OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 29 de março de 2016

AUTOANÁLISE

"Para melhorar a sociedade - algo que todos desejamos - o método mais sábio e eficaz é começarmos a melhorar por nós mesmos.

É essencial que comecemos a assumir a coragem de pesquisar-nos, usando a mesma lente com a qual analisamos os demais.

Só conseguimos ver hipocrisia, ambição, incorreção, fraqueza, feiura, covardia, maldade, egoísmo, vaidade... nos outros, sempre nos outros. Facilmente lançamos sobre os outros a culpa de todas as crises, de todas as calamidades e injustiças, desta grande devastação... que está assolando a sociedade e o planeta.

É cômodo e fácil inculpar os demais. O difícil é exatamente o que pode melhorar tudo - conhecer-nos fria e objetivamente, para, depois, com a ajuda de Deus, oferecermos ao mundo mais um ser humano correto, que tanto 'falta na praça'.

Ensina-me, Senhor, a conhecer-me."

(Hermógenes - Deus investe em você - Ed. Nova Era, São Paulo, 1995 - p. 137)


segunda-feira, 21 de março de 2016

VIDA ESPIRITUAL

"Para saber o que é espiritual, deve existir o espiritual dentro de si mesmo. A vida espiritual, portanto, não consiste em fazer várias coisas, mas em provocar uma transformação interior, um determinado estado interior. A pessoa vem a saber o que é tal estado por entender a si mesma o que significa observar o que está passando em seu interior. Através da observação, ela precisa purificar sua própria natureza de tudo aquilo que pertence à vida material ou mundana, vê-la como realmente é e rejeitá-la.

A vida mundana não consiste de contato físico ou mental com coisas materiais. A matéria está em toda parte e não é possível escapar dela. Essencialmente, portanto, a vida mundana não é meramente contato com a matéria, mas uma atitude de posse. Há uma grande diferença entre o relacionamento que temos com os objetos, as pessoas, as idéias, quando há uma ânsia de posse e quando não há. De fato, um relacionamento possessivo não é um relacionamento verdadeiro porque, visto que a mente possessiva é incapaz de perceber o verdadeiro significado, o valor intrínseco de uma coisa se perde de vista quando o que conta é a utilidade para si mesmo. Portanto, a ganância por adquirir e possuir deve ser inteiramente erradicada, se nós estivermos dispostos a fazer a jornada desde o mundano para o espiritual. A mente precisa aprender a não se apegar que a objetos concretos, quer a objetos mentais ou espirituais, e a renúncia à posse deve ser total – interna e externa.

A vida material ou mundana também assume a forma de uma imposição ou vontade de uma pessoa sobre os outros. Envolve o sentimento de que as próprias idéias e interesses devem prevalecer se que as circunstâncias, as pessoas e as coisas devem ser tanto submetidas quanto feitas em conformidade com elas. (...)"

(Radha Burnier - Não há outro caminho a seguir - Ed. Teosófica, Brasília - p. 16/17)


quarta-feira, 13 de janeiro de 2016

TRABALHE PARA MUDAR A SI MESMO

"Algumas vezes, devotos ficam tão entusiasmados com sua própria conversão espiritual que querem contar isso a todos e mudá-los também! Têm tanta certeza de que estão fazendo o bem e de que eles próprios mudaram para melhor, que desejam converter o mundo inteiro. Esse entusiasmo é principalmente superficial. O maior esforço deve ser dirigido para a conversão de si mesmo. É difícil mudar o próprio eu, porque eles estão tão profundamente enterrado numa crosta de hábitos que nem conseguimos imaginar. Somos mantidos prisioneiros, acorrentados por nossos próprios pensamentos, humores e emoções particulares. 

Não é fácil mudar os hábitos que você formou durante uma vida de talvez trinta ou quarenta anos. Tente mudar mesmo que seja um pequeno hábito, e veja como é difícil! Diga a você mesmo para não falar muito; diga a você mesmo para não ser crítico; para não ser ciumento. Depois de algum esforço, talvez você perceba: 'Parece impossível que eu mude. Não há esperança para mim?' Com certeza, há esperança. Essa esperança, porém, nunca será satisfeita enquanto você se empenhar apenas em mudar as pessoas e situações a seu redor, em vez de tratar de suas próprias imperfeições. Isso é o que lhe peço que aprenda. Muito tempo depois que os lábios de todos nós aqui forem selados, a verdade eterna destes conselhos ainda será aplicável.

