OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 18 de abril de 2017

O PODER DO PENSAMENTO E SEU USO (1ª PARTE)

"Uma das mais notáveis características dos dias atuais é o reconhecimento, em toda a parte, do Poder do pensamento, a crença de que o homem pode modelar o seu caráter, e, portanto, o seu destino, pelo exercício desse poder que faz dele um homem. Nesse ponto, as ideias modernas estão entrando na linha dos ensinamentos religiosos do passado. 'O homem é criado pelo pensamento' – é o que está escrito numa escritura hindu. 'O homem torna-se aquilo que ele pensa; portanto, pense no Eterno.' 'Tal como ele pensa em seu coração assim ele é', disse o sábio Rei de Israel, advertindo contra a associação com os homens maus. 'Tudo o que somos foi feito pelos nossos pensamentos', disse Buda. O pensamento é o pai da ação; nossa natureza se dispõe a materializar aquilo que é gerado pelo pensamento. A psicologia moderna diz que o corpo tende a seguir o pensamento, e liga a inclinação de algumas pessoas para se atirarem de uma altura ao fato de a imaginação deles retratar uma queda, e o corpo agir de acordo com esse quadro.

Havendo, então, uma apreciação do Poder do Pensamento, torna-se momentoso saber como usar esse poder da forma mais elevada possível e causando o maior efeito possível. A melhor forma de fazer isso está na prática da meditação, e um dos métodos mais simples – que tem, ainda, a vantagem de seu valor poder ser comprovado pessoalmente pela pessoa que o usa – é o seguinte:

Examinando o seu caráter, busque determinar algum de seus defeitos evidentes. Depois, pergunte a si próprio qual é a qualidade oposta a esse defeito, a virtude que seja a sua antítese. Digamos que o leitor sofre de irritabilidade; escolha a paciência. Então, regularmente, a cada manhã, antes de sair para o mundo, sente-se durante três ou cinco minutos e pense na paciência – no seu valor, na sua beleza, na sua prática sob provocação, observando um ponto por dia, e outro, e outro, pensando o mais firmemente que puder, chamando de volta a mente quando ela divagar, e pense em si próprio como sendo perfeitamente paciente, termine com um voto: 'Essa Paciência, que é o meu verdadeiro eu, sentirei e demonstrarei hoje.'

Durante alguns dias, provavelmente, não haverá mudança perceptível, e o leitor irá se sentir e se mostrar irritado. Continue com firmeza, a cada manhã. Bem depressa, cada vez que você disser alguma coisa irritadamente, o pensamento, sem ser solicitado, virá como um relâmpago à sua mente: 'Eu deveria ter tido paciência.' Continue assim. Logo o pensamento de paciência surgirá com o impulso para a irritação, e a manifestação exterior será contida. Continue assim. O impulso para a irritação irá ficando cada vez mais fraco, até que você perceba que a irritabilidade desapareceu e que a paciência se transformou na sua atitude normal diante das contrariedades.

Aí, temos um experimento que qualquer pessoa pode tentar, comprovando a Lei por si mesma. Uma vez comprovada, ela pode usá-la, e construir virtude após virtude, de maneira igual, até criar um caráter ideal pelo Poder do Pensamento. (...)"

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)
fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


terça-feira, 14 de março de 2017

A REENCARNAÇÃO E SUA NECESSIDADE (PARTE FINAL)

"(...) A glória da humanidade, do ponto de vista científico, parece estar fora da lei da causação. A ciência não nos diz como construir mentes robustas e corações puros para o futuro. Ela não nos ameaça com uma vontade arbitrária, mas deixa-nos sem explicação sobre as desigualdades humanas. Dizem que os ébrios legam a seus filhos corpos propensos à doença, mas não explicam por que algumas infelizes crianças são os recipientes de herança tão hedionda.

A Reencarnação devolve a justiça a Deus e poder ao homem. Todo espírito humano entra na vida humana como um gérmen, sem conhecimento, sem consciência, sem discernimento. Pela experiência, agradável ou dolorosa, o homem reúne material, como foi explicado antes, e o erige em faculdades mentais e morais. Assim, o caráter com que nasceu foi feito por ele, e marca o estágio que ele alcançou em sua longa evolução. A boa disposição, as excelentes possibilidades, a natureza nobre são o espólio de muitos e duros campos de batalha, são o salário de pesados e duros labores. O reverso indica um estágio mais recente de crescimento, o pequeno desenvolvimento do gérmen espiritual.

Todos caminham por uma estrada igual, todos estão destinados a alcançar a máxima perfeição humana. A dor é consequência dos erros e é sempre reparadora. A força se desenvolve na luta; colhemos, após cada semeadura, o resultado inevitável – a felicidade, que vem do que é correto, e o sofrimento, que vem do que é errado. Um bebê que morre logo depois de nascido paga com a morte um débito, uma dívida do passado, e retorna rapidamente à Terra, retido por breve espaço de tempo, livrando-se da sua dívida, para reunir a experiência necessária ao seu crescimento. As virtudes sociais, embora colocando o homem em desvantagem na luta pela existência, levando mesmo, talvez, ao sacrifício da sua vida física, constroem um nobre caráter para as suas vidas futuras, modelando-o para se tornar um servidor da nação.

O gênio chega a ser inerente ao indivíduo como resultado de muitas vidas de esforço, e a esterilidade do corpo que ele usa não roubará ao futuro os seus serviços, porque ele retorna maior a cada novo nascimento. O corpo envenenado pelo alcoolismo de um pai é usado por um espírito que aprende, com a lição do sofrimento, a guiar sua vida terrena sobre linhas melhores do que as que seguiu no passado.

