OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sexta-feira, 24 de janeiro de 2014

ANIMAIS DOMÉSTICOS

"Os animais domésticos que vivem em nosso lar não são criaturas tão insignificantes, como as pessoas geralmente acham. A Vida Divina, que se encontra no homem, está igualmente no animal, mas nele se encontra num estado mais primitivo e, por conseguinte, menos evoluída. Esta vida deve acelerar o seu desenvolvimento pelo contato com o homem.

O dever do homem para com seus animais domésticos é o de suavizar a sua natureza selvagem e implantar neles os atributos humanos do pensamento, do afeto e da dedicação. Portanto, enquanto o animal nos dá sua força, trabalhando para nós, devemos usar essa força com a finalidade de humanizá-lo, porque há de chegar o dia em que conseguirá ser um homem. Ao treinarmos um cão para desenvolver sua inteligência, não devemos fazê-lo de modo a reforçar seus instintos animais, como quando treinamos nossos cães para a caça. Um gato doméstico pode ser ‘um bom caçador de ratos’, mas não foi por essa razão que Deus o guiou para a família onde vive. Quando treinamos cavalos, não deveríamos procurar apenas desenvolver a velocidade para participarem de corridas; os serviços que eles nos prestam deveriam ser recompensados, pela tentativa de desenvolver neles as qualidades que contribuirão mais para sua evolução em direção à humanidade do que a velocidade.

O princípio geral referente a nossas relações com os animais domésticos é que eles foram realmente enviados para junto de nós a fim de que, na medida do possível, os seus atributos animais de selvageria fossem substituídos por atributos humanos, porque o que hoje é um animal, algum dia será um homem, assim como no futuro o homem de hoje tornar-se-á um Deus. Aquele que contribui para que a Vida Divina progrida mais rapidamente pelo seu caminho ascendente, esse ajuda, com maior eficiência, a sua própria evolução."

(C. Jinarajadasa - Teosofia Prática – Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 22/23)


POR QUE REPETIR OS MESMOS ERROS (1ª PARTE)

"Recentemente descobri que estava a me questionar. O âmago da pergunta era algo como: 'por que continuamos a repetir esses mesmos erros?', ou 'quando finalmente aprenderemos?', ou, nas famosas palavras do falecido Rodney King, 'por que não conseguimos progredir?' O catalisador para essa linha de pensamento não é algum evento recente ou algum desalento sobre a condição do mundo. É apenas uma daquelas perguntas persistentes que reemergem de tempos em tempos. Escolhamos um dia, qualquer dia; olhemos à nossa volta e vejamos se não é uma pergunta pertinente a se considerar. Quer sejam as notícias do mundo, o escritório ou o lar, se de fato olhamos para a situação, veremos que há algo a ser feito. 

Qualquer pai ou mãe que tenha um filho pequeno pode dizer que a linha de inquirição do 'por que' é desafiadora. Quando se persiste nela, pode nos levar à porta do desconhecido. O porquê do céu ser azul, das moléculas da atmosfera da Terra dispersarem as ondas azuis mais do que o restante do espectro, da natureza do oxigênio e do hidrogênio absorverem as outras ondas - essas indagações levam a uma de duas respostas terminativas: ou 'eu não sei' ou 'foi Deus quem fez assim, e não me faça mais perguntas!'.

Como acontece com muitas outras coisas, talvez não sejam as respostas específicas que são valiosas, mas o processo de exploração e abertura que surge com o questionamento. (...) Nas palavras do poeta Robert Browning, 'o alcance de um homem deve ir além do alcance de seu braço, ou para que servirá o céu?'. 

A nossa busca pelo conhecimento começa com uma suposição - a de que é possível conhecer. Isso é realmente mais profundo do que uma mera suposição. Em algum lugar dentro de nós existe uma percepção intuitiva, incontestável, de que todo o conhecimento está disponível. (...)"

(Tim Boyd - Revista Sophia, Ano 11, nº 46 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 32)


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

VÉUS DA IMANÊNCIA

“A face do Real está coberta

Com um véu dourado

Que tu Oh Pushan descubras

Que eu, devotado à verdade, possa ver.

De acordo com o verso acima, a experiência espiritual é um processo de descoberta. A Verdade ou Realidade foi encoberta. Existe véu após véu de manifestação cobrindo a Face da Verdade. Brahman ou a Realidade está na nossa frente, mas não podemos vê-La porque uma tela está encobrindo-A. Ao remover o véu, que é um processo negativo, vem a experiência intensamente positiva da percepção direta da Face de Brahman. E, por estranho que pareça, a Realidade está coberta com um véu dourado. O véu dourado tanto nos fascina e atrai que não estamos dispostos a removê-lo. Mas quem colocou esse véu dourado sobre a Face da Verdade? O véu foi na verdade lançado pelo pensamento, e o pensamento o teceu com o belo material que lhe foi suprido por sua própria experiência acumulada. O pensamento naturalmente lançou mão do melhor material disponível, ele crivou o véu com ouro e prata, com todas as joias que pôde encontrar em seu próprio depósito de riquezas. Mas o véu do pensamento precisa ser feito com material trazido do reino da continuidade. É essa tela de continuidade lançada pelo pensamento que oculta a face do Real que é para sempre Atemporal e, portanto, está fora do curso de continuidade da mente. Quando o véu das projeções da mente é removido, então aparece em toda sua majestade o Espírito Supremo."

(Rohit Mehta - O Chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 30/31)

O CONHECIMENTO E A PERCEPÇÃO DIRETA

"13 - O conhecimento de um objeto é conquistado somente pela percepção, investigação ou instrução,¹ e não através de banhos purificadores, de dar esmolas ou de centenas de retenções da respiração [pranayamas].

