OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 13 de setembro de 2016

INDEPENDÊNCIA

"'Independência ou morte!' - foi um slogan virilmente proposto pelo Príncipe D. Pedro, Regente do Brasil, ao declarar-se pela independência dos brasileiros, sacudindo, assim, a opressão exercida pelas cortes de Lisboa.

Este lema continua válido hoje e sempre o será quando aplicado à sagrada campanha que obrigatoriamente todos temos de encetar contra todas as formas de dependência, sujeição e opressão que sobre nós se façam.

O lema contém um dilema: ou independência, ou a morte!

Por quê?

Porque quem se submete a uma dependência está morto. Dependência é sinônimo de morte, como independência é sinônimo de Vida. Nascemos e vivemos para libertar-nos de todos os tiranos, de todas as pessoas, vícios, condicionamentos, fraquezas, todos os dogmas, preconceitos, fanatismos, ilusões, limitações, erros, imperfeições, obsessões, intoxicações... que nos submetem, reduzem, escravizam, diminuem, esmagam; temos que nos libertar de todas as sujeições, submissões, esmagamentos, deturpações, subserviências... É para isto que estamos aqui, existindo.

Há uma tirana cuja existência nutre todos os outros tiranos que nos esmagam. O nome dela é ignorância. Libertemo-nos da ignorância, e então viveremos.

Só 'a Verdade vos libertará'."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 62)


quinta-feira, 18 de agosto de 2016

CUMPRA O PRÓPRIO DEVER

"(3:35) Cumprir o próprio dever, mesmo sem sucesso, é melhor que cumprir com êxito o dever alheio. Mais vale morrer tentando realizar o que nos compete do que assumir as obrigações dos outros (sejam elas embora mais fáceis e seguras), pois esse caminho está semeado de perigos e incertezas.

O dever supremo de todo homem consiste, é claro, em encontrar o Eu único: Deus. Mas o caminho de uma pessoa para Deus pode ser muito diferente do caminho das outras e de quaisquer caminhos que as outras lhe imponham. Se ela não tiver um guru autêntico para lhe apontar a melhor direção, deverá seguir a voz interior que lhe sussurra: 'É por ali que deves ir a fim de conquistar a verdadeira liberdade.' O repúdio a qualquer envolvimento posterior com maya é o critério sumpremo da virtude. Podemos exclamar, por equívoco: 'Mas sinto mais alegria quando caminho rumo à satisfação dos sentidos!' Se não vivenciamos ainda a alegria divina, podemos com a maior facilidade ser ludibriados pela mera excitação dos prazeres sensuais. Há também quem diga, erroneamente: 'Todavia, quando contemplo esta mulher (ou este homem), sinto um amor profundo. Ora, um sentimento assim deve ser legítimo!' O resultado, na sequência das várias peripécias entre um nascimento e outro, muitas vezes leva esses entusiastas para bem longe de seus primeiros arroubos de paixão! A liberdade interior é, pois, o guia moral mais confortável. Pergunte a si mesmo: 'Encontrarei a liberdade no deleite desta contemplação? Sentir-me-ei livre nos anseios deste amor?'

A pergunta seguinte será, é claro: 'De que me sentirei livre?' Libertação do acicate do desejo não é libertação; é apenas alívio passageiro! A sensação de liberdade deve ser calma e garantir a plenitude interior. Ainda assim, como desabafou certa vez Yogananda, 'As pessoas são tão hábeis em sua ignorância!' Nem sempre convém à gente comum confiar demais em seu próprio tirocínio. A necessidade suprema de todo aquele que busca com sinceridade é a orientação de um guru autêntico.

Como fará para reconhecer seu dever principal quem não conta com essa bênção nem, talvez, anseia tanto por Deus? O único recurso é perguntar a si mesmo: 'Dar-me-á ele maior liberdade interior e a sensação de ter feito o que era certo para mim?'"

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 176/177


terça-feira, 9 de agosto de 2016

AGIR PELA NÃO INTERFERÊNCIA

"Não exaltes os homens eminentes,
Para que não surja rivalidade entre o povo.
Não exibas os tesouros raros,
Para que o povo não os ambicione.
Não despertes as cobiças,
Para que as almas não sejam profanadas.
O governo do sábio não desperta paixões,
Mas procura manter o povo na sobriedade,
E dar-lhe as coisas necessárias.
Não lhe oferece erudição,
Mas dá-lhe cultura do coração.
O sábio governa pelo não agir.
E tudo permanece em ordem.