Assim, em cada caso, o passado individual explica o presente de cada um, e quando as leis do desenvolvimento forem conhecidas e obedecidas, um homem poderá construir com mãos seguras seu destino futuro, modelando seu desenvolvimento em linhas de beleza sempre crescente, até que atinja a estatura do Homem Perfeito."

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)
fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


segunda-feira, 13 de março de 2017

A REENCARNAÇÃO E SUA NECESSIDADE (1ª PARTE)

"Há apenas três explicações para as desigualdades humanas, sejam de capacidade, de oportunidade ou de circunstância, 1: Criação especial por Deus, implicando que o homem é indefeso, seu destino sendo controlado por uma vontade arbitrária e incalculável. 2: Hereditariedade, conforme sugere a ciência, implicando igual impotência por parte do homem, sendo ele o resultado de um passado sobre o qual não teve controle. 3: Reencarnação, implicando que o homem pode tornar-se senhor do seu destino, o resultado do seu próprio passado individual, sendo, assim, o que fez de si mesmo. A criação especial é rejeitada por todos os que raciocinam, como explicação para as condições que nos rodeiam, a não ser na mais importante de todas elas, o caráter com o qual e o ambiente ao qual nasce uma criança. A evolução é tida como certa em tudo, menos na vida da inteligência espiritual chamada homem. Ele não tem passado individual, embora tenha um futuro individual infinito. O caráter que traz com ele – e do qual, mais do que qualquer outra coisa, depende o seu destino na Terra – é, segundo essa hipótese, especialmente criado para ele por Deus, e é imposto a ele sem qualquer escolha de sua parte, destino saído da sacola da sorte da criação, da qual ele pode retirar um prêmio ou um bilhete em branco, sendo este último a condenação ao infortúnio. Do jeito que for, ele deve aceitá-lo.

Se da sacola ele retirar uma boa disposição, ótima capacidade, uma natureza nobre, tanto melhor: ele nada fez para merecê-lo. Se tirar uma criminalidade congênita, uma idiotia congênita, uma moléstia congênita ou um alcoolismo congênito, tanto pior para ele: ele nada fez para merecê-lo. Se a eterna bem-aventurança está anexada a um e o tormento eterno a outro, o desafortunado deve aceitar sua má sorte como puder. O poder do oleiro não é maior do que o da argila? Isso pareceria triste, se a argila pudesse sentir.

Sob outro aspecto, a criação especial é grotesca. Um espírito é criado especialmente para um pequeno corpo que morre poucas horas depois de ter nascido. Se a vida na Terra tem algum valor educativo ou experimental, esse espírito será, para sempre, o mais pobre, ao perder a vida, e a oportunidade perdida jamais poderá ser recuperada. Se, por outro lado, a vida humana na Terra não é essencialmente importante e leva com ela a certeza de muitas ações más e de sofrimento, e a possibilidade de sofrimento eterno ao seu final, o espírito que vem para um corpo que dura até a velhice mal pode tratar dele, pois deve suportar muitas doenças que o outro pode evitar, sem qualquer vantagem equivalente. E pode ser condenado para sempre.

A lista das injustiças induzidas pela ideia da criação especial poderia ser ampliada ao infinito, porque tal ideia inclui todas as desigualdades. Ela faz miríades de ateus, que a consideram incrível para a inteligência e revoltante para a consciência. Ela coloca o homem na posição de inexorável credor de Deus, perguntando, estridentemente: 'Por que me fizeste assim?' (...)"

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)

quarta-feira, 12 de outubro de 2016

CORAGEM E VONTADE (2ª PARTE)

"(...) É costume falar-se de 'mau carma' quando ocorre um resultado desagradável ou penoso. Às vezes, perguntamos o que fizemos para merecer tal coisa, mas na verdade não há nem bom nem mau carma, no que diz respeito a este assunto, existe somente a lei inflexível que dirige os acontecimentos divinos. Uma das primeiras coisas que o aspirante aprende é a identificar-se com a lei universal, tanto no que concerne ao seu próprio destino quanto ao dos outros, adaptando assim sua vontade à Vontade Daquele que o criou. Isso não quer dizer fatalismo ou resignação cega, mas esforço incessante para compreender e cooperar com as forças evolutivas da Natureza. 'Ajude a Natureza e trabalhe com ela.' (V.S.) Nada pode acontecer fora da Grande Lei. Mas isso não quer dizer que abandonemos tudo para sofrer, como é, às vezes, a atitude no Oriente. O simples fato de aí estarmos e podermos ajudar indica que queremos ajudar. É parte do 'carma' de outrem. Mas também significa suportar nosso destino com coragem e sem queixas.

Entrar no caminho oculto, mesmo em seus limites externos, é provocar grandes resultados cármicos. Isto é devido a que todas as energias do homem são dirigidas para um canal, e o resultado é potente e imediato. Para usar um símile rudimentar - é como um campo coberto com drenos. Se for aberto um canal e para ele drenados os canalículos, o fluxo resultante poderá mover um moinho. A vida do discípulo, encurtando por seu esforço seu tempo de crescimento, é geralmente cheia de problemas, acontecimentos inesperados que ele tem de encarar e dominar, aparentemente sozinho. Isso requer enorme coragem. Consequentemente, todos os aspirantes devem reunir suas reservas mais profundas de coragem."

