OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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sexta-feira, 26 de julho de 2013

PERDÃO

"O Deus de algumas escrituras é vingativo e sempre pronto a nos punir. Mas Jesus nos mostrou a verdadeira natureza de Deus (...) Ele não destruiu seus inimigos com "doze legiões de anjos", mas, em vez disso, superou o mal com o poder do amor divino. Sua ação demonstrou o supremo amor de Deus e o comportamento dos que são uns com Ele.

"Deve-se perdoar, qualquer que seja a ofensa", diz o Mahabharata. "Foi dito que a continuidade da espécie se deve à capacidade que o homem tem de perdoar. Perdão é santidade. Graças ao perdão, o universo se mantém coeso. O perdão é o poder do poderoso. O perdão é sacrifício. O perdão é a quietude da mente. O perdão e a gentileza são as qualidades de quem tem Autodomínio. Eles representam a virtude eterna."

"Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor, até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até sete! Jesus lhe disse: Não te digo que até sete, mas, até setenta vezes sete." Orei profundamente para compreender esse conselho intransigente. "Senhor", protestei, "é isso possível?" Quando a Voz Divina finalmente respondeu, trouxe, numa torrente de luz, uma renovação de humildade: "Quantas vezes por dia, ó Homem, Eu perdoo a cada um de vocês?"

Assim como Deus está constantemente nos perdoando, mesmo conhecendo todos os nossos [maus] pensamentos, aqueles que se encontram em total sintonia com Ele sentem naturalmente o mesmo amor. Em seu coração precisa brotar uma simpatia que aplaca todas as dores dos corações alheios, aquela mesma simpatia que possibilitou a Jesus dizer: "Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que fazem". Seu imenso amor abrangia tudo. Ele poderia ter destruído seus inimigos com um olhar. Entretanto, assim como Deus está nos perdoando ininterruptamente, embora conheça todos os nossos maus pensamentos, essas grandes almas que estão em sintonia com Ele também nos dão esse mesmo amor.

Se você quer desenvolver a Consciência Crística, aprenda a ser solidário. Quando um genuíno sentimento pelos outros entra em seu coração, você está começando a manifestar essa grande consciência. (...) O Senhor Krishna disse: "O mais elevado iogue é aquele que vê com igual atitude todos os homens". 

A ira e o ódio nada constroem. O amor traz recompensa. Você pode derrubar uma pessoa, mas quando ela se levantar novamente, tentará destruí-lo. Como então a conquistou? Você não a conquistou. A única maneira de conquistar é pelo amor. E quando não puder conquistar, apenas guarde silêncio, ou vá embora e reze pela pessoa. Esse é o modo como você tem de amar. Se colocar isso em prática na sua vida, você terá uma paz maior do que pode imaginar."

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 142/144)


sábado, 13 de julho de 2013

INTROSPECÇÃO

"De duas coisas tem horror o homem moderno - de Deus e de si mesmo.
Para fugir de Deus professa ateísmo - para fugir de si mesmo inventa barulhos sem conta.
Se não tem razão, ao menos é lógico - pois quem foge de Deus deve também fugir do próprio Eu...
Um Eu sem Deus é um Eu infernal - e quem pode habitar no inferno? 
Para voltares ao Eu - terás de voltar a Deus, ó homem moderno!
Procuras fugir de ti mesmo, enchendo de enorme estardalhaço a tua vida. 
Povoas de ruídos a tua solidão interior - com mil vacuidades queres encher o vácuo de ti mesmo.
Não sabes que vácuos não se enchem com vacuidade - mas com plenitude?
Por que evitas saber o que vai por dentro - e só te interessas pelo que vai lá fora?...
Por que és amigo de todas as periferias - e inimigo do próprio centro?
Adoras o barulho das ruas...
Delicia-te o deserto sonoro de praias e clubes, de salões elegantes, de rádio e televisão.
De delírios te enchem loucuras de carnaval e jogos profanos...
E quando vives longe do barulho querido, não sabes o que fazer de ti mesmo.
Estás sobrando em toda parte - e acabas frustrado e neurótico.
Um vácuo em face de outro vácuo...
Venha o jornal, venha o romance, venha o rádio, a televisão, um socorro ao pobre náufrago de si mesmo!
Canalizem ao menos uma parte do profano ruído para a insuportável solidão interior!
Apanha o náufrago a tábua salvadora - e julga escapar de se afogar no oceano do vácuo interno.
Pobre homem! Que será de ti após o carnaval desta vida?...
Quando amanhecer a quarta-feira de cinzas?...
O dia que a cinzas reduz as máscaras da vida?...
O dia em que da face arranca todas as fantasias - e a própria pele?...
O dia em que a matéria volta à matéria - e o espírito voltará ao Espírito?...
Constrói, ó homem, a tua vida interna - arquiteta o teu mundo eterno!
Enche de valores eternos os espaços da alma!...
Segue-se ao estonteante carnaval a silenciosa quaresma - segue-se à Semana Santa a Páscoa jubilosa...
Faze da tua vida uma Semana Santa de trabalho, estudo e meditação - e um domingo de Páscoa verás despontar...
Segue-se ao miserere de hoje - o aleluia de amanhã...
Teu mundo interno é eterno...
Imortal...
És tu mesmo..."

