OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

KARMA INDIVIDUAL E KARMA COLETIVO (2ª PARTE)

"(...) Já que afetamos uns aos outros, uma pessoa piedosa irá 'transferir' ou fazer um 'parivarta' de seus méritos em benefício de todos os seres. E isso virá do amor que tem a todos, e do seu desejo de ajudar a salvação da raça. 'Todo o bem que fazemos é absorvido no depósito uni­versal de méritos, que é nada menos do que o Dharma-kâya (Deus). Cada ato de amorosa bondade é concebido no Seio de Tathâgata (Seio do Senhor Universal) e ali é nutrido e amadurecido, vindo a ser trazido de novo a este mundo do Karma para dar seus frutos' (ib.). A dou­trina, aqui, é lindamente exposta, e com muita clareza, mas é preciso notar que o que ela diz sobre a região do Karma não estar no Mundo Social aplica-se ao bem moral e aos maus frutos, pois em outra parte ela diz que o Kar­ma também é Social, isto é, Coletivo.

Pugnar pelo bem-estar da Humanidade é o nosso mais sagrado trabalho, e 'transferir' nossos méritos, tanto quanto possível, para a salvação dos outros, é ajudar os Salvadores em Seu Trabalho, aqueles que por amor e com­ paixão para com a Humanidade renunciaram à sua entra­da final no Nirvana enquanto houver alguém do lado de fora de suas portas. 'Trabalhar pela Humanidade é o pri­meiro passo', diz a A voz do silêncio, e não há serviço de Deus que não se resolva em serviço para com a Huma­nidade. As doçuras das altas regiões são para todos, e devemos trazer para baixo, para os mortais, o incenso celestial. (...)
        
Aqueles que não veem o divino objetivo de toda a Vida, os que se separam dos outros, aqueles cujos pensa­mentos são para as alegrias que podem ser obtidas para si — esses são os filhos de Mâra, o Mal, que prejudica o progresso da Humanidade, tal como o saibro paralisa as rodas de uma máquina, prejudicando-a em seu trabalho. Mesmo assim, não nos devemos afastar deles, porque são exatamente os que precisam de luz e de ajuda. 'Conside­ro o bem-estar de toda a gente como algo pelo qual devo trabalhar', diz o piedoso e nobre Imperador Asoka em seu sexto Édito. (...)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 30

sexta-feira, 30 de dezembro de 2016

AMOR E UNIDADE (PARTE FINAL)

"(...) Nenhum homem pode ser separado do corpo da humanidade por causa de suas imperfeições. Se qualquer célula nesse grande corpo estiver doente, ela deve, no final das contas, recobrar a saúde. Só existe uma maneira de se livrar de um inimigo: convertê-lo num amigo, mais cedo ou mais tarde. Shakespeare escreveu: 'Não é amor aquilo que se altera quando encontra alteração', indicando que a natureza do amor é um princípio essencial do homem e um dos eternos valores da vida.

O pensamento lida com as relações entre as coisas, de modo que, dado um motivo, ele descobrirá como agir. Quando a mente, com todo seu poder, se curva perante a intuição do amor e diz 'daqui em diante vós sereis meu mestre; servir-vos-ei sempre', o homem torna-se um iniciado nos mistérios do Cristo ou de Krishna, ou do Deus do amor. Se em algum lugar houver uma cerimônia exterior de iniciação, ela visa anunciar que esse estágio foi alcançado, que essa realidade foi atingida pelo membro recém admitido de uma fraternidade.

O amor opera de maneira infalível por meio daquele em quem essa intuição esteja trabalhando. Ele não consegue viver para satisfação do corpo ou para a diversão, nem para o acúmulo de conhecimento, e passa a responder às necessidades da vida. Acontece, porém, que o jovem 'iniciado' emprega muita energia, e às vezes o observador vê muitas dessas coisas como desperdício e inutilidade. Mais tarde ele próprio descobre a sabedoria de colocar o seu amor onde ele é mais útil. Somente por um instante é que ele perde algo de sua razão; posteriormente ele reaparece como subordinada ao amor.

O provérbio que diz que 'a tolice é a falha comum daquele que é bom' só se aplica ao noviço em bondade. O amor não é para ser visto, porém direciona as forças que podem ser vistas - as do corpo, das emoções e da mente. E essas forças são limitadas. Portanto, a melhor expressão de amor não é esbanjar descuidadamente genialidade e generosidade.

Conheci um grande homem que tinha amor constante. Muitas pessoas consideravam-no frio, porque ele colocava suas forças cuidadosamente. Um homem assim doa a um e depois a outro, de maneira bastante deliberada, onde ele pode ver que o amor produzirá o melhor efeito. Ele é suficientemente sábio para não se desgastar. Mas enquanto está direcionando sua energia dessa maneira, ele está também considerando aqueles que se acham abandonados, porque em seus olhos espera que aqueles a quem ajuda sejam capazes de promover o nascimento da fraternidade entre os homens."

