OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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sexta-feira, 13 de fevereiro de 2015

PURIFICAÇÃO DO CORPO ASTRAL¹ (PARTE FINAL)

E o que são esses elementais que interagem conosco dificultando o nosso trabalho de purificação dos nossos corpos físico, astral e mental? Por que muitas vezes reagimos de determinada forma a algo com ira, inveja, palavras ásperas e até agressões físicas, se já sabemos que essas atitudes não são as corretas?

Antonio Geraldo Buck, no Manual Básico de Teosofia, nos informa: “É de fundamental importância o entendimento sobre o funcionamento dos reinos elementais da natureza, porque eles estão no homem, fazendo parte da sua constituição mental e astral. Ora, tais reinos estão numa evolução descendente e, portanto, necessitam de vibrações mais grosseiras para se densificarem (...)”.

Os elementais não são nem bons e nem maus, simplesmente provenientes do Segundo Aspectos do Logos. Esse fluxo de vida ao adentrar no plano mental Superior após construir formas, passa a habitá-las. Esse é chamado de primeiro Reino Elemental, o qual com a finalidade de alcançar o reino mineral, passa a densificar-se, uma vez que está numa evolução descendente. Continuando nesse processo de involução, a essência elemental ao chegar no plano mental inferior é denominada de Segundo Reino Elemental e ao “descer” um pouco mais, habitando o plano Astral é conhecida como Terceiro Reino Elemental, ou elemental do desejo.

Se pararmos para refletir que esses elementais estão sendo impulsionados para uma densificação no arco descendente e nós estamos buscando purificação de nossos corpos através do arco ascendente, concluiremos que enquanto não despertamos para a necessidade de nos tornarmos melhores, vamos não só interagindo com esses elementais do desejo, mas também alimentando-os e nesse processo simbiótico é que vai sendo gerado uma ligação a qual perdura mesmo após o desencarne. Segundo C. W. Leadbeater em A Vida Interna, no momento do desencarne o elemental do desejo sabe que com o fim do corpo físico seguir-se-á também a morte do corpo astral e o fim das suas sensações densas, por isso ele procura preservar o corpo astral, dispondo-o em camadas, as mais densas e grosseiras na parte externa. Isso, fará com que a pessoa só perceba o subplano correspondente à camada mais externa, impedindo de transitar por todos os subplanos do astral como o fazemos enquanto encarnados. É uma prisão até que termine a vida astral. Esse processo pode ser evitado quando através da purificação do corpo astral controlamos o elemental do desejo não só enquanto encarnados, mas após a morte. 
   
No processo de evolução ao buscarmos responder às sensações menos densas, mais sutis, temos que ir cortando os vínculos formados com esses elementais. E é aí que começa o conflito interior, a luta entre o bem e o mal dentro de nós mesmos. (Jinarajadasa, Fundamentos de Teosofia)

Esse conflito humano impulsionado pelos elementais de um lado e pelo Ego do outro, é muito bem mencionado pelo apóstolo Paulo, em Romanos VII-19 a 23: Porque não faço o bem que prefiro, mas o mal que não quero, esse faço. Mas, se eu faço o que não quero, já não sou eu quem o faz, e, sim, o pecado que habita em mim. Então, ao querer fazer o bem, encontro a lei de que o mal reside em mim. Porque no tocante ao homem interior, tenho prazer na lei de Deus; mas vejo nos meus membros outra lei que, guerreando contra a lei da minha mente, me faz prisioneiro da lei do pecado que está nos meus membros.

Tendo conhecimento desse lado oculto da nossa constituição, só nos resta arregaçarmos as mangas e partirmos para um trabalho interior, onde fortificados pela auto-observação, meditação e estudo, conscientizemo-nos de que somos seres espirituais em busca da autorrealização.

¹  Comentários sobre o parágrafo 8º de Aos Pés do Mestre, de J. Krishnamurti, Ed. Teosófica, p.23/24

Tirza Fanini


sábado, 29 de novembro de 2014

COMO FAZER A ESCOLHA CERTA EM QUALQUER SITUAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Quando o nosso discernimento é toldado por desejos e emoções, torna-se uma forma de cegueira - psicológica e espiritual. Sob a influência das emoções, as pessoas ficam confusas e não conseguem raciocinar claramente.