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 143/144)


segunda-feira, 8 de julho de 2013

O OBJETIVO DA AVENTURA DA VIDA

"Os verdadeiros iogues são capazes de controlar a mente em todas as circunstâncias. Quando alcançar essa perfeição, você estará livre. Então, saberá que a vida é uma aventura divina. Jesus e outras grandes almas deram prova disso. (...)

Você só terminará a aventura da vida quando vencer os perigos que se apresentam pelo uso da força de vontade e do poder mental, como fizeram os Grandes Mestres. Então olhará para trás e dirá: "Senhor, foi uma experiência bastante árdua. Quase fracassei, mas agora estou na segurança de Tua presença para sempre."

Poderemos ver a vida como uma maravilhosa aventura quando o Senhor por fim disser: "Todas as terríveis experiências acabaram. Estou com você para sempre. Nada pode machucá-lo."

O homem brinca com a vida como criança, mas sua mente se fortalece quando ele luta contra doenças e dificuldades. Qualquer coisa que enfraqueça a mente é seu maior inimigo, e tudo o que a fortaleça é seu refúgio. Ria das dificuldades que surgirem. (...) Saiba que, no Senhor, você é eterno."

(Paramahansa Yogananda - Viva sem Medo - Self-Realization Fellowship - p. 10)


sexta-feira, 14 de junho de 2013

TRANSFORMAÇÃO - SOMENTE A FORMA MUDA (2ª PARTE)

" (...) Tudo isto pode parecer bastante teórico e difícil de compreender, mas possui um lado bastante prático que pode afetar toda a nossa vida. Nada consegue ferir-nos. Nada consegue assombrar-nos logo que compreendermos que o que muda é apenas a forma - a forma é que é passageira e temporária - e que somente a vida perdura. 'O espírito [poderíamos dizer "a vida"] jamais nasceu; o espírito jamais deixará se ser'.  Dito filosoficamente, o lótus individual murcha, mas um arquétipo, a ideia platônica do lótus é eterna, dando origem a outras forma de lótus. Dito de maneira teosófica, o lótus murcha, mas o perfume de sua vida retorna à alma grupo para enriquecer as formas de gerações futuras do lótus. O corpo de nossa mãe, de nosso marido, de nossa esposa, de nosso filho, de nosso amigo morre, mas ele ou ela permaneceu como um ser vivo, assumindo outras formas, tal como a borboleta deixa para trás a forma morta da lagarta que era. 'Morri como mineral e me tornei vegetal; morri como vegetal e me tornei animal; morri como animal e me tornei um homem. Quando fui diminuído por isso?'

Pois morte é transformação - é o cruzar a forma ou ir além dela. Reciprocamente, transformação é morte, e é uma coisa grande e gloriosa quando ocorre naturalmente, quando a hora é chegada, quando a forma está gasta. Mas quem somos nós para julgar quando é o momento adequado; e quem somos nós para julgar quando a forma está gasta? A morte das formas faz com que soframos por nos identificarmos com essas formas. Dizem que a vida jamais existe sem a forma, ou a forma sem a vida. Onde há forma há vida interior mesmo que seja tão sutil que seja invisível para nós. Mesmo na assim chamada matéria morta, a vida elemental está ativa. Uma vez que a vida e forma, então, estão intimamente ligadas, às vezes é difícil traçar a linha divisória entre elas. Como no caso de tantos pares de opostos não podemos dizer 'isto é vida' e 'aquilo é forma'. Podemos dizer, 'a vida parece predominar aqui' e 'ali parece predominar a forma'. O que num caso parece ser a sensibilização da vida é visto no outro caso como a forma externa. Se algo que pensávamos ser a vida desaparece na transformação, será que essa coisa não era forma o tempo todo? Ou não poderia, por meio da mudança sutil - uma retirada da vida -, ter-se tornado predominantemente forma? 

O Dicionário Oxford define 'transformar' como 'efetuar mudança (especialmente considerável) na forma, na aparência exterior, no caráter, na disposição etc. de alguma coisa'. Nosso caráter e nossa disposição também podem mudar, mas não pertencerão eles realmente em tal caso ao nosso lado forma em vez de ao nosso lado vida? Num ser vivo, um princípio pode mudar sua função. Dizem que no momento da individualização a alma animal torna-se um corpo causal. Para citar Jinarajadasa em Fundamentos da Teosofia (Ed. Pensamento): 'Na individualização tudo que foi o mais elevado do animal torna-se agora simplesmente um veículo para uma descida direta de um fragmento da divindade, a Mônada...' (...)"

