OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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domingo, 9 de outubro de 2016

MEDIUNIDADE

"É essencial que a pessoa que tenha as capacidades e qualidades para a mediunidade, e que deseje as faculdades superiores da consciência e de ser um veículo, que se engaje vitoriosamente numa intensa luta para renunciar à mediunidade física e seus frutos nocivos. Todo o resultado da encarnação de uma tal pessoa encontra-se na balança neste momento. Se os aspirantes à iluminação autoconsciente, oculta e espiritual não conseguem se afastar dos círculos espíritas e desafiar e conquistar os elementares e elementais que tão odiosamente se agarram a eles em consequência, eles se degeneram em médiuns físicos com os princípios superiores rompidos.

Realmente é afortunado o aspirante que recebe a orientação de um instrutor oculto, que é por sua vez inspirado pelos Mestres, com Sua compreensão instintiva do curso de conduta apropriado. O resultado disso é que a forma superior de ser um veículo ou um vidente positivo, de que ele também é capaz, remove a prática inferior e muito degradante da mediunidade.

Do ponto de vista evolutivo, a prática da mediunidade é um terrível engano sem nenhum aspecto compensador, já que, mesmo quando existe inicialmente a intenção de ajudar, o método é tão perigoso e errado que neutraliza qualquer benefício. Uma fraude monstruosa é perpetrada com frequência contra seres humanos sofredores e confiantes."

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 81/82)

domingo, 26 de junho de 2016

DIFICULDADES DA IOGA

"Três forças que militam contra a iluminação são:

1. Inércia - fadiga mental e física.

2. Humor - instabilidade mental e emocional.

3. A ação satânica da mente - quando a mente nos diz que todos os nossos esforços são inúteis e que  nunca conseguiremos fazer progresso ou ter êxito na ioga; que o melhor mesmo é desistirmos nesta vida, gozarmos a vida e recomeçarmos outra vez numa data futura.

Assim jogamos fora nossas brilhantes linhas de comunicação com os estados de alegria e paz permanentes e usamos outra vez as amarras do pensamento objetivo, justamente a felicidade momentânea da vida pessoal no universo material.

Os Mestres nos asseguraram, dizendo: 'Cada um de Nós teve que lutar contra a completa inércia da matéria física. Alguns homens morreram e outros ficaram loucos nesta tentativa.' Podemos confiar piamente nos Mestres, pois Eles guiam os aspirantes fiéis ao longo de todos os perigos até que alcancem a segurança. Lembrem-se de que os Mestres têm registros e memórias de muitos milhares de casos de insanidade em vários graus que afetaram aqueles que procuraram forçar seu caminho aos mundos Causal e mais elevados em plena consciência de vigília. Na verdade, é provável que alguns dos Mestres passaram por esta experiência em vidas anteriores."

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 156
www.ediorateosofica.com.br


sexta-feira, 17 de junho de 2016

OS PERIGOS DO CONHECIMENTO MAL EMPREGADO (1ª PARTE)

"Antes que algumas das principais doutrinas da sabedoria Antiga sejam apresentadas, o tema desta parte do trabalho pode ser proveitosamente ampliado. Esse tema, como dito anteriormente, é o de que certos ensinamentos, se compreendidos completamente, podem vir a ser fonte de poderes mágicos. Para preservar e transmitir esse conhecimento que dá poder, foi inventada, por seus descobridores, uma linguagem peculiar. Por meio de pseudo-história, alegoria e símbolo essa informação é simultaneamente revelada e escondida. A falta de percepção humana dos ensinamentos espirituais e ocultos é devido, entretanto, não apenas à dissimulação protetora no interior da escritura e da mitologia, mas também à falta de interesse. A humanidade nesta fase de evolução está naturalmente mais interessada no mundo material, nos seus prazeres e recompensas do que na busca de iluminação interior, para cuja realização, pode-se acrescentar, exige-se certa medida de renúncia. Esportes sangrentos, corridas, jogos de azar, a entrega ao álcool e ao sexo, a obtenção de dinheiro e poder tendem a absorver o interesse do homem, resultando inevitavelmente em pouco espaço em sua mente para a cultura superior e a aspiração ao desenvolvimento espiritual.

Quando, entretanto, uma pessoa desvia-se seriamente das coisas mundanas e volta-se para a verdadeira busca do conhecimento, esse conhecimento sempre será encontrado. Mesmo assim, a plena percepção não pode ser alcançada sem a devida preparação. Da mesma forma como não se pode tirar a eletricidade do ar e usá-la imediatamente, também a iluminação espiritual exige autoeducação e treinamento antes que possa ser descoberta, dominada e usada. Embora certos aspectos da tradição oculta sejam claramente reservados, porque são fontes de grande força que pode ser empregada perniciosamente, a maioria dos homens permanece desinformada porque não busca seriamente o entendimento espiritual nem se mostra pronta para passar pelos treinamentos necessários à obtenção. (...)"