Esse era um dos pontos que Paramahansa Yogananda frequentemente enfatizava para nós. (...) Ele dizia: 'Não fiquem correndo pra lá e pra cá como uma galinha com a cabeça cortada!' Nos primeiros tempos, ele me dava tantas responsabilidades que era difícil manter a calma, mas lembro-me de ele ter dito: 'Seja como o aço por dentro. Não seja emotiva.'

A emoção é prejudicial, pois paralisa a habilidade de pensar claramente e de perceber uma situação de modo preciso. (...) Quando aprendemos a separar os fatos das opiniões pessoais, o nosso discernimento não fica tão influenciado pelos desejos egoístas. Se cada ser humano aprendesse a fazer isso, haveria muito mais compreensão e paz no mundo.

Veja, essas são coisas práticas. Alcançar e expressar a Autorrealização é o propósito deste caminho: amar a Deus, saber que estamos unidos a Ele; e então aplicar esse amor e realização de modo prático na vida diária."

(Sri Daya Mata - Intuição: Orientação da Alma para as Decisões da Vida - Self-Realization Fellowship - p. 16/17)

sexta-feira, 31 de outubro de 2014

SEGURANÇA NUM MUNDO INCERTO (2ª PARTE)

"(...) A única coisa que ajudará a eliminar o sofrimento do mundo - mais do que dinheiro, habitações ou qualquer outro auxílio material - é meditar e transmitir aos outros a sublime consciência de Deus que sentirmos. Mil ditadores não poderiam  jamais destruir a Sua consciência para os outros. Procure compreender os planos de Deus para a humanidade - atrair todas as almas de volta a Ele - e trabalhe em harmonia com a Sua vontade.

Deus é Amor. Seu plano para a criação só pode estar enraizado no amor. Não oferece esse simples pensamento mais consolo ao coração humano do que os raciocínios eruditos? Todos os santos que penetraram o âmago da Realidade testemunharam que existe um plano universal divino e que ele é belo e pleno de alegria. Assim que aprendermos a amar Deus na meditação, amaremos toda a humanidade como amamos nossa família. Aqueles que encontraram Deus por meio da própria Autorrealização - os que tiveram realmente a experiência de Deus - só eles são capazes de amar como seus próprios irmãos de sangue, filhos do mesmo e único Pai.

Compreenda que o mesmo sangue vital circula nas veias de todas as raças. Como pode alguém se atrever a odiar qualquer outro ser humano, de qualquer raça que seja, quando Deus vive e respira em todos? Somos americanos, hindus ou de qualquer outra nacionalidade por apenas alguns anos, mas somos filhos de Deus para sempre. A alma não pode ser confinada em fronteiras criadas pelo homem. Sua nacionalidade é o Espírito, seu país é a Onipresença. Se entrar em contato com Deus dentro de você mesmo, saberá que Ele está em todos, que Ele se tornou nos filhos de todas as raças. Você não pode, então, ser inimigo de ninguém. Se o mundo inteiro fosse capaz de amar com esse amor universal, não haveria necessidade de que uns se armassem contra o outros. Por meio de nosso próprio exemplo, à maneira de Cristo, temos de promover a unidade entre todas as religiões, todas as nações e todas as raças.(...)"

(Paramahansa Yogananda - Onde Existe Luz - Self-Realization Fellowship - p. 43/45)

sexta-feira, 10 de outubro de 2014

O OLHO "ÚNICO" OU ESPIRITUAL

"A lâmpada do corpo é o olho; de sorte que, se o teu olho for único, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, o teu olho for mau, o teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a própria luz que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!" (Mateus 6:22-23).

A luz reveladora de Deus, no corpo, é o olho único no centro da fronte, percebido em meditação profunda - a entrada para a presença de Deus. Quando o devoto é capaz de ver através desse olho espiritual, ele contempla todo o seu corpo como também seu corpo cósmico repletos da luz de Deus que emana da vibração cósmica.