(Mary Anderson - Revista TheoSophia  Jul/Ago/Set 2012 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 38/39)


quinta-feira, 23 de maio de 2013

FAÇA AFLORAR A IMORTALIDADE OCULTA DE SUA ALMA

"Tudo que o Senhor criou foi feito para testar-nos, para manifestar a imortalidade da alma, que está encerrada dentro de nós. Essa é a aventura da vida, o seu único propósito. E a aventura de cada pessoa é diferente, única. Você deve estar preparado para lidar com todos os problemas de saúde, da mente e da alma mediante o uso dos métodos do bom senso e da fé em Deus, sabendo que, na vida ou na morte, sua alma permanecerá invencível. Você jamais pode morrer. “As armas não podem ferir a alma; o fogo não pode queimá-la; a água não pode molhá-la; nem pode o vento ressecá-la. (...) A Alma é imutável, tudo permeia, está perenemente tranquila e inamovível.” Você é, eternamente, a imagem do Espírito.

Não é libertador para a mente saber que a morte não pode matar? Quando a doença chega e o corpo para de funcionar, a alma pensa: “Morri!” Mas o Senhor sacode a alma e diz: “O que é isso! Você não morreu. Não continua pensando?” (...) “Não é tão terrível assim. Foi somente a minha consciência temporária da vida terrena, de ser um corpo físico, que me induziu a crer que perdê-lo seria o meu fim. Eu tinha esquecido que sou alma eterna.”"

(Paramahansa Yogananda – Viva sem Medo – Self-Realization Fellowship - p. 08/09)


domingo, 12 de maio de 2013

LAYA YOGA - A REDENTORA AUTOEXTINÇÃO (1ª PARTE)

"Que vem a ser Laya? Pelo que tenho aprendido de vários textos autorizados, entendo ser um mergulho de algo existente em sua causa primeira, nela se fundindo. É o caso de uma onda sumindo no mar. É um regresso à origem. Um pleno deixar de existir para retornar gloriosamente a Ser. O que antes era limitado como existência ganha a infinitude da essência quando nEla se dissolve. O que, como simples existência, era efêmero, ao extinguir-se na essência alcança perenidade; o que era apenas aparência recobra realidade; o que era cambiável torna-se imutável; o que era limitado se infinitiza... Ramakrishna lembra uma boneca feita de sal que é atirada ao mar. Some. Oceanifica-se. O método que se propõe a efetivar esta fusão redentora chama-se Laya Yoga. Laya significa extinção, fusão. 

O clássico Yoga Taravali diz que:  Shiva, o Eterno (Sada Shiva) mencionou cento e cinquenta mil formas de Laya Yoga existentes no mundo.

Conforme Shiva declarou, são incontáveis as forma de atingir laya, a dissolução do individual no oceano do Universal, da alma em Deus, do relativo no Absoluto, do existir no Ser. Pelo visto, todos os processos ou métodos de ascese ensinados nas diferentes religiões que visam à união mística são formas de Laya Yoga. A meta suprema de todas as formas de Yoga (Karma, Jnana, Kriya, Hatha...) é a fusão em Deus. A única exceção é a Bhakti Yoga, que acha tão divinamente jubiloso e feliz amar Deus, que renuncia à possibilidade de fundir-se nEle. O bhakta acha Deus tão doce, que se contenta em apenas O saborear, por isto renuncia à possibilidade de vir a transformar-se no próprio açúcar  Mas, fora a Bhakti, conforme estamos sabendo, Yoga é união da qual resulta a extinção do jiva no seio de Paramatman.

É fácil concluir que Laya Yoga, ou a autoextinção individual libertadora, só pode ocorrer quando o ser humano, ao longo de um árduo e prolongado esforço através de muitas existências, conquistou excepcionais condições de santidade e sanidade, condições estas que os diversos caminhos (margas) ou as diversas disciplinas (sadhanas) ajudam a construir.

Um bhogi é um indivíduo que nada, pouco ou equivocadamente conhecendo das leis e verdades espirituais, ainda egocêntrico, vulnerável às seduções mundanas, dominado por apegos, ódios e fobias, agarra-se à vida com ostra ao casco do navio. Naturalmente um bhogi repele qualquer ideia de renúncia, humildação e muito mais de autoextinção. Luta, ao contrário, pela autoafirmação, aquela que terapeutas e pedagogos contemporâneos tanto valorizam. Tomando em conta que a grande maioria dos seres humanos é formada de bhogis, não se pode esperar muitas adesões à tão estranha proposta filosófica de laya. No entanto, suponho que possa ser feito um convite a uma análise sobre o porquê e como nos autoalienamos da Suprema Bem-Aventurança que é nosso verdadeiro Ser, autocondenando-nos assim a múltiplas limitações e misérias existenciais. Esta inteligente pesquisa é o alvorecer de uma abençoada libertação que todos, conscientemente ou não, desejamos. (...)" 

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 113/115)


terça-feira, 23 de abril de 2013

SÁBIO É AQUELE

"Que podendo enganar não engana

que podendo mentir não mente

que podendo explorar não explora

que podendo iludir não ilude

que podendo descansar faz de seu descanso uma obra-prima em trabalho,

que podendo perverter o mundo, melhora-o

que tem para dar e dá

que aprendeu a viver e ensina com exemplos e não com palavras ocas,

que a complexidade do artifício não o deixa perverter os bons princípios da vida,

que o ignorante nunca atinge.