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 51/52)


quarta-feira, 6 de abril de 2016

O SIGNIFICADO DIVINO POR TRÁS DOS RELACIONAMENTOS HUMANOS (PARTE FINAL)

"(...) Considero que, antes de duas pessoas se casarem e antes de terem filhos, a lei devia exigir que fossem para uma escola onde aprendessem a arte do comportamento correto. Quando uma pessoa foi espiritual e psicologicamente educada para conhecer um pouco da natureza humana e a arte de se relacionar bem com os outros, existe então possibilidade de uma vida familiar feliz, harmônica e espiritualmente progressiva. A alma floresce em tal relacionamento iluminado. 

Os seres humanos fracassam em seus relacionamentos pessoais quando deixam de ter respeito um pelo outro; o marido pela mulher, a mulher pelo marido, os filhos pelos pais e os pais pelos filhos. Os relacionamentos humanos se deterioram quando falta a amizade. Sem amizade, o amor entre marido e mulher, filhos e pais, é logo destruído. A amizade dá liberdade à outra pessoa para expressar a si mesma e à sua própria identidade única.

Quando existe completo entendimento e comunicação entre duas almas, há amizade autêntica e amor verdadeiro. Quando as pessoas aprendem a conservar a amizade, o respeito e a consideração em seus relacionamentos maritais, paternais, maternais e outros, nunca abusarão um do outro nem se magoarão por causa de tal abuso.

Você pode dizer: 'Sim, seria ideal se meu esposo (ou esposa, ou filhos) fizesse justamente isso!' Por que não começar por você? Faça sua parte; deixe os outros nas mãos de Deus.

Sempre voltamos para o mesmo ponto: é preciso começar com você primeiro." 

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 59/60)


sábado, 19 de março de 2016

DISCERNIMENTO ESPIRITUAL

"A luz do corpo é o olho. Se, pois, o teu olho for bom, todo o teu corpo estará cheio de luz.
Se, porém, o teu olho estiver doente, todo o teu corpo será cheio de trevas. Se, portanto, a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão essas trevas!

Para que fixemos nossos corações no eterno e renunciemos aos objetos efêmeros do mundo, nossos olhos têm de ser 'singulares'. Não precisamos correr atrás deste ou daquele objeto, mas devemos nos concentrar com devoção unidirecionada em Deus. Para a obtenção da iluminação, diz o Gita:

'A vontade volta-se sozinha para o único ideal. Quando falta ao homem este discernimento, sua vontade vaga em todas as direções, atrás de inúmeros objetivos.'

Quando faltar ao homem o discernimento espiritual, 'todo o seu corpo ficará nas trevas'. Ele continua a viver na ignorância, e o Eu verdadeiro, a luz divina dentro dele, permanece escondido. A concentração da mente no ideal escolhido de Deus é a chave para revelar essa luz divina.

Essa concentração, pois, purifica o que entra na consciência através dos sentidos. 'A luz do corpo é o olho', diz o Cristo, comparando o olho a uma janela pela qual penetra o mundo exterior. Através dos cinco sentidos captamos impressões, e a soma total dessas impressões compõe o nosso caráter. Se vemos o bem, absorvemos o bem; se vemos o mal, absorvemos o mal. Como reza uma prece védica: 'Possamos, com nossos ouvidos, ouvir o que é bom. Possamos, com nossos olhos, enxergar a tua justiça.' Ao olharmos, é necessário que aprendamos a enxergar Deus, o Espírito que envolve tudo - e não a aparência e a forma das coisas. Desse modo, em vez de nos desviar do nosso ideal, cada objeto do universo torna-se uma ajuda na percepção de Deus.

E assim a luz de Deus cai sobre nós até que, finalmente, nosso 'corpo todo fique cheio de luz'. (...)"

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo, - p. 110/111)


sábado, 12 de março de 2016

SABEDORIA NO CORAÇÃO (1ª PARTE)

"A verdade, que está no âmago de todo ensinamento religioso é a mesma. É a fonte da qual todos os grandes instrutores espirituais trouxeram sabedoria vivificante, uma fonte aberta igualmente a todos os homens e mulheres. Quando o homem recebe essa sabedoria em seu coração, todas as coisas tornam-se novas para ele. Então, ele vê, com os olhos de um recém-nascido espiritual. 'O Cristo em vós' de São Paulo traz uma nova visão, que gradualmente inclui toda a terra e o céu. O farol de seu poder revelará em ambos muitas coisas jamais sonhadas atualmente. 

