OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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sábado, 19 de março de 2016

DISCERNIMENTO ESPIRITUAL

"A luz do corpo é o olho. Se, pois, o teu olho for bom, todo o teu corpo estará cheio de luz.
Se, porém, o teu olho estiver doente, todo o teu corpo será cheio de trevas. Se, portanto, a luz que há em ti são trevas, quão grandes serão essas trevas!

Para que fixemos nossos corações no eterno e renunciemos aos objetos efêmeros do mundo, nossos olhos têm de ser 'singulares'. Não precisamos correr atrás deste ou daquele objeto, mas devemos nos concentrar com devoção unidirecionada em Deus. Para a obtenção da iluminação, diz o Gita:

'A vontade volta-se sozinha para o único ideal. Quando falta ao homem este discernimento, sua vontade vaga em todas as direções, atrás de inúmeros objetivos.'

Quando faltar ao homem o discernimento espiritual, 'todo o seu corpo ficará nas trevas'. Ele continua a viver na ignorância, e o Eu verdadeiro, a luz divina dentro dele, permanece escondido. A concentração da mente no ideal escolhido de Deus é a chave para revelar essa luz divina.

Essa concentração, pois, purifica o que entra na consciência através dos sentidos. 'A luz do corpo é o olho', diz o Cristo, comparando o olho a uma janela pela qual penetra o mundo exterior. Através dos cinco sentidos captamos impressões, e a soma total dessas impressões compõe o nosso caráter. Se vemos o bem, absorvemos o bem; se vemos o mal, absorvemos o mal. Como reza uma prece védica: 'Possamos, com nossos ouvidos, ouvir o que é bom. Possamos, com nossos olhos, enxergar a tua justiça.' Ao olharmos, é necessário que aprendamos a enxergar Deus, o Espírito que envolve tudo - e não a aparência e a forma das coisas. Desse modo, em vez de nos desviar do nosso ideal, cada objeto do universo torna-se uma ajuda na percepção de Deus.

E assim a luz de Deus cai sobre nós até que, finalmente, nosso 'corpo todo fique cheio de luz'. (...)"

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo, - p. 110/111)


quarta-feira, 16 de março de 2016

O PROPÓSITO DA EXISTÊNCIA HUMANA (PARTE FINAL)

"(...) A sabedoria Eterna afirma que a realização dessa culminação do desenvolvimento humano é absolutamente certa para todo homem. A ordem: 'Portanto, sede perfeitos, como é perfeito o vosso Pai celeste' (Mt 5:48), será literalmente obedecida pelo eu espiritual de todos os seres humanos. Uma Alma Espiritual perdida é uma impossibilidade na natureza, pois o verdadeiro Eu do homem é imortal, eterno e indestrutível. Na verdade, nada há a ser salvo, nem pode ser perdido, pois Deus, como a vida que envolve e habita o universo, é onipresente. O homem necessita apenas estar em guarda contra os defeitos de seu próprio caráter e as transgressões a que eles conduzem, pois todos os seus sofrimentos surgem (carmicamente)¹ - educativamente, ademais - de tais transgressões.

O processo evolucionário é perpétuo, não tendo começo concebível ou fim imaginável. Além da perfeição humana há uma realização ainda superior, alcançada durante a passagem pelos reinos da natureza super-humana, seguida por uma ascensão geral rumo à estatura espiritual do Logos de um universo. Além disso o progresso continua outra vez na direção do maior grau possível de desenvolvimento alcançável até o fim do período cósmico de manifestação maior. Mesmo depois, no ressurgimento do cosmo que sucede ao caos, da atividade a partir da quietude, o desenvolvimento continuará do ponto alcançado previamente e prosseguirá a alturas ainda maiores. A perfeição não é assim provavelmente a melhor palavra, pois que sugere finalidade. De fato, ela é atingível apenas num sentido relativo, pois deve dar lugar a mais perfeição, segundo um padrão superior de excelência no período seguinte de atividade - da mesma forma como uma flor perfeita deve deixar de ser uma flor perfeita e morrer, a fim de transformar-se num fruto perfeito, se for permitida tal forma de expressão.² O homem é um ser espiritual em evolução e, um dia, tornar-se-á como Deus é agora. O homem é um Deus em formação, um deus peregrino."

¹ Carma (sansc.) - a lei de causa e efeito.
² 'A Doutrina Secreta', Ed. Adyar, Vol. 1, p. 115.

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada, Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 56)


quarta-feira, 6 de janeiro de 2016

NÃO CAPITULE (PARTE FINAL)

"(...) O bêbado de hoje poderia ser uma pessoa sóbria e com autodomínio se, em certo momento do passado, não tivesse cedido à 'iniciação'. Ele já não se lembra em que reuniãozinha social, para mostrar-se igual aos outros, cretinamente bebeu seu primeiro gole, sentindo abominável o gosto, mas tendo de aparentar que estava gostando (segundo a moda). O tabagista de hoje, baixado ao hospital para operar o pulmão, não se recorda daquele dia na infância em que, para parecer adulto e igual aos outros, deu as primeiras baforadas num cigarro que um colega lhe dera. Pode ser dito o mesmo em relação àquele que se degradou com as 'bolinhas' ou com os cigarros de maconha. Em todos os casos o início é sempre sob a persuasão dos outros; e sob imitação, isto é, filiação à moda. Na origem, todos os 'iniciados' já eram pessoas comumente chamadas 'fracas de espírito', ou seja, os de personalidade e mentes amorfas, vidas inconscientes que buscam segurança, aceitação e prestígio no meio em que vivem, renunciando consequentemente ao dever de serem autênticas. O medo de ser diferente leva o fraco a imitar os do grupo. Quando o grupo é de gente viciada, o resultado é viciar-se. 

