OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


segunda-feira, 9 de fevereiro de 2015

A RENÚNCIA (2ª PARTE)

"(...) Por que os seus deveres ou ocupações na vida deveriam atrapalhar o seu esforço espiritual? Por exemplo, há uma diferença entre suas atividades em casa e no trabalho. No trabalho você está desapegado: você apenas cumpre o seu dever e não se importa com o que vai acontecer, não está preocupado com o ganho ou a perda do seu chefe ou empregador. Os seus deveres com a família, por outro lado, são desempenhados com apego: você está sempre preocupado se as suas ações vão trazer benefício a você e sua família. Mas é possível desempenhar todas as atividades da vida com desapego e ver apenas o Ser como real. É errado pensar que se você permanecer fixado interiormente no Eu Real as obrigações da vida não serão bem desempenhadas. É como um ator no palco: vestido do personagem, ele age como tal e até sente que é parte da peça, mas na verdade sabe que na vida real não é o personagem, mas outra pessoa. Da mesma maneira, por que deveria a consciência do corpo ou o sentimento 'eu-sou-o-corpo' lhe perturbar, uma vez que você saiba que na verdade você não é o corpo mas sim o Eu Real? Nada que o corpo faça deve afastá-lo da permanência como Eu Real. Permanecer fixado no Eu Real não irá interferir com o desempenho adequado e efetivo de quaisquer deveres que o corpo tenha, assim como o fato de o ator saber a sua verdadeira identidade não interfere no personagem que ele representa no palco.

A renúncia está sempre na mente, não em ir para a floresta ou locais solitários, ou em desistir de nossas obrigações. O importante é que a mente não se volte para fora, mas para dentro. Não compete ao homem decidir ir para este ou aquele lugar, abandonar ou não as suas obrigações. Tudo isso acontece de acordo com o destino. 

Todas as atividades que o corpo deve vivenciar foram determinadas no momento em que ele veio à existência. Não cabe a você aceitá-las ou rejeitá-las. A única liberdade que você tem é voltar-se para dentro e aí renunciar às atividades. Ninguém pode dizer por que essa é a única liberdade deixada ao homem. Assim é o plano Divino. (...)"

(Pérolas de Sabedoria: Vida e Ensinamentos de Sri Ramana Maharshi – Ed. Teosófica, Brasília, 2010 - p. 72/73)www.editorateosofica.com.br/loja


domingo, 8 de fevereiro de 2015

A RENÚNCIA (1ª PARTE)

"Quando perguntado sobre como um chefe de família (grihastha) se encaixa no esquema da Libertação, Bhagavan disse: Por que você pensa que é um chefe de família? Se você se tornar um asceta (sannyãsi), um pensamento similar de que você é um asceta vai assombrá-lo. Quer você continue como chefe de família ou renuncie a tal condição e vá para a floresta, sua mente vai junto com você. O ego é a fonte de todo o pensamento. Ele cria o corpo, o mundo e faz você pensar que é um homem do mundo. Se você renunciar ao mundo, o pensamento de que você é um asceta substituirá o de que você é um chefe de família, e o ambiente da floresta substituirá o de casa. Mas os obstáculos mentais ainda estarão lá. Eles inclusive aumentam em novos ambientes. Mudar de ambiente não ajuda em nada. O obstáculo é a mente. Ela deve ser superada, seja em casa ou na floresta. Se você pode fazê-lo na floresta, por que não em casa? Então para que mudar de ambiente? Seus esforços podem ser feitos agora mesmo, qualquer que seja o ambiente em que se encontre. O ambiente jamais muda conforme o seu desejo.

Se objetos tivessem uma existência independente, isto é, se existissem em algum lugar qualquer separado de você, então seria possível afastar-se deles. Mas eles não existem separados de você; eles devem sua existência a você, a seus pensamentos. Portanto, onde você poderia ir para escapar deles?

Para onde você pode ir para fugir do mundo e de seus objetos? Eles são como a sombra de um homem, da qual ele não pode fugir. Há uma história engraçada de um homem que queria enterrar a própria sombra. Ele cavou um buraco fundo e, vendo sua sombra lá embaixo, alegrou-se de poder enterrá-la nas profundezas. Começou a encher o buraco, e quando estava completamente cheio, ficou surpreso e desapontado ao ver a sombra em cima novamente. Da mesma forma, os objetos e os pensamentos sobre eles estarão sempre com você, até que você realize o Ser. (...)"

(Pérolas de Sabedoria: Vida e Ensinamentos de Sri Ramana Maharshi – Ed. Teosófica, Brasília, 2010 - p. 71/72)
www.editorateosofica.com.br/loja



sábado, 7 de fevereiro de 2015

A VISÃO DE UM FILÓSOFO DE DEUS

"Agostinho é considerado um grande filósofo. Foi um filósofo de Deus. Certa vez disse uma frase intrigante e complexa: 'Deus se tornou um homem para que o homem se tornasse Deus'. 

Agostinho, nesse pensamento, quis dizer que o objetivo de Deus era que o homem recebesse, através de Jesus Cristo, a sua vida e conquistasse o dom da eternidade. Recebendo a vida de Deus teria acesso a todas as dádivas do Seu Ser e a condição de se tornar filho de Deus seria a maior delas.

O próprio apóstolo Pedro, na sua velhice, escreveu em uma de suas cartas que através de Cristo 'nós somos coparticipantes da natureza de Deus'.¹ Incompreensível ou não, era essa a ideia que norteava o projeto de Jesus e que envolvia os seus apóstolos e seus mais íntimos seguidores. Como pode o homem, mortal, cheio de falhas, limitado e que frequentemente desonra sua inteligência se tornar filho do Autor da vida e ser eterno como Ele?