EXPLICAÇÃO: É importante manter a distância entre o governo e o povo. A democracia meramente horizontal é autodestruidora. Deve haver, na democracia, um princípio de hierarquia, de desnível, de ectropia; do contrário, o nivelamente entre governante e governados degenera em entropia paralizante - como um lago que não move uma turbina, porque lhe falta o desnível ectrópico da cachoeira. Sendo que o governo meramente democrático é o regime de ego para ego, sem nenhuma referência ao Eu, toda a democracia, sendo liberdade sem autoridade, acaba fatalmente num caos centrífugo, por falta de um princípio de coesão centrípeta. Verso sem Uno dá caos - somente Verso regido pelo Uno dá harmonia.

Este capítulo visualiza o futuro da democracia em forma de cosmocracia, que é igualmente horizontal com desigualdade vertical. O governo não pode ser simplesmente um cidadão democrático, mas deve revestir-se também de algo hierárquico ou cósmico.

A 'Politeia' (República de Platão, advoga, basicamente, esse mesmo princípio de entropia ectrópica, de nível compensado pelo desnível, de horizontalidade sublimada pela verticalidade."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 30/31)


sexta-feira, 22 de julho de 2016

FANATISMO

"Qualquer que seja o movimento ou instituição a que você se filiou, seja político, econômico, filosófico, artístico ou religioso, só merecerá sua permanência e lealdade enquanto não pretender transformá-lo num sectário fanático nos moldes dos que dizem 'somente nós temos razão; somente nós prestamos; os outros estão errados e merecem desaparecer'.

Não aceite tornar-se um robô cheio de ódio e disposto à violência.

Se um movimento ou ideologia apela para a violência, a menor que seja, desde a violência apenas em pensamentos até a física, ela não lhe serve, se é que você se reconhece um investimento de Deus.

Nenhuma ideologia é aceitável, nesta hora da humanidade, se, para triunfar, recorre à violência como um meio. Um meio impuro não pode conduzir a um fim grandioso.

O mundo só precisa é de muito amor.

O mundo precisa de homens lúcidos e livres, e não de fanáticos robotizados.

Só quando totalmente livre de seitas e fanatismos posso Te encontrar."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1995 - p. 129/130)


segunda-feira, 20 de junho de 2016

AÇÕES E NÃO PALAVRAS

"De nada serve ler algo, reconhecer que é verdade, e estimar sua exatidão a distância. Para que a leitura nos seja proveitosa, terá que ser mais que um ensino teórico; terá que ser uma prática. E assim, nas páginas seguintes, trataremos de fazer o experimento não só de reconhecer que nossa verdadeira consciência é o Ego, mas de realmente desembaraçar essa consciência das limitações que a aprisionam e transportá-la, depois de livre, para o mundo do divino contentamento e liberdade a quem pertence. 

Já é quase uma banalidade dizer que aquilo que necessitamos em nossos tempos são obras e não palavras; no entanto, é uma profunda verdade que se tem de divulgar em livros e conferências, nos quais o escritor ou o orador não se limitem a escrever ou dizer o que possa ou não ser apreciado por seu público, mas que empreendam juntamente com seus leitores ou ouvintes uma expedição aos reinos do desconhecido, em que um conduza e os demais acompanhem, porém que todos caminhem por seu próprio impulso.

Assim, nossas palestras deveriam ser conferências de ação; e nossos livros, livros de ação; e os ouvintes e leitores deveriam experimentar em sua própria consciência o que ouvirem e lerem.

Procedamos dessa forma em nosso intento de nos conhecermos tal como verdadeiramente somos. Não devemos ler essas páginas objetivamente, como quem contempla um espetáculo externo, mas procurando nos identificar com o que é tratado e incorporando à nossa consciência aquilo que é lido."

(J.J. Van Der Leeuw - Deuses no Exílio - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 22)


quarta-feira, 4 de maio de 2016

CONTROLE DA MENTE E AÇÃO CORRETA (1ª PARTE)

"O problema da mente e da segurança só pode ser abordado com a compreensão do processo de modificação da mente. A mente e suas modificações são o tema central do raja yoga. Isso é conhecido como 'controle da mente'. Mas o que é uma mente controlada? É uma mente flexível e sensível. Uma mente estreita, rígida, fechada, obviamente que não é uma mente controlada. Pode parecer paradoxal, mas uma mente controlada é na verdade uma mente livre. Enquanto a mente tiver seus próprios comprometimentos e embaraços, ela não é livre. São esses comprometimentos e embaraços que a tornam incontrolável. Uma mente controlada não pode ter quaisquer interesses. Ela é um instrumento perfeito, um canal sem mácula. 

Existem dois pré-requisitos para um canal efetivo - ele não deve ter vazamentos e deve ser totalmente vazio. Como disse o grande filósofo chinês Lao Tzé, a utilidade de uma porta está no espaço vazio. De modo semelhante, a utilidade de um canal está na sua vacuidade, Patañjali diz, nos Yogas Sutras, que o yoga é o cessar das ondas de pensamentos na mente (vide livro A Ciência do Yoga. I. K. Taimni, Ed. Teosófica). Somente quanto a mente está aquietada é que nela se pode ver um claro reflexo do ser. Só a mente quieta pode ser uma mente verdadeiramente controlada. Somente na quietude da mente é que o sussurro da alma pode ser ouvido. O autoconhecimento não é possível sem a quietude. É aqui que a ciência da meditação vem em nosso auxílio.