Você pode mudar a si próprio, e o meio é a busca sincera por Deus, a meditação e a autodisciplina. Não existe outro método. Exige-se o poder combinado de tudo isso para superar os maus hábitos e para destruir aqueles profundos e ocultos entraves subconscientes que nos fizeram prisioneiros nestes limitados corpos físicos e mentes.

Essa é a razão pela qual algumas regras são necessárias para os devotos no caminho espiritual. Há necessidade de disciplina rigorosa. Você pensa que é fácil conhecer Aquele que é o Senhor deste universo? Pensa que é simples comungar com Ele quando a mente está carregada de mesquinhez, negativismo, fofoca, falta de fé, ódio - de tudo, menos Deus? Nunca! Sem meditação e autodisciplina para remover esses obstáculos, você não pode conhecê-Lo.

Deus poderá ser conhecido somente se existir entrega total a Ele. Não se contente em ser um discípulo medíocre. Não nivele seus padrões aos do resto do mundo. Lembro-me de Guruji dizer a um grupo nosso: 'Não quero devotos medíocres neste caminho. É por isso que sou duro com vocês. Quero ver quem tem fibra para ir até o fim, até Deus.' (...)"

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 31/32)


quinta-feira, 17 de dezembro de 2015

CUMPRINDO OS DEVERES PARA COM DEUS E COM O HOMEM

"Até uma pessoa materialista que ocupa o tempo de modo construtivo é melhor do que uma pessoa 'espiritual' ociosa. Ser preguiçoso e não prestar nenhum serviço na Terra é ser abandonado por Deus e pelos homens. Entretanto, os que cumprem os deveres para com o ser humano mas não com Deus são como a mula que carrega um saco de ouro no lombo tendo consciência apenas do peso, e não do valor do ouro. Ações sem o pensamento em Deus são pesadas e restritivas; ações feitas com a consciência em Deus são libertadoras. Está certo renunciar a deveres materiais para servir apenas a Ele, porque em primeiro lugar é a Deus que devemos lealdade. Nada poderia ser feito sem o poder que Ele nos empresta. Aos que deixam tudo por Ele,¹ o Senhor perdoa qualquer provável pecado derivado de não cumprir deveres menores. Renunciar significa colocar Deus em primeiro lugar, seja seguindo os caminhos do mundo ou o caminho monástico. 

Meu irmão me dizia: 'O dinheiro em primeiro lugar; Deus vem depois'. Ele morreu antes de ter a oportunidade de encontrar Deus ou de usar seu dinheiro. Lembre-se das palavras de Cristo: 'Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça, e todas essas coisas vos serão acrescentadas'.² Quando encontrar Deus, tudo virá a você. Quando Ele o sustenta, você jamais poderá cair. Seus erros serão consertados e transformados em sabedoria. É o que descobri."

¹ 'Abandonando todos os outros dharmas (deveres), lembra-te só de Mim; Eu te libertarei de todos os pecados (decorrentes de não serem cumpridos esses deveres menores). Não te aflijas!' Bhagavad Gita XVIII:66.
² Mateus 6:33.

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 259)


quinta-feira, 26 de novembro de 2015

ARREPENDIMENTO REDENTOR

"É frequente encontrar-se alguém que andou errando, se corrompendo e degradando nos descaminhos do mundo, a expressar-se nestes termos: 'Tenho até vergonha e medo de Deus. Perdido por um, perdido por mil. Deus não pode querer nada comigo...' É um tremendo erro, fruto de desinformação.

Há redenção para quem sincera e definitivamente se arrepende, se converte, e, humildando-se e amando, se entrega a Deus e agora O deseja acima de tudo, com toda força de seu ser. Muitos dos verdadeiramente arrependidos não chegam a se dar conta de quanto sua conversão alegra o Senhor. (...) Mas, muito além de tudo, procure escutar a voz de Cristo, o mahaguru, a repetir milhões de vezes:
Os sãos não precisam de médicos, mas sim os enfermos; não vim chamar os justos, mas os pecadores. (Mc 2:17)
Como se vê, nunca é tarde demais. Ninguém se sinta excluído. O absolutamente essencial é o que, na terminologia do Yoga, tem o nome de vairagya, que se traduz por des-apaixonar-se pelo que antes era tentador; renunciar ao que antes tinha grande valor; trocar a 'di-versão' mundana pela 'com-versão' a Deus; cambiar radicalmente a escala de valores; optar irreversivelmente pelo caminho redentor. Sem esta mudança na mente, que os filósofos gregos denominavam metanóia, o processo de re-ligação a Deus não tem como começar, e tudo que se fizer a título de religião é infrutífero e até hipócrita."

