OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


domingo, 12 de janeiro de 2014

O BUDISMO E A MEDICINA (1ª PARTE)

"O budismo que o Ocidente conhece é apenas o Budismo chamado ‘clássico’, que surgiu a partir de Sakyamuni; porém, antes dele houve muitos budas e, até a redenção final da humanidade, haverá muitos outros. Os budas formam uma linhagem e o seu surgimento obedece a certos ciclos, ligados a um complexo metabolismo cósmico.

O budismo clássico divide-se em Hinayana, ou ‘veículo comum’ e Mahayana, ou ‘veículo maior’. O Vajrayana, ou ‘veículo do diamante’, é um desdobramento posterior do Mahayana e surgiu conjuntamente com o desenvolvimento do Tantra. O Budismo do Tibete é uma combinação dos três veículos.

O Vajrayana ensina que a verdadeira natureza do ser é idêntica à do Buda primordial, mas, em virtude de obscurecimentos, o homem se esquece disso e assim vaga em samsara (a roda de nascimentos e mortes), produzindo doenças e sofrimentos. Com o propósito de transmitir a verdade aos incapazes de percebê-la por si mesmo, o Buda primordial, por compaixão, aparece por meio de inumeráveis manifestações, em todos os reinos e em todos os níveis.

Segundo o Budismo, a iluminação é possível por meio da compreensão absoluta e direta do vazio (sunyata) e da pureza primordial da natureza do Buda. (...)

Mas o Budismo influenciou profundamente tanto a medicina tibetana quanto medicina indiana, estabelecendo um extraordinário conceito de cura. (...)"

(Marcio Bontempo - O Budismo e a Medicina - Revista Sophia, Ano 7, nº 27 - p. 10)


sábado, 11 de janeiro de 2014

A SABEDORIA É O CINZEL E O AMOR É A LIXA

"As melhores ferramentas para tornar sua vida uma bela e nobre peça de mobília psicológica são o cinzel da sabedoria e a lixa do amor. O ser humano necessita do intelecto, mas este precisa ser temperado com amor. Quando se faz uma peça de mobiliário, é necessário lixar bem para suavizar as arestas, ou o móvel continuará áspero. O amor é a lixa que aplaina o intelecto e suaviza a aspereza da inteligência.

Não se torne uma antiguidade psicológica sem valor. Em vez disso, sempre que se olhar no espelho, especialmente no espelho da introspecção, pergunte a si mesmo: 'Estou desenvolvendo hábitos mais saudáveis? Estou sendo mais positivo? Estou dando sorrisos mais sinceros, vindos do coração? Estou melhorando a cada dia?' Empenhe-se em ser um móvel psicológico espiritual, que será usado para decorar o reino de Deus. Você não apreciaria isso? Alguns móveis são tão lindos que não precisam de mais nada. Seja você também uma peça perfeita de mobília psicológica, que não precisa de mais melhorias. Dia virá em que você se unirá a Deus. Todos os grandes santos que já vieram à Terra cinzelaram a vida com sabedoria, amor e meditação, até serem móveis psicológicos espirituais perfeitos, que serão úteis à humanidade para sempre e decorarão o reino de Deus pela eternidade."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 152)


ONDE ESTÁ DEUS? (PARTE FINAL)

"Porém, a maioria das pessoas permanece temerosa e geralmente tenta reduzir o terror do desconhecido fingindo que ele é conhecido. Aqueles com ‘mente religiosa’ estão aptos a dar forma concreta a Deus e a inventar imagens com características humanas. De modo geral, a religião organizada tem explorado as pessoas e as mantido temerosas – da morte, da existência pós-morte e assim por diante. As autoridades da Igreja gostam que as pessoas sejam dependentes, em vez de encorajá-las a se transformar e a dar o salto da consciência finita para o oceano da infinitude.

O finito, o concreto, o conhecido e o cognoscível produzem segurança psicológica não apenas para aqueles que são temerosos porque são ignorantes, mas também para aqueles que acumulam conhecimento, inclusive cientistas e ateus que zombam daqueles que creem. Também eles se aferram à segurança familiar dos mapas por eles mesmos desenhados. Eles também são perturbados por qualquer desafio às suas certezas, vindo de especulações sutis ou não convencionais. (...)

A ciência tem, de fato, auxiliado o progresso da humanidade, liberando-a, até certo ponto, da influência repressora das crenças e superstições que compõem a religião convencional. Agora ela está começando também a ir além das posições rígidas do pensamento materialista, podendo, assim, ajudar as pessoas a se livrar das falsas metas que acompanham esse pensamento.(...)

As mentes que acreditam apenas na razão podem não estar na melhor condição para o conhecimento de Deus. A história religiosa mostra que as pessoas puras e simples podem muitas vezes perceber o sagrado e intuir a verdade mais facilmente que os mais bem dotados intelectualmente. Existe um modo de contato direto com o sagrado (isto é, com Deus) que é suprarracional. (...)

A verdade é acessível àquele que tem o coração puro e a mente aberta, não às mentes que buscam segurança no conhecido, seja um dogma religioso ou uma teoria científica. Quem deseja conhecer a verdade deve aprender a se livrar do medo e a olhar o mundo com profunda admiração e humildade. A beleza está em toda a parte à nossa volta, nas árvores floridas, na mudança das estações, no movimento incessante do oceano, na complexidade dos relacionamentos."