(Ernest Wood - Instrução e intuição - Revista Sophia, Ano 9, nº 33 - p. 30/31)

quarta-feira, 14 de dezembro de 2016

A PRÁTICA DO AMOR (1ª PARTE)

"Dia após dia, semana após semana, somos confrontados com uma ampla seleção de sofrimento, ódio e violência, oriunda de todo o mundo. Percebemos não apenas os problemas em nossa própria comunidade, mas em cidades e nações distantes. Vendo e ouvindo esses eventos de modo quase imediato, muitas vezes repetidos durante um longo período de tempo, começamos a assumi-los pessoalmente, como assumimos algo que aconteceu a um amigo ou a nós mesmos. Começamos a nos deter nessas coisas. Logo que nosso ego se identifica com aqueles que pensamos estar certos, é fácil ficarmos zangados, tornar-nos intolerantes e condenarmos aqueles que julgamos estar errados. Ou simplesmente nos sentirmos deprimidos, impotentes ou temerosos.

Precisamos perguntar a nós mesmos, no entanto, se a qualidade da nossa resposta está aliviando ou contribuindo para os problemas da humanidade. Assim como odiar e temer são escolhas ruins em nossa vida pessoal, também o são nos grandes afazeres. Infelizmente é fácil demais refletir o que quer que nos cause aversão. Quando nos permitimos ser negativamente afetados por alguém, imediatamente começamos a nos identificar com aquela mesma qualidade, despertando-a em nós. Isso ocorre porque cada um de nós tem internamente todos os potenciais da humanidade para o bem e para o mal, para o egoísmo e a crueldade, para o sacrifício e o amor, para o mais elevado altruísmo e a mais abjeta depravação.

Além disso, responder na mesma moeda parece quase instintivo. É preciso muita autodisciplina para responder com uma qualidade oposta àquela que nos ofende. Os ensinamentos de Jesus para amarmos nossos inimigos, oferecermos a outra face, abençoarmos os que nos amaldiçoam, fazermos o bem aos que nos odeiam e orarmos pelos que abusam de nós parecem ir contra a nossa natureza; parece ser virtualmente impossível praticar isso na vida diária. Qual a explicação de Jesus para esses ensinamentos? Ele diz para os seguirmos 'para que possais ser filhos de vosso Pai no céu; pois Ele faz o sol nascer sobre o bom e o mau, e faz chover sobre o justo e o injusto'; 'pois Ele é gentil para com o ingrato e o perverso. Portanto, sede compassivos tal como vosso Pai é compassivo.' (Mateus 5:45, Lucas 6-35-6). (...)"

(Sarah Belle Dougherthy - A prática do amor - Sophia, Ano 12, nº 49 - p.11


terça-feira, 13 de dezembro de 2016

QUANDO DEUS CHEGA, CAEM OS VÉUS DA ILUSÃO

"A Terra é um lugar de muitas imperfeições. Quando existe prosperidade, então estoura uma guerra, fazendo com que a humanidade regrida muitos séculos. Mas não leve muito a sério os altos e baixos da vida. Não importa o que aconteça no mundo, diga para si mesmo: 'Tudo bem. Estou apenas sonhando no sonho de Deus - nada pode me afetar. Sou feliz. Nada me prende. Estou sempre pronto, Senhor, para sair do sonho ou nele permanecer, segundo a Tua vontade.' Assim, você será livre - é um pensamento maravilhoso.

Tudo o que você faz com o pensamento em Deus é muito diferente da mesma experiência sem Ele. Outro dia, levaram-me para ver um filme: quando me dei conta, estava em samadhi. Alguém perguntou: 'O senhor não está assistundo ao filme?' Respondi: 'Sim, tudo é filme - é um filme dentro de outro'. O cinema, as cenas, as pessoas sentadas - eu via tudo como imagem na imensa tela da consciência cósmica.

O que quer que esteja fazendo, quando Deus chega, você fica completamente inebriado. Caem os véus da ilusão e você recebe a resposta de tudo o que quiser saber. Neste estado de consciência pode enxergar longe, no passado e no futuro. Em geral, não faço questão de ver essas coisas, mas quando estou interessado consigo vê-las. E vejo as almas dos que chegam a mim. Ninguém me engana. Conheço todos por dentro e por fora, mas nunca falo sobre isso, pois não estou interessado no lado mau das pessoas, só o bem me interessa.