Ele verá então, entre outras coisas, que a terra é um céu em formação. Deve vir uma época quando não haverá nem tristeza, nem choro, nem dor. Pois estas coisas devem-se à ignorância que, por mais que possa durar, deve eventualmente desaparecer. Ignorância é essencialmente ignorância de nossa verdadeira natureza, que é divina. Essa natureza está profundamente oculta dentro de nós e só aparece ocasionalmente num momento de abnegação, de iluminação inesperada, num ato de completa autoentrega, ou numa onda de grande felicidade.

'Observa, eu chego rapidamente'. O lampejo de percepção de buddhi, sabedoria intuicional, surge subitamente, quando não é esperado. Pois quando esperamos, esperamos algo concebido em nossa ignorância antes da chegada do lampejo. Essa expectativa bloqueia a luz. Mas quando a mente está aberta à verdade sem expectativa predeterminada, então será iluminada. (...)"

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 83)


sábado, 5 de março de 2016

O PODER DA VIDA SILENCIOSA

"Tao é o seio materno do Universo.
Quem conhece sua mãe, sente-se filho seu.
Quem se conhece como filho, vive a vida de sua mãe,
Nem vê detrimento na morte.
Quem refreia os seus sentidos
E conserva as suas forças,
Não se esgota.
Mas quem se desgasta,
Quem se dissipa e dispersa,
Esse vive em vão.
Quem tem a consciência de ser apenas uma centelha,
Esse é iluminado.
Quem, em seu dever,
Permanece maleável e flexível,
Esse é forte.
Permanece maleável e flexível,
Quem segue à luz interna,
Esse não sucumbe à morte,
É imortal.
Quem vive na essência
Não se prende a nenhuma aparência.

EXPLICAÇÃO: O profano, sendo apenas um canal, vive na ilusão de ser a Fonte de tudo que acontece - mas o iniciado sabe que nenhum finito é Fonte. O canal cumpre a sua tarefa quando se liga à Fonte e permite que as águas dela fluam livremente através do seu condutor. 

Esta receptividade dos canais é a verdade - a pretensa datividade é pura ilusão.

Quem julga ter atingido a meta, nem iniciou ainda a jornada. A felicidade não é uma chegada, mas uma jornada. Todo o finito, em demanda do Infinito, está sempre a uma distância infinita. A felicidade está na consciência de estar no caminho certo e poder continuar sempre e sempre nesse caminho certo - isto é vida eterna."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 136/137)


terça-feira, 12 de janeiro de 2016

A CONVIVÊNCIA COM OS OPOSTOS (PARTE FINAL)

"(...) Do par de opostos básicos surgem vários outros, como o sentimento de vitória ou derrota, honra ou desonra. O Bhagavad-Gita repetidamente menciona a necessidade da libertação dos opostos, porque o egoísmo é o mais sério obstáculo à iluminação; ele torna impossível fixar a mente, mesmo durante um curto período de tempo. A chama da mente oscila incessantemente sob o vendaval dos opostos. 

O mesmo ensina o Diagrama de Meditação, de H.P. Blavatsky, que menciona um estado interior onde não há senso de inimigo ou amigo. Essa ideia também está no ensinamento islâmico de submissão à vontade de Deus, que se manifesta nos princípios da ordem do universo, em muitos níveis. Essa ordem se manifesta com o processo evolutivo, a operação do karma, as forças que levam os seres vivos rumo à percepção cada vez maior da natureza divina. 

A submissão à vontade divina implica não reagir. Embora a mente superficial possa continuar com seus hábitos, no nosso âmago devemos compreender que não há situação favorável ou desfavorável a alguém. A vida é uma instrutora; ela não recompensa nem pune. É a mente que classifica a experiência. Muitos não têm inimigos, mas fazem distinções entre pessoas que são 'suas' e outras que não são; pessoas que importam e que não importam. A desigualdade é uma característica da mente egoísta.

Podemos aprender muito com os seres de outras espécies. Um exemplo clássico na literatura indiana é o sândalo, que verte sua fragrância sobre aquele que o corta. Os animais sofrem sem resistência, deitando sossegadamente até que a dor passe, pois não carregam o fardo dos sentimentos egoístas. Nós também podemos viver pacificamente, reconhecendo que a vida ensina sob a forma de um amigo ou inimigo. Para perceber seus ensinamentos, devemos nos livrar dos preconceitos, gostos e aversões, eliminando assim o nosso egoísmo. Podemos atravessar a vida com uma percepção calma e firme, sem nos afetarmos pelos opostos."