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 156


domingo, 18 de setembro de 2016

KARMA ATIVO E KARMA PASSIVO

"Karma Ativo, ou Karmabhava, é o Karma que esta­mos formando agora com os nossos pensamentos, ações e nossa vida em geral, bem como o que nela há de bom ou de mau. Isso produzirá o que vai ser o Karma Passivo da próxima vida, isto é, seu ambiente e condições. Da mes­ma maneira, o Karma Ativo da existência passada produ­ziu o Karma Passivo desta vida.

Karma Passivo, ou como é chamado tecnicamente, Upapattibhava, refere-se ao ambiente, às condições e ao caráter com os quais nascemos: todas essas coisas que nos dão, na vida, a impressão de que exercemos controle sobre elas, levando-nos a cogitar porque temos tal ambiente e tais obstáculos ao nosso progresso. Há, no Mahâbhârata, uma estranha passagem que merece consideração, em­bora, recordem bem, não se trate de doutrina autorizada, mas de certas palavras ditas por Bhishma a Yudhisthira, para explicar que o fruto de um ato aparecerá no período correspondente da vida, na próxima existência. Pode haver, e provavelmente há, muita verdade nessa declaração, e é muito possível que ações bastante sérias e fortes tenham seu efeito da maneira assim exposta. É possível atribuir isso a acontecimentos inquietantes e inesperados de nossa vida? É possível contra-arrestar esses efeitos? Alguns en­tre nós andam sob uma nuvem durante anos, quando, de repente, a nuvem sobe e as coisas parecem tomar novo caminho e novo aspecto. Tudo pode ser atribuído a al­gum Karma passado e poderoso demais para ser anulado enquanto não se esgote completamente.

Há, aqui, um outro ponto. Seria de se julgar que o lado passivo de nossas vidas é bem projetado previamente (pelas nossas próprias ações, naturalmente) e que a Fata­lidade, o Destino, a Predestinação mostram-se, em parte ou na totalidade, verdadeiros. Se considerarmos melhor, todavia, vemos que não é assim, mas que o que quer que nos aconteça só acontece porque nós próprios o trouxe­mos para nós. Se o nosso Karma é poderoso demais para ser afastado, nós o chamamos de Destino. Quanto à Sorte, ela está, esteve e estará em nossas próprias mãos. Certa passagem do Vaishnava Dharmasastra, ou Sutra de Vishnu, vem-me à mente, agora. Ela diz: 'Um homem não morre­rá enquanto não chegar o seu tempo, mesmo que tenha sido traspassado por um milhar de flechas. Não viverá depois que seu tempo chegar, mesmo que tenha sido toca­do apenas por uma haste da era Kusa.' Isso precisa ser explicado. Embora seja verdade que a nossa vida, sen­do produto de causas passadas, deve ser 'fixada', certa­mente, como resultado lógico dessas causas passadas, ou 'projetada' em seus aspectos principais, ainda assim, devemos ter em mente que possuímos, a cada dia, o po­der de modificar ou mudar a chamada Sorte, ou 'Desti­no', que é nosso. Na prática, entretanto, deve ser muito raro, se é que chega a acontecer, que alguém viva a exata extensão de tempo que elaborou para si mesmo. O mes­mo livro diz: 'Quando expiram os efeitos das ações de alguém em existências passadas, e que levaram sua pre­sente existência a ser o que é, a morte arrebata essa pes­soa, energicamente.' Em conexão com isso, é bom recordar que um homem pode alterar a sua sorte, e se a ex­tensão dos dias forem resultado nítido de Karma passado, é bastante seguro dizer-se que novo Karma pode ser gera­do nesta vida, com o efeito de contra-arrestar os efeitos do Karma passado. Podemos fazer uma pedra rolar por uma colina abaixo e, pela lei do Karma, ela deve atingir o fundo. Todavia, ela poderá ser detida se corrermos à frente, se a segurarmos e lançarmos para um lado. O Ver­dadeiro Eu Imortal Interior é Senhor do Karma, e, pal­milhando o Caminho da União com esse Um Oculto, po­demos dominar o Destino, ou Sorte, ou, pelo menos, mo­dificá-lo. De outra maneira, ele nos dominará. Recorde­mos, portanto, estas palavras de Shu-King (Livro dos Anais): 'Não é o céu que corta cedo a vida dos homens; eles a conduzem ao fim por si próprios.' (IV, ix, I.)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Editora Pensamento, São Paulo - p. 14/15)
www.pensamento-cultrix.com.br


sábado, 13 de agosto de 2016

RETORNANDO

"Não é por acaso, nem por coincidência que nascemos em nossas famílias. Escolhemos as condições em que nascemos e as possibilidades que temos pela frente. Estabelecemos um plano para nossas vidas antes de nascermos, antes mesmo de sermos concebidos. Nosso plano é supervisionado pelos amorosos seres espirituais que nos protegem e orientam, enquanto ocupamos nossos corpos físicos, desenvolvendo esse plano estabelecido para nossas vidas. Destino é o nome que se dá para os acontecimentos e situações que escolhemos antes de nascer.

Existe um considerável número de evidências provando que podemos ver os principais acontecimentos de nossas vidas, as marcas predestinadas, na etapa de planejamento anterior ao nosso nascimento. As pessoas-chave com quem nos encontraremos são mapeadas, a reunião com almas gêmeas, com almas companheiras, e mesmo o lugar concreto em que esses eventos poderão ocorrer. Alguns casos de déjà vu - a sensação de familiaridade, como se já tivéssemos estado naquele lugar, vivendo aquela mesma situação - também podem ser explicadas pela visão antecipada da vida que teremos na existência física. 

