tempo proclamam nossa grandeza não são contraditórios entre si. Referem-se a dois lados - à sombra em nossa veste e à luz interior que ainda deve brilhar. Somos nós que bloqueamos a luz e depois reclamamos da escuridão. Várias escrituras fazem referência a isso. A Bíblia diz que "a luz brilha nas trevas e as trevas não a compreendem". O Vedanta compara isso ao eclipse solar ou ao sol oculto por trás das nuvens. Nós, na Terra, vemos as trevas ou a sombra, mas na verdade o sol continua a brilhar com o mesmo esplendor de sempre. 

O caminho espiritual leva da sombra para a luz. Nós o trilhamos mudando o centro de nossa consciência de uma mente que é separativa, possessiva e dominada pelo desejo e a paixão, para uma que é compassiva, pacífica, intuitiva e que pensa e sente em termos de uma vida maior. Neste sentido, a humildade não é a morte dos sentidos e da mente, mas sua iluminação, o que leva a um crescente refinamento das percepções - uma mudança da vida egoica e da dualidade para a unidade consciente. Isso pode ser visto como uma mudança do movimento centrípeto para o centrífugo. Começa com a indiferença aos desejos e anseios dos corpos, mas não negligência esses corpos. Cresce pela dissolução da estreita esfera de nossos pensamentos limitantes, autoprotetores e que se autoprojetam.

Se uma folha cai num pequeno córrego ou num rio, num lugar sagrado ou numa rua, que efeito benéfico ou maléfico isso causa à árvore? O que se aplica à árvore e às suas folhas deve começar a ser aplicado ao elogio e à recriminação, aos chutes e às carícias que recebemos em nossa vida diária. Rumi, o famoso poeta e místico sufi do século III, escreveu: "As lamparinas são diferentes, mas a luz é a mesma; ela vem do além. Porém, se continuas olhando para a lamparina, estás perdido, pois então surge a aparência de número e pluralidade. Fixa teu olhar na luz, e serás retirado do dualismo inerente ao corpo finito. (...)"

(Surendra Narayan - Revista Sophia - Ed. Teosófica, Brasília - p. 32/33)
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quarta-feira, 5 de junho de 2013

A REDENÇÃO E A PAZ INTERIOR

"Não vivemos conscientes de nossa natureza espiritual. Agimos como se fôssemos meros objetos físicos, sem alma nem espírito. De outro modo, nunca cometeríamos as insanidades que continuamos a cometer. Pesquisas revelam que mais de noventa por cento das pessoas acreditam que existe um Deus, que o paraíso existe e que vamos para um outro reino, quando morremos. Mas nosso comportamento desmente essas crenças. Tratamos os outros rudemente, com violência ou indiferença, e nos apegamos de tal forma aos bens materiais, que não hesitamos em rebaixar alguém para obtê-los. Devemos estar loucos. 

Não temos nada a temer quando manifestamos o nosso amor por outro ser humano. Estamos sempre certos. Infelizmente, o mais comum é que nossos medos bloqueiem essa manifestação de amor. Tememos ser rejeitados, ridicularizados, humilhados, que nos vejam como fracos, que sejamos rotulados ou enganados. Mas o amor é sempre o caminho.

Somos sempre amados e protegidos. Somos criatura espirituais num vasto oceano espiritual, habitado por inúmeros outros seres espirituais. Alguns estão na forma física, outros não. O amor é a água desse oceano. Amor é energia, a mais alta e pura energia. Em suas vibrações mais elevadas, o amor abrange tanto a sabedoria quanto a consciência. É a energia que interliga todos os seres. O amor é absoluto e nunca termina.

Os principais objetivos, durante nossa existência são a redenção e a paz interior. Redenção implica superar o carma por meio de ações e da graça. Há muitos caminhos para a redenção. Quando nos redimirmos, teremos reconquistado o destino de nossas almas.

A paz interior é consequência de nossos atos. Viver num mundo físico requer ações concretas: aproximarmo-nos dos outros para aliviar seu sofrimento e ajudá-los ao longo de seus caminhos, ser solidários, compassivos, ajudar a curar o planeta, seus habitantes e suas estruturas, aprendendo e ensinando.

A redenção vem do amor, não do sofrimento. Quando o coração transborda de amor e quando esse amor flui para os demais, estamos em meio ao processo de redenção. E estamos retornando para o seio de Deus, que é o amor supremo. É durante esse processo que a paz interior entra em nós, silenciosamente."

(Brian Weiss - A Divina Sabedoria dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro - p. 126/127)


SOMBRA E LUZ (1ª PARTE - I)

"É agradável sentar-se à sombra de uma árvore num dia de calor. Por outro lado, como dizem as escrituras, caminhamos através do "vale da sombra da morte", e nossos dias sobre a Terra são uma sombra que desaparece. Sombra geralmente representa trevas indesejáveis e deprimentes, obscuridade ou algo que é imaterial, irreal ou transitório. Em contraste, claridade e luz do sol significam esperança, ânimo e alegria. 

A sombra representa obscuridade do real, a natureza impermanente de tudo que compõe nossa vida normal no dia a dia - as posses físicas e mentais que nos esforçamos para conquistar, e o poder que muitas vezes é obtido em função da posição social ou econômica, seja na política, no aprendizado, na arte ou na religião, e que desesperadamente tentamos reter. Se essas coisas nos escapam, como deve acontecer algum dia, nós nos sentimos "criaturas miseráveis". Apegamo-nos a pessoas - esposa, marido, filhos, amigos, inimigos - num relacionamento de atração e repulsão. Permanecemos presos a ideias, tradições e teorias, que acreditamos serem as únicas certas, e assim criamos uma diferença entre nós e os outros, que têm suas próprias convicções.

Caminhamos através do "vale da sombra" porque essas posturas são a causa de dor, medo, conflito e sofrimento. O sofrimento chega até nós não porque Deus fez deste mundo um local de trevas, mas por causa de nossas próprias atitudes. O germe da dor é implantado no momento em que começamos a pensar e sentir em termos do estreito "eu" pessoal - de nossa própria felicidade exclusiva. Não é preciso uma fé cega em Deus ou em qualquer plano divino para compreender que a dor está na atitude autocentrada, na dualidade e na busca das sombras projetadas por nosso próprios pensamentos, na identificação do observador com o que é visto. 

É por isso que tanto se enfatiza o altruísmo, para arrancar a gigantesca raiz do "eu" e reduzi-la a zero. Essa ênfase no altruísmo é às vezes compreendida como supressão das emoções e da mente. Na verdade, a ênfase não está na negação compulsória, mas na correta compreensão. (...)"

(Surendra Narayan - Revista Sophia nº 43 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 32)