(Radha Burnier - A convivência com os opostos - Revista Sophia, Ano 12, nº 49 - p. 18/19)


terça-feira, 20 de outubro de 2015

A BUSCA MÍSTICA (PARTE FINAL)

"(...) As duas estórias que se seguem servem para ilustrar o tema de que a realização espiritual direta é alcançável e que, uma vez obtida, pode transformar e iluminar: 1) um velho camponês estava sentado sozinho num banco de trás de uma igreja vazia. 'O que você está esperando?', foi-lhe perguntado. 'Estou olhando para Ele,' respondeu, 'e Ele está olhando para mim'; 2) um grupo de estudantes num colégio teológico pediu a um professor muito instruído para ler o Salmo do Bom Pastor (Sl 23). Ele leu-o com muito sentimento e bela ênfase. Depois alguém convidou um clérigo aposentado para entrar e repetir o Salmo 23. Quando ele repetiu as mesmas palavras com reverência e intenção, sua face suave brilhou com uma luz interior. Quando terminou, não havia um olho enxuto na sala. Mais tarde, um dos estudantes perguntou ao professor porque ele, com seu grande conhecimento, não pode produzir aquele profundo efeito. O professor foi honesto e humilde em sua resposta: 'Bem,' ele disse ao rapaz, 'eu tenho estudado a Bíblia e conheço tudo sobre o Bom Pastor, mas, veja você, nosso amigo conhece o Bom Pastor.'

Aí, sugiro, está o âmago do problema religioso: conhecer, por experiência direta, o poder e a Presença de Deus e de Seu Filho, Cristo, Nosso Senhor. Uma palavra grega para tal conhecimento espiritual direto é gnosis e, na época da fundação do cristianismo, aqueles que o possuíam eram conhecidos como gnósticos. Tragicamente, por causa dos erros aparentes de alguns gnósticos, eles foram proscritos e acusados de heréticos. A contribuição da religião para a cura das atuais doenças da humanidade é o conhecimento espiritual baseado na experiência interior. Colocado de maneira simples, os cristãos tanto necessitam saber a respeito do Bom Pastor quanto conhecer o Bom Pastor. À medida que cresça o número de homens e mulheres iluminados e inspirados, há razão para crer que o cristianismo se tornará mais poderoso do que presentemente para a paz e o progresso mundiais.

Se, de novo, a religião cristã pode se tornar um centro e uma fonte de luz espiritual nascidos do conhecimento direto e, assim oferecer ensinamento espiritual verdadeiro concernente à relação íntima do homem com Deus e de como essa relação pode ser realizada; se ela pode restaurar o conhecimento perdido do propósito da existência humana; se ela pode estabelecer a razão e a exata justiça para o homem, como parte de seu ensinamento, e prover os meios da aplicação inteligente delas na obtenção da felicidade humana e na solução dos problemas da vida; se ela pode dar à humanidade orientação segura e sã na busca do conhecimento interior de Deus e da união consciente com Deus; se o cristianismo pode verdadeiramente iluminar as mentes humanas, então, sugere-se, ele poderia levar a humanidade a abandonar sua presente militância, dirigindo-a para a paz mundial, e a renunciar as ações que dividem, em favor da unidade de ação para o bem-estar de toda a humanidade."

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília 2007 - p. 29/30)

segunda-feira, 19 de outubro de 2015

A BUSCA MÍSTICA (1ª PARTE)

"Como essa iluminação interior deve ser obtida? Não pela fé cega, mas pelo livre uso da faculdade do raciocínio e da prática regular da oração, meditação e contemplação, sendo a última definida como uma oração científica. No seu livro com aquele título, a oração é definida pelo Dr. Alexis Carrel nestas palavras: 'Uma contemplação serena do princípio imanente e transcendente de todas as coisas. Uma elevação da alma a Deus. Um ato de amor e adoração a Ele de quem procede a maravilha que é a vida. O esforço do homem para comunicar-se com um Ser invisível. Um estado mítico quando a consciência é absorvida em Deus.'

A 'oração', continua o Dr. Carrel, 'encontra sua mais alta expressão em um voo do amor através da noite obscura da inteligência. A oração deixa o âmbito do intelecto, a fim de alcançar o sentimento imediato. Para orar somente é necessário fazer um esforço para atingir a Deus. A melhor maneira de comunicação com Deus é, sem dúvida, realizar integralmente Sua vontade.'

O método pelo qual um indivíduo pode conseguir o despertar espiritual direto, a consciência de Deus, será peculiar a si mesmo, embora certas antigas regras gerais tenham sido enunciadas. O salmista disse: 'Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus' (Sl 46:10).

Os ritualistas dizem que, através da participação nos sacramentos, o homem pode entrar em unidade consciencial com o Cristo vivo. Por meio do serviço amoroso pode também aprender a conhecer, amar e servir a Deus em tudo; por intermédio da beleza ele pode perceber, adorar, retratar e descobrir Deus como 'o princípio da beleza em todas as coisas' (Keats). Por intermédio da canção sagrada e da contemplação silenciosa, excluindo todos outros pensamentos, ele pode encontrar e conhecer o Deus interno, o soberano imortal interior 'sentado no coração de todos os seres.'¹ (...)"

¹ Bhagavad Gita.