O mesmo se aplica aos casos de adoção. Apesar de as condições de reprodução estarem bloqueadas por algum motivo, os pais adotivos são escolhidos, tal como os pais biológicos. Há razões para tudo, e não existem coincidências na trilha do destino.

Nunca somos privados do livre-arbítrio. Nossas vidas e a vida de todas as pessoas com quem interagimos no estado físico serão afetadas por nossas escolhas, mais ainda assim as marcas predestinadas ocorrerão. Encontraremos as pessoas que planejamos encontrar, enfrentaremos obstáculos e circunstâncias e teremos as oportunidades que planejamos muito antes de nascer. A forma de lidar com esses encontros, as nossas reações e decisões dependerão de nosso livre-arbítrio. Destino e livre-arbítrio coexistem e interagem o tempo todo. São forças complementares, e não contraditórias."

(Brian Weiss - A Divina Sabedoria dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeirao, 1999 - p. 44/45)


sexta-feira, 24 de junho de 2016

O SOFRIMENTO EVOLUTIVO DA NATUREZA E NA HUMANIDADE (PARTE FINAL)

"(...) O destino do homem, aqui na terra, é iniciar a relação de uma natureza, que é sua felicidade. Esta felicidade é compatível tanto com o gozo como com o sofrimento, porque gozo e sofrimento são atributos do ego periférico, ao passo que felicidade (ou infelicidade) estão no Eu central.

O que mais deve preocupar o homem não é gozo ou sofrimento, mas felicidade ou infelicidade. Feliz é todo o homem cuja consciência está em harmonia com a Consciência Cósmica, com a alma do Universo, com Deus. Gozo e sofrimento, como já dissemos, vêm das circunstâncias externas, que não obedecem ao homem - felicidade ou infelicidade vêm da sua substância interna, que obedecem ao homem.

Melhor um sofredor feliz do que um gozador infeliz. (...)

Há entre os sofredores três classes: 1. os revoltados, 2. os resignados, 3. os regenerados.

Os revoltados assumem atitude negativa em face do sofrimento, que, por isto, os leva à frustração.

Os resignados assumem atitude de estoicismo passivo, toleram em silêncio o inevitável - estes não se realizam nem se frustram pelo sofrimento, mas ficam num status quo, numa estagnação neutra.

Os regenerados assumem uma atitude positiva em face do sofrimento, servindo-se dele para sua purificação e maturação espiritual. Para estes, o sofrimento, embora doloroso, conduz à felicidade.

O sofrimento em si não pode perder nem redimir o homem - o homem é que se perde ou que se redime pela atitude que assumir em face do sofrimento.

Disse o Mestre aos discípulos de Emaús: 'Não devia o Cristo sofrer tudo isso para entrar em sua glória?'

O sofredor sensato compreende estas palavras e pode dizer: não devia eu então sofrer tudo isso para assim entrar na minha realização existencial?

É sabedoria evitar o que é evitável - e tolerar calmamente o que é inevitável."

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 20/21)

segunda-feira, 14 de março de 2016

A META

"Quando alguém liga seu carro já sabe para onde tem de ir.

Movimenta o veículo e o dirige sempre para lá.

Tudo que faz nos controles visa atingir o ponto de destino. É dificílimo que essa mesma pessoa conheça para onde dirigir o carro de sua vida.

A maioria vive por viver e sem saber por que, para que e para onde se destina. Não tem rumo. Não tem meta.

Muito poucos, nesta humanidade caótica, fizeram uma opção por sua existência.

Vivem como que imantados pelos desejos, impulsos, interesses e atrativos imediatos, vagando ao sabor dos fascínios cambiantes, subjugados às seduções momentâneas...

Numa hora, alcançam as fantasias que perseguem, e se alegram.

Noutra, se veem despojados dos objetos de seus apegos, e se deprimem.

Volubilidade. Fraqueza... Falta de rumo. Ausência de meta.

Qual é a sua meta?

Acima de tudo, quero voltar a Teu Lar, que é meu."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 111)


domingo, 10 de janeiro de 2016

A TRANSCENDÊNCIA DO EGO

"Os decretos inalteráveis do karma governam o destino humano apenas enquanto o homem continua a viver pelos sentidos, reagindo aos acontecimentos externos. Aos olhos de uma pessoa assim, o raciocínio moral se situa na consciência do ego. O saber oriundo das escrituras situa-se na consciência do ego. As lágrimas de autopiedade situam-se na consciência do ego. A consciência do ego é que é o problema. Quanto maior o seu domínio da mente, maior a influência do karma na nossa vida. 

A Lei Cósmica não é um déspota irracional (...). Suas sentenças não são proferidas ao acaso, contra uma humanidade acovardada e indefesa. Toda consequência prescrita pela Lei Divina é certa e justa; brota de realidades profundas da própria natureza humana e contempla ações já cometidas. Afinal, não é razoável colher o fruto daquilo que se planta?

Depois que o ego é transcendido na consciência da alma, transcendida é também a esfera da lei kármica. A alma permanece para sempre imperturbada, pois as consequências kármicas só se acumulam em detrimento do ego. Dissipam-se quando já não há um vórtice centrípeto atraindo-as para a consciência do 'eu' e do 'meu'.