Fixando a visão dos dois olhos no ponto entre as sobrancelhas, durante a concentração interiorizada da meditação, podem-se focalizar as energias ópticas positiva e negativa dos olhos direito e esquerdo, unificando suas correntes no olho único de luz divina. O homem ignorante, materialista, desconhece essa luz. Mas todo aquele que tenha praticado ainda que um pouco de meditação pode vê-la ocasionalmente. Quando o devoto é mais adiantado, ele vê essa luz à vontade, com olhos abertos ou fechados, à luz do dia ou na escuridão. O devoto altamente desenvolvido pode contemplar essa luz pelo tempo que deseje; e, quando sua consciência se torna capaz de penetrar essa luz, ele ingressa nos mais elevados estados de realização transcendente.

Quando, porém, o olhar e a mente de um indivíduo se afastam de Deus e se concentram em motivações más e ações materialistas, sua vida se torna repleta das trevas da ignorância ilusora, da indiferença espiritual e dos hábitos que geram sofrimento. A luz cósmica interior e a sabedoria permanecem ocultas. 'Quão grandes [são as] trevas' do homem materialista que ele pouco ou nada sabe da realidade divina, aceitando - seja com satisfação, seja com ressentimento - tudo que a ilusão tenha a lhe oferecer ao longo do caminho. Viver em tal pantanosa ignorância não é uma vida apropriada para a consciência da alma que habita o corpo.

O homem espiritualizado - com corpo e mente iluminados em seu interior pela luz astral e pela sabedoria, tendo eliminado as sombras das trevas físicas e mentais e alcançado a percepção do cosmos inteiro repleto de luz, sabedoria e alegria de Deus -, aquele em quem a luz da Autorrealização está plenamente manifesta, recebe indescritível alegria e permanente orientação da sabedoria divina."

(Paramahansa Yogananda - A Yoga de Jesus - Self-Realization Fellowship - p. 79)
http://www.omnisciencia.com.br/yoga-de-jesus.html


segunda-feira, 1 de setembro de 2014

O CONCEITO DE DHARMA

"Estamos destinados a nascer num certo local, viver uma certa vida, ter determinados relacionamentos, alegrias e tristezas? O conceito de dharma trata dessas questões.

Nem o dharma nem o karma são fatalistas. Ambos são afirmações de uma lei natural. O karma é o princípio geral; o dharma é um caso específico, à medida que se relaciona ao nosso eu interno.

O termo dharma não pode ser traduzido; já foi definido como dever, lei, retidão, religião, doutrina, natureza essencial, mas nenhuma palavra contém o seu amplo significado. O dharma está unido ao karma (ação) e à moralidade (reta ação). Annie Besant define dharma como ‘nossa própria natureza interior, no seu atual estágio de evolução, mas a lei de crescimento para o estágio de evolução seguinte’. (...)

Pode-se pensar no dharma como uma pressão interna em direção à autorrealização, ao crescimento interior e ao desenvolvimento do nosso potencial. Quando não prestamos atenção a essa pressão, a vida torna-se cada vez mais difícil, porque o dharma expressa uma lei natural, a nossa natureza essencial. Mesmo que tentemos, não conseguimos violar as leis da natureza e da nossa própria existência.

Podemos tentar ser algo que não somos, mas não vamos conseguir, assim como não conseguiríamos digerir o alimento que outra pessoa comeu. O dharma de uma outra pessoa é não apenas perigoso, mas também impossível de realizar. O dharma é individual; de certa maneira, nosso dharma é o que somos essencialmente."

(Edward Abdill - O fenômeno da sincronicidade - Revista Sophia, Ano 4, nº 15 - p. 22)


segunda-feira, 11 de agosto de 2014

LIBERTA-TE DO SUPÉRFLUO

"Mahatma Gandhi escreveu: 'O homem que guarda em sua casa alguma coisa de que não necessita e que faz falta a outros, esse é ladrão.'

Expresso em termos menos drásticos, podemos dizer que a pessoa que acumula em sua casa coisas supérfluas, nada sabe do espírito de autorrealização.

Jesus disse: 'Quem não renunciar a tudo que tem não pode ser meu discípulo.'