Sábio é aquele:

que sabe que todo ato impensado é passageiro e que os princípios básicos da vida são eternos."

(A Essênca da Sabedoria - A Arte de Viver - p. 17 - In: Coragem para Viver, Roberto Sganganelli, Ed. Culturama, São Paulo, 1972)


quarta-feira, 10 de abril de 2013

SANATHANA DHARMA

"Você tem todo direito de querer saber o que seja Sanathana Dharma, acima citado. Consideremos as duas palavras. Sanathana significa eterno, isto é, aquilo que não muda através do tempo, que foi, continua sendo e sempre será o mesmo; dharma tem um significado muito amplo, que, conforme o contexto, pode expressar justiça, virtude, retidão, lei, ética, e até religião. Sanathana Dharma, portanto, significa a Lei Eterna, isto é, Aquela que regeu a manifestação do universo, sempre regerá o cosmos, propicia vida e higidez a todos os sistemas que existem. A Lei Eterna administra tanto a harmonia de uma galáxia como a dinâmica íntima de um átomo. Quando tal Lei é desrespeitada, violentada, agredida, transgredida - e o ser humano é "especialista" nisto -, a desarmonia, a perturbação, instabilidade, enfermidade, desordem, o caos, a feiura e degradação se manifestam no sistema, seja ele um planeta, uma empresa, um grupo social como a família qualquer instituição, uma orquestra, a humanidade como um todo, uma célula, finalmente cada ser e cada objeto, portanto cada um de nós. O domínio da Lei assegura a ordem e a harmonia, "vida" enfim. A contravenção provoca a doença e antecipa a morte. 

O cosmos foi manifestado, não aleatoriamente, mas segundo uma Lei perfeita e imutável e é por isto que funciona harmoniosa, eficiente, bela e perfeitamente, e continuará vivo e hígido enquanto ela plenamente reinar. Mesmo que inconscientemente, qualquer investigador cientifico ao iniciar seus trabalhos tem certeza de que uma Lei imutável rege todos os fenômenos que ele pretende pesquisar. 

Uma das linhas mais avançadas da pesquisa científica atual é a busca de solução para o que está sendo chamado "sistemas caóticos". Os matemáticos assinalam fenômenos surpreendentes e imprevisíveis que negariam uma Lei a gerenciar o cosmos... Isto é observável somente nos níveis subatômicos, digamos no reino quântico. A incerteza do que ocorre em tais níveis não inviabiliza a Lei que tudo rege. O caos dominaria tudo e nada restaria se uma Lei Eterna não criasse, mantivesse e destruísse simultaneamente o cosmos. Esta dinâmica ocorre no cosmos subatômico.  

Quando os primeiros viajantes ocidentais tomaram contato com populações do vale do rio Indo (na Índia), surpreenderam-se com a profundidade e a sapiência da cultura filosófico-religiosa que lhes norteava a vida. Chamaram-na Hinduísmo quer dizer, a filosofia dos povos do rio Indo. Os habitantes, porém, davam à sua cultura outro nome: Sanathana Dharma. Ainda hoje os ocidentais continuam denominando Hinduísmo aquela que é a "filosofia perene", o Sanathana Dharma."    

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 24/25)


quinta-feira, 21 de março de 2013

JNANA YOGA - O REAL E O IRREAL (PARTE FINAL)

"Finalmente, que é real e que é irreal? Que faz uma coisa real e outra não? São perguntas que você tem, não somente o direito, mas o dever de fazer. A Vedanta Adwaita lhe responde. Real é aquilo que não sofre mudanças tais como vir à existência, existir, minguar e depois se extinguir. O Real é sempre igual: o mesmo no presente, no passado e no futuro. Obviamente, irreal é tudo que, no curso do tempo, muda. Ao perguntar a uma pessoa quem é ela, a resposta imediata é sempre "eu sou Fulano". Para sermos exatos, podemos retrucar e dizer-lhe que está enganado. Para grande surpresa, lhe diremos: Você não é. Você, transitoriamente, está Fulano. As pessoas confundem, e se identificam com aquilo que muda e muda sempre, com aquilo que supõem ser - o corpo, a mente, o falso ego, este grande embusteiro. O que qualquer pessoa realmente é, em essência, é o Divino Ser, que todos somos. (...)