Marx, Hegel, Freud, Sartre e tantos outros pensadores da filosofia e da psicologia objetivavam no máximo que seus discípulos seguissem suas ideias, mas Jesus Cristo objetivava que seus discípulos fossem além da compreensão de suas ideias, que participassem de uma vida que transcende a morte. Através da cruz, ele queria abrir uma janela para a eternidade. O mestre da vida tinha inquestionavelmente o projeto mais alto que nossa mente pode conceber."

¹. 2 Pedro 1:4.

(Augusto Cury - O Mestre do Amor - Ed. Academia de Inteligência, São Paulo, 2002 - p. 183/184)


sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O PRAZER DA COOPERAÇÃO (PARTE FINAL)

"A cooperação é algo muito diferente. É a alegria de estar juntos e atuar juntos – sem estar necessariamente fazendo determinada coisa. As crianças pequenas gostam de estar juntas e atuar juntas, simplesmente. Estão sempre dispostas a cooperar em qualquer coisa. Não é questão de acordo ou desacordo, de recompensa ou de castigo; querem simplesmente ajudar. Cooperam instintivamente, por prazer. Mas os adultos destroem esse natural e espontâneo espírito de cooperação, dizendo: ‘Se você fizer isso, te darei um presente; se não fizer, não deixarei ir ao cinema’. É assim que se introduz o elemento corruptor. A verdadeira cooperação nasce não de se ter combinado um certo projeto, mas da alegria, do sentimento de união, porque nesse sentimento não há a obstinação das ideias e das opiniões pessoais.

Quando você conhece essa qualidade de cooperação, saberá também quando não se deve cooperar – o que é igualmente importante. É necessário despertar em nós mesmos esse espírito de cooperação, porque então não será um mero plano ou acordo que nos fará trabalhar juntos, mas sim um extraordinário sentimento de solidariedade, a alegria de estar juntos e atuar juntos – sem nenhuma ideia de recompensa ou de castigo.

Se não tivermos suficiente discernimento, poderemos cooperar com líderes insensatos, cheios de planos grandiosos e ideias fantásticas, como Hitler e outros tiranos de tantas épocas. Devemos saber quando não cooperar, e só o saberemos quando conhecermos a alegria da verdadeira cooperação.

Quando se sugere trabalhar juntos, a imediata reação é provavelmente esta: ‘Para que fim? O que vamos fazer?’ em outras palavras, o que vai ser feito torna-se mais importante do que o sentimento de estar juntos – e, quando o plano, o conceito ou a utopia ideológica assume a importância maior, não há real cooperação."

(J. Krishnamurti - O prazer da cooperação - Revista Sophia, Ano 5, nº 20 - p. 13)


quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

O PRAZER DA COOPERAÇÃO (1ª PARTE)

“Um dos problemas básicos que o mundo enfrenta é o da cooperação. Cooperar significa trabalhar juntos, sentir juntos, ter algo em comum para se agir livremente. Entretanto, as pessoas em geral não se sentem inclinadas a cooperar espontaneamente; elas são forçadas a cooperar por vários meios – ameaça, intimidação, castigo, recompensa. Esses são os métodos mais comumente praticados no mundo.

Sob governos tirânicos, os homens são brutalmente forçados a cooperar; se não o fazem, são mortos ou aprisionados. Nas chamadas nações civilizadas, somos persuadidos a cooperar mediante conceito como ‘pátria’ ou em prol de ideologias caprichosamente elaboradas e largamente propagadas, a fim de serem aceitas; ou ainda, cooperamos para a execução de um plano traçado por alguém que consideramos especial – um projeto de utopia.

Portanto, é o plano, a ideia ou a autoridade que induzem as pessoas a trabalhar juntas. Isso em geral se chama ‘cooperação’, e supõe sempre recompensa ou punição – o que quer dizer que, por trás dessa cooperação está o medo. Você está sempre trabalhando em prol de alguma coisa – da pátria, do partido, de Deus, da paz, da realização de uma certa forma. Sua ideia de cooperação é trabalhar juntos para um certo resultado. Você tem um ideal – fundar uma escola perfeita, ou algo assim – por cuja realização trabalha, e, portanto, diz ser necessária a cooperação. Tudo isso supõe autoridade. Há sempre alguém que supostamente sabe o que é mais acertado.

Eu não chamo a isso cooperação, de modo nenhum. Isso é uma forma de avidez, de medo ou de compulsão. Atrás de tudo está a ameaça de que, se o indivíduo não cooperar, a sociedade não o reconhecerá, o plano quinquenal falhará, ele será preso, o país perderá a guerra ou ele não entrará no céu. Há sempre uma forma de persuasão, e onde há persuasão não pode haver a verdadeira cooperação.

Tampouco há cooperação quando você e eu trabalhamos juntos apenas porque combinamos fazer juntos um certo trabalho. Num trato dessa natureza o que importa é que o trabalho seja feito, e não a cooperação. Você e eu podemos combinar construir uma ponte, uma estrada ou plantar juntos algumas árvores, mas nesse trato há sempre o medo de surgirem divergências, ou de que não consiga fazer minha parte do trabalho, fracassando e deixando tudo por sua conta. Portanto, não é cooperação trabalharmos à força de persuasão ou de um mero acordo prático, porque, em todo esforço exercido sobre tais bases, está sempre latente a ideia de ganhar ou evitar alguma coisa. (...)"

(J. Krishnamurti - O prazer da cooperação - Revista Sophia, Ano 5, nº 20 - p. 13)