Não estimulo as multidões de curiosos, e sim as verdadeiras almas em seu romance individual com Deus. Que alegria, que felicidade! Ter o amor e a proteção do Divino é a suprema conquista, e você a realizará aqui se fizer um esforço."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 287)


sábado, 19 de novembro de 2016

AMOR

"À medida que vamos conseguindo amar os outros, tanto quanto já nos amamos, vamos deixando de sentir dificuldade em sermos bondosos e, simultaneamente, vamos também sentindo ser mais difícil prejudicar e ferir os demais.

Aprender a amar o semelhante é a única solução para esta tão trágica humanidade às vésperas da hecatombe.

Se continuarmos a pensar o bem somente de nós e dos 'nossos', a querer e fazer o bem somente para nós e para os 'nossos', com exclusão dos outros e até em detrimento dos outros, continuaremos nos condenando à destruição geral, aquela que não queremos para nós e para os 'nossos'.

Para todos, a solução que resta é amar e servir aos demais como amamos e servimos a nós e aos 'nossos'.

Que teu Poder e Teu Amor possam se manifestar em benefício do próximo."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 118/119)


sexta-feira, 14 de outubro de 2016

PORQUE E COMO JESUS SOFREU (1ª PARTE)

"Muitas pessoas piedosas tentam camuflar os seus sentimentos com a sugestão: Jesus sofreu mais...

E, assim julgando, aliviam os seus males tornando-os toleráveis.

Se grande é a boa vontade dessas pessoas, pequena é a sua sabedoria.

Acima de tudo, esta afirmação insinua uma inverdade. Em segundo lugar, é falso o motivo dos sofrimentos de Jesus.

Dizer que Jesus foi o rei dos mártires, o maior sofredor da humanidade, não corresponde à verdade. Nem adianta apelar para as palavras do profeta Isaías, que descreve os sofrimentos do 'servo de Deus' (ebed Yahveh), porque Isaías se refere diretamente aos sofrimentos dos israelistas no exílio da Babilônia causados pelos pecados de Israel.

Durante os 33 anos da sua vivência terrestre, sofreu Jesus fisicamente durante umas 15 horas, desde as 20 horas da quinta-feira até às 15 horas da sexta-feira. Haverá na terra um homem que, durante a vida, tenha sofrido apenas 15 horas?

Mas e os sofrimentos morais e psíquicos de Jesus? Os ludíbrios, as incompreensões, as ingratidões, etc...?

Quando um avatar desce das alturas às profundezas, sabe ele de antemão que essa jornada vai ser um tormento para ele, e não espera outra coisa.

A maior das inverdades, porém, é a constante afirmação dos teólogos de que Jesus sofreu por ordem de Deus, a fim de pagar-lhe a enorme dívida dos pecados humanos. Se isto fosse verdade, escreve o historiador britânico Arnold Toynbee, seria Deus o maior monstro do Universo.

Jesus nunca afirmou ter vindo ao mundo para pagar pelos pecados humanos, sofrendo e morrendo na cruz.

A verdade está nas palavras que Jesus disse aos dois discípulos sofredores, a caminho de Emaús: O Cristo devia sofrer tudo isto para assim entrar em sua glória. (...)"

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 45/46


segunda-feira, 15 de agosto de 2016

CONDENAÇÃO ETERNA

"(...) não há condenação eterna.

Suponhamos que um indivíduo que em vidas sucessivas vá criando cada vez pior carma.

Chegará ao ponto de sua dívida não poder ser saldada nesta onda evolutiva.

Deixará de seguir para a frente com a presente humanidade e ficará longo período de tempo em inação.

Quando a seguinte onda evolutiva criar nova humanidade, mais jovem que a presente (veremos que à custa do reino animal atual), então esse indivíduo recomeçará em outras condições o seu ciclo de vidas.

Ele atrasou-se por uma corrente de vida.

Isto é a condenação eônica.

'EON' é traduzido erradamente por eterno."

(Alberto Lyra – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 68)


sexta-feira, 22 de julho de 2016

FANATISMO

"Qualquer que seja o movimento ou instituição a que você se filiou, seja político, econômico, filosófico, artístico ou religioso, só merecerá sua permanência e lealdade enquanto não pretender transformá-lo num sectário fanático nos moldes dos que dizem 'somente nós temos razão; somente nós prestamos; os outros estão errados e merecem desaparecer'.

Não aceite tornar-se um robô cheio de ódio e disposto à violência.

Se um movimento ou ideologia apela para a violência, a menor que seja, desde a violência apenas em pensamentos até a física, ela não lhe serve, se é que você se reconhece um investimento de Deus.

Nenhuma ideologia é aceitável, nesta hora da humanidade, se, para triunfar, recorre à violência como um meio. Um meio impuro não pode conduzir a um fim grandioso.

O mundo só precisa é de muito amor.

O mundo precisa de homens lúcidos e livres, e não de fanáticos robotizados.

