OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 20 de maio de 2025

O DESEJO CÓSMICO

"Esta vida, uma mistura de prazer e dor, é como a superfície tranquila de um rio profundo por baixo do qual uma poderosa corrente avança impetuosamente. Calmamente dia sucede dia, e viajamos do nascimento à morte, inconscientes de que o tempo todo estamos sendo levados adiante, não segundo nossa volição, mas segundo a impetuosa necessidade de um desejo cósmico. Este anelo cósmico é inseparável de todas as formas que corporificam uma vida. Sob seu impulso, o mineral no invólucro rochoso está indócil com desejo; impelido por esse desejo, a nebulosa dá origem a sistemas estelares. Todas as coisas que vivem, mineral, vegetal e animal, homem, anjo e arcanjo estão sujeitas a este ardente desejo; pois ele flui como uma corrente invisível através de tudo que eles pensam e sentem. Ele dota os homens de uma irresistível qualidade de conquista; eles não sabem que quem conquista é o desejo cósmico, e não eles. O homem cruel, que esmagando os fracos, atinge o ápice, somente o faz porque a resistível força deste anelo usa-o como ferramenta, inflando sua imaginação, e vivificando suas faculdades até que elas despedaçam toda oposição. O moribundo em agonia ainda se agarra a vida, porque o anseio ainda é seu mestre, e o impulsiona a continuar vivendo a fim de atingir seus objetivos. Do pouco que sabemos, este anelo está sempre conosco. Cada plano de felicidade que fazemos está, na realidade, sempre subordinado a um outro plano, o plano deste desejo cósmico, embora de formas sutis ele nos convença de que seu plano é o nosso também. Ele deseja alimento e repouso, então nos convence de que estamos famintos e cansados; deseja excitação, e então, seguindo sua liderança, saímos em busca de mudança.

Nada há de mal neste anseio; ele não é nem bom nem ruim, mas mera força cósmica atuando num plano universal. Mas o seu trabalho não é o nosso trabalho, e o conhecimento dessa diferença abre o caminho para a paz e a felicidade. As marés deste anseio estão sempre girando em torno de nós; mas nada nos impele a nos mover com essas marés. Somos como gaivotas que pousam sobre as ondas para um rápido repouso. Elas se movem para cima e para baixo com as ondas, como se fossem parte da água; mas a qualquer momento, quando assim o desejarem, batem as asas, elevam--se no ar e a turbulência do mar nada é para elas. Também nós podemos nos separar destas marés de anseio cósmico, se entendermos corretamente, e nos pusermos a trabalhar com essa finalidade.

Como almas imortais seguindo para uma realização divina, é nossa natureza amar, ansiar por luz, e buscar compreensão. Estas são as formas de nosso desabrochar, e obedecemos ao instinto divino em nós quando recorremos à vida por Amor, Luz e Lei. Mas estamos o tempo todo mergulhados nas marés cósmicas; o desejo cósmico reside no material de todo pensamento e sentimento. Portanto, no momento em que planejamos ou cobiçamos algo, o anelo sutilmente transforma nossos pensamentos e emoções em suas ferramentas. Não estamos conscientes de que nosso trabalho é dual, o trabalho que como almas almejamos alcançar e o trabalho que o anelo nos está forçando a alcançar. Nosso eu natural veste-se de um segundo eu que não pertence a nós, mas ao anseio; nós não sabemos que, quando pensamos estamos expressando a nossa individualidade; somos em grande parte seus fantoches. As marés de ciúme, de ira ou apatia nos arrebatam, impelindo-nos a fazer ou não coisas de que posteriormente nos arrependemos. Sentimos em parte que somos duais, contudo, não entendemos de que maneira.

Esta dualidade está mesclada em tudo e através de tudo. Existe um amor verdadeiro da alma, e um assim chamado amor que é desejo cósmico; existe o desejo da alma por luz, e um desejo por excitação que é somente o estímulo do anseio; existe o desejo da alma por sabedoria, e uma ilusão cósmica que se mascara de verdade. A libertação das misérias da vida só começa quando conhecemos esta dualidade em nós, e nos recusamos a continuar sendo a ferramenta do que não é nosso verdadeiro Eu."

C. Jinarajadasa, Libertação, Ed. Teosófica, Brasília, DF, 2022, p. 23/27.
Imagem: Pinterest