Não há conquista tão elevada, tão preciosa, tão próxima do impossível ao homem como esta da fusão no Ser Supremo, pretendida pelos monistas (adwaitas). Por maior que seja o esforço pessoal (decisão, dedicação, devoção, discernimento e disciplina) do aspirante, o alcance da meta será sempre inalcançável se lhe falta a onipotência, onipresença e onisciência da Graça Divina. Para ter acesso a ela, o aspirante conta com o poder da oração, proclamado por Jesus nos seguintes termos:

E eu vos digo: pedi, e dar-se-vos-á; buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. (Lc 11:9)

Eis um compromisso de validade total e eterna, pois expressa uma lei cósmica. Com um pouco de reflexão, concluímos ser absolutamente importante discernir sobre o que pedir, o que buscar, e sobre a porta certa na qual bater. Que pretendemos obter ao formular uma prece? Os aspirantes à Jnana Yoga já têm a resposta correta. Eis uma oração perfeita ensinada pelos Uppanishads:

Do irreal conduz-nos ao Real. Das trevas, conduz-nos à Luz. E da morte à imortalidade. (...)

O Gayatri Mantra é a oração mais repetida pelos hindus. Eis sua tradução.

Ó Gloriosa Luz (Pai e Mãe) que iluminas os três mundos (o mundo físico, o astral e o causal), que Teu Esplendor e Tua Graça iluminem nosso intelecto - nós te rogamos.

Um dia eu também compus minha oração monista:

Ajuda-me, ó Verdade, o transmutar o limitado e periférico conhecer em infinito e profundo saber. Ajuda-me a realizar o que Eu Sou. Ajuda-me a perder-me, redento, no Infinito Eterno do Ser que Eu Sou e que Tu És. Salva-me, Presença, da ignorância escravizante... Eu Te peço, meu Deus, destrói esta distância. Liberta-me da ilusão que nos afasta. (In Yoga, Caminho para Deus)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 110/112)


segunda-feira, 18 de março de 2013

JNANA YOGA - QUALIFICAÇÕES DO ASPIRANTE (5ª PARTE)

"O método ou sadhana da Jnana Yoga é talvez o mais difícil. Aquele que exige as mais raras condições intelectuais, psíquicas e éticas. Sem tais qualificações, o aspirante pode perder-se em especulações intelectualóides e vir a tornar-se um verborrágico erudito, rico de conhecimentos, mas pobre de sabedoria, a falar de Deus sem O experienciar. As qualificações indispensáveis a um caminhar firme e eficaz na difícil jnana marga ou caminho (marga) da sabedoria (jnana) que liberta, são:

(a) Viveka - a capacidade de discernir entre o Real e o irreal, entre o Eterno e o transitório;
(b) Vairagya - despaixão ou desapego por tudo que seja irreal e transitório;
(c) Shad-sampat - as "seis virtudes", que são: Sama - tranquilidade; Dama - autocontrole; Uparati - saciedade, contentamento; Titiksha - resistência, endurance; Samadhana - concentração; Mumukshutva - profundo empenho em libertar-se; amor infinito e absoluto pela Verdade, que é Deus.

Arjuna, o guerreiro, pediu a Krishna que descrevesse o "homem sábio". Ao longo de alguns versos da Bhagavad Gita, o Avatar respondeu:

Quando um homem descartou de sua mente todo o desejo, e está contente no Ser pelo Ser, é um homem de firme Sabedoria. Aquele que não é chocado pela adversidade, e que na prosperidade não anela prazeres, que é isento de apego, medo e aversão, pode ser chamado um sábio de firme Sabedoria. Aquele que em toda parte está sem apego, enfrentando qualquer coisa boa ou má, que nem se regozija ou detesta, sua Sabedoria é firme. Quando, igual à tartaruga, que recolhe seus membros de todos os lados, ele recolhe seus sentidos dos objetos sensórios, então sua Sabedoria se torna firme... (Bhagavad Gita, II:55-58)

O processo de autotransformação que capacita o aspirante para a conquista da Verdade Suprema é descrito por Sai Baba nestes termos:

A Sabedoria Espiritual desce somente quando haja pureza no coração. Exatamente como remover as ervas daninhas, o revolver da terra, o semear e o regar são indispensáveis, à colheita, o campo do coração humano tem de ser alijado de maus pensamentos e sentimentos ruins, regado com o amor, arado pelas práticas espirituais e semeado com o santo Nome de Deus. Somente assim é possível a colheita da Divina Sabedoria (jnana). (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 106/108)


quinta-feira, 7 de março de 2013

ENCONTRE O CAMINHO PARA A MORADA DE DEUS


"Desafortunado é aquele que, em vez de buscar refúgio em Deus, acaba enredado pelo mundo. Os abençoados pés do Senhor são nossa morada eterna. De alguma maneira devemos encontrá-los. Somente Deus é a verdade e essa verdade deve ser alcançada. Não podemos viver nossas vidas em vão. Em geral, as pessoas acreditam que o que compreendem é a verdade e que seu caminho é o caminho adequado para todos. Por vezes, o ser humano se torna tão egoísta e acredita ser tão importante que nem sequer aceita a existência de Deus. É esse ego que aprisiona o homem a maya e, para isso, não há escapatória, até que vocês comecem a sentir: “Não eu, não eu, mas Tu, meu Senhor."

(Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda - O Eterno Companheiro – Ed. Vedanta, São Paulo - p. 179)


sexta-feira, 8 de fevereiro de 2013

A BEM-AVENTURANÇA É O OBJETIVO FINAL DO HOMEM


“A natureza da alma é poder, bem-aventurança, amor consciência eterna, onisciência, onipresença. E assim, em todas as coisas que busca neste mundo, o homem está tentando experimentar aquelas qualidades que fazem parte de sua verdadeira natureza. Analise-a; o que é fama senão o desejo de imortalidade, de ser conhecido enquanto estamos aqui e sobreviver na memória depois de tivermos partidos deste mundo? O homem anda atrás dessas coisas porque está procurando experimentar, inconscientemente, sua própria natureza espiritual.

Deve-se, portanto, perdoar o homem por sua busca frenética de satisfação na vida material. Não é errado buscar a satisfação, mas a maneira como se busca pode estar errada. O que é eterno não pode ser encontrado no que é temporal.

Só existe uma forma de alcançar absoluta satisfação, Cristo sabia disso, e essa é a razão por que ele disse: “Buscai primeiro o reino de Deus, e a Sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Se você buscar Deus, achará Nele tudo o que está ansiando. Nele, que é eterno, você alcançará a realização, pois encontrará seu eterno Eu.”

(Sri Daya Mata – Só o Amor – Self-Realization Fellowship - p. 185)


sábado, 12 de janeiro de 2013

NOSSO REINO NÃO É DESTE MUNDO


"Os seres humanos pensam que este mundo é a única realidade. Há entretanto alguma coisa além deste mundo, e a razão porque o homem continua insatisfeito é que o seu reino não é deste mundo. Tudo aqui é temporário e sujeito a mudança, governado pela ilusão do tempo. Quando ele se unifica com o Divino, não há passado, presente ou futuro. Só Deus é eterno.

Em vez de falar de Deus, em vez de ler a respeito Dele, agora é tempo de senti-Lo. O mundo não conhecerá a paz até que o homem tenha aprendido a sentir a paz em Deus.

O homem tem de mudar a si mesmo antes que possa mudar o mundo. A menos e até que nós, como indivíduos, aprendamos a viver juntos como filhos de Deus, vendo o único Feixe luminoso criador por trás de todas as formas, haverá divisão, guerra e miséria. Precisamos encontrar Deus dentro de nós, e então, com humildade, dividir com os outros Sua paz, amor e harmonia. Ao nos esforçarmos dessa forma para servir como instrumentos de Deus, devemos orar: "Senhor, Tu és o Autor. Faça-se a Tua vontade." Procurar a vontade de Deus com humildade não implica indolência ou falta de iniciativa e ação: Deus ajuda quem se ajuda. Isso, sem dúvida, significa entregar-se a Deus, de modo que Ele possa usar você como Seu instrumento para fazer o bem na Terra de acordo com Sua santa vontade.

Reserve um tempo,todos os dias, para a meditação - comunhão profunda, alegre, com Deus. Das vinte e quatro horas de cada dia, ofereça uma hora para o Amado Divino. Sábio é o homem que leva a sério este conselho: "A vida é doce e a morte é um sonho; doce é a alegria e a tristeza é um sonho, quando flui por mim Tua canção". Tu és Sabedoria. Tu és Bem-aventurança. Tu és Amor. E Essa, meus queridos, é a realidade. "

(Sri Daya Mata - Só o Amor – Ed. Self-Realization Fellowship - p. 154/155)


terça-feira, 8 de janeiro de 2013

SE PUDERES

"Se puderes conservar a calma, quando todos em torno de ti se desnortearem e por isso te culparem - 

Se puderes confiar em ti mesmo, quando todos de ti duvidarem, e ainda tolerar a dúvida deles - 

Se puderes esperar sem te fatigares, ser caluniado sem tecer intrigas, ser odiado sem te render ao ódio -

Se puderes sonhar sem te deixar vencer por teus sonhos -

Se puderes pensar sem resumir no pensamento o teu único objetivo - 

Se puderes ouvir a verdade que disseste, deturpada e invertida pelos parvos ou perversos, sem condenares os homens - 

Se puderes ver destruídos os edifícios que levantaste em tua vida, e em silêncio reconstruí-los com os recursos gastos - 

Se puderes juntar tudo quanto ganhaste e arriscar tudo por uma causa ideal, que ninguém compreende, perder tudo e recomeçar do início, sem nunca murmurar nem dizer nenhuma palavra sobre teu prejuízo - 

Se puderes estimular o teu coração, os nervos e os músculos para te servirem, depois de esgotados por derrotas e decepções, com o idealismo da intacta mocidade - 

Se puderes falar às multidões sem contaminar as tuas virtudes, frequentar reis sem perder a tua simplicidade-

Se nem os mais ferozes inimigos nem os mais devotados amigos de puderem ferir -

Se puderes confiar serenamente em todos os homens, mas em nenhum cegamente - 

Se puderes guardar inviolável fidelidade ao próprio Eu sem deixar de assimilar o que os outros têm de bom-

Se nem elogios nem vitupérios de puderem iludir sobre a tua verdadeira bondade ou maldade - 

Se puderes preencher o inexorável minuto da tua vida com os sessenta segundos que representam o seu valor passado - 

Se puderes, no meio das vociferações de teus inimigos, pedir ao Eterno: Pai, perdoa-lhes - 

Se puderes, através da escuridão da hora final da existência, vislumbrar estrelas e auroras - 

Então, meu amigo, o mundo será teu e tudo o que ele contém...