Só quando totalmente livre de seitas e fanatismos posso Te encontrar."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 129/130)


domingo, 3 de julho de 2016

RELIGIÃO HUMANÍSTICA (PARTE FINAL)

"(...) Disse Swami Vivekananda a respeito do trabalho abnegado: 'É pura tolice da parte de qualquer pessoa supor que veio ao mundo para ajudar a humanidade. Isso não passa de vaidade; isso é egoísmo insinuando-se sob a forma de virtude...

'O desejo de fazer o bem é a mais alta força de motivação que possuímos, caso entendamos que se trata de um privilégio para ajudar os outros. Não te coloques num pedestal elevado, ofertando algumas míseras moedas com as palavras: Tome lá, pobre homem! Mas fica antes agradecido por estar ali o pobre homem, de tal modo que, dando-lhe uma esmola, achas meio de ajudares a ti mesmo. Não é o que recebe o abençoado, mas o que dá. ... O que podemos fazer de melhor? Construir um hospital, abrir estradas, ou erguer asilos de caridade... Uma erupção vulcânica pode arrasar com todas as nossas estradas, hospitais, cidade e edifícios.

'Coloquemos de lado todo esse palavreado tolo de fazer o bem para o mundo. Ele não está à espera nem da minha nem da tua ajuda. No entanto, é preciso que trabalhemos e façamos constantemente o bem, porque se trata de uma bênção para nós mesmos. Esse é o único meio de podermos alcançar a perfeição... Julgamos ter ajudado alguém e esperamos que ele venha nos agradecer; e, por não fazê-lo, enchemo-nos de tristeza. Por que devemos esperar seja lá o que for em troca do que fazemos? Sejas tu agradecido a quem ajudaste, pensa nele como sendo Deus. Não será enorme privilégio poder adorar a Deus através de nosso próximo?

'Não importa o que faças de bom, algum mal haverá de estar-lhe inerente; todavia, não vises a resultados pessoais em tudo quanto fizeres. Abandona todos os resultados a Deus, e então não serás afetado nem pelo bem nem pelo mal.'

A religião não deve ser egoísta nem altruísta e, sim, teocêntrica. Importa que centralizemos nossa mente toda em Deus, e, depois, abrindo nossos braços a todos, abracemos cada um no amor de Deus."

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 130/131)


sexta-feira, 17 de junho de 2016

OS PERIGOS DO CONHECIMENTO MAL EMPREGADO (1ª PARTE)

"Antes que algumas das principais doutrinas da sabedoria Antiga sejam apresentadas, o tema desta parte do trabalho pode ser proveitosamente ampliado. Esse tema, como dito anteriormente, é o de que certos ensinamentos, se compreendidos completamente, podem vir a ser fonte de poderes mágicos. Para preservar e transmitir esse conhecimento que dá poder, foi inventada, por seus descobridores, uma linguagem peculiar. Por meio de pseudo-história, alegoria e símbolo essa informação é simultaneamente revelada e escondida. A falta de percepção humana dos ensinamentos espirituais e ocultos é devido, entretanto, não apenas à dissimulação protetora no interior da escritura e da mitologia, mas também à falta de interesse. A humanidade nesta fase de evolução está naturalmente mais interessada no mundo material, nos seus prazeres e recompensas do que na busca de iluminação interior, para cuja realização, pode-se acrescentar, exige-se certa medida de renúncia. Esportes sangrentos, corridas, jogos de azar, a entrega ao álcool e ao sexo, a obtenção de dinheiro e poder tendem a absorver o interesse do homem, resultando inevitavelmente em pouco espaço em sua mente para a cultura superior e a aspiração ao desenvolvimento espiritual.

Quando, entretanto, uma pessoa desvia-se seriamente das coisas mundanas e volta-se para a verdadeira busca do conhecimento, esse conhecimento sempre será encontrado. Mesmo assim, a plena percepção não pode ser alcançada sem a devida preparação. Da mesma forma como não se pode tirar a eletricidade do ar e usá-la imediatamente, também a iluminação espiritual exige autoeducação e treinamento antes que possa ser descoberta, dominada e usada. Embora certos aspectos da tradição oculta sejam claramente reservados, porque são fontes de grande força que pode ser empregada perniciosamente, a maioria dos homens permanece desinformada porque não busca seriamente o entendimento espiritual nem se mostra pronta para passar pelos treinamentos necessários à obtenção. (...)"

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 51/52)


quarta-feira, 15 de junho de 2016

O UNIVERSO É INTELIGENTE (1ª PARTE)

"A inteligência é imparcial: essa é uma das mais valiosas afirmações dos aforismos de Luz no Caminho  (Ed. Teosófica). O livro indica que a percepção fragmentada não evoca respostas inteligentes. É necessária uma percepção ampla para compreender a fonte dos sérios problemas pessoais e sociais no mundo de hoje.