De acordo com Patañjali e outras autoridades do yoga, a meditação é a condição onde cessa todo o movimento da mente. A meditação é um processo composto, com diferentes graus de percepção. O autoconhecimento é a percepção de nós mesmos no nível mais profundo. Uma vez que a meditação nos ajuda a chegar ao autoconhecimento, ela é um processo de aprofundamento da percepção. Os livros hindus sobre yoga mencionam quatro estados de consciência - os estados de crescente percepção: vigília, sonho, sono profundo e o estado transcendental.

É óbvio que a mente deve chegar primeiro ao estado de vigília, que é o estado de percepção com escolha. Ali a mente explora todas as escolhas referentes a uma situação. Quando ela não consegue mais perceber escolhas e alternativas, chega ao estado de sonho, que pode ser descrito como percepção sem escolha. (...)"

(Rohit Mehta - Yoga prático - Revista Sophia, Ano 9, nº 36 - p. 8


quinta-feira, 14 de abril de 2016

A DESCOBERTA DA ESPIRITUALIDADE (PARTE FINAL)

"(...) Quando a vivência religiosa atua positivamente na geração da qualidade espiritual da consciência, o faz através de exemplos e ensinamentos libertadores, que geram um entendimento da realidade que é inspirador e induz à ação e ao aprofundamento. A qualidade espiritual da consciência, então, cresce firmemente gerando harmonia à sua volta e distribuindo aos mais próximos a inspiração que a alimenta. 

No entanto, quando a prática religiosa suprime a espiritualidade, surgem estados de fanatismo e credulidade, julgamentos arrogantes em relação ao diferente, domínio sobre a consciência de outros, supressão da autonomia e da liberdade de pensamento, perda da espontaneidade e propensão a representar papéis de superioridade. Nesse caso, a vivência religiosa pode gerar grande prejuízo nas relações interpessoais e desestabilizar interiormente seus praticantes. Impossibilitados de contar de forma autônoma com seus recursos interiores, já que sua liberdade mental e discernimento são vistos com desconfiança, tornam-se cada vez mais dependentes de figuras externas de autoridade. 

Uma interessante definição de espiritualidade foi dada por Annie Besant, uma ativista social que viveu no final do século XIX e começo do século XX, e que se tornou teosofista após conhecer a fundadora do movimento teosófico, Helena Blavatsky. Besant afirmou que espiritualidade é a percepção da unidade. O conceito de unidade remete a ensinamentos antigos presentes em muitas tradições, e afirma que existe uma realidade última que está na origem do mundo manifestado, onde todas as coisas estão conectadas e compartilham da mesma natureza e origem.

A noção de interdependência, presente no paradigma sistêmico que surgiu da física de partículas e que rapidamente domina os mais diversos cenários atuais da ciência, confirma esse antigo axioma. Do ponto de vista da consciência, portanto, a espiritualidade implica em ultrapassar o pensar discriminativo. No entanto, isso é insuficiente para a compreensão do que Annie Besant procurou mostrar."

(Marco Aurélio Bilibio Carvalho - A descoberta da espiritualidade - Revista Sophia, Ano 9, nº 33 - p. 6/7)


sexta-feira, 8 de abril de 2016

DEIXA DE SER BESOURO ESTONTEADO!

"Por que é que esbarras sem cessar contra as vidraças da janela fechada, besouro estonteado?

Não sabes que esse vidro é duro demais para teu crânio?

O que acabará em pedaços não será o vidro, mas sim tua cabeça.

Ou perecerás de fome e exaustão no peitoril da janela.

Olha para o lado? Não vês essa porta aberta de para em par?

Por que não renuncias a essa louca teimosia de querer passar onde não há passagem, e desprezas o caminho aberto?

O besouro estonteado, porém, continuou a esvoaçar furiosamente contra a vidraça da janela fechada.

Não quis saber da porta indicada por outrem - só quis saber da janela descoberta por ele mesmo.

Esse insipiente sabichão ...

Esse teimoso egoísta cerebral ...

E tanto voou, e tanto esbarrou, e tanto se cansou que, finalmente, tombou, exausto e semimorto, no peitoril da janela.

Onde agonizou por mais um dia - e morreu ...

Morreu na prisão, a dois palmos da liberdade ...

*     *     *

Por que tentas, minha alma, abrir o teu caminho, quando está largamente aberto o caminho dele?

Dele, que é o caminho, a verdade e a vida? ...

Nunca ninguém achou a Deus, nem nunca ninguém achará a Deus - Deus, porém, pode achar o homem, suposto que o homem seja achável ...