Todos os grandes Mestres espirituais da humanidade, ou renunciaram a tudo, ou se contentaram com o menos possível, usufruindo apenas um conforto dignamente humano. Podemos viver sem posses, não podemos viver sem o usufruto das coisas necessárias. Muitos dos grandes Mestres não tiveram posse alguma; ainda em nossos dias, Gandhi, o libertador da Índia, ao morrer não deixou nada senão uns pares de velhas sandálias, uma caneta tinteiro, uns óculos primitivos, um obsoleto relógio, e umas tangas; a própria cabra, de cujo leite se nutria, não era dele, e foi reclamada pelo dono, após o assassinato do Mahatma, no dia 30 de janeiro de 1948.

Os que não estão em condições para esta renúncia, devem, pelo menos, contentar-se com o conforto necessário, sem se cercar de confortismo supérfluo. O nosso velho e incorrigível ego não conhece a palavra 'chega'; para ele, nada é suficiente; quanto mais possui, mais quer possuir; vai do desejo à posse e da posse a desejos sem fim, circulando a vida inteira nesse círculo vicioso.

E é precisamente neste terreno que prospera com abundância a tiririca da insatisfação e infelicidade." (...)

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1982 - p. 151/152)

quinta-feira, 7 de agosto de 2014

OS FUNDAMENTOS DA FÉ

"Tenha fé em si mesmo e em sua própria capacidade de cumprir um estrito horário de disciplina espiritual (sadhana); tenha cerrteza de sua própria habilidade de atingir a meta da autorrealização. Se você não tem fé na onda, como pode ter fé no oceano? Uma pequena lamparina de aço pode tornar-se um belo e eficiente relógio mediante a aplicação de inteligência e habilidade. Não pode então ser transmutado em um sábio um homem que tenha apreendido a Realidade Última através do discernimento (viveka) e do desapego (vairagya)? Os livros sagrados de todas as religiões ajudam o homem a atingir sua Eterna Morada de Paz. Tais livros são como pousadas no deserto, construídas para ajudar o caravaneiro em seu caminhar para o objetivo. Ele se deixa ficar na pousada apenas por algum tempo; depois é instruído sobre o próximo trecho da jornada, após o que move-se ele, revigorado pela parada feita.

Obstáculos que surgem no caminho são muitas vezes tratados com ressentimento pelos peregrinos, no entanto, são testes a serem vistos como propiciadores de segurança. Você bate um prego na parede para pendurar um quadro, mas antes de o colocar, tenta ver se o prego está em condições de suportar o peso. Quando se certifica de que não o abala, mesmo quando usa toda força, fica tranquilo para pendurar o quadro. Receba bem os testes porque eles lhe darão confiança e lhe assegurarão avanço.

Não dê ouvidos ao que os outros dizem. Acredite em sua própria experiência. Acredite naquilo que lhe dê paz e alegria (Atmanandam). Esta é a base real para a fé. Por que haveria você de sair a perguntar a todos se alguma coisa é sal ou açúcar? Não é mesmo ridículo vagar por aí consultando pessoas sobre isso? Ponha um pouco sobre a língua, e isso bastará para resolver o assunto. O que você agora está fazendo é negar-se a ter como sal o que sua própria experiência provou ser açúcar, simplesmente porque alguém, que não provou, tal como você, proclama que é sal ou porque outra pessoa, estando com febre, acha a coisa amarga."

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 34/35)


segunda-feira, 28 de julho de 2014

QUEM VOCÊ REALMENTE É (PARTE FINAL)

"(...) Há muitas expressões usadas frequentemente que mostram que as pessoas não sabem quem são. O mesmo acontece às vezes com a estrutura da língua. Dizemos: 'Ele perdeu a vida num acidente de carrro' ou 'A minha vida', como se a vida fosse alguma coisa que se possa possuir ou perder. A verdade é: você não possui uma vida, você é a vida. Você é a vida única, a consciência única que permeia todo o universo e assume temporariamente a forma de pedra, folha, animal, pessoa, estrela ou galáxia. 

Consegue perceber que, lá no fundo, você já sabe disso? Consegue perceber que você já é isso?

