OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 9 de abril de 2020

ROUPAGENS OU CORPOS QUE SE SEPARAM DO HOMEM

Resultado de imagem para corpos físico, astral e mental"Quando o homem tem de viver ou se relacionar com os três mundos (físico, astral e mental) em que gira a roda de nascimentos e mortes, é necessário que se revista de corpos separáveis de sua individualidade, da mesma forma que sobre a inseparável pele de seu corpo físico se cobre com separáveis vestimentas. Os referidos corpos separáveis limitam as potências do imortal espírito; porém, em compensação o capacitam para adquirir as experiências que lhe proporciona o contato com os mundos inferiores. Muito bem; o mundo mental se subdivide em dois: o superior ou causal, e o inferior ou mental propriamente dito. O mundo causal proporciona a matéria para o corpo ou roupagens do Intelecto, e o mundo mental inferior a matéria do corpo adequada para adquirir conhecimentos concretos. Ao primeiro corpo chama-se causal, e ao segundo corpo mental ou mente concreta.

O mundo astral proporciona a matéria componente do corpo astral ou emocional, assim chamado porque é o instrumento ativo das emoções e desejos que atraem ou repelem os objetos exteriores.

O mundo físico proporciona a matéria componente do corpo físico ou instrumento da atividade da consciência. É o corpo da ação. Trataremos aqui unicamente destes três referidos corpos: o mental, relacionado com o mundo dos pensamentos; o astral, com o das emoções e desejos; e o físico, relacionado com o mundo da atividade física.

Convém salientar que o corpo físico está organizado de modo a servir de manifestação aos pensamentos, desejos e emoções tanto quanto serve de instrumento da atividade física, cuja base é sempre o sistema nervoso. Assim a mente atua por intermédio da substância cinzenta do cérebro e além disse se relaciona com os objetos exteriores por meio dos cinco sentidos da sensação, cujos centro estão no cérebro, e proporcionam à mente os materiais do pensamento. Por isto tem-se dito com muito acerto que 'a mente é o sexto sentido', pois sintetiza as sensações de todos os cinco. As emoções e os desejos atuam no sistema glandular por meio dos nervos do grande simpático. A ação se efetua com o auxílio dos nervos que movem os músculos. Assim, o sistema nervoso, fundamento do corpo físico, é o órgão de manifestação do Conhecimento, da Emoção e da Atividade, correspondentes no mundo físico ao Intelecto, à Sabedoria e ao Poder dos três mundos superiores."

(Annie Besant - A Vida do Homem em Três Mundos - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 18/20)

terça-feira, 17 de março de 2020

CONTECE-TE A TI MESMO

Resultado de imagem para CONTECE-TE A TI MESMO"Nossa mente é a nossa própria mente, na qual só devemos permitir o ingresso de pensamentos que nós, o ego, escolhemos. O nosso corpo astral também é nosso, e não devemos admitir a entrada nele de nenhuma sensação, exceto as que são boas para o eu mais elevado. Assim sendo, devemos controlar as vibrações da depressão, e, de nenhum modo, dar-lhes abrigo. Não havemos de consentir em que elas nos invadam. Se nos invadirem, não lhes permitiremos instalarem-se em nós, correr-nos-á a obrigação de não fazer nenhum caso delas e não deixar que ninguém mais lhe saiba sequer da existência. 

Às vezes, as pessoas me dizem que têm tido momentos de esplêndida inspiração e exaltação, ardente devoção e alegria. Não compreendem que são precisamente esses os momentos em que o eu superior consegue deixar sua impressão no eu inferior, e que tudo o que elas sentem está lá o tempo todo, mas o eu inferior nem sempre tem consciência disso. Compreendamos, pela razão e pela fé, que ele está sempre lá, e se tornará como se o sentíssemos, até mesmo na ocasião em que o elo, imperfeito, não nos permite senti-lo aqui embaixo.

Mas muitos homens, enquanto admitem a verdade abstrata, dizem não poder sentir perpetuamente essa felicidade por causa dos próprios defeitos e das suas falhas constantes. Sua atitude na realidade é muito parecida com a adotada na litania: 'Tende piedade de nós, miseráveis pecadores.' Ora, somos todos pecadores no sentido de que nenhum de nós faz o que deveria fazer, e fazemos constantemente o que não deveríamos fazer, mas não há necessidade de agravar o crime intitulando-nos miseráveis pecadores. Uma pessoa miserável é um inconveniente público, um centro de infecção, e dissemina infelicidade e tristeza, por toda a sua volta, entre os seus infelizes semelhantes - coisa que nenhum homem tem o direito de fazer. O homem que experimenta os mesmos sentimentos, que consegue manter-se razoavelmente feliz até quando faz determinados esforços para reformar-se, não prejudica os outros, desse mesmo jeito.

As pessoas que se julgam e se denominam vermes miseráveis estão seguindo exatamente o caminho certo para se transformarem em vermes miseráveis, pois o homem é o que julga ser. Todas as afirmações nesse sentido são, de ordinário, hipócritas, como podemos deduzir facilmente do fato de que o homem, que tão prontamente se intitula verme miserável na igreja, sentir-se-ia profundamente insultado se alguém o chamasse de verme miserável na vida diária comum, e seja isso hipocrisia ou não, o certo é que é tolice. Quem compreende a influência do pensamente percebe que o homem que efetivamente se julga um verme miserável já se despojou de todo o poder de elevar-se acima desse estado, ao mesmo tempo que o homem que se capacita de que é uma centelha da vida divina sempre se sentirá esperançoso e contente, porque, na essência, o divino é alegria. Grande erro é perder tempo em arrependimentos; o que passou, passou e nenhuma quantidade de remorso desfará o que foi feito. Um dos nossos Mestres disse, de uma feita: 'O único arrependimento digno de alguma coisa é a decisão de não repetir o malfeito.'"

(C.W.Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento Ltda., São Paulo, 1999 - p. 104/105)
www.pensamento-cultrix.com.br


terça-feira, 27 de fevereiro de 2018

A DIVINDADE DO SISTEMA SOLAR

"O estudo do oculto encara o Sistema Solar, em toda a sua vasta complexidade, como a manifestação parcial de um grande Ser vivente, e todas as suas partes como aspectos dessa manifestação. Muitos nomes Lhe têm sido dados; em nossa literatura teosófica Ele foi descrito, muitas vezes, sob o título gnóstico de Logos – o Verbo que no princípio estava com Deus e era Deus; mas agora costumamos referir-nos a Ele como a Divindade Solar. Todos os constituintes físicos do Sistema Solar – o Sol com sua magnífica coroa, todos os planetas com seus satélites, seus oceanos, suas atmosferas e os vários éteres que os envolvem – tudo isso, coletivamente, é o Seu corpo físico, a expressão d’Ele no plano físico. 