(Radha Burnier - Onde está Deus? - Revista Sophia, ano 7, nº 26 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 37)


sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A NATUREZA DA GRAÇA DE DEUS

"A graça de Deus é que doa a chuva como também a luz do sol. Você tem de praticar alguma disciplina (sadhana) para alcançá-la. A disciplina apropriada consiste em conservar um pote virado de boca para cima para recolher a chuva. Pratique a disciplina, que consiste em abrir a porta de seu coração tanto que o sol o possa iluminar. De igual forma, em torno de você há muita música, irradiada por algumas emissoras. Você precisa ligar o receptor e sintonizá-lo com a exata frequência de onda para poder recebê-la e desfrutá-la. Ore, pedindo a Graça, mas faça alguma coisa, pelo menos esta simples disciplina. A Graça retificará todas as coisas. Sua principal consequência é a autorrealização, mas há também outros benefícios incidentais, como uma vida feliz aqui embaixo e um temperamento friamente corajoso, mantido em equanimidade inabalável (santhi). O benefício principal de uma joia é a alegria pessoal de quem a possui, mas quando se gastou o último centavo em sua aquisição, pode-se vendê-la, e recomeçar a vida. E isso é o que podemos chamar uma vantagem incidental. A bananeira tem um cacho de frutas como sua principal doação, mas as folhas, o tenro miolo do tronco, o botão da flor são partes subsidiárias que também podem ser utilizadas proveitosamente.¹ Assim é a natureza da graça. Ela atende a uma variedade de necessidades."

¹ A culinária indiana os aproveita. As folhas servem de pratos em casas pobres, nos quais a comida é servida, e o tenro cerne do tronco é usado como alimento.

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1989 - p. 29/30)


ONDE ESTÁ DEUS? (1ª PARTE)

"Para muitas pessoas o medo do desconhecido é a base da crença em Deus ou em deuses. Até que explicações científicas fossem encontradas, os mistérios cercavam vários fenômenos da natureza: trovões e relâmpagos pareciam ameaçadores, assim como a chegada das trevas após o por de sol e os eclipses do sol ou da lua. Deidades de vários tipos personificavam as forças da natureza ou simbolizavam o desconhecido no universo; as pessoas acreditavam que esses deuses ou deusas deviam ser aplacados.

Com o avanço do conhecimento, muitos aparentes mistérios foram resolvidos. A ciência começou a se desenvolver no mundo antigo por meio do estudo das leis da natureza e das conexões entre elas. Nas civilizações indiana, chinesa, egípcia e caldeia, entre outras, astrologia e astronomia eram uma só ciência e tinham um papel importante na explicação dos fenômenos naturais, levando racionalidade a mentes temerosas.

Outros aspectos da natureza foram também investigados, como, por exemplo, as propriedades de plantas e minerais. Isso levou a um tal conhecimento da medicina, e a uma tal literatura sobre o tema, que até agora demonstra ser um armazém de novas descobertas.

Apesar de tudo isso, para a maioria das pessoas o desconhecido ainda permanece assustador; muitas coisas estão além da sondagem e da especulação humanas. Apenas poucas mentes perceptivas reconhecem que os reinos transcendentais e misteriosos da existência podem ser explorados subjetivamente quando se produzem mudanças na consciência. Assim que a percepção sutil e a visão mais clara são atingidas, a verdade de todas as coisas se revela pela experiência direta. (...)"

(Radha Burnier - Onde está Deus? - Revista Sophia, ano 7, nº 26 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 37)


quinta-feira, 9 de janeiro de 2014

MUDANÇAS NECESSÁRIAS

"Em nossas vidas pessoais, bem como na comunidade que nos circunda, encontramos problemas contínuos. Há países nos quais há pouca ordem, pessoas lançam lixo em toda a parte. Isso é naturalmente um problema subsidiário, porque você pode remover o lixo e, no próximo dia, eles lançarão mais. É óbvio que o problema mais básico encontra-se na mentalidade. Se as pessoas compreendessem que aquilo que estão fazendo é tão desagradável para elas próprias como também para todos os demais, se vissem que se todos se comportassem exatamente como elas fazem, nada melhoraria; em outras palavras, se sua atitude mudasse, a situação exterior mudaria. Assim, chegamos a algo um pouco mais fundamental do que meramente remover o lixo. Se você for além, verificará que essa atitude é essencialmente autocentrada, e que este entendimento egocêntrico pode expressar-se em muitas outras formas além do descuido com o lixo. Se você tratar desse egocentrismo, não apenas esse problema, mas muitos outros serão também resolvidos.

Então, a causa fundamental, a fonte dos problemas, terá de ser identificada e solucionada. Somente isso traz uma mudança fundamental, com relação e forma de vida totalmente diferentes. (...)

Quando a condição interna mudar do egocentrismo para a compreensão da unidade, o mundo mudará."

(Radha Burnier - Regeneração Humana - Ed. Teosófica, Brasília, 1992 - p. 23/24)


ALÉM DA MENTE PENSANTE (PARTE FINAL)

"(...) Existe uma energia vital que você pode sentir em todo o seu Ser, em cada célula do seu corpo, independentemente dos seus pensamentos. Nesse estado de consciência, se você precisar usar a mente para algum fim prático, ela estará presente. E a mente funciona muito bem quando a inteligência maior que é você se expressa através dela.