E, mais ainda, tu serás HOMEM...

Homem sobre-humano...

Homem quase divino...

Se puderes..."

(Cf. Rudyard Kipling)

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 119/120)


segunda-feira, 7 de janeiro de 2013

SUGESTÕES PRÁTICAS PARA A VIDA DIÁRIA - VI

"É uma lei eterna que o homem não pode ser redimido por um poder exterior a si mesmo. Se isso tivesse sido possível, um anjo poderia há muito ter visitado a Terra, proferido verdades celestiais e, pela manifestação de faculdades de uma natureza espiritual, provado uma centena de fatos à consciência do homem os quais ele ignora. 

O crime é cometido pelo Espírito tão verdadeiramente quanto pelos atos do corpo. Aquele que por qualquer motivo odeia outras pessoas, que ama a vingança, que não perdoa uma injúria, está cheio do espírito de homicídio, mesmo que ninguém mais o saiba. Aquele que se curva diante de falsos credos, e submete sua consciência às imposições de qualquer instituição, blasfema sua própria alma divina e, portanto, "toma o nome de Deus em vão", ainda que nunca preste um juramento. Aquele que deseja meramente os prazeres dos sentido, e está focado neles, dentro ou fora das relações conjugais, é o verdadeiro adúltero. Aquele que priva quaisquer de seus companheiros de luz, do bem, da ajuda, da assistência que ele possa sabiamente lhes oferecer, e que vive para o acúmulo de coisas materiais, para sua própria gratificação pessoal, é o verdadeiro ladrão; e aquele que rouba de seus companheiros a preciosa posse do caráter pela difamação ou por qualquer tipo de falsidade, não passa de um ladrão, e da pior espécie.

Se apenas os homens fossem honestos consigo mesmos e tivessem uma disposição amável com relação aos outros, ocorreria uma enorme mudança em seu julgamento quanto ao valor da vida e das coisas desta vida. 

DESENVOLVE O PENSAMENTO. Esforça-te, concentrando toda a força de tua alma para fechar a porta de tua mente a todos os pensamentos errantes, permitindo somente a entrada daqueles presumidamente capazes de revelar-te a irrealidade da vida dos sentidos e a Paz do Mundo Interno. Pondera dia e noite sobre a irrealidade de tudo que te rodeia e de ti mesmo. O surgimento de pensamentos maus é menos injurioso do que o de pensamentos ociosos e indiferentes; porque quanto aos pensamentos maus tu estás sempre em guarda e, tendo tu mesmo te determinado a lutar e vencê-los, esta determinação ajuda a desenvolver o poder da vontade. Pensamentos indiferentes, no entanto, servem apenas para distrair a atenção e desperdiçar energia. A primeira grande e fundamental ilusão que tu tens de vencer é a identificação de ti mesmo com o corpo físico. Começa por pensar neste corpo como nada mais do que a casa na qual tu tens de viver durante algum tempo, e depois disso tu jamais cederás às suas tentações. Tenta também com firme esforço conquistar as proeminentes fraquezas de tua natureza, pelo desenvolvimento de pensamentos naquela direção que permitirá eliminar cada paixão em particular. Após os teus primeiros esforços tu começarás a sentir um vácuo e um vazio indescritíveis em teu coração; não temas, mas considera isso como a suave aurora anunciando o nascimento do Sol da bem-aventurança espiritual. A tristeza não é um mal. Não te queixes; aquelas coisas que parecem ser obstáculos e sofrimentos muitas vezes são, em realidade, os misteriosos esforços da natureza para te ajudar em tua obra se tu puderes lidar com eles de modo apropriado. Considera todas as circunstâncias com a gratidão de um aprendiz. Toda queixa é uma rebelião contra a lei de progresso. Aquilo que deve ser evitado é o sofrimento que ainda não chegou. O passado não pode ser modificado ou corrigido; aquilo que pertence às experiências do presente não pode e não deve ser afastado; mas o que deve ser evitado são as preocupações antecipadas ou temores pelo futuro e cada ato ou impulso que possa causar sofrimento presente ou futuro a nós mesmos ou aos outros."