De modo idêntico, os mundos astrais coletivos – não somente os mundos astrais pertencentes a cada planeta físico, mas também os planetas puramente astrais de todas as cadeias do sistema (como, por exemplo, os planetas B e F de nossa cadeia) – formam o seu corpo astral, e os mundos coletivos do plano mental são o Seu corpo mental, o veículo por cujo intermédio Ele se manifesta nesse nível particular. Cada átomo de cada mundo é um centro através do qual Ele é consciente, e, portanto, não só é verdade que Deus é onipresente, mas também que tudo que existe, existe em Deus. 

Vemos, assim, que a antiga concepção panteísta se aproxima da verdade, ainda que apenas em parte, pois toda a Natureza, em seus diversos planos, não é senão a vestimenta daquele Ser, que existe fora e acima de tudo isso, em uma vida que transcende a toda e qualquer definição, e da qual nada podemos saber. Uma vida entre outros Regentes de outros Sistemas. Assim como todas as nossas vidas estão literalmente dentro d’Ele e são, em verdade, uma parte d’Ele, assim a Sua vida e a das Divindades Solares dos inumeráveis sistemas solares são parte de uma vida ainda maior, a da Divindade do Universo visível. E se existe, nas profundezas do espaço, outros universos, para nós invisíveis, todas as suas Divindades, por sua vez, devem fazer parte igualmente da Grande Consciência Una, que inclui a totalidade."

(C.W. Leadbeater - O Lado Oculto das Coisas - Ed. Teosófica, Brasília - p.  42/43)

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

O NASCIMENTO (PARTE FINAL)

"(...) Para determinar a qualidade de matéria etérica que entrará na constituição do corpo etérico, dois pontos devem ser considerados: primeiro, o tipo de matéria, encarado sob o ponto de vista dos Sete Raios ou divisões verticais, a seguir, a qualidade de matéria, encarada sob o ponto de vista de delicadeza ou grosseria, divisões horizontais. O primeiro tipo, o do raio, é determinado pelo átomo físico permanente, no qual estão impressos o tipo e o subtipo. O segundo é determinado pelo karma passado do indivíduo; o elemental construtor está encarregado de produzir um corpo adequado aos requisitos da pessoa. Em suma, o elemental representa a porção de karma (prârabda) individual que deve ser expresso no corpo físico. Da seleção operada pelo elemental construtor dependem, por exemplo, a inteligência natural ou a estupidez, a calma ou a irritabilidade, a energia ou a indolência, a sensibilidade ou a inércia do corpo. As potencialidades hereditárias estão latentes no óvulo materno e no espermatozoide paterno; o elemental extrai deles os elementos necessários ao caso. 

Embora o elemental esteja, desde o início, encarregado do corpo a construir, o EGO não entra em relação com sua futura habitação senão mais tarde, pouco antes de seu nascimento físico. Se as características a impor pelo elemental são poucas, ele pode retirar-se logo, e deixar o corpo a cargo do Ego. Pelo contrário, se for preciso muito tempo para desenvolver as limitações exigidas, o elemental pode permanecer com o encargo do corpo até o sétimo ano. 

A matéria etérica para o corpo da criança é extraída do corpo materno; daí a importância de a mãe só assimilar elementos muito puros. 

A não ser que o elemental esteja encarregado de obter um resultado especial nas feições, como a beleza excepcional ou o contrário, o principal trabalho neste sentido serão os pensamentos da mãe e as formas-pensamentos que flutuam ao redor dela. 

O novo corpo astral é posto em relação com o duplo etérico logo na primeira fase, e exerce grande influência sobre sua formação; por intermédio dele também o corpo mental age sobre o sistema nervoso." 

(Major Arthur E. Powell - O Duplo Etérico)

domingo, 10 de dezembro de 2017

PRECES PELOS MORTOS

"P 191: As preces pelos mortos têm algum valor? Se o têm, como devem ser oferecidas?  

R: As preces sempre têm valor, tanto para os vivos como para os mortos, quando são ditadas pelo amor. Uma prece será eficaz na proporção da intensidade do pensamento expressado por ela, da pureza e força de vontade com as quais for dirigida à pessoa em questão, e do conhecimento que possua o solicitante. Uma oração, assim como um pensamento, cria uma forma, um elemental artificial, 'um poder benéfico ativo' que vai até a pessoa para cujo benefício foi criado e que a ajuda quando a oportunidade se apresentar. Essa energia posta em jogo no plano astral pode afetar qualquer pessoa em seu corpo astral; portanto, é possível auxiliar e proteger um morto com tais formas mentais enquanto ele permanecer no mundo astral.   

Um homem que compreenda a constituição do corpo astral e o poder do pensamento pode aumentar enormemente sua ajuda pelo envio deliberado de um elemental artificial, que auxilie na desintegração dos cascões astrais que aprisionam a alma, e que impulsione seu passo para o Devachan. Alguns dos Mantrans dos Shraddhas hindus (cerimônias para os mortos) têm esse objetivo em perspectiva, e são muito eficazes quando empregados por um homem sábio e santo.  

Entretanto, o homem comum conhece tão pouco sobre a condição de seus entes queridos, já mortos, que fará muito bem em abster-se de colocar em movimento uma força que possa ser mal dirigida, por falta de conhecimento mais exato acerca do que eles necessitam. Tal pessoa procederia melhor se usasse aquela famosa antífona que tão frequentemente se ouve nos serviços para os defuntos, na Igreja Católica: 'Concede-lhe, oh Senhor, descanso eterno e que a luz perpétua brilhe para ele'. Pois essas duas cláusulas expressam exatamente as condições de que o defunto mais necessita: primeiro, perfeito descanso de todo cuidado e pensamento terrestres, a fim de que não seja perturbado seu progresso na direção do mundo celeste; e segundo, a luz perpétua do amor divino, brilhando claramente sobre ele através da parte superior e mais espiritual de sua própria natureza, atraindo-o sempre até essa elevada luz para que seu progresso possa ser rápido. Em verdade, muito pouca ajuda posterior pode a Terra oferecer a um homem para quem essa prece for repetida constante e fervorosamente. Dessa maneira, qualquer um pode ajudar seus amigos ou seres queridos, ao elevar-se a um nível superior, esquecendo-se de si e do engano da perda aparente, enviando pensamentos de 'luz perpétua e paz eterna', e substituindo a tristeza Egoísta e inútil por bons desejos, sinceros e amorosos, para que o progresso daqueles seja rápido desde o mundo astral até o celestial." 