Torna-te achável - e Deus te achará!

Despega o olhar da janela fechada do teu pequeno Eu humano e volta-o para a porta aberta do grande Tu divino!

E deixarás a escravidão que encontraste, ganhando a liberdade que te é oferecida ...

A 'gloriosa liberdade dos filhos de Deus' ..."

(Huberto Rohden - Imperativos da vida - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1983 - p. 35/36)


quarta-feira, 6 de abril de 2016

O SIGNIFICADO DIVINO POR TRÁS DOS RELACIONAMENTOS HUMANOS (PARTE FINAL)

"(...) Considero que, antes de duas pessoas se casarem e antes de terem filhos, a lei devia exigir que fossem para uma escola onde aprendessem a arte do comportamento correto. Quando uma pessoa foi espiritual e psicologicamente educada para conhecer um pouco da natureza humana e a arte de se relacionar bem com os outros, existe então possibilidade de uma vida familiar feliz, harmônica e espiritualmente progressiva. A alma floresce em tal relacionamento iluminado. 

Os seres humanos fracassam em seus relacionamentos pessoais quando deixam de ter respeito um pelo outro; o marido pela mulher, a mulher pelo marido, os filhos pelos pais e os pais pelos filhos. Os relacionamentos humanos se deterioram quando falta a amizade. Sem amizade, o amor entre marido e mulher, filhos e pais, é logo destruído. A amizade dá liberdade à outra pessoa para expressar a si mesma e à sua própria identidade única.

Quando existe completo entendimento e comunicação entre duas almas, há amizade autêntica e amor verdadeiro. Quando as pessoas aprendem a conservar a amizade, o respeito e a consideração em seus relacionamentos maritais, paternais, maternais e outros, nunca abusarão um do outro nem se magoarão por causa de tal abuso.

Você pode dizer: 'Sim, seria ideal se meu esposo (ou esposa, ou filhos) fizesse justamente isso!' Por que não começar por você? Faça sua parte; deixe os outros nas mãos de Deus.

Sempre voltamos para o mesmo ponto: é preciso começar com você primeiro." 

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 59/60)


segunda-feira, 4 de abril de 2016

AUSÊNCIA DE DESEJOS

"'Se eu não tivesse desejos', perguntou um membro da congregação, 'será que eu perderia toda a minha motivação? Será que eu não acabaria me tornando uma espécie de autômato humano?'

'Muitas pessoas pensam assim', replicou Yogananda. 'Elas pensam que não teriam mais interesse na vida. Entretanto, não é isso o que acontece. Em vez disso, você haveria de achar todas as coisas na vida infinitamente mais interessantes.

'Pense no aspecto negativo do desejo. Ele faz com que você fique sempre receoso. 'E se isso acontecer?', você pensa; ou: 'E se isso não acontecer?'; você vive num estado de contínua ansiedade quanto ao futuro, ou de pesar com relação ao passado.

'O desapego, por outro lado, o ajuda a viver constantemente num estado de liberdade e de felicidade. Quando você puder ser feliz no presente, você estará apto a encontrar Deus.

'Livrar-se dos desejos não lhe tira nenhuma motivação. Longe disso! Quanto mais você vive em Deus, mais profunda é a alegria que você sente ao servi-Lo.'"

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 94)


domingo, 6 de março de 2016

O HOMEM PODE DOMINAR AS CIRCUNSTÂNCIAS

"Há necessidade de ser adiantado aqui o princípio da modificação do carma pelas ações intermediárias executadas antes que as causas tenham tido tempo de produzir plenamente seus efeitos. Quaisquer que sejam as ações de alguém no passado - boas ou más em vários graus -, as reações que produzem não devem ser consideradas como um destino inescapável ou um peso morto para o qual não há alívio. Tanto os indivíduos como as nações, por intermédio de suas ações subsequentes, estão constantemente modificando a operação da lei sobre si mesmos. Desse modo, nem indivíduos nem nações estão imobilizados por suas ações passadas. Nem tudo está irrevogavelmente destinado. O homem pode controlar as circunstâncias e fazer de cada experiência uma oportunidade para um reconfortante começo, não importa quanto o passado possa pesar sobre ele. Pode superar o domínio da lei aprendendo a trabalhar com ela.