Ao tomar consciência de si mesma, a alma se liberta ao menos da sujeição à lei kármica. As boas ações dos grandes santos se projetam como ondas de luz para abençoar a humanidade inteira."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda,  Karma e Reencarnação - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 38/39)


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

NÃO CAPITULE (PARTE FINAL)

"(...) O bêbado de hoje poderia ser uma pessoa sóbria e com autodomínio se, em certo momento do passado, não tivesse cedido à 'iniciação'. Ele já não se lembra em que reuniãozinha social, para mostrar-se igual aos outros, cretinamente bebeu seu primeiro gole, sentindo abominável o gosto, mas tendo de aparentar que estava gostando (segundo a moda). O tabagista de hoje, baixado ao hospital para operar o pulmão, não se recorda daquele dia na infância em que, para parecer adulto e igual aos outros, deu as primeiras baforadas num cigarro que um colega lhe dera. Pode ser dito o mesmo em relação àquele que se degradou com as 'bolinhas' ou com os cigarros de maconha. Em todos os casos o início é sempre sob a persuasão dos outros; e sob imitação, isto é, filiação à moda. Na origem, todos os 'iniciados' já eram pessoas comumente chamadas 'fracas de espírito', ou seja, os de personalidade e mentes amorfas, vidas inconscientes que buscam segurança, aceitação e prestígio no meio em que vivem, renunciando consequentemente ao dever de serem autênticas. O medo de ser diferente leva o fraco a imitar os do grupo. Quando o grupo é de gente viciada, o resultado é viciar-se. 

Se você conhecer e sentir a inexpugnável fortaleza e o tesouro de paz e ventura que há em você, nunca buscará sua segurança nos integrantes de seu grupo e terá a sábia coragem de ser diferente. Só os que são diferentes têm condições de não apenas se sobrepor, mas de liderar. (...) Na próxima reunião, quando todos, igualados, bem 'normaizinhos', bem 'mesmificados', estiverem bebericando, fumando e fazendo uso indevido da faculdade da palavra, sem pretender afrontá-los nem parecer melhor do que eles, não tenha medo de ser diferente. (...)

Não queira ser igual, em troca de ser aceito. Não ceda ao alcoolismo, ao tabagismo, aos narcóticos, às noitadas de dissipação. Só os psiquicamente adolescentes, por inseguros, o fazem. Revele sua maturidade, recusando-se, sem ofender aos vulgares, a segui-los em suas 'normais' reuniões de vício e degradação.

Isso é o que eu quis dizer ao sugerir que você não deixe cair a semente daninha em seu quintal. Não capitule.

Não esqueça o preceito hindu: 'Semeia um ato e colherá um hábito. Semeia um hábito e colherá um caráter. Semeia um caráter e colherá um destino.'"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 220/221)


sexta-feira, 3 de julho de 2015

ENTESANDO E DESENTESANDO O ARCO (PARTE FINAL)


"(...) O homem cósmico une os dois processos, egocêntrico e cosmocêntrico; entesa o arco da sua natureza humana, desenvolve todas as suas potencialidades - e depois põe esse seu Eu plenipotenciário a serviço do Todo.

Também, que adiantaria pôr a serviço do Todo um Eu incompleto, semidesenvolvido? o Todo necessita de um Eu plenamente maduro, totalmente 'ele mesmo'. Deve o homem confiar em si mesmo, no seu ego, como se tudo dependesse dele somente - e deve confiar no Todo, no Eu, como se tudo dependesse dele somente. O difícil é realizar essa grande síntese das duas antíteses... Convém, pois, evitar dois erros:

1. O erro de não desenvolver devidamente o ego consciente,
2. O erro de o desenvolver plenamente, mas não pôr ao serviço do todo, do Eu divino.

No primeiro caso, o ego não cumpre a sua missão, de ser uma parte existencial, idônea, do grande Todo essencial; e, no entanto, esse Todo da Essência se revela necessariamente através das partes da Existência.

No segundo caso, o homem não ultrapassaria as barreiras do ego, da persona-máscara, culminando num poderoso Eu cósmico; não atingiria as alturas do indivíduo, do indiviso, da completa individualidade, indivisa em si, e indivisa do Todo.

Esse separatismo do ego, não integrado indivisamente no Todo, é a ideia fundamental do 'pecado', de Satã, diábolos, palavras que significam, hostilidade.

Cumpre que todo homem entese ao máximo o arco do seu ego consciente e depois o desentese e deixe a seta voar livremente ao seu grande destino cósmico. É este o velho problema da 'fé' e da 'graça'. É este o sentido da sapiência oriental: 'Quando o discípulo está pronto o Mestre aparece.'"   

(Huberto Rohden - A Essência do Otimismo - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2002 - p. 112/113)


domingo, 17 de maio de 2015

A SABEDORIA DO SOFRIMENTO (PARTE FINAL)


"(...) Ninguém se torna sábio na escola primária das circunstâncias de fora - mas sim na Universidade da sua substância de dentro. 

Para escutar a sabedoria da substância interna, deve o homem silenciar de vez em quando o ruído das circunstâncias externas e auscultar a voz de dentro.

Deve o homem entrar, a cada dia, por meia hora, no silêncio de dentro e fechar todas as portas aos ruídos de fora.

Não somente aos ruídos físicos da natureza e da sociedade, mas também aos ruídos mentais e emocionais do seu próprio ego.

Para todo o principiante é difícil fechar as portas aos pensamentos e às emoções, mas com paciência e persistência, domina ele a dificuldade e encontra a facilidade.