Talvez você não tenha se dado conta, mas aqueles breves períodos em que fica ‘consciente sem pensar’ já estão ocorrendo natural e espontaneamente em sua vida. Você pode estar fazendo algum trabalho manual, andando pela casa, aguardando o embarque num aeroporto e estar tão presente que a estática habitual do pensamento se interrompe e é substituída por um estado de alerta. (...)

Sinta-se à vontade com o ‘não saber’. Isso leva você para além da mente, pois ela está sempre querendo tirar conclusões e interpretar. A mente teme não saber. Assim, quando consegue ficar à vontade com o ‘não saber’, você já foi além da mente. Um conhecimento mais profundo que não é baseado em qualquer conceito vai emergir desse estado.

Quando há um domínio completo da criação artística, dos esportes, da dança, do ensino, do aconselhamento, é sinal de que a mente pensante não está mais envolvida ou, no mínimo, está em segundo plano. Nessas áreas predominam uma força e uma inteligência que são maiores do que você e, ao mesmo tempo, fazem parte de você. Não existe mais um processo de decisão. As ações corretas acontecem espontaneamente, e não é ‘você’ quem as faz. Ter o domínio completo da vida é o contrário de condicioná-la. Você entra em sintonia com a consciência maior. É ela quem age, fala e faz o que é necessário. (...)

A Verdade nos leva muito além do que a mente é capaz de compreender. Nenhum pensamento pode conter toda a Verdade. No máximo, pode apontar para a Verdade dizendo, por exemplo: ‘Todas as coisas são intrinsecamente uma só.’ Essa é uma indicação, não uma explicação. Compreender essas palavras é sentir profundamente dentro de si mesmo a Verdade para a qual elas apontam."

(Eckhart Tolle – O Poder do Silêncio – Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 – p. 21/23)


quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

POR QUE O MAL FAZ PARTE DA CRIAÇÃO DIVINA

"Alguns dizem que Deus não conhece o mal, pois não sabem explicar como um Deus bom pode permitir roubos, assassinatos doenças, pobreza e outras coisas horríveis que sempre acontecem na Terra. Esses infortúnios são certamente negativos para nós, mas será que Deus os considera maus? Se for o caso, por que permitiria tanta maldade? E, se o mal não veio de Deus, que é o Criador Supremo de todas as coisas, de onde veio, então? Quem criou a ganância? E o ódio? Quem criou a inveja e a raiva? Quem criou as bactérias nocivas? Quem criou a tentação do sexo e da cobiça? Isto tudo não foi inventado pelos seres humanos. O homem jamais poderia ter experimentado essas coisas se não tivessem sido previamente criadas.

Algumas pessoas tentam explicar que o mal não existe, ou que nada mais é do que um fator psicológico. Mas não é verdade. As evidências do mal estão no mundo e são inegáveis. Se o mal não existe, por que Jesus oraria: ‘E não nos deixe cair em tentação; mas livra-nos do mal’?¹ Ele está dizendo, claramente, que o mal existe.

Portanto, a verdade é esta: o mal está presente no mundo. E de onde terá vindo? De Deus.² A maldade proporciona o contraste que nos permite reconhecer e experimentar a bondade. Para existir a criação, o mal tinha que existir também. Se você escrevesse uma mensagem com giz branco num quadro branco, ninguém a veria. Portanto, sem o quadro-negro do mal, as coisas boas do mundo não poderiam se sobressair. Por exemplo: Judas foi o melhor agente de publicidade que Jesus podia ter. Com seu ato maligno, Judas tornou Cristo eternamente famoso. Jesus sabia do papel que devia representar e tudo o que ia acontecer para que pudesse demonstrar o amor e a grandeza de Deus; e era necessário um vilão para essa representação. No entanto, para Judas não foi bom escolher ser aquele cujo ato maldoso exaltou, por contraste, a glória do triunfo de Cristo sobre o mal."

¹ Mateus 6:13.
² “Eu sou o Senhor, e não há outro. Eu formo a luz, e crio as trevas; eu faço a paz, e crio o mal; eu sou o Senhor, que faço todas estas coisas” (Isaias 45:6-7).

(Paramahansa Yogananda – O Romance com Deus – Self-Realization Fellowship – p. 110/111)
http://www.omnisciencia.com.br/livros-yogananda/romance-com-deus.html


ALÉM DA MENTE PENSANTE (4ª PARTE)

"(...) Qualquer tipo de preconceito mostra que você está identificado com a mente pensante. Mostra que você não está vendo o outro ser humano, está vendo apenas seu conceito sobre aquele ser humano. Reduzir essa pessoa a um conceito já é uma forma de violência.

O pensamento que não tem raízes na consciência passa a servir apenas aos interesses daquele que pensa e deixa de ter função. A inteligência desprovida de sabedoria torna-se muito perigosa e destrutiva. É nesse estado que se encontra a maior parte da humanidade. O predomínio do pensamento na ciência e na tecnologia – embora intrinsecamente não seja um fato ruim nem bom – tornou-se algo destrutivo, porque frequentemente esse pensamento não está enraizado na consciência.

O próximo passo na evolução humana é transcender o pensamento. Hoje é a nossa tarefa mais premente. Isso não significa que não devemos mais pensar, mas simplesmente que não devemos nos identificar com o pensamento nem ser dominados por ele.