A lei civil é um inimigo para o criminoso porque ela o reprime, restringindo a expressão de suas tendências criminosas. Para o bom cidadão, entretanto, a mesma lei é uma garantia de segurança; não é um inimigo, mas um amigo; não é uma fonte de restrição, mas um preservador da liberdade. Essa também é a verdade da lei universal de causa e efeito. Para a pessoa egoísta, sem lei e cruel, ela traz castigo, retribuição na forma de uma reação apropriada para cada ação que produz sofrimento. Para as pessoas bondosas, cumpridoras da lei e altruístas, a lei confere saúde, felicidade e liberdade. Outrossim, cada ação útil, executada antes que os seus efeitos tenham tido tempo de se concretizar, reduz e pode mesmo neutralizar as adversidades iminentes. Resumidamente, tal é o princípio da modificação do carma humano. Há, desse modo, uma alquimia espiritual por meio da qual os infortúnios que resultam de ações motivadas pelo egoísmo podem ser diminuídos ou mesmo anulados. Essa alquimia é realizada pelo autopurificação, autodisciplina e execução de obras motivadas pelo amor universal não possessivo."

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 58/59)

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2016

A CONQUISTA DA LIBERDADE PELA VONTADE (PARTE FINAL)

"(...) Para todos os efeitos, não temos livre-arbítrio - ele está apenas no processo de formação; e só estará formado quando o Ser tenha dominado completamente seus veículos e os use para seus próprios propósitos; quando cada veículo for apenas um veículo, completamente responsivo a cada impulso seu, e não um animal que se debate, indomado, com desejos próprios. Quando o Ser tiver transcendido a ignorância, subjugando hábitos que são as marcas da ignorância passada, então é livre. E assim será compreendido o significado do paradoxo, ‘em cujo serviço está a perfeita liberdade’, pois compreenderá que não existe separação, que não existe vontade desagregada, que em virtude de nossa Divindade inerente nossa vontade é parte da Vontade Divina, que foi ela que nos deu, ao longo de nossa evolução a força para seguir adiante, e que a compreensão da Vontade una é a realização da liberdade.

Foi ao longo dessas linhas de pensamento que alguns encontraram o fim da antiga controvérsia entre livre-arbítrio e determinismo. Mesmo reconhecendo a verdade pela qual lutou o determinismo, também preservaram e justificaram o sentimento inerente: ‘Eu sou livre, não escravo’. Essa ideia da energia espontânea, do poder espontâneo oriundos dos recessos internos de nosso ser, está baseada na própria essência da consciência, sobre o ‘eu’ que é o Ser - aquele Ser que, por ser divino, é livre."

(Annie Besant - Um estudo sobre a Consciência - Ed. Teosófica, Brasília - p. 234/235)


quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016

A CONQUISTA DA LIBERDADE PELA VONTADE (1ª PARTE)

"É inútil falar de livre-arbítrio em um homem que é escravo dos objetos à sua volta. Ele é um eterno escravo, não consegue exercer escolhas; pois embora possamos pensar que tal pessoa elege seguir o caminho ao longo do qual as atrações o arrastam, na verdade não está havendo escolha nem pensamento de escolha. Enquanto as atrações e repulsões determinarem o caminho, qualquer discurso sobre liberdade é vazio e tolo. Muito embora um homem sinta que está escolhendo o objeto desejado, o sentimento de liberdade é ilusório, pois ele é atraído pela atividade do objeto e tem dentro de si, o anseio pelo prazer. Ele tem tanta - ou tão pouca - liberdade de movimento quanto o ferro em presença de um ímã. O movimento é determinado pela força do ímã e pela resposta da natureza do ferro à sua atração. (...)

Vendo então que a vontade é determinada pelo motivo condicionado a partir dos limites da matéria que envolve o Ser separado, e pelo Ser de quem é parte o Ser exercendo a vontade - o que queremos dizer por ‘livre-arbítrio’? Certamente queremos dizer que a vontade é determinada a partir do interior; a escravidão, a partir do exterior. A vontade é livre quando o Ser, querendo agir, extrai seu motivo de volição de fontes que estão dentro dele mesmo, sem ser posto a agir por motivos atuando sobre ele a partir de fontes externas. (...)"

(Annie Besant - Um estudo sobre a Consciência - Ed. Teosófica, Brasília - p. 230/233)


segunda-feira, 8 de fevereiro de 2016

LIVRE-ARBÍTRIO: A MAIOR DÁDIVA DE DEUS

"Podemos dizer que Deus não fez a Terra só como um passatempo, mas também porque queria fazer almas perfeitas que evoluiriam de volta a Ele. Embora as tenha enviado sob a capa da ilusão ou maya. Ele lhes concedeu a liberdade. Esta é a maior dádiva de Deus. Ele não negou à humanidade o mesmo livre-arbítrio que Ele Próprio tem. Concedeu ao ser humano a liberdade de ser bom ou mau; fazer o que quiser - até mesmo de negar a Deus. O bem e o mal existem, mas ninguém o obriga a ser mau, a não ser que você escolha praticar o mal; e ninguém o obriga a ser bom, a não ser que você queira ser bom. Deus nos criou com a capacidade de exercer Suas dádivas de inteligência e livre-arbítrio, com as quais podemos escolher voltar para Ele. Deus certamente nos aceitará de volta quando estivermos prontos. Somos como o filho pródigo da Bíblia, e Deus nos chama continuamente de vola a Casa. 