Você precisa de tempo para a maioria das coisas na vida: é preciso tempo para aprender uma nova atividade, para construir uma casa, para se especializar em alguma profissão, para preparar um chá. Mas o tempo é inútil para a coisa mais valiosa da vida, a única que realmente importa: a realização pessoal, o que significa saber quem você é essencialmente além da superficie do 'eu' - além do nome, do tipo físico,da sua história. Você não pode encontrar a si mesmo no passado ou no futuro. O único lugar onde você pode se encontrar é no Agora.

Os que buscam uma dimensão espiritual querem a autorrealização ou a iluminação no futuro. Ser uma pessoa que está em busca significa que você precisa do futuro. Se é nisso que você acredita, isso se torna verdade para você: precisará de tempo até perceber que não precisa de tempo para ser quem você é."

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 38/39)

sexta-feira, 18 de julho de 2014

USANDO TODA NOSSA NATUREZA

"Cada aspecto de nossa natureza, tanto o bem quanto o mal, é exigido para a tarefa à nossa frente. Tal como o redirecionamento de energia, todos os elementos dentro de nós devem ser transformados. Tanto os vícios quanto as virtudes, dizem-nos, são ‘passos (que) compõem a escada’ por meio da qual ascendemos ao mais elevado. Como diz o comentário: ‘Toda a natureza do homem deve ser usada sabiamente por aquele que deseja entrar no caminho’.

Um comentário assim devem ajudar-nos a compreender que não devemos reprimir ou suprimir qualquer aspecto de nossa natureza que possa ser indesejável. Pelo contrário, devemos trazer toda nossa natureza, inclusive o complexo psicofísico, a personalidade, sob uma certa condição. Não podemos negligenciar qualquer aspecto de nós mesmos sem, de alguma maneira, ferir o todo. É toda a natureza que deve ser usada, e usada sabiamente para o propósito que temos em vista. A repressão desses aspectos, particularmente de pensamentos e sentimentos que não queremos reconhecer como pertencentes a nós, só pode resultar em feridas dolorosas nos reinos kama-manásico, ou mental-emocional, ou psicodinâmico. E chagas purulentas conseguem apenas eclodir em violentos surtos de doença psíquica e até mesmo física.

Temos de perguntar a nós mesmos como podemos usar cada aspecto nosso na busca do caminho. Demos a esse caminho o nome de caminho para a iluminação, ou para a autorrealização, para a libertação da roda de nascimentos e mortes; mas, mesmo definir o caminho que nos mandam buscar, poderia indicar algum vestígio de autointeresse, um laivo de egoísmo em nossa busca. Nossa meta pode muito bem estar além da denominação, ou daquilo que imaginamos ser iluminação. Como podemos definir com palavras uma condição de consciência com a qual estamos, no nosso atual estágio, totalmente desfamiliarizados? Talvez isso possa ser melhor expresso nas palavras da anotação: devemos ‘tentar aliviar um pouco o pesado karma do mundo’, dando a nossa ‘ajuda aos poucos braços fortes que evitam que os poderes das trevas obtenham vitória completa’."

(Joy Mills - Buscai o caminho - Revista Theosophia, Ano 100, Julho/Agosto/Setembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 46/47).


quinta-feira, 12 de junho de 2014

NÃO TER MEDO SIGNIFICA TER FÉ EM DEUS (PARTE FINAL)

"(...) Uma pessoa enferma deve tentar livrar-se de sua doença com determinação. Então, mesmo que os médidos aleguem não haver esperança ela deve permanecer tranquila, pois o medo cerra os olhos da fé na onipotente e compassiva Presença Divina. Em vez de ser complacente com a ansiedade, a pessoa deve afirmar: 'Estou sempre seguro na fortaleza do Teu amoroso cuidado'. Um devoto destemido, que esteja sucumbindo a uma doença incurável, concentra-se no Senhor, aprontando-se para a liberdade da prisão física e para uma gloriosa vida futura no mundo astral. Dessa forma ele se aproxima ainda mais do objetivo de libertação suprema na próxima vida. Um homem que morre aterrorizado, abandonando por desespero a fé em Deus e a lembrança de sua natureza imortal, carrega consigo, para a encarnação seguinte, esse triste padrão de medo e debilidade; essa marca pode muito bem atrair, para ele, calamidade semelhantes - uma continuação da lição cármica ainda não aprendida. O devoto heroico, por outro lado, embora possa perder a batalha contra a morte, vence a guerra pela libertação. Todos os seres humanos foram feitos para perceber que a consciência da alma pode triunfar sobre qualquer desastre externo.