COMENTÁRIO -O conhecimento é algo que decorre da percepção direta - o contato com a essência da 'coisa' em si. Para isso de nada servem os puros exercícios externos. O processo de onde decorre esse mergulho na Realidade transcendente não é lógico, nem decorre de ações puramente mecânicas. O Budismo Zen, ao mencionar Satori (Iluminação), está apontando para algo que está além da mente conceitual. Igual posição tem o Budismo da Terra Pura (Jodo Shinshu) quando menciona 'ocho' - o 'salvo transversal', súbito e direto para a coisa em si."

¹ Em outras traduções: "A convicção sobre a Verdade pode ser obtida através do raciocínio sobre os saudáveis conselhos de um sábio..." (N.E.)

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentários de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 19/20)

quarta-feira, 22 de janeiro de 2014

CULTIVANDO UMA MENTE PACÍFICA

"A paz no ambiente onde se vive surge não pela submissão do mundo exterior, mas pela submissão da própria mente. A contribuição maior que um indivíduo pode fazer à causa da paz e da harmonia começa em casa. Se eu me tornar mais pacífico e amoroso, essas qualidades imediatamente se espalharão ao meu redor. O resultado é uma reação em cadeia que se expande sempre. 

Se, ao contrário, eu não cultivar uma natureza amorosa e compassiva, não poderei realmente contribuir para a paz na sociedade. Não importa o que eu diga em público ou quais sejam as minhas ações; nada do que eu faça em nome da paz terá qualquer significado enquanto o meu interior permanecer violento ou intolerante. 

Técnicas para desenvolver uma mente pacífica e amorosa foram preservadas e desenvolvidas em várias tradições budistas. Um escritor importante sobre o tema, na Índia clássica, foi Shantideva, cuja obra do século XVI, A Guide to the Bodhisattvas Way, ou Bodhisattva charya-avatara, é tão popular entre os instrutores budistas atuais quanto na época em que foi escrita há doze séculos. 

Shantideva afirma: ‘É impossível colocar o mundo em harmonia destruindo todos os seres maléficos que existem; mas, cobrindo a própria mente com a gentileza da paciência amorosa, o mundo inteiro torna-se harmonioso.’ (...) 

A importância da mente e da atitude mental é constantemente enfatizada na tradição budista. Shantideva indagou: ‘O que é a generosidade? Não é a ação de doar nem de afastar a pobreza. A perfeição da generosidade está na mente generosa, que deseja partilhar com os outros e vê-los livres de necessidades." 

(Glenn H. Mullin - A paz na visão budista - Revista Sophia, nº 26 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 39

APRENDA A ACESSAR UM PODER SUPERIOR (PARTE FINAL)

"Não preste atenção às agruras do caminho espiritual; elas nada são, uma vez que você tenha descoberto a paz interior, quando na meditação você esquece este corpo e este mundo. Quanta satisfação, que sensação de alegria e de perfeição do amor divino! Isso é o que Deus quer que todos vocês experimentem. Todos poderão compreender a sublime perfeição do amor de Deus se trabalharem para isso. Aqueles que experimentaram esse amor não são exceções; tiveram que se esforçar, como vocês precisam fazê-lo, para amar e conhecer a Deus. 

Faz-se esse esforço empenhando-se em conservar a mente fixa em Deus. Enquanto enfrenta os problemas que surgem a cada dia, ore interiormente: 'Senhor, se às vezes meu mar é escuro, sem estrelas no céu, ainda assim navego no rumo com Tua mercê.³ Faz o que quiseres fazer, comigo e com minha vida. Tudo o que sei é que Te amo. Ajuda-me a tornar o meu amor por Ti mais doce, perfeito sob todos os aspectos.' Que liberdade, que alegria isso traz! Tal relacionamento com Deus todos podem ter.

Não fiquem satisfeitos com nada menos do que o amor do Amado de suas almas. O amor Dele consome tudo, satisfaz completamente. A liberdade da alma surge quando você começa a conhecer-se como alma, unido ao único Amado, o divino Amante Cósmico, que é Deus."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 75/76)


terça-feira, 21 de janeiro de 2014

HERÓIS PACÍFICOS NO TIBETE

"Um dos mais populares heróis do folclore tibetano é um monge do século XI chamado Milarepa. Inúmeros episódios de sua vida são citados como evidência dos poderes do amor.

Um dia um caçador e seu cão saíram para caçar um veado. Na sua tentativa de escapar, o veado por acaso penetrou na campina onde Milarepa estava sentado em meditação. Observando sua profunda calma e sua aura de ternura, o exausto animal achegou-se e deitou-se ao seu lado, na esperança de encontrar refúgio. Momentos depois o cão caçador apareceu em cena, e também se deitou ao lado de Milarepa.

Finalmente chegou o caçador. Ele estava determinado a matar sua caça, mas, após um curto período na presença de Milarepa, ficou tão tocado pela santidade do sábio que fez voto de desistir para sempre do hábito cruel de matar animais. Pediu para ser aceito como discípulo e, pouco tempo depois, tornou-se um famoso iogue.

Outra figura budista popular é o terceiro Dalai Lama, que viveu no século XVI. Mesmo quando jovem, a fama de sua erudição e santidade tinham se espalhado por toda a Ásia. A notícia de sua grandeza chegou até os ouvidos de Altan Khan, o chefe guerreiro dos terríveis mongóis Tumed. Altan ficou intrigado pelo que ouvira falar desse famoso instrutor e o convidou a instruir o povo da Mongólia. O Dalai Lama chegou em 1578.

Sua sabedoria, compaixão e presença impressionaram o grande Khan, que pediu ao povo para abandonar a trilha de guerra e ódio, e em seu lugar cultivar o caminho da coexistência pacífica. Esse evento singular marcou o fim da era de terror que os mongóis infligiram a seus vizinhos da coreia e do Japão, no Oriente, e da Europa, no Ocidente. Dessa época em diante os habitantes da Mongólia têm seguido o legado espiritual que lhe foi passado pelo terceiro Dalai Lama."