(Pestanji Temulji Pavri - Teosofia explicada em perguntas e respostas - fl. 175/176)
Fontehttp://www.lojadharma.org.br


sexta-feira, 24 de novembro de 2017

GRATIDÃO E RESPEITO (1ª PARTE)

"Para descobrir o erro não é preciso verdadeiro esforço, mas, para ver melhor, é preciso esforço contínuo. A maioria das grandes almas reforçam isso como um lembrete. Diz novamente Steiner: 'Devemos buscar em todas as coisas à nossa volta aquilo que consegue despertar nossa admiração e respeito Se eu conheço outras pessoas e critico suas fraquezas, retiro de mim o poder cognitivo superior, mas, se penetro profunda e amorosamente em suas boas qualidade, eu assimilo essa força.'

Chegamos onde estamos hoje pelas circunstâncias da vida e pelas forças ativas em nós. Este tem sido um estado semiconsciente. Se desejamos alcançar o estado superconsciente, precisamos engajar nosso eu a partir do interior, o que constitui maturidade em ação - ver e sentir a necessidade de se mover, e então buscar como fazê-lo. Infelizmente na maioria das vezes olhamos na direção de onde fomos empurrados. Este é o lado insconsciente da vida; o lado consciente está no interior. É preciso um esforço quase que constante; contudo, uma coisa é certa: a chave para a vida é compreender não apenas nós próprios e os outros, mas também o mundo em que vivemos. 

Um dos passos iniciais do yoga, dito de maneira simples, é 'cessa de fazer o mal; faz o bem'. São Paulo disse: 'Não faço as coisas boas que quero, mas faço as coisas ruins que não quero'. Isso diz respeito a todos nós, mas por quê? As reações, surgindo da mente subconsciente, formam uma grande parte de nossas vidas. É com a mente que julgamos o que está certo ou errado. Vemos o que desejamos fazer e não fazer; sendo assim, por que cometemos erros? Uma resposta, oculta na compreensão esotérica, pode ser colocada simplesmente assim: 'O corpo do desejo, ou corpo emocional, move os músculos.' Isso é verdadeiramente parte da resposta ao problema. Se não temos vontade de fazer algo e a mente quer fazê-lo, o que acontecerá? Nada. Se não estivermos alinhados com o que queremos, a coisa não acontecerá; ou, se a ação for guiada pelo medo, ela pode ser iniciada, mas não continuará.

Precisamos compreender a nós mesmos retornando ao conhecimento esotérico: 'Desejo é vontade voltada para fora. Essa é sua forma latente. Quando ativa, ela se volta para o interior.' Quando somos atraídos por algo ou por alguém, nos sentimos puxados. A vontade é quando os desejos foram compreendidos e subjugados a partir do interior. Ela então substitui o sentimento de 'não querer fazer' pela força interior do 'fazer', orientada pela moralidade, não porque é doloroso ou agradável. (...)"

(Barry Bowden - Sabedoria: o tesouro oculto - Revista Sophia, Ano 13, nº 58 - p. 40/41)


terça-feira, 4 de abril de 2017

PORQUE NOSSAS VIDAS PASSADAS SÃO ESQUECIDAS (1ª PARTE)

"Não há pergunta que se ouça com mais frequência, quando se fala em Reencarnação, do que esta: 'Se estivemos aqui antes, por que não nos lembramos disso?' Uma pequena consideração dos fatos responderá a essa pergunta.

Antes de mais nada, notemos o fato de que esquecemos mais sobre a nossa vida presente do que lembramos. Muitas pessoas não são capazes de lembrar como aprenderam a ler: contudo, o fato de lerem, prova esse aprendizado. Incidentes da infância apagaram-se da memória, mas deixaram traços em nossa personalidade. Uma queda, na primeira infância, é esquecida, mas nem por isso a vítima deixa de ser um aleijado, embora usando o mesmo corpo no qual os acontecimentos esquecidos se passaram.

Esses acontecimentos, entretanto, não são totalmente perdidos para nós. Se uma pessoa cair em transe mesmérico, eles podem ser tirados do fundo da memória. Submergiram, mas não foram destruídos. Doentes tomados pela febre, é sabido, usam no delírio uma língua conhecida na infância e esquecida na maturidade. Muito da nossa subconsciência consiste nessas experiências submersas, memórias atiradas a um segundo plano, mas recuperáveis. 

Se isso acontece com experiências ocorridas no corpo atual, não deve o fato ser muito mais verdadeiro com experiências ocorridas em corpos passados, corpos que morreram e se desintegraram há muitos séculos? Nosso corpo e nosso cérebro atual não compartilharam esses eventos pretéritos. Como poderia a memória afirmar-se através deles? Nosso corpo permanente, o que fica conosco através do ciclo de reencarnações, é o corpo espiritual. Os nossos revestimentos inferiores tombam e retornam aos seus elementos, antes que sejamos reencarnados. 

A nova matéria mental, astral e física, da qual somos revestidos para uma nova vida na Terra, recebe da inteligência espiritual, expressa apenas no corpo espiritual, não as experiências do passado, mas as qualidades, tendências e possibilidades que se formaram a partir dessas experiências. Nossa consciência, nossa resposta instintiva aos apelos emocionais e intelectuais, ou o reconhecimento da força de um argumento lógico, nossa aprovação dos princípios fundamentais do certo e do errado são traços de nossas experiências anteriores. Um homem de tipo intelectual inferior não pode 'ver' uma prova lógica ou matemática; um homem de tipo inferior, quanto à moral, não pode 'sentir' a força impulsionadora de um ideal moral elevado. (...)

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento
fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


terça-feira, 1 de novembro de 2016

O DRAMA DA ALMA

"Podemos considerar as repetidas encarnações da Alma divina nos mundos de manifestação externa como uma atividade especial do Ego, com o determinado propósito de adquirir o conhecimento que só desse modo lhe é possível. A tragédia se dá com a descida da consciência divina aos três corpos - físico, emocional e mental -, a verdadeira queda do homem na matéria, que é a causa de todo o subsequente sofrimento na peregrinação da Alma. Assim é que o Ego, ao infundir uma porção de si mesmo em cada um dos três corpos, identifica-se com o corpo em que se infunde; e, por essa identificação, percebe a si próprio como sendo o corpo destinado a servir-lhe de instrumento. 