Não é tarefa fácil definir o que é inteligência. O dicionário Oxford a define como intelecto, compreensão, agilidade na compreensão, sabedoria. The Universal English Dictionary traz, entre outros significados, o 'poder de compreender, perceber, saber, raciocinar e discernir'. Essas definições podem ser valiosas em certos contextos mas de modo algum tocam a percepção holística da qual surgem ações harmoniosas e corretas.

A humanidade alcançou um progresso notável na compreensão dos processos da natureza. O fenomenal desenvolvimento da ciência é resultado da observação e do raciocínio. Contudo, paradoxalmente, o mundo adquiriu problemas profundos e a humanidade colocou-se numa situação caótica e perigosa, por causa da irracionalidade. O que pode ser mais irracional do que tentar alcançar a paz por meio da força, da produção de armamentos e da corrida pelo poder com novas armas de destruição em massa?

Os conceitos por trás do crescimento econômico, lucros cada vez mais elevados e a filosofia do consumismo promovem apetites egoístas e basicamente irracionais. Eles negam qualquer benefício que o poder de raciocínio tenha conferido à humanidade. Haverá alguma verdadeira inteligência em desenvolver inovações, se ao mesmo tempo criamos uma sociedade cheia de atividades autodestrutivas e ambientalmente indesejáveis? Quando se faz uso da inteligência apenas para se obter conhecimento do universo físico, e não para prenunciar paz e boa vontade sobre a terra, talvez isso não seja inteligência de uma ordem mais elevada. (...)"

(Radha Burnier - O universo é inteligente - Revista Sophia, Ano 10, nº 37 - p. 18)


quarta-feira, 25 de maio de 2016

SINTONIA E SABEDORIA (PARTE FINAL)

"(...) No Velho Testamento, em Isaías 55:12, o profeta revela o que acontece quando estamos em sintonia com a natureza: 'As montanhas e as colinas irromperão perante vós cantando, e todas as árvores do campo baterão palmas.' Por meio da meditação profunda alcançamos a alegria e a bem-aventurança, e, em paz, somos naturalmente conduzidos ao campo onde podemos viver a unidade com a natureza. Então montanhas, colinas, rios, lagos, árvores, plantas e flores, todos ganham vida e sua maravilhosa mensagem é percebida.

Rupert Sheldrake, famoso cientista, afirma a existência de um campo mórfico (ou uma ressonância mórfica) entre os animais, e que pode existir também entre os seres humanos e os animais. Podemos perceber a ressonância se nos harmonizarmos uns com os outros, tornando-nos transmissores e receptores, sentindo que somos parte um do outro.

Somos parte de uma família. Quanto mais nos sentirmos assim, em sintonia entre nós e com o universo, mais nos tornaremos exemplos de um novo modo de vida. É importante enfatizar isso ativamente, se quisermos que a humanidade e as outras formas de vida ainda existam sobre a Terra por mais alguns milhões de anos."

(Tom Davis - Sintonia e sabedoria - Revista Sophia, Ano 12, nº 51 - p. 15)


segunda-feira, 23 de maio de 2016

SINTONIA E SABEDORIA (1ª PARTE)

"Estamos numa espaçonave chamada Terra, que se desloca a uma enorme velocidade. Jamais atravessaremos esse mesmo espaço novamente, pelo menos nesta vida. A Terra gira em torno do Sol e o Sol se desloca pelo espaço, com todos os seus planetas e luas, a uma velocidade ainda maior.

Quando pensamos em termos do vasto universo, somos uma partícula sobre a Terra; a Terra é uma partícula na galáxia, e a galáxia uma partícula em meio a milhares de outras galáxias. Isso nos ajuda a compreender que não somos assim tão importantes.

Se a humanidade deseja continuar habitando este planeta por mais alguns milhões de anos, deve cuidar de si mesma. Quando olhamos para os efeitos devastadores do nosso modo atual de vida, percebemos que a humanidade cresce como um câncer sobre a Terra. Para mudar isso, há certas coisas a serem observadas. Primeiramente, temos que estar em sintonia com nós mesmos e com os outros, como condição para estar em sintonia com o universo. Se nos enxergarmos como indivíduos separados dos outros, não poderemos estar em sintonia.

O universo é imenso e complexo. Nós também estamos nos tornando cada vez mais complexos. Temos que ser mais simples no nosso modo de vida, se desejamos entender a complexidade do universo.

No Ocidente, o desenvolvimento religioso dos últimos dois mil anos levou a acreditar que Deus está em algum lugar lá fora, separado de nós, que somos pecadores à Sua vista e que seremos punidos. Esse conceito errôneo nos afastou do contato com nossos verdadeiros eus e da unidade com o universo. (...)"