Se você conhecer e sentir a inexpugnável fortaleza e o tesouro de paz e ventura que há em você, nunca buscará sua segurança nos integrantes de seu grupo e terá a sábia coragem de ser diferente. Só os que são diferentes têm condições de não apenas se sobrepor, mas de liderar. (...) Na próxima reunião, quando todos, igualados, bem 'normaizinhos', bem 'mesmificados', estiverem bebericando, fumando e fazendo uso indevido da faculdade da palavra, sem pretender afrontá-los nem parecer melhor do que eles, não tenha medo de ser diferente. (...)

Não queira ser igual, em troca de ser aceito. Não ceda ao alcoolismo, ao tabagismo, aos narcóticos, às noitadas de dissipação. Só os psiquicamente adolescentes, por inseguros, o fazem. Revele sua maturidade, recusando-se, sem ofender aos vulgares, a segui-los em suas 'normais' reuniões de vício e degradação.

Isso é o que eu quis dizer ao sugerir que você não deixe cair a semente daninha em seu quintal. Não capitule.

Não esqueça o preceito hindu: 'Semeia um ato e colherá um hábito. Semeia um hábito e colherá um caráter. Semeia um caráter e colherá um destino.'"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 220/221)


quarta-feira, 16 de setembro de 2015

DE HOMEM A SUPER-HOMEM

"Esvazie a mente de todos os preconceitos e deixe a luz brilhar dentro.

Esvazie a alma de toda ambição pessoal e deixe o fogo da aspiração exaltar-se.

Esvazie todo o seu ser do eu e do egoísmo, para que o altruísmo possa tornar-se uma qualidade mais íntima. Então a iluminação pode ocorrer, então o progresso pode ser feito, então o domínio do inferior pelo superior pode ser atingido. O neófito deve estar prevenido, sem cessar, contra a intrusão de pensamentos e sentimentos egoístas e cheios de desejos.

A oportunidade é a indicação da Natureza de que a alma se aproxima de sua fase de florescimento. A oportunidade bate à porta da casa em que o homem externo está habitando para trazer a ele a mensagem que o Eu interior está a ponto de florescer.

A oportunidade assume muitas formas, porém em todas encontra-se um mensageiro do mundo exterior para o homem interior. A oportunidade é um sinal seguro de que a pessoa está pronta para a grande Busca. Até que por si só as portas se abram inteiramente, a Busca será em vão. Aquele que bate em portas fechadas, ensaia prematuramente o portentoso empreendimento. Portas fechadas são um sinal de que o trabalho interior ainda não foi feito, que débitos ainda não foram pagos, que a força ainda não foi desenvolvida, que a sabedoria é insuficiente para as necessidade do peregrino.

Assim sendo, que aqueles que procura os pés do Mestre, e no entanto encontram a entrada fechada, examinem cuidadosamente cada aspecto do caráter. Mantendo o ideal do Mestre claramente diante de si, que eles se dediquem à meditação e ao serviço altruísta."

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 174/175)

domingo, 28 de junho de 2015

A BELEZA DA VIRTUDE

"Existem determinadas palavras na língua inglesa - e em outras línguas também - cujo significado nos é apenas parcialmente conhecido porque precisa ser descoberto através da nossa própria vida e ação. 'Sabedoria' é uma palavra assim. Podemos ter um determinado conceito do que ela significa, porém este conceito, mesmo que esteja vago e falho, provavelmente será parcial em sua verdade. Podemos não saber o que é sabedoria em sua verdadeira natureza, sua qualidade, beleza e ação. 

Virtude é outra palavra assim. Às vezes usamos a forma singular 'virtude' para abranger tudo daquela natureza; às vezes falamos sobre 'as virtudes' no plural, distinguindo uma da outra. As virtudes, assim divididas, têm sido classificadas de formas diferentes. 

Por exemplo, no pensamento grego clássico, consideravam justiça, temperança, coragem e prudência como as virtudes principais. Essas palavras, sendo traduções do grego original, podem não transmitir exatamente o sentido em que eram entendidas naquele tempo. Mas, usando as palavras para referir-se ao seu significado atual comum, não parece claro o porquê dessas virtudes específicas terem sido consideradas fundamentais, sendo outras presumivelmente adicionais ou subsidiárias. Por mais excelentes que possam ser quando exibem a qualidade correta e indispensável como base para a conduta individual e da sociedade, são virtudes que pertencem ao campo da razão onde se precisa partir das premissas corretas. Qualquer homem inteligente pode ver que a prudência, por exemplo, é necessária para proteger os seus interesses, e a temperança ou a moderação, para assegurar o seu próprio bem-estar. Juntamente com a coragem e a justiça, elas seriam aceitáveis para qualquer homem médio, em conformidade com a sua sabedoria mundana, porém, autointeresse e virtude, em seus aspectos superiores, podem não combinar. 

