OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sábado, 14 de abril de 2018

APEGO

"Apego é um fator mental que percebe um objeto, considera-o bonito ou agradável, deseja obtê-lo, tocá-lo e possui-lo e não quer se separar dele. O apego funciona de duas maneiras interligadas: desejando obter um objeto atraente que ainda não possui e desejando nunca se separar dele depois de possui-lo. A relação de um casal pode ilustrar esses dois tipos de apego. No começo, os dois parceiros desejam estar juntos - esse é o primeito tipo de apego. Depois, surge o desejo de nunca se separarem um do outro - que é o segundo tipo de apego. O apego também pode surgir em relação a objetos materiais. Sob a influência dessa delusão, nossa mente fica absorta no objeto de desejo do mesmo modo que o óleo fica impregnado num tecido. Assim como é muito difícil separar o óleo do tecido que ele manchou, também é difícil separar a mente do objeto de apego no qual ela ficou absorta.

É por causa do nosso apego que continuamos a vagar no samsara, passando por infinito sofrimento. O pré-requisito para alcançar a libertação ou a plena iluminação ou mesmo para receber uma ordenação como monge ou monja é a mente de renúncia. O apego aos prazeres passageiros deste mundo impede o surgimento dessa mente.

Desde tempos sem-início, temos sido incapazes de nos libertar da prisão do samsara. Apego é o que nos mantém presos nesse cárcere. Se tivermos o desejo sincero de praticar Darma, devemos renunciar ao samsara como um todo, e só poderemos fazer isso reduzindo nosso apego deludido.

Tendo reconhecido nosso apego, haverá duas maneiras de abendoná-lo. Essa delusão pode ser superada temporariamente meditando-se na repugnância e impureza do objeto de desejo e, depois, considerando-se as inúmeras falhas da delusão em si. Se praticarmos continuamente desse modo, com certeza poderemos reduzir nosso apego. (...)

Tal método é apenas um antídoto temporário ao nosso apego. Se quisermos removê-lo por completo, teremos de destruir a causa subjacente do apego e também de todas as outras delusões: o autoagarramento. Só seremos capazes de eliminar definitivamente o autoagarramento se meditarmos na vacuidade (shunyata, em sânscrito). Para alcançar a libertação total do sofrimento, precisamos desenvolver não apenas uma realização da vacuidade, mas também da renúncia, do tranquilo permanecer e da visão superior. (...)"

(Geshe Kelsang Gyatso - Contemplações Significativas - Ed. Tharpa Brasil, São Paulo, 2009 - p. 163/164)


sexta-feira, 13 de abril de 2018

ENQUANTO POSSUIRMOS, JAMAIS AMAREMOS

"Conhecemos o amor como sensação, não é? Quando dizemos que amamos, conhecemos o ciúme, o medo, a ansiedade. Quando você diz que ama alguém, tudo isso está implícito: a inveja, o desejo de possuir, de ser dono, de dominar, o medo da perda e assim por diante. Tudo isso, nós chamamos de amor. E não conhecemos o amor sem medo, inveja, possessão; simplesmente verbalizamos esse estado de amor que existe sem medo, o chamamos de impessoal, puro, divino ou sabe lá Deus o que mais. O fato, no entanto, é que somos ciumentos, dominadores, possessivos. Só conheceremos esse estado de amor quando o ciúme, a inveja, a possessividade, a dominação tiverem um fim, e enquanto possuirmos, jamais amaremos...

Em que momento você pensa na pessoa amada? Você pensa nela quando ela parte, quando está distante, quando deixou você... Então, você sente falta da pessoa a quem diz amar só quando está perturbado, sofrendo. Ou seja, enquanto você possui essa pessoa, não tem de pensar nela, porque na posse não há perturbação...

O pensamento surge quando estamos perturbados - e estamos propensos a ficar perturbados enquanto nosso pensamento for aquilo que chamamos de amor. Certamente, o amor não é uma coisa da mente; e, como as coisas da mente encheram nossos corações, não temos amor. As coisas da mente são o ciúme, a inveja, a ambição, o desejo de ser alguém, conseguir sucesso. Essas coisas da mente enchem o coração, e então dizemos estar amando. Mas como podemos amar quando há todos esses elementos confusos dentro da gente? Se há fumaça, como pode haver uma chama pura?"