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1996 - p. 87)
www.record.com.br


quarta-feira, 25 de novembro de 2015

MAHA LILAH*

"E naquele dia, num espaço que não era espaço e muito além do tempo que nem existia, o Criador, o Absoluto que era Nada, acordou e resolveu brincar. 

Ele decidiu se multiplicar, tornar-se vários.

Colocou a si mesmo como regra que, uma vez em um corpo, ele esqueceria quem era. O objetivo da brincadeira seria tentar se lembrar de si.

E assim foi.

Transformou-se em homem, mulher, flores, animais. Em vários seres.

E elaborou um mundo só para si.

E se pôs a dormir.

Como homem e mulher, decidiu ser

Bom e mau.

Pintor e médico.

Eletricista e engenheiro.

Músico e encanador.

Professor e esportista.

Mendigo e rei.

Ele não se lembrava mais de quem era, mas cada ser multiplicado intuía que tinha poderes.

E construíam casas, pontes, parques.

Foram cada vez mais se esquecendo de sua origem e achavam realmente que eram quem eram.

Destruíam florestas, matavam, faziam guerras.

Morriam e voltavam desempenhando novos papéis.

Numa vida era professor, noutra rei.

Noutra mendigo, noutra soldador.

Em todas, esses personagens do Criador tinham alegrias, mas também sofriam.

E se cansavam.

Intuitivamente inventaram um deus, para quem pediam e com quem brigavam.

Eles se revoltavam, outras vezes amavam.

E quando se cansavam de sofrer, buscavam aquele algo que sentiam dentro de si como distante.

Era o Absoluto sentindo saudades de si mesmo.

E então buscavam, rezavam, meditavam, acendiam incensos, se contorciam em posições.

Jejuavam.

Dançavam em círculos.

Alguns assim achavam que chegavam mais próximo do que buscavam.

E chegavam. Porém, eles se identificavam tanto com isso, achando que o que buscavam estava longe e fora de si, que se perdiam igual.

Alguns, cansados disso também, começaram a prestar atenção no que faziam.

Não julgavam nada, apenas observavam o que faziam, o que sentiam, com uma curiosidade sem fim.

E, nessa atenção, o personagem inventado pelo Absoluto perdia a força.

E era então que aquele que pensava ser o que era parava, silenciava.

E nesse silêncio espontâneo, o Criador acordava.

Espiava pra si mesmo.

E de tão tolo e simples que era essa descoberta o ser gargalhava.

O Criador, no seu esconde-esconde, havia se redescoberto.

E fazia a dança cósmica da expansão e da alegria.

O jogo havia terminado."

* Termo hindi que significa “Suprema diversão; Grande brincadeira” 

Sílvia Correr
Jan./2012


domingo, 27 de setembro de 2015

RESPEITO E HUMILDADE

"(...) Quão ínfimo é hoje o respeito que os seres humanos têm por Deus e pelo próprio homem! Muitos dos que pertencem à confusa juventude de hoje, estão perdendo o respeito pela antiga sabedoria, pela ordem social e, consequentemente, por si próprios. Quando desaparece o autorrespeito, inicia-se a decadência. O verdadeiro respeito por si próprio e pelos outros decorre do entendimento da origem divina de cada um de nós. Aquele que conhece a si mesmo como sendo o Ser, uma centelha individualizada da chama do Espírito, sabe também que todos os seres humanos são uma expressão do mesmo Espírito e se curva com reverência e alegria ante o Uno presente em todos. 

Ao cultivar o respeito ao guru como emissário Divino, e aos seus semelhantes como imagens de Deus, o devoto acelera seu crescimento espiritual. Da atitude respeitosa para com o guru brota a receptividade a Deus através da figura do guru; tal receptividade proporciona entendimento do que é justo e nobre, esse entendimento, por sua vez, faz com que reverenciemos a Deus e ao guru. Quando afinal, dentro do próprio coração bem como fisicamente, somos capazes de nos curvar ante Algo que não seja o ego, ocorre uma transformação interior - desenvolve-se a humildade. O ego é como uma sólida e impenetrável muralha que circunda a alma, a verdadeira natureza humana. A única força capaz de demolir este muralha é a humildade. (...)