Sinta a energia no interior do seu corpo. Imediatamente, o ruído mental diminui ou cessa. Sinta essa energia nas mãos, nos pés, no ventre, no peito. Sinta a vida que você é, a vida que movimenta seu corpo.

O corpo então se torna uma porta aberta para uma noção mais profunda da vida que existe debaixo das nossas emoções flutuantes e de nossos pensamentos. (...)"

(Eckhart Tolle – O Poder do Silêncio – Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 – p. 20/21)


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

VIVENDO A VIDA DA IOGA – COMPAIXÃO

"A base fundamental da espiritualidade é a compaixão. Mesmo que num sentido impessoal, devemos naturalmente ter compaixão por aqueles que estão passando por necessidades. Devemos ser solidários com suas condições de infelicidade espiritual, mental e emocional; pois a vida espiritual tem suas fundações no coração, que deve ser sensível ao sofrimento – subumano e humano – sempre que ele possa existir, respondendo a ele e sentindo um forte ímpeto para oferecer alívio. Este é o grande segredo. O ideal é que o iogue seja capaz de amar e demonstrar um profundo interesse altruísta e compassivo. Estes devem ser sabiamente colocados em ação, à medida que a liberdade pessoal venha a permitir. Devemos visitar e escrever àqueles que sofrem, procurando dar apoio, ajuda e cura, e até mesmo ajuda-los fisicamente, dentro dos ditames de nossas próprias responsabilidades. Isto é o amor puro em ação – o grande ideal. Animais, crianças e adultos tornam-se então o campo de serviço em qualquer nível que a pessoa possa estar livre para alcançar e ajuda-los. O idealismo precisa ser aplicado de forma prática. Devemos lembrar sempre que o ioga inclui o esquecimento de si mesmo e o serviço amoroso expresso de forma criteriosa."

(Geoffrey Hodson – A Suprema Realização através da Ioga – Ed. Teosófica, Brasília, 2001 – p. 96)


ALÉM DA MENTE PENSANTE (3ª PARTE)

"(...) Os dogmas – religiosos, políticos, científicos – vêm da crença equivocada de que o pensamento pode encapsular a realidade ou a verdade. Os dogmas são prisões formadas por conceitos coletivos. O que parece estranho é que as pessoas gostam de suas prisões, pois elas lhe dão um sensação de segurança e uma fala impressão de que ‘sabem das coisas’.

Nada causou mais sofrimento à humanidade do que os dogmas. É verdade que, cedo ou tarde, todo dogma é derrubado, porque a realidade acaba mostrando que ele é falso. Mas, a menos que se descubra a ilusão básica das verdades absolutas, logo surge outro dogma para substituir o antigo. Qual é essa ilusão básica? É a identificação com o pensamento. Despertar espiritualmente é despertar do sonho do pensamento.

O reino da consciência é muito mais vasto do que aquilo que o pensamento é capaz de abranger. Quando você deixa de acreditar em tudo o que pensa, você sai do pensamento e vê claramente que quem está pensando não é quem você é essencialmente.

A mente funciona com ‘voracidade' e por isso está sempre querendo mais. Quando você se identifica com a sua mente, fica facilmente entediado e ansioso. O tédio demonstra que a mente deseja avidamente mais estímulo, mais o que pensar, e que essa fome não está sendo saciada. Quando você fica entediado, pode querer satisfazer a fome da mente lendo uma revista, dando um telefonema, assistindo à tevê, navegando na Internet, fazendo compras ou – o que é bem comum – transferindo a sensação mental de carência e sua necessidade de quero mais para o corpo e se satisfazendo temporariamente comendo mais.

A alternativa é aceitar o tédio e a ansiedade e observar como é sentir-se ansioso. À medida que você se dá conta dessa sensação, surge de repente um espaço e uma calma em volta dela. Primeiro é um pequeno espaço interno, mas, à medida que esse espaço aumenta, o tédio começa a diminuir de intensidade e de significado. Dessa forma, até o tédio pode ensinar quem você é e quem não é. Você descobre que não é uma ‘pessoa entediada’. O tédio é simplesmente um movimento de energia condicionada dentro de você. Da mesma forma, você não é uma pessoa irritada, rancorosa, triste ou medrosa. O tédio, a raiva, a tristeza e o medo não são ‘seus’, não fazem parte de sua pessoa. Eles são estados da mente humana. E, por isso, vão e voltam. (...)"

(Eckhart Tolle – O Poder do Silêncio – Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 – p. 18/20)


segunda-feira, 6 de janeiro de 2014

O PECADO

"Pergunta-se qual é o verdadeiro significado do pecado. No sentido em que a palavra costuma ser empregada, ao menos pelos pregadores cristãos, creio que se pode definir o pecado como uma fantasia da imaginação teológica. Supõe-se, popularmente, que ele indica um desafio lançado à lei divina – a execução de algum ato que o autor sabe ser errado. É muito para duvidar que esse fenômeno venha a ocorrer alguma vez. Em quase todos os casos concebíveis, o homem infringe a lei por ignorância ou desatenção, e não por intenção deliberada. Quando o homem realmente conhece e vê a intenção divina, harmoniza-se inevitavelmente com ela, por duas razões: primeira, porque, num estágio antecedente, percebeu a futilidade de proceder de outra maneira, e, segunda, porque, mais tarde, ao ver a glória e a beleza do projeto, não pode deixar de atirar-se à sua execução, com todas as forças do coração e da alma.