Ao identificar-se com os seus veículos, a consciência encarnada já não compartilha da oniabarcante consciência do divino Ser a que pertence, mas participa da separatividade dos corpos e se converte numa entidade dissociada dos demais seres e oposta a eles, isto é, numa personalidade. É a velha lenda de Narciso, que ao contemplar sua imagem refletida na água do lago anseia por abraçá-la; e ao fazer tal tentativa, morre submerso na água. Assim a consciência encarnada está submersa no mar da matéria; e, ao identificar-se com os distintos corpos, separa-se do Ser a que pertence e já não se reconhece como o que verdadeiramente é: filho de Deus.

Então começa a longa tragédia da Alma exilada, que se esquece de sua divina herança e se degrada na inconsciente submissão aos corpos que deveriam ser instrumentos de sua Vontade. É o antigo mito gnóstico de Sophia: a Alma divina exilada vive entre ladrões e salteadores que a humilham e maltratam, até que Cristo a redime e a restitui à sua divina morada.

Pode haver maior tragédia e mais profunda degradação que aquela onde a Alma divina, membro da suprema Nobreza, a própria Divindade, esteja sujeita às humilhações e indignidades de uma existência na qual, esquecida de sua alta categoria, consente em escravizar-se à matéria? 

Às vezes, quando vemos a humanidade em seu pior aspecto, horrenda em sua odiosidade, discordante em seu desvio da Natureza, grosseira e brutal ou estúpida e frívola, nos apercebemos dessa intensa tragédia da Alma exilada e temos pungente consciência da degradação sofrida pelo imortal ser interno."

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 18/19)


quarta-feira, 21 de setembro de 2016

DE ONDE PROVÉM AS DOENÇAS (1ª PARTE)

"Antigamente se dizia que as doenças eram enviadas por Deus para castigo dos pecadores. Séculos depois modificou-se essa ideia, e o 'diabo', criatura má, passou a ser quem as trazia. Depois disso, os pesquisadores descobriram os vírus e as bactérias e a estes foram então atribuídas as causas das enfermidades. Mais recentemente, quando começaram a surgir escolas de psicologia, certas doenças passaram a ser consideradas produto ou somatização das reações e dos estados psíquicos do homem. Assim, ideias e pesquisas sobre o assunto foram evoluindo e, por certo, não estacionaram aí.

Quando o apelo interior da humanidade por maior expansão de consciência se tornou suficientemente forte para atrair novos esclarecimentos sobre a saúde e a doença, ela pôde receber conhecimento mais amplo. Seres que trabalham nas dimensões interiores do planeta lho puderam transmitir através de uma espécie de telepatia que não se limita ao âmbito mental. Essa telepatia superior consiste num contato consciente que a alma do homem estabelece com o núcleo interior de um ser ainda mais evoluído do que ele, de onde recebe ensinamentos. Além disso, a aprendizagem por vias subjetivas também pode ser feita através da 'leitura' daquilo que está impresso nas camadas do éter cósmico, camadas sutis que envolvem a Terra e que contêm toda e qualquer informação. Através desse acervo, percebe-se pelos sentidos interiores que o atrito provocado na atmosfera terrestre pelas forças construtivas que vêm através dos raios solares produz as doenças no planeta e na maioria dos reinos nele existentes. Isso é causado não pelas forças positivas em si, mas pela própria condição impura da atmosfera terrestre, que reage à sua passagem, como vimos. 

A presença das enfermidades, como já foi dito, é própria dos níveis de consciência físico-etérico, emocional e mental - não existe além deles. É nesses três planos vulneráveis que também está localizada a parte pessoal da nossa consciência. Na verdade, o homem como um todo é emanação da Mente Única, que se manifesta sob vários aspectos, e a personalidade humana é apenas um deles. Sempre que o pensamento e a energia estejam centrados nas características mais materiais do ser, enfocando de modo exclusivo assuntos da personalidade, o indivíduo  está mais sujeito à doenças, dado que é exatamente nessa área que elas existem. 'Um homem é o que ele pensa', diz certa lei. Se polariza sua atenção apenas no lado físico, emocional e mental da própria vida, torna-se ainda mais suscetível à condição doentia dos níveis terrestres. (...)"

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 33/34


quarta-feira, 10 de agosto de 2016

SER HONESTO

"Não é fácil ser verdadeiramente honesto, especialmente em relação a nós mesmos. Os corpos mental concreto e astral - os veículos da consciência para pensamento e desejo - influenciam-se mutuamente. A mente produzirá sempre razões excelentes e plausíveis pelas quais deveríamos fazer o que nosso desejo natural nos incita a fazer. Diverte-me frequentemente observar meus próprios processos a este respeito. Assim, como diz H.P.B., estamos 'constantemente nos enganando.'

Ser completamente honesto é ser inteiramente verdadeiro, e não podemos atingir isto se formos demasiado emocionais, amarrados a nosso próprio exame e preocupados se somos bons ou maus, inteligentes ou estúpidos etc. Um dos efeitos do progresso espiritual é a diminuição do remorso e da ansiedade. Ambos indicam carência de energia no momento presente e para trabalho em pauta. Remorso indica escoamento da força da alma em relação a algum acontecimento no passado, e ansiedade significa escoamento em função de algum efeito imaginário no futuro. C.W.L. referia-se a isto com muita simplicidade. Ele citava o provérbio muito conhecido de não atravessar pontes antes de chegar onde elas estão, e o velho ditado 'isto não terá importância daqui a dez anos.' 'Bem', dizia ele, 'se não tem importância dentro de dez anos, não tem importância agora.'

A raiz do remorso, diz-nos H.P.B., é o egoísmo, e a raiz da anisedade é o medo de um desconhecido imaginário. Medo é o recuo da personalidade ante aquilo que não deseja ter, ou dúvida se irá receber aquilo que deseja. O sábio Patañjali, assim, diz que tanto desejo quanto aversão devem ser sobrepujados - outro dos 'pares de opostos.' No equilíbrio entre os dois está o 'Caminho.' Esta é a razão por que ele é descrito como sendo 'tão estreito como o fio de uma navalha' e 'caminho reto e estreito', porque nele o discípulo aprende aquela divina indiferença que o habilita a transcender a tirania dos pares dos opostos."