A humildade consiste na sabedoria de reconhecer que existe um Ser superior a nós. A maioria dos seres humanos adora o seu próprio ego. Porém, quando o discípulo se curva ante o ideal de um Ser superior, e ante o guru como o instrumento da Divindade cujo auxílio ele procura a fim de alcançar aquele Ser, então ele desenvolve a humildade necessária para demolir a aprisionante muralho do ego, e sente dentro de si a expansão da consciência divina nascida daquele Ser superior.

O homem humilde é um homem verdadeiramente sereno, verdadeiramente feliz. Ele não se perturba com a instabilidade do comportamento e do amor humano, nem é ferido pela inconstância das relações humanas, ou pela transitoriedade da posição social e da segurança neste mundo. Todo pensamento voltado para os ganhos pessoais e autoestima se desvanecem e se apagam da mente do homem humilde. As escrituras dizem: 'Quando este 'eu' morrer, então saberei quem sou eu'. Quando o ego se vai, a alma - ou seja a imagem de Deus latente em nosso interior - pode finalmente despertar e se expressar livremente. O devoto manifesta então em sua vida todas as qualidades divinas da alma e vê-se livre para sempre da ignorância de maya, a ilusão terrena imposta a todas as criaturas que participam do drama divino da criação. 

Devemos então recordar que o respeito dá origem à reverência, e que a humildade é produto desta última. Ao desenvolver tais qualidades, o devoto começa a acelerar seu progresso em direção à Meta de sua busca espiritual."


(Mrinalini Mata - O Relacionamento Guru-Discípulo - Self-Realization Fellowship - p. 23/27


sexta-feira, 11 de setembro de 2015

DA LAGARTA À BORBOLETA (PARTE FINAL)

"(...) Um homem que nunca passou por este estado de morte voluntária, continua a ser um homem profano, materialista, interessado somente nas coisas do corpo físico e das emoções.

Como já dissemos, não é o sofrimento como tal que transforma o homem, mas é o sofrimento compreendido e aproveitado. Mas o homem que nunca viveu no seu interior por uma profunda interiorização ou meditação, dificilmente pode sofrer com serenidade, não pode dizer 'eu transbordo de júbilo no meio de todas as minhas tribulações'. O homem profano, sem sofrimento transformador, continua a vida inteira como lagarta pesada e comilona - ao passo que o homem que passou por um sofrimento compreendido, e aceito, entra numa atitude de serenidade e leveza, que faz lembrar o adejar silencioso da borboleta, que, apesar disto, continua a manter o contato com a terra.

O sofrimento compreendido e aceito confere ao homem uma intuição estranha das coisas superiores; dá-lhe o gosto pelas coisas que, outrora, o desgostavam; dá-lhe facilidade de compreender o incompreensível e de ver as coisas invisíveis.

Ninguém pode gostar do sofrimento por causa do sofrimento - que seria masoquismo mórbido - mas pode querer o sofrimento como um meio e um caminho que conduzem a uma vida superior, que os não sofredores ignoram.

Essa inefável estesia e clarividência que o sofrimento compreendido produz vale por todas as dores e angústias anteriores. O lúgubre fantasma vestido de luto se transformou num querubim luminoso, com a luz da felicidade nos olhos e o sorriso da vida eterna nos lábios.

Quem quiser voar como borboleta, não tenha medo de morrer como crisálida, depois de ter vivido como taturana." 

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 64)


quinta-feira, 10 de setembro de 2015

DA LAGARTA À BORBOLETA (1ª PARTE)

"A lagarta, ou taturana, é bem o símbolo do homem profano. A borboleta é comparável ao homem iniciado. 

A lagarta rasteja pesadamente nas baixadas. O seu corpo desgracioso não é senão boca e estômago.

Para que a lagarta possa tornar-se borboleta, é indispensável que passe por uma espécie de morte, a crisálida, ou o casulo. No fim do seu período de lagarta, deixa ela de comer, retira-se a um lugar solitário e lá se metamorfoseia. Não sabemos se ela sofre com esta metamorfose. E, se sofre, também aceitaria de boa vontade esse sofrimento, porque, instintivamente, a lagarta sabe que o seu verdadeiro estado é o de borboleta alada. Nesse último estado é o inseto completamente diferente da lagarta: com quatro asas velatíneas, meia dúzia de pernas elegantes e flexíveis, dois olhos de opala com milhares de facetas visuais; dispõe de uma língua em forma de espiral contráctil, com a qual suga o néctar das flores. Em vez de rastejar pesadamente pela terra, a borboleta voa elegantemente pelos espaços ensolarados, donde só desce, de tempos a tempos, para se alimentar duma gotinha de néctar sugado do perfumoso cálice das flores. 