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília 2007 - p. 29)


sexta-feira, 18 de setembro de 2015

AÇÃO E CONHECIMENTO

"Em profunda escuridão caem aqueles que seguem a ação. Em profunda escuridão caem aqueles que seguem o conhecimento.

Na experiência normal do homem, Ação e Conhecimento ocorrem um após o outro, não simultaneamente. Há sempre uma brecha entre os dois. É essa brecha que traz escuridão e desolação para a vida do indivíduo. A ação que não é inspirada pelo conhecimento é mera atividade. É uma mera Upasana, uma prática sem sentido. Analogamente, o conhecimento destituído do toque vitalizador da ação é um conhecimento sem inspiração. O verso acima diz que a mera ideação conduz a uma escuridão ainda maior. Um conhecimento ideacional, assim como a atividade repetitiva, são ambos sem sentido. Conduzem uma pessoa ao reino dos falsos valores. É a brecha entre os dois que torna ambos ineficazes. Na chamada vida espiritual há sempre um esforço para cobrir o abismo entre a Crença e o Comportamento. Mas tal esforço exaure o indivíduo, porque a ponte nunca é completada e jamais poderá ser. Temos que lembrar que quando buscamos transformar uma Crença em Comportamento, a tentativa é de construir uma ponte entre dois pontos, um dos quais é fixo e outro em constante movimento. Uma Crença constitui-se em um ponto fixo, mas o Comportamento que está relacionado com a vida está sujeito a constante fluxo, porque a vida em si está em constante fluxo. Como pode uma tal ponte ser construída? Uma Crença representa conhecimento ideacional; e o Comportamento tende a se tornar atividade repetitiva. Nenhum dos dois pode conduzir o homem à iluminação. É a esse misterioso problema que Upanixade Ishavasya se refere quando fala de ação que conduz à profunda escuridão e conhecimento que conduz a uma escuridão ainda maior. O que deve então ser feito? (...)" 

(Rohit Mehta - O Chamado dos Upanixades – Ed. Teosófica, Brasília, 2003 - p. 27/28
www.editorateosofica.com.br

quarta-feira, 9 de setembro de 2015

NÃO CONDENE O IGNORANTE

"(3:26) Não deve nunca o sábio condenar o ignorante quando este age por instigação do ego. Ao contrário, iluminado que é, deve limitar-se a convencer seus semelhantes a preferir a ação reta e justa. 

A condenação tantas vezes encontrada em obras religiosas faz quase tanto mal quanto bem. A maneira de ajudar as pessoas a sair da ignorância é despertar nelas o anseio de saber mais. Repreendê-las por sua insensatez seria como ralhar com o cego por ele não conseguir ver. As censuras prejudicam também quem as profere, pois, ainda quando pareçam provir da sabedoria, brotam inevitavelmente contaminadas pelo senso de superioridade alimentado pelo ego, que enreda também o 'pregador' nas malhas da ilusão. 

Os pensamentos da pessoa são tingidos pelas roupas que veste. Se veste o cinza da crítica moderada, seus pensamentos ficam nebulosos. Se veste o preto da condenação intransigente, seus pensamentos se tornam sombrios. E se veste as cores joviais da delicadeza, aceitação e perdão, não apenas inspira simpatia aos outros como aviva ainda mais essas cores em si próprio." 

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 171


terça-feira, 9 de junho de 2015

COMO LIDAR COM AS EMOÇÕES NEGATIVAS

"Diga sempre a si mesmo: 

Minha tarefa é a mais fascinante de todas. Ela me mantém tão ocupado que não sobram tempo nem energia para me inquietar com os assuntos de outras pessoas. Estou empenhado na missão de fugir da ignorância para a compreensão e a iluminação. Essa tarefa monopoliza toda a minha atenção para dominar pensamentos e emoções de cólera, inveja, orgulho, vingança, medo, carência e enfermidade. Devo reconhecer e eliminar tais obstáculos para sempre, de modo que, quando os últimos resquícios de negação desaparecerem, a água pura da vida possa brotar e fluir livremente através de mim para abençoar a todos. Eis aí o meu trabalho. Poderia me contentar com menos? 

A raiva não é um antídoto para a raiva. Uma raiva violenta pode suprir uma raiva mais fraca, mas nunca a extinguirá. Quando você estiver com raiva, não diga nada. Pense na raiva como uma doença - um resfriado, por exemplo - e, trate-a com os banhos quentes mentais da lembrança de pessoas com quem você jamais poderia ficar enraivecido, não importa o que fizessem. Se sua raiva for muito violenta, tome um banho frio, borrife a cabeça com água fresca ou coloque gelo na medula e nas têmporas, logo acima das orelhas, no alto da cabeça e na testa, especialmente entre as sobrancelhas.