(Glenn H. Mullin - A paz na visão budista - Revista Sophia, nº 26 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 39)


APRENDA A ACESSAR UM PODER SUPERIOR (1ª PARTE)

"O homem de mente materialista está sempre pensando em termos de dinheiro, casa, família ou outras responsabilidades e interesses; e as preocupações que os seguem! O homem espiritual pode ter as mesmas responsabilidades, mas ele as cumpre colocando a mente em um nível mais elevado de pensamento. Espiritualizando o pensamento, ele aprende a acessar um Poder Superior. Chega o tempo em que pode ir a qualquer lugar, misturar-se com qualquer pessoa, cumprir suas responsabilidades, e sua mente nunca descerá do plano da consciência divina. Cristo muitas vezes associou-se a 'publicanos e pescadores', a fim de ajudá-los, mas os pensamentos e ações deles não lhe rebaixaram a consciência. Como um cisne divino, ele deslizou intocado pelas águas da materialidade. Essa é a maneira como Gurudeva nos treinou a ser. Onde quer que esteja, fique sempre centrado interiormente, com a mente focalizada em sua estrela polar: Deus.

Os problemas que surgem diariamente nos dão a oportunidade de praticar a serenidade. Em vez de resistir, ficar aborrecidos e irritados e pensar que não estamos progredindo, deveríamos acolhê-los bem. Lembre-se disto: muitas vezes, o devoto faz o maior progresso no caminho espiritual quando está enfrentando terríveis obstáculos, quando está sendo forçado a empregar, até o limite, os músculos espirituais a fortaleza interior, da coragem e do pensamento positivo, para combater o assalto do negativismo, do mal ou da crueldade. Não é sempre que as coisas fluem facilmente que estamos crescendo. Naturalmente, todos nós prezamos aqueles dias em que as coisas vão bem; entretanto, tenho orado amiúde à Mãe Divina² para que me ponha à prova, porque desejo que meu amor por Ela seja incondicional. Não posso ficar satisfeita em Lhe oferecer qualquer coisa que não seja o amor perfeito. O devoto de Deus não quer fugir de nada. O aspirante pode ser imperfeito em muitos aspectos; ele não reivindica nenhuma perfeição, exceto uma: ele está se esforçando para aperfeiçoar seu amor por Deus. (...)"

² O aspecto pessoal de Deus que corporifica as qualidades maternais do amor e da compaixão.

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 74/75)


segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

A PAZ NA VISÃO BUDISTA

"Durante a vida de Buda viveu também um assassino chamado Angulimala, ou ‘colar de polegares’. Ele era conhecido por esse nome porque de cada uma de suas vítimas arrancava um polegar, que usava num cordão em volta do pescoço.

Buda ouviu falar de Angulimala e decidiu trazê-lo para o caminho da paz. Nessa época dizia-se que Angulimala roubara e matara quase mil pessoas, e que seu colar continha 999 polegares humanos.

Para encontrar Angulimala face a face, Buda seguiu sozinho e a pé através da floresta onde se acreditava que o perigoso criminoso se escondia. Angulimala o viu aproximar-se. Ele saltou por detrás de Buda com um porrete na mão e tentou atingi-lo. O sábio, no entanto, tinha antecipado o movimento e destramente evitou o golpe. O ataque continuou durante longo tempo, mas Buda permaneceu destemido, com os olhos fixos no atacante, mantendo-se o tempo todo fora do seu alcance.

Finalmente Angulimala ficou tão exausto que caiu ao chão. Buda sentou-se ao seu lado, colocou a mão amorosamente no seu ombro e lhe falou de maneira consoladora. O aturdido criminoso começou a chorar violentamente, pois jamais alguém mostrara amor por ele antes. Eles permaneceram sentados durante horas, o corpo de Angulimala tremendo com soluços incontroláveis.

Essa experiência de compaixão transformou o criminoso completamente. Ele pediu a Buda que lhe ordenasse monge e que lhe permitisse viver com a comunidade Sangha. O Buda aceitou. Angulimala adotou as práticas de meditação e autopurificação."

(Glenn H. Mullin - A paz na visão budista - Revista Sophia, nº 26 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 39)


UMA MENTE LIVRE

"A criança cresce apegada a seus pais; cresce numa família e numa certa sociedade. Ela chama isso de ‘minha casa, minha religião, minha família’, e sente-se segura. Esse é um processo natural, mas que cerceia o pensamento, porque está o tempo inteiro preocupado em assegurar o lucro, em beneficiar a mim e àquilo que chamo de meu, que é a essência do processo egoico.
  
Consigo ver o perigo dessa armadilha? Se não consigo, meu processo mental não mais é livre para investigar; ele está o tempo todo buscando justificar o ‘eu’ e o ‘meu’. Isso significa que, enquanto estou buscando lucro ou satisfação, não estou buscando a verdade. Portanto, embora seja muito fácil dizer ‘sou um buscador da verdade’, estamos, de uma forma ou de outra, apenas buscando satisfação.

Poderá a paixão pelo aprendizado ser tão forte que consiga superar o instinto de buscar o prazer e evitar a dor? A verdade pode ferir. Ela sempre vem com uma revelação, com uma desilusão. Para alguém que vive numa ilusão confortável, a verdade choca. A não ser que desejemos enfrentar a dor psicológica, e talvez também a dor física, não podemos seriamente dizer que estamos em busca da verdade.

A mente diz que ‘tudo isso tem sentido para Buda, eu não sou um Buda, eu sou um homem comum’, e assim continua. Mas, se continuarmos assim, não temos o direito de reclamar da violência nem das guerras, porque tudo isso é consequência do modo egoísta de viver. Perceber isso é perceber também que toda desordem e toda divisão resultam da ilusão."