Há um contraste frisante entre toda a vida da lagarta e a da borboleta. E toda essa modificação se deu durante a morte da lagarta e o nascimento da borboleta, que é a crisálida, que pode ser comparada com uma meditação profunda.

Durante a verdadeira e completa meditação, o homem fica como morto, imóvel, silencioso, totalmente ensimesmado na consciência espiritual, sem o funcionamento dos sentidos e da mente. A meditação, foi comparada pelos mestres espirituais como e egocídio, ou morte voluntária e temporária do nosso ego físico-mental, mas em plena vigília do Eu espiritual. Paulo de Tarso, referindo-se a esse estado, escreve: 'Eu morro todos os dias, e é por isso que eu vivo - mas já não sou eu quem vivo, o Cristo é que vive em mim'.

E o próprio Cristo diz: 'Se o grão de trigo não cair em terra e morrer, ficará estéril; mas se morrer, produzirá muito fruto'. (...)"

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 63/64)


segunda-feira, 29 de junho de 2015

A VIDA É CÍCLICA (1ª PARTE)

"É notório que o mundo se encontra agora no limiar de uma Nova Era.

A vida se processa em ciclos, nunca numa linha reta invariável. Este grande princípio é sempre válido. Não há uma tarde que não leve a outra manhã, nem inverno que não preceda outra primavera. O ‘dia’ de um homem, segue exatamente a mesma série. O primeiro arco da vida do homem é de avanço, crescimento, progresso; o segundo é de volta, de lenta decadência das forças vitais, do princípio da paz noturna.

Isso é verdade não somente para um dia, um ano, um ciclo vital, mas também para a vida coletiva de cada nação, civilização, planeta, sistema solar e, até mesmo, para o próprio universo ilimitado. Esta é a lei cíclica universal, movimento eterno, ritmo das marés altas e baixas de toda a Natureza. É assim que uma nação chega à extinção e deixa de existir, mas as almas que nela vivem renascem numa nova raça. Podemos ver os traços dos romanos, colonizadores obedientes às leis, nos ingleses modernos, e os meticulosos artistas gregos nos franceses de hoje.

As civilizações, que as nações criam e corporificam, têm seu grande dia e depois passam, e de suas cinzas surge um novo e mais elevado conceito de vida. A consciência coletiva da humanidade atravessa muitos desses ciclos, e nisso, embora as formas possam ser destruídas, a vida imortal persiste e logo se expressa em novas formas. 
Muda a antiga ordem, dando lugar a uma nova,
E Deus Se realiza de muitas maneiras,
Não deixando que um velho hábito venha a corromper o mundo.
Um ciclo como esse, de aproximadamente 2.000 anos, está se encerrando agora. A humanidade encontra-se agora ‘um passo mais próxima de sua casa’. Os sinais de encerramento de um ciclo são desordens generalizadas, caos, mudanças, cataclismos. Daí lentamente emerge o esboço do novo ciclo. Por exemplo, agora é claro que a idade do isolamento, dos impérios, do domínio de uma nação por outra são fatos do passado. A união de todo o mundo pelo rádio, televisão, aviação, etc., pressagiam um sonho do poeta Tennyson: ‘O parlamento do homem, a Federação do mundo’. A Nova Era que agora desponta verá o crescimento do princípio da cooperação entre todas as nações e todas as classes e, assim, o fim da guerra, bem como da pobreza, para o resto da vida neste planeta.

Essas grandes mudanças são realmente acarretadas pelo crescimento da consciência do homem; e isso se projeta no mundo do pensamento religioso ainda com mais intensidade do que no mundo do relacionamento social, sendo este último uma consequência daquele. (...)"

(Clara Codd - A Técnica da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 09/10)
www.editorateosofica.com.br


sábado, 4 de abril de 2015

O AMOR E O PERDÃO (PARTE FINAL)

"(...) Todos nós gostamos de criticar, julgar e condenar as pessoas que nos cercam e até aquelas que estão longe do nosso convívio. Cristo tinha todos os motivos para julgar, mas não o fazia, nem condenava; ele acolhia, incluía, valorizava, consolava e encorajava.