Ser bom, ser feliz e encontrar Deus deveria ser o ideal de toda vida humana. Você jamais será feliz enquanto não O encontrar. É por isso que Jesus disse: 'Buscai primeiro o reino de Deus'.¹ Este é o propósito da existência: que nos esforcemos para ser bons e perfeitos e que nos esforcemos para usar o livre-arbítrio e escolher o bem em vez do mal. Deus nos deu todo o poder necessário para isso. A mente é como um elástico. Quanto mais você puxa, mais ele estica. O elástico da mente nunca arrebenta. Sempre que sentir alguma limitação, feche os olhos e diga mentalmente: 'eu sou o Infinito', e verá o poder que você tem.

Nenhuma alegria dos sentidos e nenhuma alegria de posse pode se comparar à alegria divina. Embora Deus tivesse tudo de eternidade a eternidade, Ele começou a pensar: 'Sou onipotente e sou a própria Alegria, nas não há ninguém mais para desfrutar de Mim.' E pensou enquanto começava a criar: 'Farei almas à Minha imagem e vou vesti-las como seres humanos com livre-arbítrio, para ver se procurarão as Minhas dádivas materiais e as tentações do dinheiro, do álcool e do sexo; ou se buscarão a alegria da Minha consciência, que é bilhões de vezes mais inebriante.' O que me dá mais satisfação é o fato de Deus ser mais justo e correto. Ele concedeu liberdade ao ser humano para que aceitasse o amor divino e vivesse em alegria divina ou para que jogasse isso fora e vivesse em ilusão, ignorando-O.

Embora todas as coisas criadas pertençam a Deus, há uma coisa que ele não tem: o nosso amor. Quando nos criou, Deus tinha um objetivo: o nosso amor. Podemos negar-Lhe este amor ou entregá-lo a Ele. E Deus esperará infinitamente, até estarmos prontos a oferecer-Lhe o nosso amor. Quando isso acontecer - quando o filho pródigo voltar para casa -, o bezerro cevado da sabedoria será abatido e haverá muita alegria. Quando uma alma volta a Deus há realmente muito júbilo ente todos os santos nos céus. Este é o significado da parábola do filho pródigo contada por Jesus."

¹ Mateus 6:33.

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 46/47)


sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

TENTAÇÃO

"Se você se encontra tentado para um vício, ou seja, para iniciar-se em bebidas alcoólicas, jogo de azar, cigarro, tóxico, perversão erótica, roubo e coisas assim, saiba que está numa terrível encruzilhada.

De um lado, o caminho largo da autogratificação, do gozo, da irresponsabilidade, da facilidade inicial... Do outro, o caminho estreito, do autocontrole, da disciplina, da purificação, da elevação, da sublimação...

O caminho largo, efetivamente, é muito mais sedutor. Mas não ceda. Ele conduz às 'trevas exteriores, ao choro e ranger de dentes', isto é, à doença, à miséria, à escravidão, à loucura, ao inferno.

O caminho estreito é desafiador, difícil, exigindo esforço e abnegação, sacrifício e retidão. Mas conduz à liberdade, à saúde, à força, à paz, à salvação.

É você quem deve decidir. É você também aquele que vai ser esmagado ou glorificado. Assuma a responsabilidade, e faltando coragem, recorra a Deus. Opte: dor ou felicidade.

Assume, Senhor, minhas opções e fortalece-me para que eu vença e avance pelo estreito caminho da redenção."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, rio de Janeiro, 1995 - p. 125/126)


domingo, 24 de janeiro de 2016

HÁBITOS DESTRUTIVOS (1ª PARTE)

"Um corpo doente fica estressado, e uma mente com temores, esperanças e incertezas também se estressa. Esse estresse está em alta no mundo moderno, com sua filosofia de competitividade e autopromoção. Por isso tantas pessoas estudam o Budismo, o Zen, o Vedanta, ouvem palestras e frequentam templos, tentando escapar de tudo.

O monge erudito Srngeri afirmou: 'As pessoas acreditam que é necessário ir para uma floresta praticar tapas, mas ela pode ser praticada onde quer que se esteja.' Tapas significa 'queimar' os elementos do mundanismo e da impureza. Tapas corporal inclui ser honrado, inofensivo e casto. Tapas verbal são palavras corretas, que não causem dor, que sejam úteis, que levem ao autoconhecimento. Tapas mental é ser sereno, ter sentimentos puros e uma mente controlada.

Estar fora do mundo significa ser livre, controlar a própria vida sem ser levado a adotar atitudes, valores e crenças por compulsão. No Yoga-Vasishtha e na Bíblia, encontramos conselhos de Vasishtha e Jesus, respectivamente, para sermos como criancinhas. As crianças são felizes por natureza. Elas não lutam contra o mundo, não se preocupam em adquirir bens nem em se autoengrandecer. São apenas elas mesmas. 