(P. Krishna - Novas Maneiras de ver o Mundo - Revista Sophia, Ano 7, nº 25 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 09)

     

domingo, 19 de janeiro de 2014

CONHECE-TE A TI MESMO

"O antigo ditado grego Gnothi seauton, conhece-te a ti mesmo, é um excelente conselho. O autoconhecimento é absolutamente necessário a qualquer candidato a progresso, porém, precisamos tomar muito cuidado para que esse autoexame não degenere em introspecção mórbida, como frequentemente acontece com alguns de nossos melhores estudantes. Muitas pessoas preocupam-se, com receio de estarem ‘recuando’ sem saber, como elas dizem. Caso conhecessem um pouco melhor o método da evolução, veriam que ninguém pode recuar quando a corrente toda está movendo-se constantemente para a frente. 

A correnteza de um rio forma redemoinhos por trás das pedras, onde a água gira em torno de um ponto e, por um momento, parte dela move-se para trás, mas toda massa d’água, incluindo os redemoinhos, está sendo arrastada pela correnteza. Assim, aquela água do redemoinho que aparentemente desliza para trás em relação ao resto da corrente está sendo levada para frente junto com toda a água. Até mesmo as pessoas que nada fazem por sua evolução e deixam as coisas seguirem à deriva estão gradualmente evoluindo, pois a força irresistível do Logos pressiona-as continuamente para a frente, mas se movem tão lentamente que passarão por milhões de anos de encarnações, transtornos e inutilidades para conseguirem dar um simples passo."

(C. W. Leadbeater -  A Vida Interna – Ed. Teosófica, Brasília, 1996 - p. 119)


NERVOSISMO

"Aquele que é naturalmente calmo não perde seu sentido de raciocínio, de justiça ou de humor, sejam quais forem as circunstâncias. (...) Ele não envenena os tecidos de seu corpo com ira ou temor, que afetam a circulação de maneira adversas. É fato comprovado que o leite da mãe enraivecida pode ter efeitos perniciosos em seu filho. Que prova mais contundente poderíamos querer de que emoções violentas acabam por reduzir o corpo a uma ruína ignominiosa?

Demorar-se, com indulgência, em pensamentos de medo, raiva, melancolia, remorso, inveja, tristeza, ódio, descontentamento e preocupação, o tempo todo, e a falta de condições para uma vida normal e feliz - tais como alimentação correta, exercícios adequados, ar puro, sol, trabalho agradável e uma profissão na vida - originam moléstias nervosas.

Se ligarmos uma lâmpada de 120 volts numa linha de 2.000 volts, ela se queimará imediatamente. Analogamente, o sistema nervoso não foi feito para suportar a força destrutiva da emoção intensa ou de persistentes pensamentos e sentimentos negativos. O nervosismo pode, no entanto ser curado. O paciente precisa estar disposto a analisar sua moléstia e eliminar as emoções desintegradoras e os pensamentos negativos que, pouco a pouco, o estão destruindo. A análise objetiva dos problemas da própria pessoa e a manutenção da calma em todas as situações da vida curarão o caso mais crônico de nervosismo. (...) A vítima do nervosismo precisa compreender seu próprio caso e refletir sobre o erro consistente do seu modo de pensar, que é responsável pelo seu desajustamento à vida.

Em vez de se afobar, num estado de excitação emocional, para chegar a algum lugar e depois ser incapaz de apreciá-lo quando chega, porque está agitado, procure ser mais tranquilo. (...) Tão logo sua mente se torne inquieta, dê-lhe um safanão com sua vontade e ordene-lhe que se acalme.

A excitação perturba o equilíbrio nervoso, enviando energia excessiva a algumas partes do corpo em detrimento de outras, que não recebem sua quota normal. na distribuição adequada da força nervosa é a causa única do nervosismo. Um corpo relaxado e calmo é um convite à paz mental."

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 83/85)
http://www.omnisciencia.com.br/onde-existe-luz.html


sábado, 18 de janeiro de 2014

O CERIMONIAL

"A linha do cerimonial é uma linha ao longo da qual chegam muitas pessoas, mas é preciso compreender, naturalmente, que nenhum cerimonial religioso, seja ele qual for, é, na verdade, essencial, e o homem que deseja ingressar no Caminho da Santidade precisa compreendê-lo em sua plenitude e lançar de si a crença na necessidade das cerimônias, como um dos grilhões que o retêm afastado do nirvana. Isso não quer dizer que as cerimônias não sejam, às vezes, eficazes para produzir os resultados que se pretendem, senão que nunca são realmente necessárias a nenhum deles, e que o candidato a um progresso mais elevado precisa aprender a dispensá-las. A linha do cerimonial é uma estrada fácil para determinado tipo de pessoas, para as quais se revela efetivamente útil e inspiradora; há, contudo, outro tipo de homens para os quais o cerimonial é sempre um obstáculo entre eles e as divindades que desejam alcançar. 

No Cristianismo, a linha do cerimonial é a designada pelo seu fundador, através da qual deve operar a sua magia. A consagração da hóstia, por exemplo, é um meio graças ao qual a força espiritual se derrama sobre as pessoas. Existe, frequentemente, vasta quantidade de sentimento devoto no momento da consagração, e a operação da magia é ajudade por ele, muito embora não dependa dele. Os devotos recebem indiscutivelmente mais porque trazem consigo mesmos uma faculdade adicional de recepção. Por outro lado, existe sempre a probabilidade de que a devoção ignorante degenere em superstição. (...) Devemos lembrar-nos também de que, na História, costumamos ouvir muitas alusões aos piores efeitos do entusiasmo religioso, ao mesmo tempo que o bom e firme progresso de muitos milhares de pessoas sob a sua influência causa escassa impressão."