Uma das mais sérias dentre as muitas concepções errôneas, que herdamos da Idade Média, é que o chamado ‘pecado’ é uma perversidade que deve ser enfrentada com castigo e uma perseguição implacável, e não o que ele realmente é, ou seja, o resultado de uma situação de ignorância, que só deve ser tratada com esclarecimento e educação. Pode objetar-se que, na vida cotidiana, vemos as pessoas fazendo o que devem saber que está errado, mas este é um jeito errôneo de expor o caso. Eles estão fazendo o que lhes disseram que está errado, o que é muito diferente. Quando o homem realmente sabe que uma ação é má e que ela será seguida, inevitavelmente, de más consequências, tomará o cuidado de evita-la. O homem realmente sabe que o fogo o queimará, e, portanto, não põe a mão no fogo. Verificar-se-á que todo aquele que comete um erro justifica-o para si mesmo no momento de cometê-lo, seja o que for que venha a pensar sobre ele, mais tarde, a sangue frio. Por isso digo que o pecado, tal como é comumente entendido, não passa de uma fantasia da imaginação teológica; o que de fato existe é uma situação infeliz de ignorância que, muitas vezes, conduz à violação da Lei divina. Temos a obrigação de tentar dissipar a ignorância com a luz da Teosofia."

(C.W. Leadbeater – A Vida Interior – Ed. Pensamento, São Paulo, 1999 – p. 78)


ALÉM DA MENTE PENSANTE (2ª PARTE)

"(...) Com que facilidade as pessoas ficam aprisionadas nas armadilhas de seus pensamentos! Como a mente humana tem um imenso desejo de saber, de compreender e de controlar, ela confunde opiniões e pontos de vista com a verdade. A mente afirma: ‘As coisas são exatamente assim.’ Você precisa ir além dos seus pensamentos para perceber que, ao interpretar a ‘sua vida’ ou a vida e o comportamento dos outros, ao julgar qualquer situação, você está expressando apenas um ponto de vista entre muitos possíveis. Suas opiniões e pontos de vista não passam de um punhado de pensamentos. Mas a realidade é outra coisa. Ela é um todo unificado em que as coisas se interligam e nada existe em si e por si. Pensar fragmenta a realidade, cortando-a em pequenos pedaços, em pequenos conceitos.

A mente pensante é uma ferramenta útil e poderosa, mas torna-se muito limitadora quando invade completamente a sua vida, impedindo você de perceber que a mente é apenas um pequeno aspecto de consciência que você é. 

A sabedoria não é um produto do pensamento. A sabedoria é um profundo conhecimento que vem do simples ato de dar total atenção a alguém ou a alguma coisa. A atenção é a inteligência primordial, a própria consciência. Ela dissolve as barreiras criadas pelo pensamento, levando-nos a reconhecer que nada existe em si e por si. A inteligência une a pessoa que percebe ao objeto percebido, num campo unificado de percepção. É a atenção que cura a separação. (...)"

(Eckhart Tolle – O Poder do Silêncio – Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 – p. 17/18)


domingo, 5 de janeiro de 2014

A IGUALDADE PARA TODOS É A ESSÊNCIA DOS PRINCÍPIOS MORAIS DA VEDANTA

"A ideia de privilégio é a maldição da vida humana. É como se existissem duas forças constantemente em ação, a primeira dando origem a novas regalias, a segunda suprimindo-as. Em outras palavras, uma, instituindo o privilégio, outra, eliminando-o. E à proporção que os privilégios são eliminados, cada vez mais luz e progresso um povo alcança. Podemos observar esse esforço sendo feito à nossa volta.

Sem dúvida, a ideia de privilégio começa sendo exercida, de maneira brutal, pelos fortes sobre os fracos. Há o privilégio da riqueza: o homem que tem mais dinheiro quer ter regalias sobre o que tem menos. Existe o privilégio, ainda mais sutil e poderoso, do intelecto: o homem que tem mais conhecimento exige maiores prerrogativas. Finalmente, o pior de todos os privilégios, por ser o mais tirânico, é o da espiritualidade; os que pensam conhecer mais sobre Deus e a vida espiritual, reclamam para si as mais altas regalias. Proclamam: ‘Venham venerar-nos, horda de ignorantes; somos os mensageiros de Deus e vocês têm de nos prestar reverências.’

Ninguém pode seguir a Vedanta e ao mesmo tempo admitir que qualquer privilégio físico, mental ou espiritual seja exercido; de maneira categórica, não se admite privilégio para ninguém. O mesmo poder está dentro de cada pessoa; alguns o expressam mais, outros menos. Temos o mesmo potencial. Quem pode exigir privilégios? O conhecimento, em toda a sua extensão, está presente em cada alma, inclusive na alma da pessoa mais ignorante. Talvez não se tenha manifestado por falta de oportunidade ou de condições favoráveis. Assim que tiver a oportunidade, irá manifestar-se. A ideia de que um homem nasce superior a outro não faz sentido na Vedanta, como não tem cabimento supor que entre duas nações uma seja superior à outra. Dê-lhes as mesmas condições e observe se o desempenho intelectual será o mesmo ou não. Antes disso, você não tem o direito de afirmar a primazia de uma nação sobre a outra."

(Swami Vivekananda - O que é Religião - Ed. Lótus do Saber, São Paulo, 2004 - p. 68/69)


ALÉM DA MENTE PENSANTE (1ª PARTE)

"A maioria das pessoas passa a vida toda aprisionada nos limites dos próprios pensamentos. Nunca vai além das estreitas ideias já feitas, do sentido do ‘eu’ condicionado ao passado.