(Tom Davis - Sintonia e sabedoria - Revista Sophia, Ano 12, nº 51 - p. 15)


sábado, 14 de maio de 2016

MUDANDO O MUNDO

"Gentileza e carinho não podem ser reservados apenas a nossos amigos e parentes. Assim, a sociedade não mudará em nada. Precisamos nos aproximar das pessoas estranhas, não apenas daqueles que se parecem conosco.

Se conseguíssemos que todo mundo realizasse alguns atos de bondade diariamente, poderíamos começar a mudar o mundo. Nossos dias pareceriam mais suaves, acumularíamos pequenas alegrias e nossa esperança no futuro seria reforçada. (...)

Todos os verdadeiros mestres da humanidade, desde o início dos tempos, vêm falando sobre amor e compaixão em nossos relacionamentos e em nossas comunidades. Não desperdiçaram seu tempo nos instruindo sobre como acumular riqueza material em excesso às custas dos outros. Não nos ensinaram a ser maus, autocentrados, rudes ou arrogantes.

O verdadeiro mestre apontará a direção, mostrando o que é importante para nossa evolução espiritual e o que não é importante, o que pode ser um impedimento ou um obstáculo. Cabe a nós traduzir seus ensinamentos em nossa vida cotidiana. Sendo solidários e carinhosos, praticando atos de amor."

(Brian Weiss - A Divina Sabedoria dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 1999 - p. 164/165)


sábado, 30 de abril de 2016

O SOFRIMENTO E A DOR

"O sofrimento e a dor têm funções espirituais, morais e físicas para o homem terrestre. É possível que essa situação não seja a mesma em planetas mais avançados do que o nosso, nos quais existe também humanidade, talvez em outras dimensões. Mas no esquema planetário em que vivemos, eles são por enquanto importantes elementos para a evolução do homem, apesar de não representarem a tendência dos seus eus superiores, como se viu.

O valor espiritual e evolutivo do sofrimento e da dor encontra-se no fato de o homem ser por eles levado a concentrar suas forças mentais em descobrir o motivo que o levou a tê-los, e ser com isso ajudado a desidentificar-se do ego, embora rápida e temporariamente, traz considerável benefício para o Espírito cósmico que habita dentro do homem, que pode assim confirmar nele a verdadeira origem não egóica e não terrestre de sua natureza. Tal processo, repetido sistemática e ciclicamente no decorrer de sua vida, produz transformações profundas e benéficas em sua consciência.

Através da concentração, ainda que momentânea, em um estado que não é do ego humano, a Fé pode descer da quarta dimensão para o eu consciente, e a energia da Vontade-Poder, que nos possibilita manter a ordem, a coragem e a calma, pode manifestar-se. Em situações normais de felicidade, ou de aparente tranquilidade, essa energia, ainda parca para o homem comum, tem menos ocasião de chegar até a área em que ele é consciente; apenas uma necessidade bem maior é capaz de atraí-la."

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 78/79)


quinta-feira, 7 de abril de 2016

A TIRANIA DA INTELIGÊNCIA DERROTANDO A SOBERANIA DA RAZÃO

"A moralidade e o direito nasceram,
Quando o homem deixou de viver
Pela alma do Universo.
Com a tirania do intelecto
Começou a grande insinceridade;
Quando se perdeu a noção da alma,
Foi decretada a autoridade paterna
E a obediência dos filhos.
Quando morreu a consciência do povo,
Falou-se em autoridade do governo
E lealdade dos cidadãos.

EXPLICAÇÃO: A tirania do ego intelectual sobre o Eu racional é a raiz do caos e da infelicidade da humanidade. O ego intelectual, sendo unilateral, causa desequilíbrio na vida humana, ao passo que o Eu racional (espiritual), sendo onilateral, crea perfeita harmonia na vida. 

A evolução do homem começa nos sentidos, passa pela inteligência e culmina na razão, no Lógos, - ou, segundo Teilhard de Chardim, a trajetória evolutiva do homem vai da hilosfera (material) pela biosfera (vital) e noosfera (intelectual) e culminará, um dia, na logosfera (racional) estágio representado, no planeta Terra, pelo Cristo, que, no quarto Evangelho é chamado o Lógos (Razão).

O direito, sinônimo de egoísmo, creado pela inteligência, é, segundo um jurista romano, o maior inimigo da justiça, homônimo de Verdade e Amor. Summum ius - summa iniuria. 

A humanidade não atingiu ainda o zênite da sua evolução, porque é ainda dominado pelo ego do Anticristo, e não pelo Eu do Cristo.

'Por Moisés foi dada a lei (direito do ego) - pelo Cristo veio a Verdade, veio a Graça (justiça do Eu).

Lao-Tse usa os termos 'alma' e 'consciência' para designar a Razão ou o Espírito do Eu central."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 63/64)


domingo, 14 de fevereiro de 2016

SOFRIMENTO - CRÉDITO (2ª PARTE)

"(...) Jesus nunca afirma haver sofrido para pagar pelos pecados da humanidade, como dizem os teólogos humanos.