Quando a influência do cristianismo espalhou-se pela Europa, outras virtudes de um caráter predominantemente não mundano como humildade, caridade, amor e fé, assumiram uma posição de importância. Foram consideradas como as mais próximas do coração de Deus ou da natureza divina."

(N. Sri Ram - Em Busca da Sabedoria - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 40/41


sexta-feira, 22 de maio de 2015

O JARDIM DE INFÂNCIA (PARTE FINAL)

"(...) Devemos reconhecer, entretanto, que o caráter da criança é influenciado não somente pelos objetos que manipula e pelas formas que vê, mas também pelas numerosas influências invisíveis; as linhas, os ângulos, as curvas da sala; a cor das paredes; a forma dos objetos físicos que o rodeiam no Jardim de Infância, tudo isso, de modo invisível, pode ajudar ou retardar o seu desenvolvimento, porque cada linha, cada cor ou cada som influencia sua natureza mental e emocional; podemos facilitar ou dificultar a evolução desses pequenos seres, através da influência dos objetos que os rodeiam no Jardim de Infância. Os métodos pedagógicos aplicados nessa etapa preconizam o valor das crianças manusearem vários objetos; é preciso, porém, que os pedagogos reconheçam também que tais objetos, de uma maneira contínua, ainda que invisível, estão formando a criança e que esta influência pode moldar sua natureza de um modo positivo ou pervertê-la completamente.

Do ponto de vista teosófico, a influência que o professor exerce sobre a criança tem uma importância muito maior que os educadores atualmente percebem; pois a criança é influenciada não apenas pela pessoa visível do mestre, mas ainda pela parte invisível de sua natureza. Uma palavra forte ou um sorriso amável produzem, como todos nós sabemos, resultados evidentes; mas o efeito produzido pelo seu pensamento é infinitamente maior. O verdadeiro mestre deve dominar métodos pedagógicos não apenas intelectualmente, mas também emocionalmente; isso é essencial, sobretudo no Jardim de Infância, visto que os campos astrais e mentais das crianças são extremamente sensíveis à influência do pensamento e dos sentimentos do professor. Ninguém tem o direito de ser professor, se não tiver um grande amor pelos pequenos e não se interessar pela sua vida. A aplicação deste princípio geral é tanto mais importante no Jardim de Infância, onde as crianças são confiadas aos mestres, por assim dizer, de corpo e alma.

Muitos melhoramentos ainda deverão ser introduzidos nos Jardins de Infância, mas o princípio geral que lhes deve servir de base é o de que, enquanto os três campos da criança ainda forem plásticos, o mestre tem a obrigação de fazer atuar sobre eles, não só as influências visíveis, mas as invisíveis também, a fim de que a elevação da natureza da alma possa atingir o seu cérebro, o mais rapidamente possível."

(C. Jinarajadasa - Teosofia Prática - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 30/32)

terça-feira, 19 de maio de 2015

A TEOSOFIA NA ESCOLA E NA UNIVERSIDADE (1ª PARTE)

"Atualmente, há numerosas tentativas de reforma no mundo da educação; todos os que têm o dever precípuo de ensinar e ajudar a formar o caráter das crianças, percebem que as teorias e os métodos existentes são insatisfatórios. A tendência dessas diversas reformas fica bastante clara, quando abordamos o problema da educação do ponto de vista da Teosofia. As teorias existentes partem da suposição de que a inteligência da criança só existe a partir do momento de seu nascimento e que, quando começa a frequentar a escola, sua mente é uma tabula rasa; portanto, o objetivo da educação seria, essencialmente, dar à criança conhecimento que ainda não possui e modelar um caráter que até esse momento não está formado. Estas teorias ainda não aceitas como verdadeiras, apesar do fato de todas as pessoas que se dedicam a instruir crianças, assim como os pais que devem criá-los, saberem, por experiência própria, que desde a mais tenra idade estes pequenos seres têm tendências e aptidões próprias e perfeitamente determinadas. 

Do ponto de vista teosófico, deve-se considerar sempre, em primeiro lugar, o fato de que a criança é uma alma imortal e que sua aparência de menino ou menina tem o objetivo de capacitá-la a desenvolver suas potencialidades latentes, através de experiência que vai adquirindo durante a sua vida neste planeta. Em segundo lugar, devemos recordar que o mundo visível não é mais do que uma parte do outro mundo mais vasto, no qual a criança vive e onde é continuamente influenciada, quer para o bem, quer para o mal, não só pelo que vê e ouve, como também pela invisível atmosfera mental e emocional que formam os pensamentos e sentimentos dos demais. Como uma alma imortal, a criança já passou por várias experiências de vida, e sua atual aparência de criança é apenas uma entre muitas outras semelhantes em vidas passadas. Portanto, podemos afirmar que essa alma possui um conhecimento importante acerca da vida e já adquiriu certa experiência para saber o que deve ou não fazer. Contudo, todos estes conhecimentos se encontram, em grande parte, latentes, pelo menos no que se relaciona ao cérebro da criança. (...)"

(C. Jinarajadasa - Teosofia Prática - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 25/27)


terça-feira, 3 de março de 2015

DISCERNIMENTO¹

"Entre o certo e o errado, o Ocultismo não admite acordo. A qualquer custo aparente, tens de fazer o que é certo, e não fazer o que é errado, sem dar importância ao que o ignorante possa pensar ou dizer. Tu deves estudar profundamente as leis ocultas da Natureza, e quando as conheceres organiza a tua vida de acordo com elas, utilizando sempre a razão e o bom senso."