Em você, como em cada ser humano, existe uma dimensão de consciência bem mais profunda do que o pensamento. É a essência de quem você é. Podemos chama-la de presença, de percepção, de consciência livre de condicionamentos. Nos antigos ensinamentos religiosos, essa consciência é o Cristo interior ou a sua natureza do Buda.

Descobrir essa dimensão liberta você do sofrimento que causa a si mesmo e aos outros quando conhece apenas esse pequeno ‘eu’ condicionado e deixa que ela conduza sua vida. O amor, a alegria, a criatividade e a verdadeira paz interior só podem entrar em sua vida quando você atinge essa dimensão de consciência livre de condicionamentos.

Se você consegue reconhecer, mesmo esporadicamente, que os pensamentos que passam por sua cabeça são meros pensamentos; se você consegue se dar conta dos padrões que se repetem em suas reações mentais e emocionais, é sinal de que essa dimensão de consciência está emergindo. Ela é o espaço interno em que o conteúdo de sua vida se desdobra.

A corrente do pensamento tem uma enorme força que pode muito facilmente levar você de roldão. Cada pensamento tem a pretensão de ser extremamente importante. Cada pensamento quer sugar sua completa atenção.

Eis um novo exercício espiritual para você praticar: não leve seus pensamentos muito a sério. (...)"

(Eckhart Tolle – O Poder do Silêncio – Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 – p. 16/17)


sábado, 4 de janeiro de 2014

CANDIDATO À VERDADEIRA FELICIDADE

"Felicidade é vida em festa – e festa em vida. Mas, para haver festa e flores, é necessário fazer uma limpeza geral na casa.

Infelizmente, a nossa civilização e vida social está quase toda baseada em mentiras, fraudes, falsidades, hipocrisias e outras poluições.

A patroa dá ordem à empregada para dizer às visitas que a ‘dona não está em casa’.

O negociante tem de mentir constantemente aos fregueses para vender as suas mercadorias.

O leiteiro mente dizendo que leite com 50% de água é leite puro.

O vinicultor põe no seu vinho, além de água e anilina, drogas picantes e nocivas, para vender melhor ou atender ao gosto viciado dos consumidores.

O farmacêutico falsifica os seus produtos de laboratório para ganhar mais dinheiro, pondo em perigo a vida e a saúde daqueles que ingerem as drogas.

O cabo eleitoral mente ao público que o seu candidato é o melhor do mundo, quando ele bem sabe que o seu patriotismo obedece à plenitude do bolso.

O orador sobre à tribuna, cônscio da sua inigualável competência, e inicia a sua peça oratória com as palavras costumeiras: ‘Eu, apesar da minha absoluta incompetência...’, abrindo ligeira pausa para ouvir das primeiras filas um murmúrio de ‘não apoiado’, suavíssima carícia para a sua vaidade.

‘Muito prazer em conhecê-lo’ – quantas vezes não encobre esta frase estereotípica sentimentos diametralmente opostos aos que os lábios proferem?

90% do que Jornais, Rádio e Televisão propalam é mentira a serviço da cobiça.

Tão inveterados são estes e outros vícios sociais que é quase impossível viver em sociedade sem ser contagiado por essas poluições. Tudo isto, porém, é sujeira moral, que torna praticamente impossível o desenvolvimento de uma verdadeira felicidade.

Candidato à verdadeira felicidade! grava bem dentro do teu coração esta grande verdade. Nunca farei depender a minha felicidade de algo que não dependa de mim!"

(Huberto Rohden – A Essência da Felicidade – Ed. Martin Claret, São Paulo, 2002 – p. 65/66)


MEDITAÇÃO E CIÊNCIA (PARTE FINAL)

“(...) No estado meditativo ficamos conceitualmente livres das limitações do pensamento, e nele está presente o potencial para nos tornarmos um com tudo. A meditação pode levar à expressão mais verdadeira do nosso eu.

Mas precisamos realmente meditar? Por que? Quando fizemos essa pergunta ao erudito budista Samdhong Rinpoche, ele rebateu com outra pergunta: ‘Por que devemos comer?’ Para ele, a meditação é a nutrição da mente. Sem ela, nosso desenvolvimento mental, tanto na estrutura cerebral quanto nos pensamentos, não seria muito favorável; nossa capacidade para explorar nosso pleno potencial não seria realizada.

Portanto, sem meditar estamos retardando nosso desenvolvimento mental e impedindo o crescimento de nossa consciência. Nossas mentes permanecem obstinadas, desordenadas, destreinadas, subdesenvolvidas, organicamente deficientes. Sem meditação estamos à mercê de processos internos destrutivos – pensamentos e emoções dos quais não temos noção e que nos governam. (...)

Em termos simples, existem apenas dois estilos de meditação, com infinitas variações: plena atenção (percepção pura) e visualização (conceituação). A rotina particular não é tão importante; são apenas pontos de partida. Use o que quer que funcione com você e livre-se cada vez mais das armadilhas físicas, de modo que consiga meditar em qualquer lugar e por quanto tempo desejar, mesmo que apenas por alguns segundos. Você pode levar sua meditação para qualquer lugar.”