Na Epístola aos Filipenses, Paulo de Tarso atribui esta evolução ao próprio Cristo cósmico, quando escreve: 'Ele (o Cristo), que estava na glória de Deus, não julgou dever aferrar-se a essa divina igualdade; mas esvaziou-se dos esplendores da Divindade e se revestiu de forma humana, tornando-se servo, vítima, crucificado; e por isto Deus o super-exaltou e lhe deu um nome superior a todos os nomes, de maneira que, em nome do Cristo, se dobrem todos os joelhos das creaturas celestes, terrestres e infraterrestres; e todos proclamam que ele é o Senhor'. 

Paulo parece pois admitir um sofrimento-crédito no próprio Cristo, de maneira que o Cristo se elevou a um super-Cristo.

Aliás, toda e qualquer creatura é ulteriormente evolvível, e Paulo escreve que o Cristo é o 'primogênito de todas as creaturas, não terrestres, mas cósmicas'.

Todo o sofrimento-crédito é compatível com sofrimento débito. 

Pode alguém sofrer por débitos próprios, quando os tem, ou por débitos alheios, quando não tem débito próprio, e ao mesmo tempo aumentar o seu crédito próprio. (...)" 

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 30)

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

LIVRE-ARBÍTRIO: A MAIOR DÁDIVA DE DEUS

"Podemos dizer que Deus não fez a Terra só como um passatempo, mas também porque queria fazer almas perfeitas que evoluiriam de volta a Ele. Embora as tenha enviado sob a capa da ilusão ou maya. Ele lhes concedeu a liberdade. Esta é a maior dádiva de Deus. Ele não negou à humanidade o mesmo livre-arbítrio que Ele Próprio tem. Concedeu ao ser humano a liberdade de ser bom ou mau; fazer o que quiser - até mesmo de negar a Deus. O bem e o mal existem, mas ninguém o obriga a ser mau, a não ser que você escolha praticar o mal; e ninguém o obriga a ser bom, a não ser que você queira ser bom. Deus nos criou com a capacidade de exercer Suas dádivas de inteligência e livre-arbítrio, com as quais podemos escolher voltar para Ele. Deus certamente nos aceitará de volta quando estivermos prontos. Somos como o filho pródigo da Bíblia, e Deus nos chama continuamente de vola a Casa. 

Ser bom, ser feliz e encontrar Deus deveria ser o ideal de toda vida humana. Você jamais será feliz enquanto não O encontrar. É por isso que Jesus disse: 'Buscai primeiro o reino de Deus'.¹ Este é o propósito da existência: que nos esforcemos para ser bons e perfeitos e que nos esforcemos para usar o livre-arbítrio e escolher o bem em vez do mal. Deus nos deu todo o poder necessário para isso. A mente é como um elástico. Quanto mais você puxa, mais ele estica. O elástico da mente nunca arrebenta. Sempre que sentir alguma limitação, feche os olhos e diga mentalmente: 'eu sou o Infinito', e verá o poder que você tem.

Nenhuma alegria dos sentidos e nenhuma alegria de posse pode se comparar à alegria divina. Embora Deus tivesse tudo de eternidade a eternidade, Ele começou a pensar: 'Sou onipotente e sou a própria Alegria, nas não há ninguém mais para desfrutar de Mim.' E pensou enquanto começava a criar: 'Farei almas à Minha imagem e vou vesti-las como seres humanos com livre-arbítrio, para ver se procurarão as Minhas dádivas materiais e as tentações do dinheiro, do álcool e do sexo; ou se buscarão a alegria da Minha consciência, que é bilhões de vezes mais inebriante.' O que me dá mais satisfação é o fato de Deus ser mais justo e correto. Ele concedeu liberdade ao ser humano para que aceitasse o amor divino e vivesse em alegria divina ou para que jogasse isso fora e vivesse em ilusão, ignorando-O.

Embora todas as coisas criadas pertençam a Deus, há uma coisa que ele não tem: o nosso amor. Quando nos criou, Deus tinha um objetivo: o nosso amor. Podemos negar-Lhe este amor ou entregá-lo a Ele. E Deus esperará infinitamente, até estarmos prontos a oferecer-Lhe o nosso amor. Quando isso acontecer - quando o filho pródigo voltar para casa -, o bezerro cevado da sabedoria será abatido e haverá muita alegria. Quando uma alma volta a Deus há realmente muito júbilo ente todos os santos nos céus. Este é o significado da parábola do filho pródigo contada por Jesus."

¹ Mateus 6:33.