No fim, pode o homem ficar no silêncio de dentro em plena sociedade dos ruídos externos.

E, na razão direta que cresce o silêncio de dentro, decresce o amargor do sofrimento.

Por fim, pode o homem dizer a si mesmo: eu sou o senhor do meu destino, eu sou o comandante da minha vida.

Ninguém é senhor do seu destino de fora, mas pode e deve ser senhor do seu destino de dentro.

O destino de fora obedece à natureza e à sociedade, e não a nós - mas o destino de dentro obedece ao homem e o faz feliz ou infeliz.

Gozos e sofrimentos são coisas que nos acontecem à-toa - mas a felicidade ou infelicidade são creações nossas.

Eu sou o senhor da minha felicidade ou infelicidade - outros são autores dos meus gozos ou sofrimentos.

Eu tenho gozo, eu tenho sofrimento - mas eu sou a minha felicidade ou infelicidade."

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 69
www.martinclaret.com.br


quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

LIVRE-ARBÍTRIO

"Nossas almas têm todas a mesma idade, ou seja, não têm idade, mas algumas evoluem mais rápido do que outras. Saddam Hussein estaria no segundo ano primário, enquanto que o Dalai-Lama está na faculdade. No final, todos nos diplomaremos com o Uno. A rapidez de nossa evolução dependerá de nosso livre-arbítrio.

O livre-arbítrio de que estou falando aqui é diferente da capacidade da alma que nos permite escolher nossos pais e nossas circunstâncias. Ao contrário, ele é uma vontade humana que está sob nosso controle na Terra. O livre-arbítrio também não é a mesma coisa que o destino, que frequentemente nos aproxima uns dos outros, para o bem e para o mal.

É o livre-arbítrio que nos faz escolher o que comemos, nossos carros, nossas roupas, nossas férias. O livre-arbítrio também nos permite escolher nossos companheiros, ainda que provavelmente seja o destino que nos leva em direção a eles. Conheci Carole, minha esposa, quando trabalhava como ajudante de garçom no hotel em que ela estava hospedada. Isto foi destino. A continuação de nosso relacionamento - assim como a continuação de centenas de milhares de outros relacionamentos - dependeu do nosso livre-arbítrio. Escolhemos namorar e, depois, casar.

Da mesma forma, podemos escolher aumentar nossa capacidade de amar e ter compaixão; podemos escolher realizar pequenos gestos de bondade que nos trazem satisfação; podemos escolher a generosidade em vez do egoísmo, o respeito em vez do preconceito. Em todos os aspectos de nossas vidas podemos escolher a decisão amorosa. Fazendo assim, nossas almas evoluirão."

(Brian Weiss - Muitas Vidas, Uma Só Alma - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 21)


terça-feira, 28 de outubro de 2014

A FÉ MAIS ELEVADA: ENTREGAR-SE A DEUS SEM RESERVAS (1ª PARTE)

"A vida, com sua substância e propósito, é um enigma: difícil mas não insondável. Com nosso pensamento progressivo, diariamente desvendamos alguns de seus segredos. (...) Contudo, apesar de todos os nossos mecanismos, estratégias e invenções, parece que ainda somos brinquedos nas mãos do destino e que temos um longo caminho a percorrer antes de podermos nos tornar independentes do domínio da natureza.

Estar constantemente à mercê da natureza - certamente isto não é liberdade. Nossa mente entusiasta é rudemente tomada pela sensação de impotência quando somos vitimados por enchentes, furações ou terremotos; ou quando, aparentemente sem como nem por quê, doenças ou acidentes arrebatam um ente querido do nosso regaço. Então nos damos conta de que, na verdade, não conquistamos grande coisa. A despeito de todos os esforços para fazer da vida o que queremos que seja, sempre haverá certas condições introduzidas neste planeta - infinitas e guiadas por uma Inteligência desconhecida, operando sem nossa iniciativa - que ficam fora do nosso controle. (...) Com todas as nossas certezas, ainda temos que tolerar uma existência incerta.

Daí a necessidade de confiar destemidamente em nosso verdadeiro Eu imortal e na Divindade Suprema, à cuja imagem esse Eu é feito - uma fé que age sem egoísmo e segue adiante alegremente, sem tomar conhecimento de turbulência ou coações.

Exerça uma entrega absoluta e sem reservas ao Poder Maior. Não se importe se hoje você decide que é livre e intrépido mas amanhã pega uma gripe e fica lastimavelmente doente. Não ceda! Ordene à consciência que continue firme na fé. O Eu não pode ser contaminado pela doença. Enfermidades físicas chegam a você pela lei dos hábitos de doenças autocriados, alojados na mente subconsciente. Essas manifestações cármicas não podem negar a eficácia e o poder dinâmico da fé.

Segure-se no timão da fé e não se incomode com os embates das circunstâncias adversas. Seja mais furioso do que a fúria da desgraça, mais audacioso do que os seus perigos. Quanto mais essa fé recém-descoberta exercer influência dinâmica sobre você, mais sua escravidão à fraqueza se desvanecerá. (...)"

(Paramahansa Yogananda - Viva Sem Medo - Self-Realization Fellowship - p. 63/64)

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

SAMA BHAVA (PARTE FINAL)

"(...) O caçador de prazeres, de conpensações, de fortuna, de posições, de aplausos, de lucros, de tudo que julga desejável, é em geral um débil, pois, na mesma medida com que se alegra com a conquista daquilo que busca, desespera-se, sente-se desamparado e perdido diante dos menores vetos e negativas que o destino lhe impõe. Quase sempre sente medo de perder o que tem ou o que pensa que é, e adoece de medo diante das ameaças a ele ou a seu patrimônio. Ao primeiro prenúncio de dor de cabeça, se acovarda e, assim, a agrava.