Em contraste, a essência do mundanismo expressa-se nos adultos em uma atitude de confrontação, consciente ou inconsciente. Mesmo em pessoas que não vivem em circunstâncias duras, o tempo todo existe algo que luta, em um nível sutil. Existe competição na família, no trabalho, nas outras obrigações. Então, fatigados pela luta, as pessoas se esforçam para se livrar dela. Ainda não ousam permanecer quietas e em paz; querem sempre realizar algo, chegar a algum lugar.

Para que lutamos? Por que o estresse surge das profundezas do nosso ser? A luta do nosso passado animal ainda estará ativa no cérebro? Por que as pessoas que desfrutam das benesses da vida sentem-se pobres? As crianças são preparadas para assumir posições cada vez melhores, adquirir mais habilidades, realizar sempre mais. Além disso, existe a luta para ser amado. Quanto mais as pessoas anseiam por amor, admiração e reconhecimento, mais estressadas se tornam. Desejando e exigindo - em vez de estarem elas mesmas amando e sendo úteis -, passam suas vidas lutando. (...)" 

(Radha Burnier - Estar no mundo e viver em paz - Revista Sophia, Ano 11, nº 41 - p. 29)


sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

REVERÊNCIA (PARTE FINAL)

"(...) Reverência é uma qualidade interna, não uma atitude externa. Em geral é transformada numa postura de solenidade, uma subjugação de espíritos, restrição, desvalorização de si, onde não envolve um quase esquivar-se de longe da força com a qual o objeto de reverência magneticamente atrai e imprime sua autoridade. Muitas vezes é como a timidez de um flerte, simulado e artificial, pronto, logo que o gelo é quebrado, para se tornar uma liberdade que beira a licenciosidade e é essencialmente desordenada. 

Reverência envolve uma apreciação, ou pelo menos algum vago senso da majestade e sacralidade do objeto de reverência, sua elevação, profundeza, força e delicadeza. É totalmente compatível com a intimidade, mas é um freio sobre os possíveis excessos de liberdade. Nenhum amor que não seja tocado por um profundo senso de beleza, ternura ou sublimidade - corporificado no objeto desse amor ou envolvendo-o - pode ser duradouro ou alcançar o ápice.

O genuíno princípio da vida, que está em tudo e em todos, exige tratamento reverente. É uma coisa delicada e preciosa que deve ser tratada com cuidado. Os grandes instrutores têm respeito por cada um de nós que estamos tão abaixo deles. Certamente, aqueles que tratam os outros que são seus iguais ou inferiores com pouco respeito, segundo nossa classificação, não conseguem mostrar respeito a seus superiores."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 72)

sábado, 26 de dezembro de 2015

A EVOLUÇÃO DA INTELIGÊNCIA

"Deus não quis que a matéria fosse diferente Dele Próprio. Por isso, impregnou-a de inteligência onírica que, por um processo de evolução, despertaria gradualmente, compreendendo que matéria e mente (as vibrações da ideia divina) são uma só coisa. A primeira expressão da inteligência inata, na criação material, é também a primeira porta por onde passa a matéria para escapar da ilusão, ou maya, retornando à liberdade da consciência divina. Confinada em elementos e minerais, a inteligência dorme. Assim, para que se manifestasse uma expressão mais livre, a vida vegetal passou a existir. Da espuma formada no mar, criaturas vivas surgiram na água e algumas gradativamente desenvolveram a capacidade de viver em terra. O que parecia ser matéria inerte começou a assumir forma viva. 

Formas mais frágeis de vida eram indefesas diante das mais fortes e agressivas, e da luta pela sobrevivência surgiu o processo de evolução para formas mais elevadas, mais eficientes. A 'lei do mais forte' parece uma lei terrível mas, em última análise, não é. Os animais que matam uns aos outros são apenas diferentes manifestações do pensamento de Deus. Enquanto aprisionados nas formas, não entendem que são imagens mentais. Mas depois que o peixe pequeno é morto pelo peixe grande, sua forma onírica se dissolve de novo na consciência divina, e a centelha individualizada de Deus nele existente encarna em outra forma de vida, de valor evolucionário superior ao da sua existência anterior como peixe, dando à alma maior potencial de expressão. 

Portanto, a morte é o modo pelo qual a matéria onírica volta à consciência divina, libertando a alma que nela existe para o próximo passo na fornada progressiva de volta a Deus. Assim, a morte é uma parte do processo de salvação. O ciclo ascendente de inteligência, que evolui em instrumentos de expressão com um potencial de eficiência cada vez maior, continua até atingir a forma suprema no ser humano. Só este tem a capacidade de expressar sua divindade inata e de tomar plena consciência de Deus, transcendendo o sonho divino de maya.¹"

¹ O corpo humano, com seus singulares centros ocultos na coluna vertebral e no cérebro (...), foi uma criação especial de Deus para equipar a alma com um veículo capaz de expressar seu potencial divino.