(Alek Kwitko - Meditação e Ciência - Revista Sophia, Ano 7, nº 27 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 07/09)


sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

OS MAIS SÁBIOS ACIMA DE NÓS

"Se fizermos o nosso melhor trabalho e o mais sábio, se em nome do amor oferecermos os nossos melhores pensamentos e esforços em prol do serviço à humanidade, então, no momento em que a ação for realizada, não teremos qualquer desejo quanto ao resultado, exceto que esteja de acordo com a vontade e orientação dos mais sábios acima de nós. Separamo-nos totalmente da ação; realizamos a nossa parte, deixando para eles um campo livre e desobstruído, onde todas as grandes energias espirituais podem desabrochar de forma irrestrita e não afetada por nossa cegueira e fraqueza. Não nos interessamos mais pelo resultado. Assim, deixamos a cargo Deles tornar perfeita a nossa fraqueza com a Sua força, corrigindo as nossas falhas com a sua sabedoria, os nossos erros com a Sua retidão. As falhas que cometemos perdem grande parte do seu potencial negativo; embora recebamos a dor pelos erros, a ação terá sido correta porque o desejo foi o de servir. Se com ele não misturamos a nossa própria personalidade, então, até mesmo do erro surgirá o sucesso; o fracasso, sendo apenas do intelecto, cederá caminho às forças mais poderosas do Espírito que é movido pelo amor. (...)

Ao realizarmos o melhor de nós, abandonando os resultados, verificamos que aquilo que chamamos de devoção é, de fato, uma atitude da alma. É a atitude do amor, o atingimento da paz. A alma, tendo a sua face sempre voltada para a Luz Daqueles que residem internamente, está sempre pronta para o serviço. Pela sua luz encontra novas oportunidades de serviço todos os dias."

(Annie Besant - A Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 1992 - p. 62/63)


MEDITAÇÃO E CIÊNCIA (2ª PARTE)

"(...) A palavra meditação é usada para diferentes coisas. Quando vemos alguém assumindo uma postura física característica poderíamos chamar a isso meditação. Entretanto, seria mais correto chamar de prática meditativa. A experiência mental resultante da percepção aumentada também é frequentemente chamada de meditação, mas seria melhor chamá-la de estado meditativo. Para o processo subsequente de autoinvestigação utilizaríamos o termo mente meditativa. A simples palavra meditação é frequentemente usada para implicar parte desses significados ou todos eles, de acordo com o contexto.

Para acalmar temores a respeito da meditação, é bom informar as pessoas de que a meditação é agora amplamente aceita mesmo entre os clérigos tradicionais, e está sendo crescentemente estudada de modo científico. É também útil informar a pessoa que está iniciando a prática meditativa sobre o que a meditação não é. Meditação não é perder o controle sobre a mente. Não existe perda de controle; na verdade, ficamos mais perceptivos de nós mesmos e, portanto, mais no comando. O estado não-meditativo diário é aquele sobre o qual, na maioria das vezes, não temos o controle. A meditação também nada tem a ver com devaneio. Não é uma perda de tempo. Porém, também não é uma panaceia que oferece iluminação instantânea. É uma ferramenta a ser usada.

Com a meditação ficamos mais relaxados e revigorados. É uma oportunidade que não pode ser perdida nesse mundo febril. Mentalmente ficamos mais alertas e mais perceptivos, porém ao mesmo tempo mais calmos. Funcionalmente tornam-nos grandemente capazes, contudo permanecemos isentos; por esse motivo é pouco provável que reajamos de maneira inapropriada às nossas emoções ou a outros estímulos. (...)"

(Alek Kwitko - Meditação e Ciência - Revista Sophia, Ano 7, nº 27 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 07)


quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

A VONTADE E O DESEJO

"A vontade é uma posse exclusiva do ser humano neste nosso plano de existência. Ela o distingue do animal, no qual só o desejo instintivo está desperto.

O Desejo, no seu sentido mais amplo, é a força criativa única do Universo. Neste sentido, não há diferença entre ele e a Vontade; mas nós, seres humanos, nunca conhecemos esta forma de Desejo enquanto somos apenas humanos. Portanto, a Vontade e o Desejo são considerados aqui como conceitos opostos.

 Assim, a Vontade é fruto do que é Divino, do Deus no ser humano; o Desejo é a força que movimenta a vida animal.

A maior parte dos humanos vive no desejo e através do desejo, confundindo-o com a vontade. Mas aquele que quiser vencer deve separar a vontade do desejo, e fazer com que sua vontade predomine; porque o desejo é instável e muda o tempo todo, enquanto a vontade é firme e constante.

Tanto a vontade como o desejo são absolutamente criadores, e formam o ser humano e também o ambiente ao seu redor. Mas a vontade cria de modo inteligente, e o desejo cria de modo cego e inconsciente. O homem, portanto, faz a si mesmo à imagem dos seus desejos, a menos que ele crie a si mesmo segundo o modelo do que é Divino, através da sua vontade, que é um produto da luz.

A tarefa do ser humano é dupla: despertar a vontade, para fortalecê-la pelo uso e pela vitória, torná-la capaz de governar com poder absoluto em seu corpo; e, ao mesmo tempo, purificar o desejo.

O conhecimento e a vontade são os instrumentos para obter esta purificação."