Pedro dissera que, ainda que todos negassem Cristo, ele não o negaria e, se necessário, até morreria com ele. Foi muito grave o erro de Pedro ao negar, ainda que por momentos, Cristo e a história que viveu com ele. Além disso, para negá-lo, foi infiel à própria consciência. Contudo, Cristo não o condenou, não o questionou, não o criticou, não o reprovou, apenas o acolheu. Cristo o conhecia mais do que o próprio Pedro. Ele previu seu comportamento. Sua previsão não era uma condenação, mas um acolhimento, um sinal de que não desistiria de Pedro em qualquer situação, um indício de que o amor que sentia por ele estava acima do retorno que poderia receber, acima dos seus gestos e atitudes.

Certa vez, Cristo disse que toda pessoa que viesse até ele não seria lançada fora, não importavam a sua história nem seus erros (João 6:37). Ele via os erros não como objeto de punição, mas como uma possibilidade de transformação interior.

A prática do perdão de Cristo era fruto de sua capacidade incontida de amar. Com essa prática, todos tinham contínuas oportunidades de revisar a sua história e crescer diante dos seus erros. O amor de Cristo é singular, ninguém jamais pode explicá-lo..." 

(Augusto Cury - O Mestre dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2012 - p. 144/145)


terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

A RELIGIÃO DE AHIMSA

"O mundo está repleto de violência (himsa). De fato, a natureza parece estar pronta para cravar seus dentes afiados e suas longas garras em tudo o que aparecer à sua frente. No entanto, se tivermos em mente que o homem é mais elevado que uma fera, então veremos que ele é superior à natureza. Se o homem tem uma missão divina a praticar – e que se transformará nele próprio – é a da não violência, ahimsa

Não sou um visionário. Descrevo a mim mesmo como um idealista prático. A religião da não violência não é direcionada somente aos rishis² e aos santos. Ela também é voltada para as pessoas comuns. A não violência é a lei de nossa espécie, uma vez que a violência é a lei dos brutos. A dignidade do homem exige obediência a essa lei maior, para assim fortalecer o espírito.

O homem enquanto animal é violento, mas enquanto espírito não o é. E, no momento em que acorda para esse espírito que abriga dentro de si, ele não consegue permanecer irascível. Ou ele progride em direção à ahimsa ou ruma direto para a danação. É por isso que profetas e avatares sempre ensinaram a lição da verdade, da harmonia, da irmandade, da justiça, etc. – todos atributos de ahimsa.

Então, não permita que ninguém duvide que a salvação de todos os povos explorados da terra e, portanto, do mundo, reside na estrita confiança na moeda em cujas faces estão cunhadas as palavras ‘verdade’ em um dos lados e ‘não violência’ no outro, em letras grandes. Sessenta anos de experiência me ensinaram que não existe outro método."

¹ Trata-se de um princípio ético religioso presente no Hinduísmo e em outras crenças orientais. Consiste na plena e constante rejeição à violência e no respeito absoluto a toda forma de vida. 
² Sábios antigos na tradição hindu. Foram os compiladores dos textos sagrados do Sanatana-Dharma (no Hinduísmo) e responsáveis por difundir o conhecimento dos antigos, visando o aperfeiçoamento dos povos indianos e de outras regiões próximas.

(Mahatma Gandhi - O Caminho da Paz – Ed. Gente, São Paulo, 2014 - p.49/50)  


quarta-feira, 17 de dezembro de 2014

O FENÔMENO "HOMEM" (3ª PARTE)

"(...) É necessário darmos ideia clara sobre a palavra 'potência' ou 'potencialidade', que se diz transformar-se em 'atualidade'. É equívoca e inexata essa expressão 'transformar'. A potência não é, a bem dizer, inerente ao veículo finito, mas sim à Vida Infinita, a qual se serve de certos veículos finitos para se manifestar (parcialmente) no plano dos efeitos individuais. O corpo unicelular da ameba não encerra a potência de crear o corpo pluricelular do molusco, do peixe, do mamífero, do homem. Essa potência é, na realidade, o Infinito, a Essência Imanifesta, a Vida Universal do Cosmos, que se revela (parcialmente) através de algum veículo e aparece como Existência Manifesta. Essa forma existencial da Essência varia de espécie a espécie, de grupo a grupo, de indivíduo a indivíduo.