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 21/22)


sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

A ESPIRITUALIDADE E O FEMININO (1ª PARTE)

"A espiritualidade é parte integrante de qualquer ser humano. Pode estar ausente ou guardada no íntimo do ser, mas lá está disponível, esperando o momento de se manifestar. Muito do que conhecemos sobre ela vem de um histórico focado no masculino. Poucas referências e estudos dedicam-se ao enfoque feminino.

Haveria diferenças nas manifestações da espiritualidade quanto ao sexo? Certamente, visto que há condicionamentos históricos e sociais que impediram a expressão da espiritualidade feminina e, às vezes, também a masculina, pois poderiam abalar o sistema social vigente. Mas, de modo geral, os homens foram sempre mais favorecidos pela liberdade de ação. Os homens que largaram tudo para viver a espiritualidade plena, da forma que escolheram, sempre foram admirados e respeitados. Mas seria impensável tal atitude partindo de uma mulher.

Mulheres eram perigosas e deveriam estar sempre sob o controle da tribo, da família ou de um homem. Estavam expostas a muitos perigos, o que também era um impedimento, além de desempenharem um papel indispensável e fundamental na manutenção das famílias. Sem a liberdade de se dedicar à busca pessoal por respostas, restou às mulheres a manifestação de uma espiritualidade espontânea, menos passível de controle externo e capaz de fluir em casa, no seio da família e no exercício de suas atividades diárias. 

A investigação interna surgiu no amor pelo semelhante, no serviço ao próximo, no cuidado com tudo, na execução de suas obrigações rotineiras, sozinha e em silêncio. Se os homens precisam desenvolver essas características no trabalho espiritual, elas, ao contrário, teriam de ir ao mundo, perder o medo de sair do conforto familiar e dedicar o tempo à vivência espiritual com desapego e decisão.

Atualmente, com a liberdade, o estudo e o trabalho fora de casa, esse aspecto pode parecer pouco importante, mas não é. Mulheres se sentem culpadas ao usar o tempo que seria dedicado à família para uma realização pessoal, e na maior parte das vezes não se concedem esse direito. Além disso, a liberdade de investigação, de questionar e buscar estudo e conhecimento ainda não é real em grande parte do planeta, onde mulheres ainda são consideradas seres de segunda classe. Essa liberdade, nos locais em que já existe, levou milênios para chegar. (...)"

(Regina Celi Medina - A espiritualidade e o feminino - Revista Sophia, Ano 11, nº 43 - p. 15)


domingo, 13 de dezembro de 2015

SOFRIMENTO SUBSTITUTIVO (PARTE FINAL)

"(...) Enquanto a humanidade for pecadora, haverá sofredores, ainda que inocentes.

O Apocalipse fala da abolição de todo o sofrimento - mas isto só acontecerá quando houver 'um novo céu e uma nova terra', e quando 'o reino dos céus for proclamado sobre a face da terra', isto é, quando não houver mais uma humanidade pecadora, então deixará de haver sofrimento individual.

Há quem julgue que uma grande espiritualidade possa diminuir ou mesmo abolir o sofrimento. Mas é experiência universal que são precisamente os homens espirituais, os santos, os iniciados, os que mais sofrem. Por quê? Porque, quando o homem já não tem débito próprio, se torna ele um sofredor ideal por débito alheio. É esta a razão por que os santos e os iniciados costumam sofrer serenamente, por que se sentem como pecadores de débitos alheios.

Sofrer por débito próprio é vergonhoso - sofrer por débito alheio é honroso.

Enquanto a nossa humanidade for adâmica, vigorará este lei de solidariedade. Somente uma humanidade cósmica, como a de Jesus, não teria sofrimento compulsório; nesta nova humanidade, o homem poderia dizer: 'Ninguém me tira a vida; eu é que deponho a minha vida quando eu quero, e retomo a minha vida quando eu quero'. Assim fala o 'Filho do Homem', mas nós somos 'filhos de mulher'.

A alergia ao sofrimento é da humanidade adâmica - a imunidade é da humanidade cósmica. Na humanidade cósmica, do Cristo e dos grandes avatares, não há o sofrimento e morte compulsórios, embora possa haver sofrimento e morte voluntários. Neste humanidade impera absoluta libertação e liberdade.

Enquanto vivermos na humanidade adâmica, haverá sofrimento, tanto de culpados como de inocentes. E, durante este vivência, a sabedoria do sofredor consiste em sofrer serenamente. Quem puder dizer como Paulo de Tarso: 'Eu exulto de júbilo no meio de todas as minhas tribulações', esse atingiu elevado grau de evolução humana."

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 27/28)