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios, O Discipulado na Nova Era - Ed. Teosófica, Brasília, 1998 - p. 149)


sábado, 2 de abril de 2016

SÍNTESE DA EVOLUÇÃO HUMANA (2ª PARTE)

"(...) O homem repete as experiências como o escolar repete o ano quando não estuda convenientemente, ou como o escultor que faz e desfaz sua obra, até consegui-la perfeita.

O corpo causal transmite à alma todas as vibrações que recebe, mas ele só se desenvolve à custa das vibrações delicadas, proporcionadas pelo Bem, pelo Belo e pelo Verdadeiro. As vibrações grosseiras só contribuem para o desenvolvimento dos corpos inferiores.

O mal, ou antes, o que é contrário à evolução, provoca o desenvolvimento dos mais materializados, porém esse mal é transitório, porque só atinge o que é inferior e perecível. O Bem é permanente, porque afeta o corpo causal, imperecível.

Examinando-se melhor os fatos, verifica-se que o Mal e o Bem são relativos. Assim, as sensações grosseiras, que desenvolvem o corpo astral do homem primitivo, contribuem para a evolução, nesta fase. Aí elas são um bem. Posteriormente, esse corpo tende a ser afinado, isto é, tende a se tornar delicado, para o que só concorrem as sensações refinadas. Nesta fase da evolução, as sensações grosseiras são um mal. Como este, muitos exemplos análogos podem ser citados.

A alma ao se revestir de corpos sutis para reencarnar-se, irá, de acordo com as afinidades boas ou más desses corpos, e de conformidade com os laços cármicos contraídos em vidas anteriores, buscar o corpo físico numa família que lhe permita manifestar as qualidades necessárias e satisfazer aqueles laços. No decorrer dessa evolução da alma e do corpo, o ideal é atingir a perfeição dos veículos e a perfeição intelectual e moral.

O homem deve ter por alvo a perfeição física, intelectual e moral. O corpo deve ser bem tratado, pois é o tabernáculo do espírito; e o intelecto não deve ser desprezado sob pretexto de que só as qualidades morais, o altruísmo, a caridade, é que contribuem para a 'salvação'. (...)

(Alberto Lira - O ensinamento dos mahatmas - IBRASA, São Paulo, 1977 - p. 196/197)
www.ibrasa.com.br


sexta-feira, 1 de abril de 2016

SÍNTESE DA EVOLUÇÃO HUMANA (1ª PARTE)

"Vimos, de modo muito sumário e perfunctório, a evolução a qual é emanação ou centelha divina.

Esta inicialmente 'desce' profundamente até a matéria mais grosseira e, gradualmente, vai 'subindo' e se expandindo em plenitude, por meio de veículos cada vez mais afinados.

A 'alma', no início, tem necessidade de passar pelas experiências fortes, brutais, dos homens primitivos, porque os veículos são grosseiros e ela está, por assim dizer, entorpecida.

Os veículos (ou corpos) astral e mental só se desenvolvem, nestes princípios, pelas sensações terríveis, e a alma tem que perceber as diferenças entre as sensações, o que acontece pelo choque dos contrastes enérgicos e violentos. Daí, prazeres desregrados e dores brutais que 'martelam' a alma nos primórdios da evolução.

À medida que as sensações se apuram e se desenvolvem, também o pensamento e o raciocínio progridem; estes só podem se alargar em toda sua pujança quando as sensações também se tornam mais perfeitas e afinadas; as comparações são melhores, as deduções mais profundas e a capacidade de raciocínio mais perfeita. 

A noção do bem e do mal, quase imperceptível no homem primitivo, vai se firmar somente após certo estágio evolutivo. As sensações, as reações intelectuais e afetivas transmitem-se por vibrações do corpo físico e dos corpos mais sutis, ao corpo causal, onde impressionam diretamente a alma.

Esta, à custa das experiências, se expande e, por sua vez, quanto mais ampliada em suas qualidades, tanto mais perfeitos serão os veículos com os quais se cerca.

A memória das experiências, isto é, das vidas passadas, permanece no corpo causal, imperecível. Ela não sobrevive como imagem no homem encarnado, mas os germes causais provocam a formação de novos corpos, de acordo com as qualidades adquiridas e estes corpos manifestam, então, as tendências desenvolvidas nas vidas anteriores. (...)"

(Alberto Lira - O ensinamento dos mahatmas - IBRASA, São Paulo, 1977 - p. 195/196)


sábado, 28 de novembro de 2015

A ENERGIA DA VONTADE-PODER

"Imagine Krishna guiando uma carruagem puxada por três cavalos fortes e potentes. Ele está segurando as rédeas e assim chega ao seu destino.

Essa imagem oferece a chave para começarmos a perceber o que é a energia da Vontade-Poder, ou energia do primeiro raio, aí representada por Krishna que, com as rédeas nas mãos, faz com que os cavalos conduzam a carruagem para onde ela deve ir. Essa energia sabe tudo o que se passa com os cavalos, aonde eles devem chegar e conhece, também as medidas exatas de seu potencial. Está ciente, ainda, do destino da carruagem, do caminho a ser percorrido, da velocidade para se atingir a meta e, por meio das rédeas, tem o controle dos cavalos. Krishna é símbolo do eu superior, da alma do homem, que tem Vontade-Poder em seu aspecto espiritual, transcendente. 

Os três cavalos que puxam a carruagem simbolizam os corpos físico, emocional e mental do homem. Nesta imagem eles aparecem fortes e correm harmoniosamente entre si, já que representam corpos sadios e alinhados, que desejam chegar à meta. A força que os impulsiona é o desejo.

Esclareça-se, a propósito, que este símbolo expressa uma diferença entre desejo e vontade, que é preciso salientar: se os cavalos não tivessem a rédea (a Vontade) que os conduz e os equilibra, controlando a velocidade e dirigindo-se para um lado ou para o outro, provavelmente não chegariam juntos, porque cada um seguiria o seu próprio ritmo, segundo seu desejo individual, e consequentemente não levariam a carruagem para a sua meta. A carruagem, por sua vez, equivale a nosso ser, que contém o eu superior, ligado por rédeas a três corpos: físico, emocional e mental. São eles que puxam a carruagem, levando-a para onde deve ir. 

Se conseguirmos visualizar essa cena. poderemos descobrir muitas coisas a respeito da vontade. Colocando-nos numa atitude amorosa e observadora, vamos perceber até que ponto somos cada um dos cavalos, ou os três trabalhando em conjunto; até que ponto estamos conscientes da carruagem que deve chegar a uma meta. Vamos ver, também, se nos sintonizamos com Krishna, que está guiando e segurando as rédeas, ou se preferimos levar a carruagem por conta própria. Podemos, assim, fazer um estudo da nossa própria situação atual.