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 79/80)

TRABALHO INTERIOR

"Muitas pessoas ficam assombradas e desestimuladas quando percebem pela primeira vez suas qualidades e padrões negativos. Na realidade, é bastante humano termos falhas! Todos temos falhas! É importante encará-las suavemente e não se sentir culpado nem derrotado quando as percebemos. Encarar as próprias falhas pode ser doloroso, mas não devemos nos deixar vencer. Ver nossas próprias falhas é um primeiro passo absolutamente necessário para mudar. Se não estivermos percebendo o erro, não poderemos corrigi-lo. Não devemos ficar desestimulados quando falhamos no nosso aprimoramento pessoal, como realmente ocorrerá repetidas vezes. Mas é a prática a longo prazo, a intenção a longo prazo no sentido de transformarmos nossas vidas para adotar um rumo mais espiritual que constitui o fator importante e não os fracassos nem decepções momentâneos. (...)

O propósito da auto-observação é descobrir e erradicar padrões indesejados, substituindo-os por padrões mais sadios e mais realistas. Se nos encararmos com demasiada seriedade, concentrando excessiva energia em nós mesmos, estaremos derrotando o propósito global."

(Shirley Nicholson - A Vivência da Espiritualidade - Ed. Teosófica, Brasília, 1996, p. 66/67)


sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

UPANIXADE ISHAVASYA

"Os virtuosos que comem os restos do sacrifício estão livres de todos os pecados, mas os ímpios que preparam o alimento para seu próprio benefício – verdadeiramente comem pecado.

Comer os restos do sacrifício, isso é que de fato está indicado na expressão tena tyaktena bhunjitha, desfrutar aquilo que nos cabe, aquilo que foi separado para nós. Por que cobiçamos a riqueza de outro? É porque não descobrimos nossos próprios tesouros. (...).

Aceitar o que nos é dado não é um evangelho de passividade. É realmente a base da verdadeira felicidade e ponto de partida para a correta ação. (...)

A aceitação daquilo que nos é designado também não é um evangelho de procrastinação. Muitas vezes uma pessoa adota uma atitude em que diz que deve aceitar o destino na esperança de que o futuro lhe traga felizes novidades. Isso não é aceitação de modo algum, é submissão, e, também, com ressentimento interior. Aceitar o que é dado, aquilo que está separado para nós, é comprometer-se com a correta Percepção. Muitas vezes o homem recusa receber aquilo que lhe é dado porque não vê o que é. Quando percebemos acertadamente, então vemos na coisa dada a qualidade da Verdade, Beleza e Felicidade, a qualidade do Próprio Brahman. (...) Aceitar o que é dado é perceber a qualidade do nosso próprio Ser. O processo de vir-a-ser que emerge dessa percepção é naturalmente livre dos elementos da tristeza e frustração. (...)"

(Rohit Mehta - O Chamado dos Upanixades - Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 20)


APROVEITE O TEMPO COM SABEDORIA

"A maioria das pessoas gasta o tempo em coisas inúteis. Tente, a cada dia, fazer algo que valha a pena, para sentir que prestou uma contribuição e que sua vida tem sentido. Você desenvolverá grande magnetismo se realizar todos os dias uma coisa que achava que não conseguiria fazer.

Vigie seus pensamentos. Todas as suas experiências são filtradas pelo que você pensa. É a companhia de seus pensamentos que o eleva ou degrada. O corpo é uma carruagem filtrada por cinco cavalos: os sentidos. Você, a alma, é o proprietário e condutor da carruagem. Se não usar as rédeas da mente para controlar os cavalos, a carruagem perderá o rumo e tombará nas valas da doença, do sofrimento e da ignorância. Se quiser que a carruagem o carregue com êxito pela vida, conduzindo-o ao reino de Deus - seu verdadeiro destino -, é necessário que controle os cinco cavalos dos sentidos. Isso lhe dará autodomínio e, assim, a verdadeira felicidade.

Por que perder tempo? Use as horas de que dispõe para meditar e ler revistas como a Inner Culture,¹ que o inspirarão com pensamentos corretos. É tão fácil desperdiçar tempo - uma vida inteira pode ser inutilizada assim. Você é dono dos momentos de sua vida. Use-os sabiamente, para que lhe tragam a salvação. Por que gastar tempo com jogos de baralho e coisas inúteis? Eu vi que as pessoas ficam sentadas jogando cartas por horas e horas, em salas cheias de fumaça de cigarro. Desperdiçar a vida é a pior coisa que se pode fazer com a alma. Consome-se tanto tempo e não há nenhum retorno. Para relaxar, é melhor sair e caminhar, ou praticar um pouco de exercício saudável."

¹ Em 1948 Paramahansaji mudou o nome da revista para Self-Realization.

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 136/137)


quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

O QUE É A MEDITAÇÃO

"A meditação é uma prática antiga e imemorial, realizada por todos aqueles que sempre se esforçaram por compreender as próprias possibilidades interiores e resolver o enigma do Universo. Esta pergunta atemporal é respondida somente no interior do homem, e sua evolução se encontra nas profundezas do pequeno universo que é o ser humano. A meditação é encarada basicamente como um processo mental dirigido por um fim espiritual, e isto é verdade até certo ponto. Mas ela significa muito mais, visto que o conjunto dos poderes despertos do homem é, em essência, concebido e orientado para o objetivo supremo. (...)

Ver-se-á que a meditação é uma tentativa de desenvolver e utilizar estes poderes e de direcioná-los à realização de objetivos espirituais. (...) A meditação não é, como algumas vezes se supõe, uma arte difícil e antinatural. Ela é a gloriosa expansão e sublimação dos poderes normais do coração e da mente, e pode ser, em alguma medida, praticada por toda alma viva."