Para que possamos escolher entre o certo e o errado é necessário primeiramente discernir o certo do errado, isto é, se não conseguirmos visualizar de que aquele caminho não é o correto, por mais que outras pessoas tentem nos alertar, não conseguirão nos demover de tais ideias. Poderemos até saber que tal atitude não é a correta, mas encontraremos muitas desculpas para ela. Somente quando nos dispusermos a trilhar pelo caminho certo, com ajuda de cursos, leituras, palestras, religiosidade, etc., poderemos começar a desenvolver discernimento.

E como discernimento gera discernimento, podemos começar a refletir sobre nossos valores, a perceber a realidade que nos cerca e nos conscientizarmos do trabalho que deve ser feito. Existem passos para que possamos chegar num ponto de optarmos pelo correto, sem dúvidas. O primeiro passo é o saber. Podemos saber que algo não é correto, mas continuamos fazendo. O segundo passo é a conscientização. Alcançamos a conscientização quando entendemos o porquê algo é errado. É nesse ponto que através de leituras, cursos, reuniões, etc., nos permitimos refletir e ter compreensão dos fatos. E o terceiro passo é colocar em ação. Colocar em ação é fazer uma opção e como diz o 10º parágrafo: "A qualquer custo aparente, tens de fazer o que é certo". Somente vamos conseguir escolher o certo, firmemente, sem dúvidas, mesmo a despeito de insinuações de terceiros quando fizermos os três passos acima. E o segundo passo, a conscientização vem do conhecimento.

E no final do 10º parágrafo, nos é dado onde obter esse conhecimento. "Tu deves estudar profundamente as leis ocultas da Natureza". Somente através dessas leis que são eternas e imutáveis é que poderemos obter o conhecimento do certo e do errado entendendo quem somos em relação à nossa jornada, assim como os propósitos de estarmos encarnados. Mas depois ainda temos o terceiro passo, que é colocar esse conhecimento em prática. Para isso, o Mestre nos diz: "e quando as conheceres organiza a tua vida de acordo com elas, utilizando sempre a razão e o bom-senso."

Esse é o trabalho de lapidação do nosso caráter, que deverá ser feito dia após dia, com determinação e constância, sabendo que se hoje temos um nível de consciência, não deveremos esmorecer, pois a cada dia que passa podemos ampliar mais e mais a nossa percepção entre o certo e o errado.

¹ Comentários sobre o parágrafo 10º de Aos Pés do Mestre, de J. Krishnamurti, Ed. Teosófica, p.26/27

Tirza Fanini


quinta-feira, 26 de fevereiro de 2015

A CIDADE PERFEITA (2ª PARTE)

"(...) Para ajudar o indivíduo a manifestar a ‘virtude original’, existe um princípio a seguir. Devemos evocar a virtude da alma, cercando-a de virtudes. Esse princípio é o que Platão chamava de ‘reminiscência’. Segundo ele, quando uma alma admira uma bela flor, ela se lembra do mundo invisível que abandonou ao descer a Terra. Portanto, tudo que é bom, nobre e belo ao redor da alma que vive num corpo terrestre faz com que ela se lembre do seu verdadeiro lar, onde todas as virtudes são inseparáveis do seu ser. (...)

O princípio de que o desabrochar do caráter de uma criança é influenciado sutilmente pelo ambiente que a cerca mostra a necessidade de instituir uma ciência completamente nova de educação.

Os inspetores sanitários combatem o acúmulo de sujeira próximos às residências; entretanto, existe também a sujeira moral, onde um outro tipo de ‘bactéria’ cresce e infecta os cidadãos, especialmente as crianças, cuja sensibilidade é maior. O que sabemos sobre as emanações sutis dos barulhos do ônibus, dos motores, do trânsito? Estamos cientes de que, cada vez que uma criança passa por outdoors com anúncios inconvenientes, instalam-se dúvidas quanto ao valor da virtude? Gastamos milhões com a polícia, o sistema judiciário e as prisões; mas, se compreendêssemos os verdadeiros princípios da cidadania e evitássemos tudo que é infame em termos visuais e auditivos, logo daríamos fim ao surgimento de criminosos. (...)"

(C. Jinarajadasa - A Cidade Perfeita - Revista Sophia, Ano 5, nº 20 - p. 14)


quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

A CIDADE PERFEITA (1ª PARTE)

"Há muito tempo os gregos construíram o que foi, durante algum tempo, uma cidade perfeita. Era Atenas. Conta a história que um espartano visitou Atenas; após o seu regresso a Esparta, os amigos perguntaram que tipo de cidade era Atenas. Sua resposta foi resumida, já que os espartanos eram treinados para serem sucintos e objetivos ao conversar. Ele respondeu: ‘Todas as coisas lá são nobres.’ Nenhuma resposta poderia ser mais verdadeira, pois era o ideal que Péricles idealizou para a cidade. Atenas deveria ser um lugar onde tudo, cada objeto e cada atividade, representasse uma expressão de nobreza.