Se refletirmos bem sobre os três cavalos alinhados e subordinados a uma rédea que está por trás deles, vamos contatar melhor esse símbolo universal, obtendo dele energia para o nosso equilíbrio. Se nos concentrarmos em Krishna, e o visualizarmos conduzindo os cavalos, segurando as rédeas e sabendo aonde quer chegar, estabeleceremos contato com um outro aspecto e realizaremos um alinhamento superior. Esse trabalho de imaginação criativa ajuda a descobrir as características da energia da Vontade-Poder, desconhecida dos cavalos, ou seja, de nós. O físico, o emocional e o mental têm desejos, não vontade. Os cavalos querem chegar à meta, mas sozinhos não saberiam como fazê-lo, pois não conhecem o caminho e não têm consciência da dimensão das próprias forças. Dificilmente chegariam juntos sem se perder uns dos outros; e, no entanto, a carruagem, para seguir viagem, necessita dos três, juntos e alinhados."

(Trigueirinho - A energia dos raios em nossa vida - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p.21/22



sábado, 11 de julho de 2015

INTUIÇÃO E IMPULSO

"Perguntaram-nos como podemos fazer a distinção entre impulso e intuição. Compreendo perfeitamente o dilema. A princípio é difícil para o estudante fazê-lo, mas consolemo-nos com a ideia de que a dificuldade da decisão é apenas temporária. À proporção que crescemos, atingimos uma fase em que estaremos absolutamente certos no que diz respeito à intuição, pois a distinção entre ela e o impulso será tão clara que obstará a qualquer erro.

Mas visto que ambos chegam ao cérebro vindos de dentro, parecem, de início, exatamente iguais, e, por conseguinte, faz-se mister grande cuidado, e é difícil chegar a uma decisão. (...) Ouvi a Sra. Besant dizer que sempre é bom esperar um pouco todas as vezes que as circunstâncias permitirem fazê-lo, porque, se esperamos, verificaremos que o impulso quase sempre fica mais fraco, ao passo que a intuição  não sofre a influência da passagem do tempo. Além disso, o impulso  é quase sempre acompanhado de excitação; há sempre nele algo pessoal, de sorte que, se não for obedecido imediatamente - se alguma coisa o contrariar -, surgirá uma sensação de ressentimento; ao passo que uma verdadeira intuição, embora decidida, é rodeada de um sentido de força calma. O impulso é um encapelar-se do corpo astral; a intuição é um fragmento de conhecimento, proveniente do ego impresso na personalidade. (...) 

Nesta fase eu aconselharia a todos seguirem a razão quando estão certos das premissas a partir das quais raciocinam. Aprendemos com o tempo e com a experiência se as nossas intuições são, invariavelmente, dignas de confiança. O simples impulso tem origem no corpo astral, ao passo que a verdadeira intuição vem diretamente do plano mental mais elevado, ou, às vezes, até do plano búdico. Claro está que este último, se pudermos estar seguros a seu respeito, pode ser seguido sem a menor hesitação, mas, na fase de transição pela qual estamos passando, somos obrigados a correr certa dose de risco - ou perder, por vezes, o lampejar de uma verdade mais alta, por estarmos muito intimamente agarrados à razão, ou ser, ocasionalmente, mal-orientados, tomando o impulso pela intuição. Eu mesmo tenho um horror tão arraigado dessa última possibilidade, que, muitas e muitas vezes, segui a razão em contraste com a intuição, e só depois de haver descoberto, várias vezes, que certo tipo de intuição estava sempre correto, passei a depender inteiramente dela. Todos passamos, sem dúvida, por essas fases sucessivas, e não devemos ficar, de modo algum perturbados com isso."

(C.W. Leadbeater - A Vida Interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 - p. 230/231)


terça-feira, 26 de maio de 2015

A UNIVERSIDADE (1ª PARTE)

"Quando chega a época do estudante entrar na Universidade, podemos considerar que os seus veículos - físico, astral e mental - foram, até certo ponto, disciplinados e estão razoavelmente sob controle. Começa, então, um período no qual a alma pode imprimir efetivamente no cérebro sua atitude interna em relação à vida, preparando seus veículos para o trabalho que pretende realizar. Infelizmente, nas Universidades de hoje, a educação destes veículos é insuficiente, porque o ensino é acadêmico demais e quase não tem relação com os problemas da vida, tal como são vistos pela alma. Em termos gerais, podemos dizer que a parte mais útil da vida universitária não é a instrução recebida dos professores, mas a adquirida no contato com os outros estudantes, nos esportes e nas relações interpessoais. (...)

Quando as ideias teosóficas prevalecem nas Universidades, será reconhecido que a educação oferecida deve ter por objetivo levar o estudante a compreender, em primeiro lugar, os problemas de sua própria alma. Ele veio a este mundo para executar um determinado trabalho e os primeiros anos de sua infância e de sua adolescência foram utilizados na construção de seu veículo; está agora livre para analisar seu passado e olhar seu futuro, a fim de compreender exatamente quem é e qual é sua missão. A ajuda que podemos lhe oferecer é apresentar-lhe os aspectos da cultura, que possam evocar nele sua síntese evolucionária. Durante sua educação no Jardim de Infância e no Ensino Fundamental, este foi um de seus objetivos; mas enquanto, então, sua síntese era sentida, sobretudo emocionalmente, na Universidade deveria ser encarada intelectualmente.

A síntese deve ser-lhe apresentada através das experiências de homens de gênio em diferentes ramos de atividade, no passado e no presente, de tal modo que sua visão geral possa fortalecer seu entusiasmo natural pela atividade específica, que, como alma tenha de exercitar no futuro imediato. Se um homem ou uma mulher termina os seus estudos universitários sem ter encontrado dentro de si um profundo entusiasmo por uma carreira qualquer, podemos considerar completamente fracassado a missão que a Universidade deveria cumprir em relação a ele ou ela. O papel da Universidade é mostrar-nos quais são os objetivos dignos de serem perseguidos em nossa vida, e não apenas, como hoje em dia, preparar-nos para o exercício de uma profissão. Este era em verdade o objetivo da Universidade na antiga Atenas, mas em nossos dias a compreensão do que é a vida é tão deficiente que na Universidade, os próprios professores estão confusos a respeito dos grandes problemas da existência, e por tal razão todo seu entusiasmo visa primordialmente os aspectos intelectuais ou acadêmicos.  (...)"