(Clara M. Codd - Meditação, sua prática e resultados – Ed. Teosófica, Brasília, 2ª Edição - p. 07/09)

O PROPÓSITO DA CRIAÇÃO

"Deus, como o Cristo Onipresente, é o único responsável por todas as expressões de vida. O Senhor está pintando o glorioso cenário dos céus e das nuvens sempre cambiantes. Ele está criando altares de Sua fragrante beleza nas flores. Em tudo e em todos - amigos e inimigos, montanhas, florestas, oceanos, ar, a abóbada galáctica a girar encobrindo a todos -, o devoto de Cristo percebe a luz única de Deus, em que se fundem todos os matizes. Ele descobre que as miríades de expressões dessa Luz única, que frequentemente parecem caóticas em conflitos e contradições, foram criadas pela inteligência de Deus, não para iludir ou afligir os seres humanos, mas para persuadi-los a buscar o Infinito de onde emergiram. Aquele que contempla o todo - e não parte dele - discerne o propósito da criação: todos nós, sem exceção, nos movemos inexoravelmente rumo à salvação universal. Todos os rios dirigem-se para o oceano, os rios de nossa vida dirigem-se para Deus.

As ondas na superfície do oceano modificam-se continuamente ao brincar com as forças naturais dos ventos e das marés, mas sua essência oceânica permanece constante. Quem se concentra em uma onda isolada de vida terá de sofrer, pois essa onde é instável e não perdurará. Isso é o que Jesus quis dizer com 'condenado': o homem que é um prisioneiro do corpo cria sua própria condenação ao isolar-se de Deus. A fim de ser salvo, ele precisa restabelecer a percepção de sua inseparável unidade com a Imanência Divina. 
Despertando, comendo, trabalhando, sonhando, dormindo,
Servindo, meditando, cantando, amando divinamente,
Minha alma sussurra o tempo todo, sem que ninguém ouça:
Deus! Deus! Deus!¹
Dessa forma, ele sempre permanece consciente de sua conexão com a imutável Inteligência Divina - o Bem Absoluto subjacente aos desafiadores enigmas da criação." 

¹ Do livro Songs of the Soul, de Paramahansa Yogananda (publicado pela Self-Realization Fellowship).

(Paramahansa Yogananda - A Yoga de Jesus - Self-Realization Fellowship - p. 74/75)


quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

OS UPANIXADES

"A herança cultural e espiritual da Índia é ao mesmo tempo vasta e rica. Mas nela nada há de sectário ou regional. Ela é tão universal em seu apelo e tão universal em sua abordagem que pertence ao mundo todo. Seus comentários, sem dúvida, são indianos, mas seu conteúdo cobre todos os aspectos da vida humana, independentemente de unidade geográficas ou expressões históricas. É tanto universal quanto atemporal e, assim, aplica-se a pessoas de todas as idades e de todos os países. Pode-se perguntar, ‘qual é realmente a fonte de onde surgiu uma herança tão vasta e rica – uma herança que permaneceu nova e vital embora muito séculos tenham passado desde que fez sua primeira aparição na vaga aurora do tempo?’ Pode se dizer sem a menor hesitação que a fonte dessa herança se encontra nos Grandes Upanixades. Os videntes e sábios da Índia Antiga, sentados debaixo de uma árvore, em uma longínqua floresta, revelavam os princípio fundamentais da filosofia perene aos estudantes que iam até eles com questões de profundas e séria investigação sobre a natureza da vida. Os Upanixades contêm os princípios essenciais dessa Imutável Filosofia Perene e não podem de modo algum ser descritos como religiosos – se à ideia de religião associamos dogmas  e credos, política clerical e autoridade, recompensas e punições. (...)

Nesta época em que a ciência e a tecnologia se movem de vitória a vitória, precisamos da mão refreadora da filosofia, pois sem ela, a ciência e a tecnologia podem nos levar a um mundo destituído de significado. Podemos ser levados a uma vasta extensão de conquistas, mas uma extensão sem profundidade é como possuir uma técnica perfeita de expressão sem ter nada para expressar. (...) O homem precisa hoje de uma filosofia significativa se quiser que as conquistas da ciência não o levem a uma destruição cada vez maior, mas sim às sublimes e majestosas alturas do viver criativo. Mas onde ele pode reunir o material necessário para a formação de uma filosofia correta da vida? A resposta para essa pergunta pode ser encontrada nos Grandes Upanixades. É na visão da vida dada pelos Upanixades que o homem pode encontrar a filosofia fundamental do Viver Criativo – uma filosofia que pode servir como um Farol Iluminador mesmo no meio da escuridão que nos cerca, uma filosofia que pode nos levar do irreal para o Real, das trevas para a Luz, da morte para a Imortalidade."

(Rohit Mehta - O chamado dos Upanixades - Editora Teosófica, Brasília, 2003 - p.07/14)


A MANEIRA CORRETA DE SATISFAZER OS DESEJOS

"Não é errado ter objetivos e desejos meritórios; o erro consiste em tentar expressar e satisfazê-los por meios finitos, porque então acabamos nos atolando na ilusão. Ao surgirem tais desejos, ore interiormente: 'Senhor, sei que o fundamento desses anseios é o desejo da alma para expressar sua natureza infinita, feita à Tua imagem. Ajuda-me a satisfazer minha ânsia de amor, poder e reconhecimento, conhecendo-me como alma.' Essa é uma maravilhosa maneira de raciocinar, usando o discernimento para vencer a ilusão.

'Mas buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.' Sei que é assim. Há muitos anos, quando era uma jovem devota no caminho, percebi que nessas palavras Cristo enunciou a grande promessa de Deus de que, se primeiro procurássemos o Senhor, e se O procurássemos acima de todas as coisas, então tudo o mais que já tivéssemos almejado viria a nós. Decidi que iria provar ou refutar essa declaração em minha própria vida. Sempre que surgiam momentos de dúvida, eu renovava meu voto interior: usar as oportunidades nesta encarnação para provar que essas palavras da Bíblia são falsas ou verdadeiras.