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 125)


quinta-feira, 12 de abril de 2018

SEIS REGRAS PARA O AUTOCONTROLE (PARTE FINAL)

"(...) 4. Descubra a verdadeira causa de sua raiva e trabalhe-a. Talvez o seu verdadeiro motivo tenha ficado muito para trás. Quando você era criança, a sua mãe pode ter, por exemplo, lhe obrigado a usar capa de chuva, e toda turma riu. Hoje você nem se lembra disso, mas se aborrece quando sua esposa insiste em que você se proteja da chuva.
   Quando você era pequeno, gritava e esperneava. Naquele momento seus pais viam que vinha gente chegando, e assim faziam o que você queria. Existem inúmeras maneiras adultas de se jogar no chão sem gritar ou espernear de maneira visível. Talvez você ainda esteja tentando, com um toque infantil, conseguir o que deseja.
  Feliz é o homem que sabe de onde vêm seus problemas. A autocompreensão é um passo rumo ao autontrole.

5. Não reprima sua raiva. Libere-a. Descubra um meio saudável de livrar-se de sua fúria. Quando tiver esperado e estudado a si mesmo, aja! Vá cavar o jardim, lavar o carro, dar uma caminhada.
   Você pode até mesmo tentar o tratamento de minha mãe. Sempre que sentia que estava para ter um ataque de nervos, ela ia à copa e pegava uma xícara ou um pires velho (guardados para esses momentos). Depois ia pra trás do celeiro, empolgava-se, como uma grande torcedora, e lançava a coisa longe. O barulho da louça quebrando e a visão dos cacos voando eram um bálsamo para ela. Vá em frente, só uma vez! Funciona.
   Conversar é outro excelente relaxante. Um casamento é bom quando marido e mulher podem dizer, serenamente: 'Fiquei com raiva de você, e a razão é...' Se você esconde seus ressentimentos, algum dia alguém risca um fósforo e as coisas explodem. Elimine esse perigo de maneira saudável.

6. Afine-se com o Autor do equilíbrio e da paz. Num santuário sossegado, próximo a um córrego, no pomar, no jardim, a sós num aposento escuro, procure se aquietar e abrir o seu coração à tranquilidade que preenche o universo. A melhor maneira de se acalmar é perder-se em Deus."

(Charlie W. Shedd - Seis regras para o autocontrole - Revista Sophia, Ano 7, nº 25 - p. 45)
www.revistasophia.com.br


quarta-feira, 11 de abril de 2018

SEIS REGRAS PARA O AUTOCONTROLE (1ª PARTE)

"Revisitando as colinas do tempo, quase todos nós podemos ver uma sepultura aqui ou ali, onde enterramos uma boa parte de nós mesmos, após uma erupção vulcânica. E quando afastamos o capinzal, lá está o epitáfio: 'Morreu de um ataque de raiva; foi levado por seu próprio temperamento.' Para que isso não mais nos aconteça, aqui estão seis regras para manter o autocontrole.

1. Aquele que perde a calma sempre perde. Você sempre perde mais do que ganha quando se aborrece. Três minutos de raiva minam suas forças mais do que oito horas de trabalho. É uma enorme tensão sobre seu corpo. Quando você se aborrece, o sangue é impelido para os principais músculos dos braços e das pernas. Assim, você tem mais força física, mas o cérebro, por falta do pleno suprimento de sangue, tem sua eficácia diminuída. É por isso que você diz e faz coisas bizarras. De modo semelhante, você perde o respeito daqueles que testemunham a explosão. A gentileza é uma vencedora, e é aliada da paz no mundo.

2. Conheça seus sinais de perigo. Geralmente existem nuvens no seu céu particular para anunciar a tempestade que se aproxima. Estude-se para descobrir que estados de humor e que momentos são críticos para você.
   Talvez essas tendências andem em círculos. Há pessoas, por exemplo, que passam por um período de mau-humor a cada vinte dias, com rigorosa pontualidade. Tomando cuidados especiais, desviando os pensamentos ou viajando, elas conseguem evitá-los.
   Os momentos mais perigosos podem ser aqueles que se seguem a algum período excitante ou romântico. Outros ficam nervosos quando estão cansados. Mas, mesmo que a sua raiva não siga padrão algum, ela geralmente agita uma bandeira antes de chegar.