Na espécia 'homem' encerrava essa forma existencial o mais alto grau de potencialidade, porque este veículo era de todos o mais idôneo. Se dermos ao mais perfeito dos minerais a potencialidade grau 5, ao mundo vegetal o grau 10, ao mundo animal o grau 20, teremos de admitir para a espécie hominal talvez a potência grau 100. Dizer que essa potência 100 estava 'contida' nas potências 20, 10, 5, é o mesmo que abolir a lógica e a matemática. O maior não está contido no menor. Mas é fato que a potência maior (100) se serviu das potências menores (20, 10, 5) como canais e veículos para atingir o 100. O 100, porém, veio do \infty (Infinito), assim como do mesmo Infinito fluíram todos os finitos, pequenos e grandes. Do  \infty veio não só o 100, mas também o 20, o 10 e o 5. 

A diferença não está no fato de terem os finitos vindo do Infinito, mas tão somente do modo como dele vieram, uns por caminhos mais curtos, outros por mais longos. O homem é de todas as creaturas a que está realizando jornada mais longa e diversificada - e ninguém sabe por onde o homem possa passar ainda em eras futuras...

A ciência provou a realidade desses canais condutores que veicularam o corpo hominal - não provou, todavia, que o homem tenha vindo do animal. Nunca um finito maior vem de um finito menor, embora possa vir através de finitos menores. Muitos dos nossos tratados de evolucionismo, e sobretudo certos compêndios colegiais, primam por uma estupenda falta de lógica, confundindo causa com condição, afirmando que o homem veio do animal, quando deviam dizer através do animal. E quando procuramos retificar esse erro, replicam-nos que estamos fazendo 'jogo de palavras', porque fazemos distinção entre de e através. A lógica é coisa raríssima, mesmo entre homens chamados cultos. (...)

Se o Infinito se dignou a manifestar-se através de finitos de todos os graus, mesmo o mais imperfeito, como o corpo unicelular de um protozoário primitivo, será indigno do homem finito o que é digno do Universo Infinito? Qualquer forma finita é digna do Infinito; se assim não fosse, não teria ela aparecido. (...)"

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 83/84)

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

ESPÍRITO E MATÉRIA

"A ciência moderna sabe que Espírito e matéria são interconversíveis e intermutáveis. A matéria é simplesmente Espírito em velocidade moderada que adquire visibilidade. É um erro dizer que você está condicionado pelo meio ambiente - sua casa, emprego, negócio, o lugar em que vive - pois isso é puramente sugestivo. Mas se aceitar, continuará a repetir os mesmos velhos padrões de seus antepassados e talvez leve a mesma vida, baseada em credos, dogmas e tradições. Os fatores externos não são criativos. O Poder Criativo está dentro de você. Um cientista não encara uma coisa criada como causa; é um efeito. Conhecendo a localização do Poder Criativo e da Causa Primeira, você não irá mais atribuir a qualquer pessoa, lugar ou situação o poder de criação ou geração. Seu próprio pensamento é o único poder criativo de que está consciente.

Todos os poderes do Infinito estão latentes e lhe são inerentes. Uma prece maravilhosa que se pode praticar é a seguinte: 'Deus é, e Sua Sagrada Presença flui através de mim como beleza, harmonia, amor, alegria, sabedoria, compreensão, orientação Divina e abundância. Sei que é tão fácil para Deus promover todas essas coisas quanto uma folha de relva e dou graças que assim seja.'

Repita essas verdades três ou quatro vezes, à noite e pela manhã, certificando-se de não negar posteriormente o que está afirmando. Vai descobrir que é realmente um filho do Infinito e uma criança da Eternidade. Todos os Poderes do Infinito começam a passar através de você, o que é chamado na Bíblia o Cristo em você, a esperança da glória. Procure sempre a sua herança espiritual e nunca a de seus pais ou ancestrais humanos. Você possui todo o poder sobre sua própria vida e os meios e capacidade de transformar seu mundo."