A maneira mais fácil de seguir o caminho espiritual é escolher um princípio filosófico, ou uma declaração da verdade, e empenhar-se para construir sua vida em torno dele. Para cada um de vocês, há alguma verdade particular nas escrituras ou nas palavras de grandes santos que você cultiva especialmente por causa da inspiração que ela oferece. Não se contente meramente em ser inspirado pelas palavras. Tente cada dia viver essa verdade, o melhor que puder, de modo que sua inspiração se aprofunde, transformando-se em percepção direta.

O que mais interessava ao Mestre era o espírito do devoto - a determinação e o desejo amoroso de experimentar Deus. É isso que mantém ativos e puros os verdadeiros ensinamentos espirituais. Nem todo saber intelectual do mundo pode conseguir isso, porque a intelectualidade é, com muita frequência, um obstáculo entre o entendimento de Deus obtido da leitura ou de se ouvir falar dele, e Sua percepção direta. Quando um aspirante experimenta pessoalmente o amor e a sabedoria de Deus, ninguém consegue abalar sua convicção. (...)

Desse modo, encontrar Deus, ou mesmo buscá-Lo sinceramente, significa o fim de todos os desejos, porque o relacionamento com Deus satisfaz completamente. O homem de Deus, estando totalmente realizado, não tem nenhum desejo de se expressar como uma entidade-ego separada de Deus - compartilhando-O com os outros, despertando neles o interesse não por si mesmo, mas por Deus. Sua máxima alegria é atrair os outros para o único Amado que ele Adora. (...)"

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 200/201)


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

HARMONIA NA DIVERSIDADE

“Meu amigo, deixa a cada ave o seu voo!

Deixa a cada planta a sua forma!

Deixa a cada flor o seu colorido!

Deixa a cada essência o seu perfume!

Deixa a cada homem o seu gênio!

Deixa a cada alma o seu caminho às alturas!

Não penses que só o teu trilho seja bom!

Muitos são os caminhos que levam a Deus...

Onde quer que exista uma reta vontade – existe uma ponte para o Infinito...

Procura preservar de falsos caminhos os homens – mas não tenhas por falsos todos os caminhos fora do teu!

Deus é Deus da Plenitude – e não do vácuo...

Deus é o Deus da variedade – e não da monotonia...

Deus é amigo da evolução – e não da estagnação...

Quão tedioso seria o cenário da flora se todas as flores fossem rosas, lírios ou cravos! (...)

Quão monótono seria o mundo mineral se todas as pedras preciosas fossem safiras, rubis, esmeraldas, diamantes ou topázios? (...)

Quão desgracioso seria o firmamento noturno se todas as estrelas tivessem o mesmo tamanho e fossem dispostas simetricamente como um tabuleiro de xadrez?

Não queiras, ó homem, corrigir as obras de Deus...

Sabes tu por que vivem no mundo homens de todas as índoles? Caracteres múltiplos, gênios versicolores? (...)

Deixa a cada um o caráter que Deus lhe deu – e o caminho que Deus lhe traçou!

Respeita nos outros a liberdade que reclamas para ti mesmo!

Estima o que é teu – tolera o que é dos outros!

Sê, no grande mosaico, a pedrinha que és – e deixa que os outros sejam também as pedrinhas que são!

Se todos fossem como tu, se tu fosses como os outros – morreria toda a beleza...

Beleza só existe onde reina harmonia na diversidade... (...)"

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Editora alvorada, 8ª edição - p. 95)


CARÁTER

"Cada ação que praticamos, cada movimento do corpo, cada pensamento que pensamos deixa uma impressão mental. Ainda que essas impressões não sejam óbvias, são suficientemente fortes para atuarem sob a superfície, no subconsciente. O que somos a cada momento é determinado pela soma dessas impressões da mente. Sou, neste momento, o efeito da soma de todas as impressões de minha vida passada.

A isso dá-se o nome de caráter. O caráter de cada ser humano é determinado pela totalidade dessas impressões. Se as boas impressões prevalecem, o caráter torna-se bom; caso contrário, torna-se mau. Se um homem ouve más palavras constantemente, tem maus pensamentos e comete ações más, sua mente ficará repleta de más impressões, que influenciarão seu pensamento e suas ações sem que ele se dê conta. Na realidade, a influência das más impressões é contínua e seu resultado será, necessariamente, maléfico. Um homem assim se tornará mau, sem que possa evitá-lo. A totalidade dessas impressões criará uma poderosa motivação para que ele realize más ações. Será como um robô sujeito às suas impressões, que o forçarão a praticar o mal. Por outro lado, se um homem tem bons pensamentos e pratica o bem, a soma dessas impressões será boa e, de maneira similar, irão forçá-lo a fazer o bem, a despeito de si mesmo."

(Swami Vivekananda - O que é Religião – Ed. Lótus do Saber, Rio de Janeiro, 2004 - p. 208/209)


segunda-feira, 13 de janeiro de 2014

A ANULAÇÃO DO DESEJO

"Dizem-nos com frequência que precisamos matar o desejo; cumpre lembrar, no entanto, que o processo é gradual. Os desejos mais baixos e grosseiros, indicados pela palavra sânscrita karma, devem ser extirpados inteiramente antes de se poder realizar algum tipo de avanço, mas, na acepção inglesa da palavra, todos ainda temos alguns desejos, e, provavelmente, os teremos durante um longuíssimo tempo por vir. Desejamos intensamente, por exemplo, servir o Mestre; tornar-nos seus discípulos; ajudar a humanidade. Esses também são desejos, mas não devem ser mortos. O necessário é matar o inferior e alcançar o superior, vale dizer, purificar os desejos e transmudá-los em aspirações. 