3. Reserve um momento para se acalmar. Lembre-se de que os grandes são grandes porque esperam mais cinco minutos. Certo dia íamos de carro em uma avenida onde as pessoas se zangam se você for lento. O motorista, um amigo meu, estava passando por um período difícil. Um bobo alegre, desses que gostam de voar no trânsito, estava a não mais de dez centímetros atrás de nós durante uma subida, guiando um caminhão velho. Ele fazia esforços visíveis para ultrapassar. Finalmente, buzinando a pleno vapor, ele nos ultrapassou tão próximo que por pouco não nos levou a lateral.
    Para piorar as coisas, o jovem pôs a cabeça para fora e gritou algo impublicável. Eu sei o que eu teria feito. Você também, talvez. Mas o meu amigo, cuidadosamente, parou o veículo junto ao meio-fio e permeneceu sentado. Depois de três minutos, virou-se para mim e disse: 'Quando fico aborrecido assim, simplesmente paro o que estou fazendo e espero até passar.' Isso é o que mamãe queria dizer com 'consulte o travesseiro, filho'... (...)"

(Charlie W. Shedd - Seis regras para o autocontrole - Revista Sophia, Ano 7, nº 25 - p. 45)


terça-feira, 10 de abril de 2018

A PERSONA E O EGO

"Todos nós temos uma imagem que apresentamos ao mundo - é o que Jung chama de persona. O modo como nos vestimos, como falamos, a personalidade que gostamos de apresentar, tudo isso é parte de uma persona que desenvolvemos desde nossos primeiros anos. A persona é influenciada pela educação. Família, escolas, amigos, sociedade: todos esses elementos têm normas, valores e atributos, e o esperado é que nós os aceitemos e os tornemos nossos.

A persona não é o 'eu' real; é a expectativa da sociedade sobre como alguém no nosso papel deve se vestir, falar e se comportar. Se nos preocupamos demais com nossas personas, podemos terminar vivendo segundo as expectativas de nossos pais, de nosso grupo social ou religioso, ou de nossos cônjuges. Podemos não estar sendo verdadeiros e autênticos em relação a nós mesmos. Podemos estar vivendo a ideia de outra pessoa sobre como nossa vida deveria ser.

Se nos identificarmos muito intimamente com nossa persona, podemos perder parte de nós mesmos - mas não completamente. Partes não realizadas de nossa personalidade surgem nos sonhos, nas fantasias e em atos falhos. Se algo é empurrado para o inconsciente, certamente se esforçará para sair. Se nossa persona estiver muito distante da nossa verdadeira personalidade, podemos nos sentir afligidos por neuroses.

O ego é o que nós pensamos que somos. É a nossa personalidade como conscientemente a conhecemos. Faz parte da nossa força motriz, do nosso desejo pessoal de autoexpressão e de controle sobre o mundo à nossa volta.

Ego não significa egoísta ou egocêntrico; é uma palavra latina que significa 'eu'. Desenvolvemos nosso senso de ego na infância. Ouvimos as outras pessoas descreverem nossa personalidade e nosso comportamento e internalizamos essas descrições como aquilo que pensamos ser o 'eu': Miguel tem um temperamento ruim; Ana gosta de cooperar; Mário é um bom menino. Todos esses rótulos tornam-se parte da nossa identidade, mas eles podem estar ligeiramente fora de foco - ou completamente errados. Eles são filtrados pelas personalidades de outras pessoas, que interpretam nossas ações de acordo com seu próprio esquema das coisas.

Para compreender as necessidades que o ego tem em relação aos outros, devemos primeiramente entender a nós mesmos. Não podemos ter relacionamento bem-sucedidos com amigos, amantes ou pais a não ser que tenhamos uma noção realista da nossa própria identidade. Se sabemos quem somos, podemos fazer melhores escolhas nos nossos relacionamentos."

(Vivianne Crowley - A consciência segundo Jung - Revista Sophia, Ano 7, nº 25 - p. 33)