Para enobrecer todas as atividades da vida é necessário evocar o senso de grandeza em cada cidadão. Assim como Platão deu início às suas teorias sobre o Estado perfeito, da mesma forma devemos começar com a ideia de que a trindade ‘bondade, verdade e beleza’ existe no indivíduo quando ele nasce. Precisamos abandonar todo o pensamento de que existe um ‘pecado original’ na alma e substituí-lo pelo pensamento da ‘virtude original’. De maneira semelhante, é necessário também transcender as limitações do materialismo científico, que vê o ser humano apenas como o último elo de uma cadeia de organismos que teve início com as bactérias.

Devemos, por outro lado, começar pelo axioma de que cada criança que nasce, seja de pais virtuosos ou não, tem em si algo de grande e nobre, e é dever do estado cultivar o seu caráter. Certamente as leis da hereditariedade são fatos; mas a hereditariedade não cria o caráter, bom ou ruim. Ela ajuda ou impede a manifestação do que quer que esteja na consciência. (...)"

(C. Jinarajadasa - A Cidade Perfeita - Revista Sophia, Ano 5, nº 20 - p. 14)


terça-feira, 27 de janeiro de 2015

CONSCIÊNCIA SUPERIOR

"Quando olhamos, por um instante que seja, para alguma erupção súbita das forças naturais, para uma explosão tremenda que lança ao ar, talvez em poucas horas, uma poderosa montanha, para penhascos e topos rochosos onde antes havia verdor, ou ainda para um vale que era uma planície, tornando-se contorno de sinuosas colinas, temos ciência de que certamente no passado o homem percebia a erupção desta natureza algo arbitrário, catastrófico, desordenado, inesperado, fora do crescimento ordenado da evolução. Mas sabemos, por meio de estudos recentes, que não existe nada desordenado na erupção de um vulcão, como tampouco no lento crescimento do fundo do mar, quando após dezenas de milhares de anos, o fundo do mar torna-se uma cadeia de montanhas. Pensava-se que um era ordenado, e outro cataclísmico. No entanto, atualmente temos conhecimento de que todos os processos naturais, súbitos ou lentos, inesperados ou previstos, encontram-se dentro do reino da Lei, acontecendo de maneira totalmente ordenada.

O mesmo se dá no Mundo Espiritual. Às vezes podemos ver as erupções aparentemente súbitas das forças do reino espiritual, uma mudança repentina na vida de uma pessoa, em que o seu caráter é totalmente alterado. Toda a sua natureza se altera de uma hora para outra. Mas aprendemos a compreender que também aqui a Lei é suprema; que também nada existe de desordenado nisso, embora muitas dessas coisas não sejam ainda compreendidas pela maioria das pessoas. E estamos começando a entender que tanto no universo espiritual, quanto no físico, existe uma Vida Suprema, manifestando-se de modos infinitamente diversos, e que essa Vida é sempre ordenada em suas operações, não importa quão estranhas, maravilhosas ou inesperadas possam parecer aos nossos olhos obscuros e obtusos."

(Annie Besant - As Leis do Caminho Espiritual – Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 12)


sábado, 15 de novembro de 2014

DEIXE A TIMIDEZ DE LADO

"Não tenha receio de tomar decisões. Algumas pessoas são tão acanhadas para decidir, que nunca agem com resolução e determinação. A indecisão é uma grande ferrugem no caráter. É realmente muito melhor tomar uma decisão do que nenhuma, pois mesmo que você tome a decisão errada, aprenderá com ela, e na tentativa de acertar, obterá força mental. Se permanecer passivo, só aprenderá que é uma vítima impotente das circunstâncias. Em vez disso, tenha coragem e enfrente os desafios com firmeza.

Quando as responsabilidades da obra de Paramahansa Yogananda recaíram sobre meus ombros, eu era excessivamente ansiosa ante a possibilidade de cometer erros! Foi então que eu vi uma coisa que me foi muito útil: os melhores executivos consideram-se bem-sucedidos quando acertam 60% dos casos. Em outras palavras, eles se permitem uma margem de erro de 40%. Então, eu disse a mim mesma: 'Com certeza também posso conseguir pelo menos isso!'.

Não há necessidade de preocupar-se demais se você erra. Não se castigue; em vez disso, reconheça o erro e corrija-o. Aprenda com o erro e continue. Nunca se esqueça: assim que você começa a buscar Deus com sinceridade, pode ter certeza de que Ele não o abandonará. Eleve uma mão para Ele, que lhe estenderá as duas. Sei que é assim; não pode ser de outro modo. A fé crescerá em você à medida que progredir no caminho espiritual.

Então, quando tiver de tomar uma decisão, o que tem a fazer é simples: ore e tente sentir uma sintonia interior. Se não a sentir, medite por alguns momentos ou pelo tempo que puder. A partir desse centro de tranquilidade, tome a decisão. Não fique sentado esperando que alguma mensagem fantástica lhe chegue, escrita em letras fulgurantes!

Estas são as verdades práticas e concretas que formam a base da vida espiritual. Deus é muito prático - Ele está no Seu céu, mas também está bem aqui, na Terra, com você. É assim que todos nós devemos agir - com a consciência em Deus enquanto nossas ações atendem aos deveres que Ele nos confiou."