Quando a raiva irromper, ligue o mecanismo da serenidade; deixe que esta acione as engrenagens da paz, do amor e do perdão. Destrua a raiva com esses antídotos. Assim como você não gosta que os outros se encolerizem com você, os outros não gostam de ser alvo de sua raiva intempestiva. Pense em amor. Quando você imita o Cristo e vê a humanidade como irmãos que se magoam (pois não sabem o que fazem), não consegue sentir raiva de ninguém. A ignorância é a mãe de todas as raivas.

Aperfeiçoe a razão metafísica e, com ela, elimine a raiva. (...) Liquide mentalmente a raiva dizendo a si mesmo: 'Não envenenarei minha paz com a raiva; não perturbarei minha calma habitual, fonte de alegrias, com a irritação.'"

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como Ter Coragem, Serenidade e Confiança - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 75/77)
www.editorapensamento.com.br

quarta-feira, 1 de abril de 2015

TORNE-SE UM DISCÍPULO

"Todo mestre espiritual, seja uma encarnação divina ou uma alma iluminada, tem dois conjuntos de ensinamentos - um para a multidão, outro para os discípulos. O elefante possui dos conjuntos de dentes: as presas com que se defenda das dificuldades exteriores e os dentes com os quais come. O mestre espiritual prepara o caminho de sua mensagem com lições genéricas - seriam suas presas. A verdade profunda da religião ele a revela apenas aos discípulos íntimos. Porque a religião é algo que pode de fato ser transmitido. Um mestre verdadeiramente iluminado pode transmitir-nos o poder que revela a consciência divina, latente em nós. Mas é preciso que o campo seja fértil e o solo esteja pronto antes que a semente possa ser semeada. (...)

Cristo ensinava desse mesmo modo. Ele não pronunciou o Sermão da Montanha para as multidões, e sim para os discípulos, cujos corações estavam prontos para recebê-lo. As multidões ainda não estão aptas para entender a verdade de Deus. De fato, nem a desejam. Meu mestre, Swami Brahmananda, costumava dizer: 'Quantos estão prontos? Sim, muita gente vem até nós. Temos o tesouro a dar-lhes. Mas eles querem apenas batatas, cebolas e berinjelas.'

Qualquer um de nós que deseje sinceramente o tesouro, que busque a verdade, pode beneficiar-se da mensagem dada no Sermão da Montanha e pode tornar-se um discípulo. Cristo, como veremos em nosso estudo do Sermão, fala das condições que temos de possuir para sermos discípulos e para as quais precisamos preparar-nos. Ele ensina os caminhos e os meios para atingirmos a purificação de nossos corações, de modo que a verdade de Deus possa revelar-se por inteiro dentro de nós."

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo, 2007 - p. 19/21)
www.pensamento-cultrix.com.br


domingo, 28 de dezembro de 2014

COMO APRENDER COM UM GURU

"'Devemos também aprender a não nos aproximarmos apenas das pessoas cujas vibrações sejam iguais às nossas. É normal sentir-se atraído por alguém do mesmo nível. Mas está errado. Você deve também se aproximar de pessoas cujas vibrações sejam contrárias... às suas. Esta é a importância... de ajudar... essas pessoas. O nosso caminho é interno. Esse é o caminho mais difícil, a jornada mais dolorosa. Somos responsáveis por nosso próprio aprendizado. Esta responsabilidade não pode ser delegada a outra pessoa, não pode ser jogada em cima de algum guru.'

Há muitos mestres extremamente sábios entre nós, capazes de nos mostrar a direção e de aliviar nossos fardos durante a jornada espiritual. Infelizmente, há também muitos impostores que, levados pelo orgulho, ganância ou por suas próprias inseguranças, se apresentam como mestres ou gurus. Dizem o que devemos fazer, quando eles mesmos não fazem. Obviamente é perigoso seguir tais pessoas.

O segredo para distinguir um verdadeiro mestre de um impostor é seguir a sua própria sabedoria intuitiva. Os ensinamentos parecem corretos para você? Eles são pessoas amorosas, compassivas, não violentas e contribuem para diminuir seu medo e sua culpa? Incluem todos os outros grupos humanos como iguais, como almas divinas na mesma trilha do destino? Ensinam que ninguém é melhor do que ninguém, que estamos todos no mesmo barco? E afirmam que podem apenas apontar a direção, mas não podem levar-nos até lá? Tenha certeza de uma coisa: só você pode atingir seu objetivo. Só você pode experimentar o amor, a felicidade, o equilíbrio e a harmonia, porque a sua viagem para casa é uma jornada interior, um retorno para si. (...)

Como o reino dos céus realmente existe dentro de nós, toda a alegria e felicidade vêm do nosso interior. Não seremos resgatados por outra pessoa. Em vez disso, teremos a sensação de despertar, como se estivéssemos acordando de um longo sono. Iremos nos 'salvar' quando experimentarmos o amor verdadeiro e nos tornarmos iluminados. (...)"