(Helena P. Blavatsky - Texto publicado pela primeira vez em outubro de 1887. Traduzido de “Collected Writings”, H. P. Blavatsky, T.P.H., Adyar, India, volume X - p. 109
http://www.ts-adyar.org/content/theosophical-publishing-house


MEDITAÇÃO E CIÊNCIA (1ª PARTE)

"Qual a importância da meditação na vida diária? Qual a importância de levarmos esses benefícios para outras pessoas, no atormentado e acelerado mundo de hoje? Qual é o benefício último da meditação?

Em A Chave para a Teosofia (Ed. Teosófica) Helena Blavatsky compara a meditação a uma ‘oração silenciosa e inarticulada’. Mas ela diz que, diferentemente da oração comum – para pedir alguma coisa -, a meditação se parece mais com a perspectiva de Platão: convidar Deus, o supremo bem universal, ‘do qual somos parte na Terra’, a se manifestar. Para Blavatsky, é por meio da meditação que o espírito supremo se manifesta. Certamente este é o benefício último, e se é a isso que aspiramos, então a meditação é um pré-requisito. (...)

Qual é o papel da meditação no caótico mundo moderno? Você já notou como a frustração do século XXI está chegando até nós? Estamos mais estressados que nunca. Trabalhamos durante muitas horas, deixando pouco tempo para nós mesmos e nossas famílias. Juntamente com essa pressão existe o crescente fardo do débito, colocando-nos sob tensão crônica: a pressão dos grupos, as normas sociais que devemos enfrentar; a raiva no trânsito; a raiva no supermercado, a raiva ao telefone...

Não é de se admirar que tenhamos chegado ao limite. O estresse e o medo estão causando mal-estar, que inevitavelmente irá levar a doenças. Já existe uma crescente epidemia mundial de ansiedade, depressão e desordens mentais relacionadas a isso. As autoridades médicas estimam que essas doenças mentais irão tornar-se a principal questão de saúde do século XXI, ultrapassando todas as outras. (...)"

(Alek Kwitko - Meditação e Ciência - Revista Sophia, Ano 7, nº 27 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 06)


quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

A MOTIVAÇÃO INTERNA DA AÇÃO

"Quando você clama com absoluta sinceridade, infalivelmente a resposta vem. Descarte todos os desejos inferiores, e clame a partir do coração angustiado. Não ore apenas com os lábios, como faz agora, sentado em seu quarto de puja (adoração), que em realidade não passa de um recanto da cozinha. Você adora o Senhor, mas sua atenção está na comida do forno, com o nariz farejando gulosamente os quitutes. Seus pensamentos para Deus acham-se viciados por apego aos objetos sensoriais (vishaya vasana). Existe um grande abismo entre o que você diz e aquilo que faz; entre o que você é capaz de fazer e aquilo que efetivamente realiza. Você escutou que Uttarakumara era um covarde de fato, embora pudesse vencer, num instante, as forças inimigas. Ele poderia dissertar horas e horas sobre a teoria das batalhas, mas, das batalhas, como prática, nada sabia. A motivação interna que instiga à ação é o que o Senhor pesa."

(Sathya Sai Baba – Sadhana O Caminho Interior – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1989, p. 154)


O AGORA (PARTE FINAL)

"(...) A maior parte das pessoas confunde o Agora com o que acontece no Agora. Mas não é isso. O Agora é mais profundo do que o que ocorre nele. É o espaço no qual tudo acontece. Portanto, não confunda o conteúdo do momento presente com o Agora. O Agora é mais profundo do que qualquer conteúdo que exista nele.

Quando entra no Agora, você sai do conteúdo da sua mente. A incessante corrente do pensamento se desacelera. Os pensamentos não consomem mais toda a sua atenção. Há intervalos entre eles - espaços de silêncio e calma. Você começa a perceber que o seu ser é maior e mais profundo do que seus pensamentos.

Os pensamentos, as emoções, as percepções sensoriais e tudo o que você sente formam o conteúdo da sua vida. Você acredita que sua identidade vem do que você chama de 'minha vida' e confunde 'minha vida' com o conteúdo dela.

Você sempre ignora o fato mais óbvio: o seu sentido mais profundo de ser não tem nada a ver com o que acontece na sua vida, nada a ver com o conteúdo de sua vida. O sentido de ser, de Eu Sou, está intimamente ligado ao Agora. Ele sempre permanece o mesmo. Na infância e na velhice, na saúde ou na doença, no sucesso ou no fracasso, o Eu Sou - o espaço do Agora - permanece imutável no nível mais profundo. Mas, como ele costuma se confundir com o que acontece em sua vida, você sente o Eu Sou ou o Agora muito tênue e indiretamente, através do conteúdo de sua vida. Em outras palavras: sua noção de ser fica obscurecida pelas circunstâncias, por sua corrente de pensamento e pelos inúmeros fatos que ocorrem no mundo à sua volta. O Agora fica encoberto pelo tempo.

E assim você esquece seu enraizamento no Ser, sua natureza divina, e se perde no mundo. A confusão, a raiva, a depressão, a violência e os conflitos surgem quando os seres humanos esquecem quem eles são. No entanto, é tão simples lembrar a verdade e dessa forma voltar às suas origens.

Eu não sou os meus pensamentos, não sou minhas emoções, minhas percepções sensoriais e minhas experiências. Não sou o conteúdo da minha vida. Sou o espaço no qual todas as coisas acontecem, Eu sou a consciência. Sou o Agora. Eu Sou."

(Eckhart Toole - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 34/36)