(Sri Daya Mata - Intuição: Orientação da Alma para as Decisões da Vida  - Self-Realization Fellowship - p. 45/47)


terça-feira, 26 de agosto de 2014

NÃO EXISTEM MENTIRAS INOFENSIVAS

"(...) se por uma boa razão você não quer dizer a verdade, pelo menos não minta! Suponhamos que você esteja meditando no canto, certo de que ninguém o vê. Seu desejo é que ninguém saiba o que está fazendo. Mas alguém descobre e grita: 'Ei, o que está fazendo aí?' Para esconder o fato de que estava meditando, você responde: 'Estava comendo uma banana'. É uma mentira desnecessária. Você poderia ter dito: 'Estou ocupado agora e não quero ser incomodado'. Esta afirmação verdadeira é muito melhor do que uma mentira, ainda que pequena, para ocultar da curiosidade alheia o que você fazia. É esse tipo de mentira que a maioria das pessoas conta. Evite-o, porque incentiva um padrão habitual de mentiras, mesmo quando não há necessidade de esquivar-se da verdade.

Também é errado dizer a verdade quando, assim fazendo, traímos alguém desnecessariamente, sem nenhum propósito positivo. Vamos supor que um homem beba, mas tente esconder o vício do resto do mundo. Você conhece essa fraqueza e, em nome da verdade, anuncia aos amigos: 'Vocês sabem que fulano de tal bebe, não é?' É um comentário impróprio; ninguém deve se ocupar da vida alheia. Silencie sobre os defeitos pessoais dos outros, desde que não prejudiquem ninguém. Converse em particular com o transgressor, se tiver a oportunidade ou a responsabilidade de ajudá-lo; mas nunca fale propositalmente para feri-lo, sob o pretexto de ajudar. Você só o 'ajudará' a ficar seu inimigo, além de possivelmente sufocar qualquer desejo que ele possa ter de melhorar como pessoa.

A verdade é sempre benéfica; os fatos às vezes podem ser nocivos. Por mais verdadeiro que seja, um fato que vá de encontro ao bem é apenas um fato, não é a verdade. Nunca revele fatos desagradáveis que causem sofrimento inútil, como falar desnecessariamente sobre o caráter alheio. Isso é o que jornais e revistas sensacionalistas frequentemente fazem com pessoas famosas. Visam ferir a reputação do indivíduo ou obter vantagens pessoais à custa de alguém. Não atraia para si o mau karma resultante da revelação de fatos danosos sobre outras pessoas quando isso não servir a um propósito autêntico ou nobre. E, quando omitir um fato desagradável, certifique-se de que também não deixará implícito o fato de estar escondendo alguma coisa. Afinal de contas, Deus é misericordioso e nós, Seus filhos, também devemos ser. Por que ser o instrumento que causa dano a outra pessoa? Sua ação lesiva vai repercutir e voltará para feri-lo também. Vivemos os resultados de toda experiência que causamos aos outros. Existem pessoas que vivem em paz e pessoas que vivem preocupadas e infelizes. As últimas não tiveram a sabedoria de experimentar e descobrir que é possível viver em paz. Do contrário, teriam aprendido a não mentir e não falar dos outros de modo maledicente e prejudicial."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 38/39)

quarta-feira, 16 de julho de 2014

TRANSFORMAÇÃO INTERIOR (1ª PARTE)

"O primeiro passo a examinar, refletidamente, é o que se refere ao que podemos chamar de nosso ‘estoque de mercadorias’, e são nossas faculdades e qualidades inatas, boas e más, são os nossos poderes e as nossas fraquezas, as nossas oportunidades presentes e o nosso ambiente atual. Nosso caráter é o que pode ser modificado mais rapidamente, e nele temos de começar a trabalhar, selecionando as qualidades que convém fortalecer e as fraquezas que constituem nosso perigo mais premente. Vamos tomá-las, uma a uma, e usar a força do pensamento da forma antes descrita, lembrando sempre que jamais devemos pensar em fraqueza e, sim, na força de que o pensamento é dotado. Pensamos naquilo que desejamos ser e, aos poucos, de uma forma inevitável, nos tornamos aquilo em que pensamos. Essa lei não pode falhar. A nós cabe, apenas, trabalhar para que ela obtenha êxito.

A natureza do desejo também é modificada pelo pensamento, e criamos as formas-pensamento de que necessitamos. Alerta para ver e captar uma oportunidade conveniente, nossa vontade se fixa nas formas que o nosso pensamento cria, e assim coloca-as ao nosso alcance, produzindo-as, literalmente, e aproveitando as oportunidades em que o karma do passado não nos apresenta. (...)"

(Annie Besant, Os Mistérios do Karma e a sua Superação, Editora Pensamento, 2001, p.97/99)


sábado, 12 de julho de 2014

A CONTINUIDADE INFINITA

"A objeção mais comum feita à teoria da reencarnação é a seguinte: ’Por que não nos recordamos de nossas vidas passadas?’ É verdade que, geralmente, não podemos nos lembrar de nenhum momento de nossas vidas passadas, porém, em tudo aquilo que fazemos, nosso passado pode ser claramente observado. Pode-se citar, como exemplos evidentes, as inclinações naturais de cada ser, suas características peculiares, que os levam a se tornar grandes músicos, artistas, matemáticos, etc., tão diversificadas que se torna impossível catalogá-las. Alguém pode dizer: ‘Se eu tivesse tido a oportunidade e me devotado a isso, poderia ter-me tornado tão grande quanto X’. Mas isso é verdade? Não. A grandeza de X desenvolveu-se por meio de inúmeras vidas, pelo exercício contínuo e persistente daquilo em que ele se distingue. Precisamos nos desfazer da noção de que tal superioridade constitui-se um ‘talento’ ou ‘dom’. Esses ‘dons’, na verdade, são o resultado de uma boa semeadura ao longo de muitas vidas, o fruto da colheita que, com o transcorrer do tempo, aquele semeadura produziu.