(C. Jinarajadasa - Teosofia Prática - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 38/40)

sábado, 23 de maio de 2015

O ENSINO FUNDAMENTAL (1ª PARTE)

"Depois que a criança tiver obtido, no Jardim de Infância, certo domínio sobre os seus veículos, deve desenvolver, na seguinte etapa educacional, as capacidades necessárias para compreender o sentido da Lei. Será pois necessário, que suas emoções sejam então trabalhadas mais a fundo. Pois bem, este ser nasceu com uma natureza emocional que foi desenvolvida durante numerosas vidas: por conseguinte, o mestre não tem que modelar uma natureza emocional totalmente elástica e informe. Ele pode apenas modificá-la, tirando-lhe as rugosidades ou os desvios que possa apresentar e fortalecendo o que nessa alma houver de nobre e elevado. O que é preciso dar à criança, ou melhor, na maioria dos casos tornar a despertar nela, é a capacidade profunda de sentir e, ao mesmo tempo, conservar a serenidade.

Obtém-se isso em grande parte, atuando sobre o corpo físico da criança. Surge aqui o valor da ginástica, especialmente os exercícios de conjunto, que tenham algum sentido de ritmo. Porque quando o ritmo pode ser desenvolvido numa ação física, como por exemplo, na dança ou nos movimentos eurrítmicos, haverá indubitavelmente uma bem definida reação emotiva, que fortalece o corpo emocional invisível da criança e a impele a adquirir a noção da lei e da ordem; e isso, por sua vez, atua de tal maneira sobre sua natureza mental, que a põe em harmonia com a ideia da lei. Este efeito é grandemente aumentado quando tais exercícios rítmicos são executados e simultaneamente por um grande número de crianças; pois, enquanto trabalham todos juntos é como se fossem unidades de um movimento rítmico invisível, que os submete à grande lei da ordem e da beleza na ação.

O sentimento da Lei e da Beleza também se desenvolve muito exercitando a criança na poesia e na música; é claro que esta preparação não é para capacitá-la a escrever versos ou compor obras musicais - a não ser que já tenha realmente aptidão específica para tal - mas ela deve receber a poesia e a música como seu alimento emocional. Desde a mais tenra idade, a criança deveria aprender cantos e versos compatíveis com sua capacidade; porém precisamos ter o cuidado para que sejam realmente apropriados a seu desenvolvimento. Da mesma maneira como a sujeira física poderia infectar seu corpo, igualmente sua natureza emocional e mental poderia ser pervertida por poesias impuras ou músicas de baixo nível. As pequenas músicas de ninar, com sua usual confusão de pensamentos e imagens sem nenhuma relação com a vida real, são, sob este ponto de vista, especialmente prejudiciais. Talvez atualmente nossos poetas nos brindem com grandes composições para substituírem aquelas canções de ninar que, ainda hoje, adormecem as crianças. Se na nossa moderna civilização, pudéssemos eliminar os ruídos dissonantes das ruas, os horríveis cartazes de publicidade e abandonar o uso de frases com significado distorcido, então não teríamos de lamentar o fato das crianças serem turbulentas. A turbulência é uma enfermidade de natureza emocional, mas seus germens não estão tanto na criança, quanto no mundo externo que a rodeia em nossa atual civilização. (...)"

(C. Jinarajadasa - Teosófica Prática - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 32/34)


quinta-feira, 21 de maio de 2015

O JARDIM DE INFÂNCIA (1ª PARTE)

"A criança não é somente o pequeno corpo físico que vemos; tem também um corpo astral que é o veículo de suas emoções e um corpo mental dotado da faculdade de pensar. Todos estes três veículos - o mental, o astral e o físico, constituem a criança; e todos os três são sensíveis e demandam formação e coordenação. Cada veículo possui uma vitalidade própria que é completamente distinta da vitalidade geral dominante da alma da criança; e cada um destes três corpos tem uma consciência rudimentar que é capaz de sentir antipatias ou simpatias que nem sempre coincidem com as da alma da criança. Essas correntes subconscientes de percepção são muito pronunciadas durante a infância e devem ser mantidas, durante o dito período, em seus limites correspondentes, enquanto a alma usa os veículos que lhes dão origem. 

Às vezes, alguns desses elementos subconscientes pode ser completamente contrário à natureza da criança; o seu corpo físico pode ser muito turbulento ou muito apático, devido à hereditariedade física dos pais. Isso, porém, não quer dizer que a alma tenha, obrigatoriamente, falta de serenidade ou de energia. De igual modo, o corpo mental e astral de cada criança possui energias próprias para começar a vida, energias totalmente independentes da alma da criança que usa esses veículos. Por conseguinte, o objetivo principal da etapa educativa do Jardim de Infância é o de levar a criança a dominar por completo os seus veículos; o cérebro precisa ser desenvolvido por meio de exercícios musculares, a natureza emocional por meio de sentimentos e a mental por meio de pensamentos.

Todos nós sabemos que no Jardim de Infância, treina-se o corpo da criança com método, ordem e ritmo, capacitam-se seus centros cerebrais para apreenderem os conceitos de cor, forma, peso, temperatura, etc. Pois bem, a habilidade mecânica adquirida pelo corpo físico da criança nos exercícios praticados no Jardim de Infância atua sobre sua natureza emocional e mental, sendo esta preparação muito necessária para que a alma possa alcançar mais rapidamente sua síntese. (...)"

(C. Jinarajadasa - Teosofia Prática - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 28/30)

domingo, 15 de fevereiro de 2015

A MORTE DO EGO (1ª PARTE)

"O que é estar morto? Pelo ângulo 'favorável', é deixar para trás os problemas. Isso vale tanto para os materialistas - que nada esperam para depois - como para os que creem em algo após a morte. Nossas contas bancárias e afetivas, tudo que era oneroso ou importante, como cabides pendurados no guarda-roupa do ego, ficam para os vivos.

Na visão dos espiritualistas, além do ganho consciencial, levamos para o outro lado o saldo final das experiências terrenas (que o mundo está aprendendo a denominar karma). Isso não deixa de ser um 'problema', se o saldo é negativo: a morte não resolve tudo. Essa circunstância afeta também os descrentes, pois a lei não para de funcionar só porque a ignoramos.