Quem faz da equanimidade sua fortaleza interna é inexpugnável. Não teme perder nem se perturba na ansiedade de conquistar. Equânime não é a pessoa fria, indiferente e inconsequente. Embora se apercebendo da significação de ser favorecido ou desfavorecido, embora participe ativamente dos fatos, consegue um sadio isolamento emocional, colocando-se acima deles. Na estratosfera do espírito reside sua tranquilidade. Tufões e muita chuva só perturbam as camadas inferiores da atmosfera da mente e da matéria.

Aprenda a ser equânime, amigo, e se torne invencível. Para isso, procure fazer uma noção exata do mundo que o cerca. Aprenda a tomar as coisas como vêm. Liberte-se dos óculos escuros do pessimismo e igualmente dos óculos azuis do otimismo. Contemple com isenção os dois polos perenes da realidade. Vício e virtude, bom e mau, bem e mal, fácil e difícil, verso e reverso, junções e separações, queda e ascensão, estão aí e aqui, estiveram e sempre estarão em toda a parte, quer você goste, quer não, quer lucre ou perca, sofra ou goze. Na obra do Absoluto 'tudo é necessário' e em nossa vida 'nada é imprescindível' a não ser o amor de Deus. Aprenda a aceitar com equanimidade o que a vida lhe der. Só assim poderá seguir o que o Epíteto ensinou: 'Não faça sua felicidade depender daquilo que não depende de você.'

Quando a ansiedade lhe impedir o sono ou estiver querendo impacientar-se na fila de atendimento; quando o patrão disser que não lhe vai conceder o aumento ou a chuva estragar seu domingo na praia; quando sua úlcera começar a dar sinais. quando sentir ímpetos de desespero, de desânimo ou outra emoção perniciosa, diga a si mesmo: 'Devo aproveitar esta oportundade que a vida me apresenta e aprender a ser equânime. Vou fazer tapas, isto é, austeridade; vou aceitar sem reclamar, sem me sentir vítima da má sorte; vou colocar-me acima das circunstâncias. Não vou perder a paz de Deus dentro de mim por causa desse aborrecimento temporário.'"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 210/213)

terça-feira, 8 de julho de 2014

NOSSO DESTINO É DEUS

"O desejo por Deus não vem por si; precisa ser cultivado. E sem esse desejo, a vida não tem significado. Quando você dorme, diz 'até logo' a este mundo, à sua família, a seu nome, a tudo. Esquece até do corpo. Você não sabe quando vai ter que dizer o adeus definitivo ao mundo. Você está numa jornada e parou aqui por um breve período de tempo. A vida é como uma grande caravana que passa. Seu primeiro interesse deveria ser aprender o objetivo e o destino da jornada. O destino é Deus; não poderia ser outra coisa.

O Senhor vem ao devoto que vive para Ele e que morre Nele. Ele toca essa alma e diz: 'Meu filho, desperta. Você está apenas sonhando, pois a morte não chegou a tocá-lo.' Assim, o devoto sabe que todas as suas experiências terrenas não tinham o objetivo de torturá-lo, e sim de demonstrar-lhe sua verdadeira natureza como alma. A alma não pode ser queimada, nem afogada, nem esfaqueada, nem despedaçada.³ O devoto experimenta: 'Eu não sou o corpo. Não tenho forma. Sou a própria alegria.' Recorde esta verdade todas as manhãs ao acordar: 'Acabo de sair da percepção interna de meu verdadeiro Eu. Não sou o corpo. Sou invisível. Sou Alegria, Luz, Sabedoria e Amor. Habito no corpo onírico, através do qual estou sonhando esta vida terrena, mas sou sempre o Espírito eterno.'"

³ 'As armas não podem ferir a alma; o fogo não pode queimá-la; a água não pode molhá-la; nem pode o vento ressecá-la. (...) A alma é imutável, tudo permeia, está perenemente tranquila e inamovível - a mesma, eternamente.' (Bhagavad Gita II:23-24).

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 423/424)


sexta-feira, 6 de junho de 2014

NÃO CREIAS NUMA MORTE REAL! (1ª PARTE)

"Para milhares de pessoas é a perspectiva da morte inevitável o principal motivo de infelicidade. E essa infelicidade cresce na razão direta que se aproxima, inexoravelmente, o fim da existência terrestre. Aprenderam, em pequeno, que a morte é o fim da vida, e não conseguiram, mais tarde, libertar-se desse erro tradicional. Pelo contrário, o horror à morte foi neles intensificado por certas doutrinas teológicas sobre um estado definitivo 'post-mortem'.

Entretanto, todos os homens que, na jornada da sua evolução ascensional, ultrapassaram essa etapa primitiva sabem que a morte não tem para a existência total do homem nenhuma significação decisiva. Todos os grandes gênios espirituais da humanidade falam da morte como de um 'sono'. 'Nosso amigo Lázaro dorme', diz Jesus; a filha de Jairo 'dorme'. A palavra grega 'koimitérion', de que resultou em latim 'coemiterium', e em português 'cemitério', quer dizer 'dormitório'. Os primeiros discípulos de Jesus, ainda no período duma luminosa intuição espiritual da realidade, chamavam os cemitérios 'dormitórios', porque sabiam que não havia morte definitiva.