Não se trata de um simples traço de caráter, um maneirismo, mas toda uma história – muitas vezes uma história repleta de eventos e interesse absorvente – cujos primórdios encontram-se num tempo tão longínquo que o propósito de tentar descobri-los é vertiginoso. É esse conjunto de hábitos, maneirismos e peculiaridades de nossas naturezas, o qual conhecemos como ‘caráter’, que constitui nosso karma, o registro de todo o nosso passado, a fonte e a origem de todos os prazeres e sofrimentos que experienciamos. Assim, obtemos uma diversidade multiforme, embora cada pessoa possua um caráter que lhe é próprio, individual. E assim permanecerá até o fim, pois ninguém pode mudar sua natureza, embora continuemos a evoluir internamente." (...)

(Virginia Hanson e Rosemarie Stewart - Karma (A Lei da Harmomia) – Ed. Pensamento, Rio de Janeiro, 1991 - p. 94/95)


sexta-feira, 25 de abril de 2014

A TRANSMUTAÇÃO DO KARMA EM DARMA

"No universo, cada coisa ingressa no campo da existência no lugar e tempo a que ela ‘pertence’. Ela surge ali e naquele instante, porque naquele lugar e tempo existe uma necessidade particular que ela pode satisfazer.

Por que um ser humano específico pode prover a necessidade de uma família, grupo ou nação em particular - e da humanidade em geral – num determinado tempo? Porque a soma total das séries de experiências, pensamentos e ações do passado, que condicionam aquilo que é possível a esse ser humano realizar, faz com que ele ou ela se torne uma resposta potencialmente efetiva à necessidade.

O recém-nascido encontra-se condicionado pelo passado – ancestral, sócio-histórico e/ou reencarnacional pessoal – como o último elo de uma cadeia de tentativas do universo (ou, pode-se dizer, de algum Deus) para satisfazer com êxito uma necessidade cósmica particular e, dessa maneira, cumprir um papel específico neste planeta (ou em qualquer outro). Esse condicionamento é o karma do recém-nascido. Contudo, a tarefa de cumprir esse papel em termos da necessidade de um lugar e tempo particulares constitui o seu darma. Por conseguinte, darma e karma são os dois lados da moeda da existência individual. O karma é constituído por aquilo que é possível ao recém-nascido em virtude de uma longa série de experiências passadas, quer tenham sido elas bem-sucedidas ou resultado em fracassos. O darma se define pelo caráter preciso e pela necessidade da nova situação existencial na qual ocorreu o nascimento. O darma requer um ser humano cujo karma particular faz com que lhe seja possível executá-lo. (...)"

(Virginia Hanson e Rosemarie Stewart - Karma, A Lei Universal da Harmonia – Ed. Pensamento, Rio de Janeiro - p. 49/50)

quinta-feira, 20 de março de 2014

O CONHECIMENTO DA LEI

"O conhecimento do karma não só possibilitará que um homem construa, como deseja, o seu próprio futuro, mas também o capacitará a entender a ação da lei do karma no caso dos outros, assim podendo ajudá-los com maior eficiência. Só pelo conhecimento dessa lei podemos nos movimentar sem medo e utilmente em mundos onde a lei é inviolável e, estando nós próprios seguros, possibilitamos aos outros a conquista de segurança semelhante. No mundo físico, a supremacia da lei é universalmente admitida, e o homem que desdenha da ‘lei natural’ não é visto como um criminoso, mas como um louco. Igual loucura, e de muito mais longo alcance, seria desdenhar da ‘lei natural’ nos mundos acima do físico, e imaginar que, embora no mundo físico a lei esteja onipresente, os mundos moral e mental são desordenados e destituídos de lei. É bom lembrar a seguinte verdade:

            Embora os moinhos de Deus moam devagar,
            Ainda assim moem muitíssimo fino;
            Embora Ele espere com paciência,
            Ele mói com grande exatidão.

Vimos que o nosso presente é o resultado do nosso passado e que pelo pensamento construímos o nosso caráter, pelos desejos construímos a oportunidade de satisfazê-los e pelas ações construímos o nosso ambiente. Consideremos, agora, até onde podemos modificar, no presente, esses resultados do nosso passado e até onde somos compelidos e até que ponto somos livres."

(Annie Besant - Os Mistérios do Karma e a sua Superação – Ed. Pensamento, São Paulo, 2010 - p.89)


terça-feira, 14 de janeiro de 2014

CARÁTER

"Cada ação que praticamos, cada movimento do corpo, cada pensamento que pensamos deixa uma impressão mental. Ainda que essas impressões não sejam óbvias, são suficientemente fortes para atuarem sob a superfície, no subconsciente. O que somos a cada momento é determinado pela soma dessas impressões da mente. Sou, neste momento, o efeito da soma de todas as impressões de minha vida passada.