A diferença a favor dos espiritualistas é (ou deveria ser) alguma preparação para a continuidade após o suspiro final, sabendo que apenas o corpo morre. Cientes disso, naturalmente não ficaríamos identificados com esse invólucro de carne, colocando em seus contornos e profundidades toda a expectativa da vida. Isso é, porém, o que costuma ocorrer.

Os céticos dizem: 'Com a morte, tudo acaba.' Haveria, então, uma identificação plena com o corpo. A vida só dependeria dele. Entre as ilusões decorrentes dessa visão, encontra-se decerto a da fuga pelo suicídio, quando o sofrimento no mundo parece insuportável. O choque é enorme, porém, quando levantamos do corpo - como deixamos a cama, e percebemos o revés da saída prematura: a dor continua. É até maior, porque, antes psicológica - razão maior do ato desesperado - a dor agora se agrava com o remorso da destruição do veículo físico (às vezes num suplício bem real, provando seu definhar na sepultura).

Além disso, estaremos então num corpo que é pura emoção: o corpo astral. Não há o anteparo físico para filtrar a dor. Esse é o quadro que as religiões exibem quando pintam o inferno eterno em caldeirões de fogo. Finalizando-se com a 'purgação' das energias astrais densas, há de parecer, contudo, interminável para os que lá se encontram no mesmo caldeirão vibratório. Será que apenas os descrentes se matam? Estariam só eles submissos ao corpo e assim escravos do círculo de prazeres e dores que ele oferece? (...)"

(Walter Barbosa - A morte do ego - Revista Sophia, Ano 13, nº 53 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 23)


sábado, 14 de fevereiro de 2015

PURIFICAÇÃO DO CORPO MENTAL¹

“(§09) Teu corpo mental deseja pensar em si mesmo orgulhosamente separado, pensar muito em si mesmo e pouco nos outros. Mesmo quando tu o tiveres desviado das coisas mundanas, ainda tentará especular para si, fazer-te pensar em teu próprio progresso, em vez de pensar sobre a obra do Mestre e em auxiliar os outros. Quando tu meditares, tentará fazer-te pensar sobre as inúmeras diferentes coisas que ele deseja, em vez de pensar na única coisa que tu queres. Tu não és esta mente, mas ela é tua para que a uses; assim, aqui novamente o discernimento é necessário. Tens de vigiar incessantemente, ou falharás.” 

Nos excertos de Cartas dos Mestres de Sabedoria, Editora Teosófica, às páginas 131, temos: "Não foi frase vazia do Tathagata ao dizer: ‘aquele que domina o Eu é maior do que aquele que vence milhares de indivíduos na batalha’; não há luta mais difícil. Se assim não fosse, o Adeptado seria conquista de pouca valia." Nessa frase o Mestre K.H. nos aponta a grande empreitada que temos até que purifiquemos o nosso corpo mental, uma vez que assim como o corpo astral ele também está sob a ação de forças primitivas.

Mas não podemos deixar de analisar que existe uma relação simbiótica entre o corpo astral e o mental, uma vez que ao pensar, logo sentimos e se sentimos, imediatamente pensamos. Assim temos Kama-Manas e no Vedanta Manomaya-kosha para designar esses corpos. E até o homem despertar para o fato de que esses corpos são veículos de consciência e que devem ser purificados, a mente inferior serve às necessidades do corpo astral. Porém, conforme a mente for se desenvolvendo, vai conseguindo cada vez mais controlar os impulsos e desejos do corpo astral. (I. K. Taimni, Autocultura, 1997)

O alerta que está contido neste 9º parágrafo é para aqueles que já estão buscando a purificação mental, mas que ainda podem ser vítimas de desejos mais sutis do que o envolvimento com as “coisas mundanas”. Desenvolver demais o intelecto sem trabalhar o amor, a compaixão, enfim colocar em prática o que é estudado, até a meditação poderá servir como um meio para camuflar um ego inflado. É nesse ponto que entra o discernimento, que em sânscrito é conhecido como Viveka. E o “orai e vigiai” é de fundamental importância, para que não caiamos nas armadilhas do ego. E, ao cair, poder identificar logo, para expurgar sensações e pensamentos que nos prendem à frequências mais baixas, impedindo que o mental inferior se torne um instrumento eficaz para a consciência superior.

¹  Comentários sobre o parágrafo 9º de Aos Pés do Mestre, de J. Krishnamurti, Ed. Teosófica, p.25/26

Tirza Fanini


quinta-feira, 1 de janeiro de 2015

UNIDADE COM DEUS, UNIDADE COM O PODER DIVINO

"O Senhor é Espírito; o Impessoal é invisível. Mas ao criar o mundo físico Ele se tornou Deus, o Pai. Assim que assumiu o papel de Criador, Ele se tornou pessoal. Ele se tornou visível: este universo inteiro é o corpo de Deus.

Na forma da terra, Ele tem um lado positivo e um negativo, o polo norte e o polo sul. As estrelas são os Seus olhos; a grama e as árvores são os Seus cabelos; os rios são as correntes sanguíneas. O rugir do oceano, o canto dos pássaros, o choro do recém-nascido e todos os outros sons da criação são a Sua voz. Este é o Deus pessoal. As batidas de todos os corações indicam o pulsar de Sua energia cósmica. Ele está caminhando nos três bilhões de pés da humanidade. Trabalhando em todas as mãos. Ele é a Divina Consciência Única que se manifesta em todos os cérebros.

Por causa das leis Divinas de atração e repulsão, as células do corpo humano são mantidas harmoniosamente juntas, da mesma forma que as estrelas se mantém equilibradas em suas órbitas. O Senhor onipresente está sempre ativo; não existe lugar onde não haja alguma espécie de vida. Com uma prodigalidade ilimitada, Deus está incessantemente projetando novas formas, inexauríveis manifestações de Sua energia cósmica.

O Espírito Divino tinha, ao criar, uma ideia específica, ou seja, um plano mental. Ele primeiro manifestou o universo depois criou o homem. Ao formar para si mesmo um corpo físico constituído de sistemas planetários, Deus manifestou três aspectos: consciência cósmica, energia cósmica e massa cósmica ou matéria. Esses três aspectos correspondem respectivamente no plano humano, ao corpo ideativo ou causal, corpo energético ou astral e corpo físico. E a alma, ou Vida, por trás deles é o Espírito.

O Espírito manifesta-se macrocosmicamente como consciência cósmica, energia cósmica e os universos materiais; e microcosmicamente como consciência humana, energia humana e corpo humano. Vemos novamente que, na verdade, o homem foi feito à imagem de Deus."

(Paramanha Yogananda - Como Falar com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 24/26)