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 46/47)


sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

MINHA ORAÇÃO PARA VOCÊS

"Minha oração para cada um de vocês, neste ano novo, é que possam alcançar seus mais elevados e nobres objetivos na senda espiritual. Vocês que buscam o amor divino, que o encontrem; vocês que procuram a compreensão, não a busquem nos relacionamentos humanos, mas Nele, que é a Fonte da Compreensão; vocês que procuram força, ou coragem, ou humanidade, possam ir até o único grande Professor que pode ajudá-los a conquistar essas qualidades, que pode despertar a divindade adormecida dentro de vocês, para que possam contemplar-se como autênticos filhos de Deus. Lembro-me de escutar a exortação de nosso abençoado Guru no ano novo: 'Despertem, não durmam mais! Despertem, não durmam mais! Despertem, não durmam mais!'

O caminho da paz, da alegria, da felicidade e do amor divino está em manter a consciência centrada em Deus, repousada em Deus. Concentre-se em uma ideia: Deus apenas. 'Tu és minha Estrela Polar; em Ti eu vivo, me movo, respiro e existo. Nada mais procuro, exceto Te amar e servir.' Faça dessa a sua oração constante no novo ano.

Concentre-se noite e dia em Deus, e embriague-se com o amor Dele. Só Ele é real. Em Seu amor está a sabedoria, a humildade, a alegria, a compaixão, a compreensão e a realização. Que cada um de nós possa buscar esse amor com mais seriedade.

Medite mais profundamente e faça um esforço para servir a Deus com maior disposição, com maior consciência e concentração. Não basta apenas servir; considerando isso um grande privilégio, sirva com entusiasmo, alegria e amor no coração. Cantando canções de devoção a Deus, levemos conosco essa jubilosa consciência durante todos os dias do ano novo, para que possamos encerrar o ano como começamos: pensando apenas Nele."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 95/96)

sábado, 19 de dezembro de 2015

A ESPIRITUALIDADE E O FEMININO (PARTE FINAL)

"(...) Durante toda a vida busquei o motivo para a identificação do masculino com a espiritualidade máxima e as características que estariam ligadas à espiritualidade feminina. A busca histórica revelou os arquétipos que foram construídos através dos tempos. Descobri que a primeira concepção humana de Deus foi feminina. Nos cantos mais distantes da Terra, onde surgiram as mais antigas civilizações, lá está a Deusa-Mãe. Ainda que rudemente talhada por uma civilização nascente, a Mãe, o maior arquétipo de todos, é a divindade máxima. É dela que vêm os seres, e é para ela que retornam. A mulher, sua sacerdotisa, é a conexão do mundo físico com o mundo divino, a representante da Deusa-Mãe, pois é através dela que os seres nascem. A vida, sua concepção e morte, tudo é um grande mistério. O céu estrelado é o manto da Mãe, as árvores, plantas, frutos e animais são o seu reino, os seus símbolos. Ela lida com a terra e descobre os segredos das plantas, inventa a medicina. 

O reinado feminino acaba quando o homem descobre o seu papel na fecundação e perde o medo de impor as regras pela força física, mas o símbolo da mulher permanece nas deusas de todas as civilizações onde há uma representação divinizada do feminino. As madonas são a expressão do amor que cada mãe dedica aos seres que coloca no planeta. As madonas negras demonstram a antiguidade do culto, lembrando a terra e uma humanidade que, segundo a ciência, nasceu negra. O papel da mãe na família é fundamental. Sua reza acompanha e guarda os filhos em segurança. É a proteção segura do amor verdadeiro e dedicado, verdadeira magia, incontestável. 

Um outro aspecto do feminino na espiritualidade é a dedicação ao outro, uma expansão do amor materno voltado para a caridade e para o próximo. Um exemplo recente é Madre Teresa de Calcutá, cuja importância do trabalho realizado para os necessitados foi reconhecida até por grupos religiosos não católicos, mesmo os que não costumam dar espaço às mulheres. Ela representa outro importante arquétipo do feminino que sempre foi respeitado e aceito, levado à sua expressão máxima e indiscutível. 

Outro arquétipo é o da beleza; existem deusas que representam esse aspecto. Apesar de ter sido explorado na sua expressão mais física em templos da antiguidade, onde havia a 'prostituição sagrada' em benefício dos templos, o conceito de beleza e de sabedoria está ligado ao feminino. Sócrates descreve o ensinamento que recebeu da sacerdotisa Diotima sobre a busca da beleza, em que o interesse humano é despertado pelos dotes físicos, cresce em direção à contemplação da beleza da alma, dos belos ideais, chegando à realização da beleza em si e à descoberta da divindade. Deusas representam as artes, a sabedoria e a beleza na Grécia, em Roma, na Índia e outros lugares do mundo."

(Regina Celi Medina - A espiritualidade e o feminino - Revista Sophia, Ano 11, nº 43 - p. 15/16)