A isso dá-se o nome de caráter. O caráter de cada ser humano é determinado pela totalidade dessas impressões. Se as boas impressões prevalecem, o caráter torna-se bom; caso contrário, torna-se mau. Se um homem ouve más palavras constantemente, tem maus pensamentos e comete ações más, sua mente ficará repleta de más impressões, que influenciarão seu pensamento e suas ações sem que ele se dê conta. Na realidade, a influência das más impressões é contínua e seu resultado será, necessariamente, maléfico. Um homem assim se tornará mau, sem que possa evitá-lo. A totalidade dessas impressões criará uma poderosa motivação para que ele realize más ações. Será como um robô sujeito às suas impressões, que o forçarão a praticar o mal. Por outro lado, se um homem tem bons pensamentos e pratica o bem, a soma dessas impressões será boa e, de maneira similar, irão forçá-lo a fazer o bem, a despeito de si mesmo."

(Swami Vivekananda - O que é Religião – Ed. Lótus do Saber, Rio de Janeiro, 2004 - p. 208/209)


terça-feira, 31 de dezembro de 2013

LAPIDAÇÃO DO CARÁTER

"Aquele que já coloca um ideal de virtude diante de si como meta a ser alcançada, compreenderá o que é chamado de natureza inferior e que deverá ser dominada. Em linguagem comum, pessoa controlada é aquela que sua mente controla os seus desejos. Essa é uma pessoa que possui um forte desejo de evoluir. Já tem na sua memória as experiências do passado e as atrações do exterior já não o iludem e nem o atraem mais. O resultado dessas experiências é a firme convicção do objetivo a ser alcançado.

Esse resultado transforma-se em regra de conduta, a qual não lhe permite afastar-se do seu caminho pelas atrações ou pelos impulsos do momento. Uma pessoa assim dará confiança aos demais, pois saberão o que ele irá fazer. Os demais têm certeza de que não estarão tratando com uma pessoa desatinada, pois ele agirá sempre de maneira nobre, levado pelos momentos de calma e reflexão. Esse é um homem autocontrolado.

Esse homem que por si só, já traz de outras vidas esse tipo de caráter, poderá melhorar e entendê-lo melhor, caso encontre um local no qual possa ter acesso a uma literatura que poderá ajudá-lo a melhorar-se ainda mais, expandindo a sua mente e entendendo que faz parte de um grande Plano Divino e que esse fato, por si só, já o torna responsável pelos seus atos e em colaborar com esse plano. Vai compreender também que atrairá para si exatamente aquilo que ele está emanando. Reconhecerá quando enviou um pensamento mau e que criou em sua mente um centro similar, atraindo pensamentos baixos, aumentando a sua tendência para o mal. Compreendendo essas atitudes, sentirá necessidade de exercer a fraternidade mental que liga todos os homens. Procurará na sua vida cotidiana a controlar mais seus pensamentos, pois entendeu que na região do invisível são geradas todas as forças que descem para a vida psíquica e física."

(Annie Besant - Do Recinto Interno ao Santuário Externo - p. 06)


domingo, 27 de outubro de 2013

A IMPORTÂNCIA DE FORTALECER OS PADRÕES MORAIS

"A casta, sem caráter, nada significa - é simples rótulo vazio. A disciplina espiritual (sadhana), sem o fundamento do caráter, é como o viajar de um homem cego. Moralidade, virtude e caráter são vitais. Sobre a base formada por eles, se o sadhana for praticado de acordo com o esquema prescrito para o caminho que se elegeu, consegue-se a vitória segura. Mas você não pode esquecer de uma advertência essencial: não deve dar lugar à indolência, somente porque o nascimento (jati) não é importante. Os padrões morais (niti) são concordes com o nascimento (jati) também;¹ e assim, para fomentá-los, a consciência de jati é valiosa, é importante. Mas, se através do mérito acumulado de nascimentos anteriores, se dispõe do tesouro da bondade e da virtude, então não se precisa ligar muita importância ao jati. Só os que praticam Yoga em nascimentos prévios, e, mesmo assim, não lograram completar o processo, nascerão com esse tipo de excelência. A principal coisa é adquirir o niti (padrão moral), que é prescrito para o jati (o nascimento); melhorar o jati com o niti e tornar-se apto e pleno, com um alto status na vida. Para avançar alguma distância no caminho do sadhana e da espiritualidade, tanto o jati como o niti ajudarão. As gunas (qualidades) devem ser sublimadas através dos dois.²"

¹ Certas pessoas supõem que, porque não nasceram na casta dos brahmanas, tendo, portanto, carência de adequadas condições, podem se negar ao sadhana. É até possível que o leitor também pense nestes termos: "Quem sou eu, que não nasci hinduísta, que não sei nada desses nomes estranhos, para dedicar-me a um sadhana?!" Swamiji alerta que mais importante que o nascimento é a base moral. É claro que aqueles que, em vidas passadas, já trabalham sobre si mesmos, já adquiriram méritos vão, neste nascimento, ter facilidades maiores, segundo a lei do Karma.
² Nascemos com a predominância de um dos três gunas: tamas - ignorância, preguiça; rajas - paixão, ambição, atividade, agitação; e sathwa - equilíbrio, inteligência, bondade. Através do sadhana, o praticante, no entanto, sublima os gunas; de tamas para rajas, de rajas para sathwa. (...) Conforme a conduta moral, se alcança bom ou mau nascimento. Inversamente, a qualidade da vida moral sofre a influência das condições inatas. Se não seguimos um sadhana, estamos condenados a um círculo vicioso. O sadhana transforma-o em círculo virtuoso.

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1989 - p. 21/22)