(Joseph Murphy - Sua Força Interior - Ed. Record, Rio de Janeiro, 1995 - p. 40/41)

quinta-feira, 11 de dezembro de 2014

A MORTE É UM INFORTÚNIO OU UMA BÊNÇÃO DISFARÇADA? (PARTE FINAL)

"(...) A matéria se forja com a mudança; e o espírito que nela habita, embora essencialmente imutável, sofre mudanças superficiais em razão da sua experiência subjetiva daquele fenômeno. Assim como a consciência subjetiva de uma mesma identidade se conserva da infância à idade avançada (exceto, talvez, nas primeiras e menos perceptivas etapas da infância e nas últimas etapas da velhice adiantada), não há razão para que essa consciência subjetiva não possa ser conservada antes do nascimento e após a morte. Com esta continuidade, a morte é verdadeiramente vista como a melhor amiga da alma, dando-lhe infinitas oportunidades de lutar contra a matéria e por fim vencê-la - mesmo depois de um milhão de derrotas. Esta amiga sincera ensina a alma a manifestar sua natureza imutável ao transcender a consciência de mudança. 

A mente humana prefere a mudança de ambientes, gostos, hábitos e posses, não porque não possa ficar só com uma coisa, mas porque está constantemente descobrindo que sua atenção foi mal direcionada e mal posicionada. O desejo que sente por algo desconhecido não se satisfaz com a aquisição de posses neste mundo de coisas mutáveis. Com novas oportunidades dadas pela morte e pela mudança de condições, a alma busca sua imutabilidade inata, e não fica satisfeita enquanto não readquire e não se restabelece no estado natural de união com o Espírito. Portanto a morte, ou a mudança de condições em que a alma reside temporariamente, é favorável ao crescimento e desenvolvimento da alma. 

O crescimento e a educação da vida significam apenas que a consciência manifestada na matéria evolui para finalmente expressar seu pleno potencial. A partir deste ponto, a consciência se desligará da matéria a fim de se conhecer e se libertar como entidade independente que possa existir sem a intermediação material. Durante o processo de aprendizado, antes que a alma empreendedora e diligente reconheça sua superioridade e sua natureza transcendente, a consciência fica muito apegada ao instrumento físico por meio de laços sensoriais e egoístas muito fortes, criados durante sua residência no corpo. Por isso, em cada nova encarnação a alma observa o novo corpo com o cuidado e a possessividade que um homem tem por seu carro novinho em folha. Em consequência, a morte que sobrevém prematuramente por doença - causada por uma vida desnatural ou pelo mau karma - ou por supostos acidentes e outros infortúnios implica dor mental e física, porque a alma manifestada fica extremamente preocupada ao ver seu veículo de expressão ser levado embora antes de expirar a validade natural."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 215/216)


quarta-feira, 26 de novembro de 2014

SEXO E VIDA (2ª PARTE)

"(...) Pobres daqueles que, sem as condições espirituais necessárias, fazem votos de castidade. Sob o peso das tensões e desequilíbrios de que caem presas, ou ostensivamente renunciam ao voto, ou resolvem a 'coisa' na base da moral clandestina (para os outros, são renunciantes, mas, às escondidas, 'dão suas voltinhas').

'Quem não pode com o peso não pega na rodilha', diz o refrão popular. Quem não tem condições espirituais para fazer renúncia ao sexo não deve fazê-la. Os verdadeiros yoguis não reprimem por medo ou por considerarem o sexo um empecilho à realização espiritual. Eles o fazem com o fim de transformar as energias sexuais em ojas, fulgor e força criadora do espírito e o fazem sem dar publicidade ao fato e sem qualquer violência contra a natureza. Eles não frustram ou recalcam a função sexual que, para eles, já deixou de ser uma necessidade. Sua renúncia é resultado de maturação espiritual e, por seu turno, concorre para maior evolução.

No entanto, pode-se fazer o sexo e gozar de seus prazeres, procriando, em estado de pureza, com castidade. Para os casados, a castidade (brahmacharya) consiste em não corromper a cópula, transformando-a em divertimento excitante do qual a luxúria expulsou o amor.

O sexo é um fenômeno holístico, comportando vários patamares ou níveis do ser. O amor conjugal verdadeiro e santo, começa pela união do espírito e termina no nível genital. Quando somente o último existe, estamos diante da anomalia, que nunca deixou de gerar decepção, desencanto, ciúme e até crimes passionais.

A segunda atitude extremada em relação ao sexo é exatamente o abuso. É expressão de uma forma de primitivismo ou desequilíbrio psíquico, que costumo chamar genitolatria, isto é, a busca desenfreada, inconsequente de prazeres apenas genitais, sem qualquer participação dos níveis mais sutis e refinados do amor. O disvirtuamento, a exacerbação, a aberração da função sexual, é doença e requer tratamento, e, infelizmente, tão frequente, que chega a ser normal. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 235/236)
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