Mais adiante, outra transmutação ocorrerá. Por exemplo, agora queremos progredir; mas tempo virá em que estaremos tão seguros disso que deixaremos de desejar, porque sabemos que durante o tempo todo o desejo estará prosseguindo, tão depressa quanto nos é possível, e porque queremos que prossiga. O desejo, então, transmuda-se em resolução. Neste ponto já não pode haver arrependimento de nada; fazemos o melhor que nos é possível e sabemos que, em resposta a isso, o melhor terá de vir. Algumas pessoas desejam intensamente ganhar esta ou aquela qualidade; não desperdicemos a nossa força desejando ou ansiando por alguma coisa, senão querendo-a.  

Do mesmo modo se diz que devemos matar a 'forma lunar', o que quer dizer, o corpo astral. Mas isso não significa que o corpo astral deve ser destruído, nem que devemos ser despojados de sentimentos e emoções. Se tudo fosse assim, não teríamos simpatia nem compreensão pelos outros. O que se pretende dizer é que deveríamos conservá-los completamente sob controle, que deveríaos ter a faculdade de 'matar a forma lunar' à vontade. Embora necessária, a pureza não sigifica apenas a abstenção de defeitos específicos, senão o absoluto despojamento do eu. A ambição por exemplo, é uma forma comuníssima de desejo, mas nela há sempre um pensamento do eu. O adepto não pode ser ambicioso. Sua vontade identifica-se com a vontade do LOGOS, e ele quer a evolução. Somos todos parte do LOGOS, e nossas vontades são parte da Sua vontade. Somente quando não o compreendemos, criamos desejos em nossas linhas separadas."

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 -  p. 112/113


O BUDISMO E A MEDICINA (PARTE FINAL)

"(...) Para o Budismo, o que obscurece e impede a perfeição da mente humana são os kleshas, os ‘obscurecimentos’ mentais produzidos por emoções aflitivas, corrupções, distorções mentais, emoções negativas e conceitos perturbadores. Pode-se definir os kleshas como fatores que produzem confusão psíquica e descontrole. Esses fatores estão associados a hábitos reativos e emotivos complexos e são considerados a raiz psíquica das enfermidades.

Segundo a tradição existem milhares de kleshas, mas todos eles podem ser condensados nos chamados ‘três venenos’: confusão, apego e aversão, que são fruto da ignorância e do não percebimento da realidade. Esses três venenos nascem da falsa noção do dualismo sujeito-objeto e do conceito de um eu permanentemente separado do todo. Essa falsa noção é vista como a ignorância fundamental, origem de todas as demais.

Quando Buda ensinou as quatro Nobres Verdades, ele mostrou que a causa das moléstias é a ignorância, que produz o desejo e o ódio. Todas as 84.000 corrupções específicas descritas por Buda podem ser resumidas nos ‘três venenos’. O remédio para esses venenos é o triplo adestramento que leva ao caminho do dharma. A moral cura o desejo, a cobiça e a luxúria, e utiliza como meio de tratamento a meditação sobre a fealdade e a repulsa do objeto de atração. A concentração cura a raiva, o ódio e a aversão, utilizando a meditação regular sobre a compaixão. A sabedoria cura a ignorância por meio da meditação sobre a interdependência de todas as coisas e de todos os seres.

De todas essas, o mais importante é desenvolver a sabedoria (prajna), capaz de atacar o veneno radical da ignorância, do qual derivam todos os outros venenos. Por isso se afirma que a sabedoria é o remédio final que cura todas as doenças e todas as dores. (...)"

(Marcio Bontempo - O Budismo e a Medicina - Revista Sophia, Ano 7, nº 27, p. 11/12)


domingo, 12 de janeiro de 2014

A TEOSOFIA NA CIÊNCIA

"A Teosofia, que estuda sem cessar os fatos do Universo, não é outra coisa que a continuação da ciência. Entretanto, a diferença entre uma e outra é que a Teosofia dispõe de um maior número de fatos em que se basear, e mostra também como o indivíduo pode descobrir por ele mesmo a diagonal da vida, que é a verdadeira filosofia da conduta. Os fatos da Teosofia foram recolhidos exatamente do mesmo modo como o geólogo ou o físico reúne os seus, isto é, por meio de uma faculdade de observação cuidadosamente formada, que leva à indução e à dedução, comprovados repetidamente em cada novo fato observado. A Teosofia possui a tradição de uma antiga Sabedoria cuidadosamente construída, de acordo com o método já citado, por grandes Inteligências científicas, denominadas Mestres de Sabedoria; e são justamente seus conhecimentos científicos os proclamados pela Teosofia Moderna. O ponto principal, que distingue esta ciência antiga da moderna, é a conclusão, deduzida dos fatos observados pelos antigos cientistas, de que o processo evolutivo consiste num duplo desenvolvimento de vida e forma. Cada objeto, além da forma que aparece ter, está animado de uma vida que mantém a matéria nessa forma, mas é capaz de ter uma existência independente, uma vez ocorrida a dissolução da matéria. Esta vida pode apenas aparentar as características da vida, tal como um pedaço de mineral ou pode mostrar os primeiros germes do que chamamos vida, como um fungo. Assim como a ciência nos mostra uma magnífica escada na evolução da forma, a Teosofia nos mostra que existe uma escada semelhante na evolução da vida e da consciência, que principia no átomo e atinge o Criador do Universo. Os Mestres de Sabedoria opuseram ao alcance da observação científica os mundos invisíveis, cujos limites alguns cientistas modernos estão agora começando a atingir, em várias de suas experiências."

(C. Jinarajadasa - Teosofia Prática - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 62/64)