(Brian Weiss - A Divina Sabedoria dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 1999 - p. 156/157)


sábado, 22 de novembro de 2014

MUDANÇA NA CONSCIÊNCIA HUMANA (PARTE FINAL)

"(...) Dizem que quando as pessoas viram Buda logo após sua iluminação, ficaram tão perplexas pela extraordinária quietude de sua presença que pararam para perguntar: 'O que sois? Sois um deus, um mago ou um feiticeiro?' A resposta foi surpreendente. Buda disse, simplesmente: 'Eu estou desperto.' Sua resposta tornou-se o seu título, pois é isso o que significa a palavra Buda em sânscrito: aquele que está desperto. Enquanto o restante do mundo estava em sono profundo, sonhando um sonho conhecido como o estado de vigília, Buda livrou-se do sono e despertou.

Embora o chamado para o despertar de Buda tenha ocorrido há muito tempo, tendo desde então se repetido inúmeras vezes por quase todos os sistemas espirituais conhecidos, é desastroso que uma metafísica mal compreendida nos tenha levado à alienação entre nós e a Terra, e entre nós e os outros seres vivos. É imperativo que restauremos a percepção dessa interdependência. Naturalmente, uma transformação assim requer profunda reeducação a cada passo de nossas vidas. As fundações particulares, organizações não governamentais, empresas, instituições acadêmicas e organizações religiosas têm igual interesse em estabelecer prioridades nesse esforço.

É importante que perdoemos a destruição do passado e reconheçamos que ela foi produzida pela ignorância. Ao mesmo tempo, devemos reexaminar, do ponto de vista ético, que tipo de mundo herdamos, tudo aquilo por que somos responsáveis, e tudo o que legaremos às gerações futuras."

(C. Jotin Khisty - Mudança na Consciência Humana - Revista Sophia, Ano 12, nº 52 - p. 27)

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O PODER DA GENEROSIDADE (PARTE FINAL)

"(...) Quando penso no caminho da iluminação, da ausência de todo medo, do amor incondicional, da aceitação de todos os processos e da entrega a todos os desígnios, lembro-me sempre do exemplo generoso dessas mulheres. Apesar da carência de coisas muito básicas, elas mostraram um senso de tranquilidade, uma confiança sem estresse e um desfrutar da felicidade que poucas vezes pude constatar em indivíduos com grande segurança financeira.

Pode faltar o básico, mas tudo é prosperidade quando o essencial é ofertado. É preciso que a essência transpareça na existência, como ensina Roberto Crema, reitor da Unipaz. Para aqueles que têm grande volume de recursos materiais, nem sempre a generosidade está em oferecer o que se tem, mas especialmente o que se é. Um filho pode ficar feliz com um novo brinquedo, um aparelho tecnológico, um carro ou uma viagem, mas é na oferta generosa do tempo, da atenção, do afeto e da partilha de visões de mundo que ele encontrará a verdadeira condição de trilhar o caminho de sua realização.

O que é preciso e o que é necessário? Essa distinção é a chave da generosidade. Entregar o que é preciso sempre, mas perceber o que é necessário prioritariamente. Quando temos um olhar aberto, atento e perceptivo para aquilo que realmente está acima de qualquer outra necessidade, inclusive as nossas, então estamos exercitando a generosidade. E para quê? Qual o propósito de ser generoso? Além do benefício imediato do atendimento das necessidades, da prática do bem e do progresso justo e próspero, há um elemento que pode fazer toda a diferença quando exercitamos nossa generosidade: adentrar o campo sagrado da confiança pura e viver, mesmo que por instantes, fora da tirania do medo.

Esse desabrochar interior que a ausência de medo oferece é o salto quântico da realização plena, as asas da borboleta no coração de nossa existência. É sutil, imponderável e profundamente transformador. Não somos mais os mesmos, não vivemos mais na mesma realidade e não tememos mais o que temíamos. É a mutação da visão em uma microdimensão. Se seguimos no exercício da generosidade, ganhamos aos poucos uma visão nova, até que todo o macrouniverso também se modifica. Então, não só nós poderemos ver diferente, mas todos poderão viver num lugar diferente e melhor - tudo graças a generosidade."