(Helena Blavatsky - Ocultismo Prático - Ed. Teosófica, Brasília - p. 71/80)


sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

SUGESTÕES PRÁTICAS PARA A VIDA DIÁRIA - IV

"Não vivas nem no presente nem no futuro, mas sim no eterno. A gigantesca erva daninha (do mal) lá não pode florescer, a própria atmosfera do pensamento eterno apaga esta mancha da existência. A pureza do coração é uma condição necessária para o atingimento do "Conhecimento do Espírito". Há dois meios principais pelos quais essa purificação pode ser atingida. Em primeiro lugar, afasta persistentemente todo mau pensamento; e em seguindo, mantém a mente tranquila sob quaisquer condições, nunca te agitando ou te irritando por qualquer coisa. Descobrir-se-á, assim, que estes dois meios de purificação são melhor estimulados pela devoção e pela caridade. Não devemos nos manter ociosos, sem tentar fazer alguma coisa para progredir, só porque não nos sentimos puros. Que todos tenham aspirações, e que trabalhem com o devido empenho; no entanto, devem trabalhar no reto caminho, cujo primeiro passo é purificar o coração. 

A mente precisa de purificação sempre que sentir ira ou que uma mentira seja contada, ou as faltas de terceiros sejam desnecessariamente reveladas; sempre que algo seja dito ou feito com o propósito de bajulação, ou que alguém seja enganado pela insinceridade de uma palavra ou ação.

Aqueles que aspiram pela salvação devem evitar a luxúria, a ira e a cobiça, e devem cultivar uma corajosa obediência às Escrituras, estudar Filosofia Espiritual, e cultivar a perseverança na sua realização prática.

Aquele que se deixa levar por motivos egoístas não pode entrar num Céu onde os motivos pessoais não existem. Aquele que não se preocupa com o Céu, mas que se sente contente onde encontra, já está no Céu, enquanto que o descontente irá clamar pelo Céu em vão. Não ter desejos pessoais é estar livre e feliz, e a palavra "Céu" não pode significar outra coisa a não ser um estado no qual a liberdade e a felicidade existam. O homem que pratica ações benéficas motivado por uma expectativa de recompensa não fica feliz a não ser que a recompensa seja obtida, e uma vez obtida essa recompensa, a sua felicidade cessa. Não pode haver descanso e felicidade permanentes enquanto houver algum trabalho a ser feito, e que não tenha sido realizado, sendo que o cumprimento do dever traz sua própria recompensa.

Aquele que se considere mais santo que os outros, aquele que tenha qualquer orgulho por estar isento de vícios ou insensatez, aquele que se crê sábio, ou de qualquer maneira superior ao seu próximo, está incapacitado para o discipulado. Um homem tem que se tornar como que uma criancinha antes de poder entrar no Reino dos Céus. A virtude e sabedoria são coisas sublimes, mas se elas criarem orgulho e uma consciência de separatividade em relação ao restante da Humanidade, então serão apenas as serpentes do eu reaparecendo de uma forma mais sutil. O sacrifício ou a entrega do coração do homem e suas emoções é a primeira das regras; envolve "o atingimento de um equilíbrio que não pode ser perturbado pelas emoções pessoais." Põe, sem demora, tuas boas intenções em prática, nunca permitindo que nem sequer uma delas permaneça apenas como uma intenção. Nosso único rumo verdadeiro é deixar que o motivo para a ação esteja na ação em si mesma, jamais na sua recompensa; não ser incitado à ação pela expectativa do resultado, e, nem tão pouco ceder à propensão à inércia.

Através da o coração é purificado das paixões e da insensatez; daí surge o domínio do corpo, e, por último, a subjugação dos sentidos. 

As características do sábio iluminado são, em primeiro lugar, que ele está liberto de todos os desejos, e sabe que somente o verdadeiro Ego ou Supremo Espírito é bem-aventurança, e que tudo o mais é dor. Em segundo, que ele está livre de apego ou repulsão com relação a qualquer coisa que lhe aconteça, e que agem sem intenção. Finalmente, vem a subjugação dos sentidos, que é inútil, e frequentemente prejudicial, dando origem à hipocrisia e ao orgulho espiritual, quando destituída do segundo, e que por sua vez não tem muita utilidade quando destituída do primeiro. 

Aquele que não pratica o altruísmo, aquele que não está preparado para dividir sua última porção com alguém mais pobre ou mais fraco do que ele, aquele que negligencia em ajudar seu próximo, qualquer que seja sua raça, nação, ou credo, quando e onde quer que encontre sofrimento, e que faz ouvidos moucos ao clamor da miséria humana; aquele que ouve uma pessoa inocente ser caluniada, e que não toma a sua defesa como defenderia a si mesmo, não é um teósofo."

(Helena Blavatsky - Ocultismo Prático - Ed. Teosófica, Brasília - p. 46/57)


domingo, 18 de novembro de 2012

A TRAVESSIA


“Gozava com o ritmo úmido dos remos a mergulhar, com as escamas de luz que a lua beliscava na água, com o sopro fresco e quase imaterial de aragem da noite, com o negro e infinito céu estrelado, com a solidão sedante.

Mas, nem por um instante, nem por um suspiro, desejou prolongar aquele embevecimento.

Ele sabia o que queria. Tinha um destino. Queria a outra margem.

Nela, para sempre sumiria, total e eternamente.”

(Hermógenes – Mergulho na paz – 150/151)