A vida continua lá onde parou. Não pode um processo material e meramente negativo, como é a destruição do organismo físico, modificar essencialmente a vida do homem. Não pode a morte negativa fazer o que a vida positiva não faz. A verdadeira mudança depende de algo que o homem faz, e não de algo que o homem sofre, porque nós é que somos os autores do nosso destino. 

Quando um ovinho da borboleta 'morre' para seu estado primitivo, não morre a vida interna do ovo, morre apenas o invólucro externo dele, a fim de possibilitar à vida latente e pequenina uma expansão maior e mais bela; quer dizer que a morte do ovinho é, na realidade, uma ressurreição, um nascimento para uma vida maior. Morre a pequena vida do ovinho para que viver possa a vida maior da lagarta. (...)"

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1982 - p. 123/124)


sábado, 17 de maio de 2014

LIBERDADE DE ESCOLHA

"O homem tem a razão, a discriminação e o livre arbítrio. O bruto não tem nada disso. Ele não é um agente livre e não sabe a diferença entre a virtude e o vício, entre o bem e o mal. Sendo um agente livre, o homem conhece bem essas distinções. Quando segue sua natureza mais elevada, revela a si mesmo bem mais superior que o bruto, mas, quando cede à sua natureza menos elevada, mostra-se mais baixo que o rude.

Contudo, esse livre arbítrio que possuímos é menor que aquele de um passageiro em um trem lotado. O homem é fazedor do próprio destino, no sentido de que ele possui liberdade de escolha em relação à maneira pela qual se utiliza de sua liberdade. Não, ele não controla os resultados e, no momento em que pensar o contrário, ele padece.

Por ser uma criatura pensante e não um animal instintivo, é privilégio especial e motivo de orgulho para o homem ser presenteado com faculdades mentais e do coração. [...] No homem a razão impera e guia seus sentimentos; nos brutos a alma permanece dormente. Despertar o coração é acordar a alma; desadormecer a razão significa inculcar a diferenciação entre o bem e o mal."

(Mahatma Gandhi - O Caminho da Paz - Ed. Gente, São Paulo - p. 35)

quarta-feira, 30 de abril de 2014

O QUE É O DESTINO?

"Será o destino uma forma externa, misteriosa e implacável que governa os desígnios humanos? Tal conceito tem levado muitas pessoas a acreditar que tudo está predestinado e que nada se pode fazer.

Na verdade, destino significa algo determinado - mas determinado por você mesmo quando a lei de causa e efeito, ou karma, opera. Deus lhe deu a liberdade de escolher como vai agir; mas a lei de causação governa o resultado, segundo a natureza da ação. Assim, cada ato se torna uma causa, que produzirá um tipo de efeito. Quando se coloca uma causa específica em movimento, o efeito corresponderá inevitavelmente àquela causa. Faça bem ou mal, você colherá os resultados do que fizer. Portanto, dia a dia você cria as causas que determinam o seu próprio destino.

Talvez diga todos os dias, no jantar: 'Acho que vou comer um pouquinho mais'. Depois, pensa: 'Ah, mas eu não devia ter comido tanto!' Assim, é a natureza humana. De todas as criaturas de Deus, somos as mais engraçadas. Nós nos consideramos seres inteligentes, mas somos escravos dos desejos. Já que você come 'um pouquinho mais' todos os dias, 'de repente' descobre que está com dores estomacais ou problemas cardiacos. Entristecido, você se pergunta: 'Por que isso tinha que me acontecer? Acho que meu destino era ficar doente.' Mas não é verdade. Você esqueceu que comeu 'um pouquinho mais', quando deveria ter usado o autocontrole e comido menos. Se um motor está sobrecarregado e você coloca mais carga ainda, é claro que isso o danificará: ele pode parar de funcionar. Você também, neste caso, sobrecarregou o motor da digestão. Essa foi a causa, que foi criada por você; suas dores de estômago originadas por úlceras ou indigestão são apenas o resultado."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 48)


domingo, 23 de março de 2014

DESTINO E LIVRE-ARBÍTRIO

"Nem tudo é fatalidade e nem tudo pode ser totalmente alterado. No estágio em que a maioria da humanidade se encontra, não há um destino cego, nem uma liberdade total. Predomina uma liberdade condicionada às nossas potencialidades, com variantes sintonizadas com o processo evolutivo no qual cada um está. O exemplo abaixo, embora simples, pode elucidar melhor.

Suponha uma pessoa iniciar uma viagem de São Paulo ao Rio de Janeiro. Essa viagem deve ser feita a qualquer custo e com os recursos disponíveis. Ora, conforme a condição econômica, seus desejos, sua pressa, seus temores, sua visão da importância desse deslocamento, seus objetivos, e assim por diante, essa trajetória pode ser realizada a pé, de bicicleta, de moto, de carro popular, trem, ônibus, avião, etc. O viajante pode parar no caminho, desviar para outra cidade, adiar ou acelerar sua chegada. Muitas opções dependem da pessoa.

O karma em questão é uma programação geral, susceptível de mudanças, em consonância com o livre-arbítrio do viajante, associadas às suas potencialidades e perspectivas.

A natureza fornece-nos os recursos indispensáveis para nossa evolução. O modo como utilizamos esses recursos é escolha nossa... Aí entra a liberdade. (...)"

(Antonio Geraldo Buck - Você Colhe o que Planta – Ed. Teosófica, Brasília, 2004 - p. 19)