(Dulce Magalhães - O Poder da Generosidade - Revista Sofhia, Ano 10, nº  37 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 10)

domingo, 24 de agosto de 2014

RECONHECENDO O AMOR

"O Uno Imanente, o Inerente só pode ser reconhecido pelo amor (prema). Amor é uma palavra em geral usada erroneamente. Qualquer resposta positiva à atração é denominada amor; qualquer sentimento de apego, embora trivial ou transitório, também. O empenho para alcançar a sublimidade que está inerente na Verdade, isto sim, pode ser chamado Amor. Somente aqueles que tomaram consciência da corrente inteiror - o Atma - podem identificar diante de si a Fonte de Poder, o Avatar. O sinal de alerta e a advertência oportuna são dados pelo Jangam (o Espírito da Retidão) no corpo físico (angam). Ele relembra você do absurdo e do perigo inerentes à identificação do Ser com o corpo, e encoraja-o a discriminar entre o certo e o errado. Jangam é Deus entronizado em cada coração como a mais elevada sabedoria (o prajana); e a Eterna Testemunha, com A qual você pode facilmente contactar nas profundidades da meditação (dhyana).

O grupo (sangam) de vozes em volta brinca com Jangam (o Espírito da Retidão), tentando distrair você. Mas o princípio que o guarda e guia ao longo da senda espiritual é o Lingam, que está no centro do sangam (grupo), enxameando em volta do Jangam (o Espírito da Retidão). O Lingam é o verdadeiro âmago do coração do homem, assim, o único provedor de felicidade, poder e iluminação."

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1989 - p. 223)

sexta-feira, 1 de agosto de 2014

CUIDADO COM OS FALSOS PROFETAS

"Diz-nos Jesus que façamos distinção entre profetas falsos e verdadeiros e entre religião falsa e verdadeira. A religião verdadeira mostra-nos como vencer o mundo e alcançar o conhecimento de Deus, mas os mestres da religião falsa oferecem a promessa de sucesso e a riqueza no mundo. Os frutos da religião verdadeira são a iluminação, o amor generoso e a compaixão por todos. Sri Ramakrishna seguiu os caminhos de muitas religiões durante sua vida terrena e aplicou sempre a cada uma delas o mesmo teste: 'Será que ela me dará a iluminação de Deus?' Quando lhe falavam de uma nova seita, perguntava: 'Ela ensina o amor a Deus? Ensina como as pessoas alcançam a percepção de Deus?' Em caso negativo, nada tinha a fazer com elas.

O líder religioso deveria ser uma alma iluminada. Se ele prega o conhecimento de Deus sem ele próprio possuir esse conhecimento, será como um cego guiando outro cego. Todavia, é difícil para o aspirante da espiritualidade julgar a idoneidade de um mestre ou profeta, porque o homem verdadeiramente religioso não faz alarde de sua santidade. Há, porém, certas qualidades que são características de um autêntico líder espiritual. Antes de mais nada, ele conhece o espírito das escrituras. Depois, possui o coração puro e sem pecados, o que significa que ele vive aquilo que prega - não basta o conhecimento intelectual da verdade religiosa. Em terceiro lugar, ele labuta por puro amor pela humanidade: não ensina movido por segundas intenções, como o desejo de riqueza ou de fama. O líder espiritual ou profeta que possui essas três qualidades merece confiança e o aspirante espiritual que dele se aproxima com humildade e reverência é um abençoado."

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 128/129)

domingo, 20 de julho de 2014

BEM-AVENTURADOS OS PACÍFICOS, PORQUE SERÃO CHAMADOS FILHOS DE DEUS

"Somente quando estivermos iluminados pelo conhecimento unificador de Deus é que nos tornaremos seus filhos e produtores da paz. Claro que somos filhos permanentes de Deus, mesmo em nossa ignorância. Mas, em sua ignorância, nosso ego é 'imaturo': é arrogante e se esquece de Deus. Não podemos trazer paz enquanto não tivermos completado nossa união com Deus e com todos os seres. No estado de consciência transcendental (a união divina perfeita, que os hindus chamam samadhi) a alma iluminada não tem ego; seu ego está imerso na mente de Deus. Ao retornar a um nível mais baixo de consciência, mostra-se ela novamente segura da sua individualidade; agora, porém, tem um sentimento 'maduro' do ego, que não cria nenhuma escravidão para si mesmo ou para os outros. Para ilustrar esse ego amadurecido, as escrituras hindus falam de uma corda queimada: tem o aspecto de uma corda, mas não pode prender nada. Sem esse tipo de ego, não seria possível para um Deus-homem viver sob a forma humana e ensinar. Quando eu era ainda um jovem monge, um discípulo de Sri Ramakrisna disse certa vez:

'Por vezes é-me impossível ensinar. Para onde quer que olhe, vejo apenas Deus, usando diferentes máscaras, assumindo inúmeras formas. Quem é o mestre então? Quem deve ser ensinado? Mas, quando minha mente desce de nível passo a ver as tuas faltas e fraquezas e procuro removê-las.'

Há uma passagem no Bhagavata, escritura devota e popular dos hindus, que reza: 'Aquele em cujo coração Deus se manifestou leva a paz, a alegria e o encanto aonde quer que vá.' É o promotor de paz de que fala Cristo nas Bem-aventuranças. (...)"

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 32/33)