O fato de medos subconscientes repetidamente invadirem a mente, mesmo que haja forte resitência mental, indica um padrão cármico profundamente arraigado. O devoto precisa esforçar-se ainda mais para desviar a atenção do problema preenchendo a mente consciente com pensamentos de coragem. Além disso, e mais importante ainda, deve entregar-se completamente às mãos seguras de Deus. Para ser digno de Autorrealização, é preciso ser destemido."

(Paramahansa Yogananda - Viva sem Medo - Self-Realization Fellowship - p. 61/62)

sexta-feira, 10 de janeiro de 2014

A NATUREZA DA GRAÇA DE DEUS

"A graça de Deus é que doa a chuva como também a luz do sol. Você tem de praticar alguma disciplina (sadhana) para alcançá-la. A disciplina apropriada consiste em conservar um pote virado de boca para cima para recolher a chuva. Pratique a disciplina, que consiste em abrir a porta de seu coração tanto que o sol o possa iluminar. De igual forma, em torno de você há muita música, irradiada por algumas emissoras. Você precisa ligar o receptor e sintonizá-lo com a exata frequência de onda para poder recebê-la e desfrutá-la. Ore, pedindo a Graça, mas faça alguma coisa, pelo menos esta simples disciplina. A Graça retificará todas as coisas. Sua principal consequência é a autorrealização, mas há também outros benefícios incidentais, como uma vida feliz aqui embaixo e um temperamento friamente corajoso, mantido em equanimidade inabalável (santhi). O benefício principal de uma joia é a alegria pessoal de quem a possui, mas quando se gastou o último centavo em sua aquisição, pode-se vendê-la, e recomeçar a vida. E isso é o que podemos chamar uma vantagem incidental. A bananeira tem um cacho de frutas como sua principal doação, mas as folhas, o tenro miolo do tronco, o botão da flor são partes subsidiárias que também podem ser utilizadas proveitosamente.¹ Assim é a natureza da graça. Ela atende a uma variedade de necessidades."

¹ A culinária indiana os aproveita. As folhas servem de pratos em casas pobres, nos quais a comida é servida, e o tenro cerne do tronco é usado como alimento.

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1989 - p. 29/30)


sexta-feira, 8 de novembro de 2013

O EQUILÍBRIO NO CAMINHO ESPIRITUAL (1ª PARTE)

“Quando chegamos ao ponto de estarmos cansados da vida, com todos os seus problemas, sofrimentos, frustrações e desilusões que parecem não ter fim, começamos a procurar uma saída; aí entram as religiões, filosofias de vida e caminhos espirituais. Então para nossa surpresa, descobrimos que a felicidade tem um preço e que temos que pagar com nosso próprio esforço a saída dessa condição infernal dos estados psicológicos caóticos, o que demanda uma série interminável de meditações, observações, mantras, disciplinas, reflexões, uma verdadeira ginástica.

É claro que isso não tem lógica; portanto, só há duas alternativas: ou as disciplinas espirituais estão erradas ou nós as estamos entendendo de forma equivocada. Tendo em vista que muitas pessoas atingiram a felicidade através de práticas espirituais, a segunda alternativa pode ser a correta, ou seja, nós não compreendemos a natureza do esforço necessário na jornada de autorrealização.

Temos a tendência de entender as coisas de acordo com os nossos condicionamentos. Cada pessoa reage à sua maneira à mera pronúncia de uma determinada palavra. Por exemplo, ao ouvir a palavra ‘esforço’, algumas pessoas podem sentir vontade de sentar no sofá; outras imediatamente tensionam os músculos, como se estivessem indo para a guerra; outras podem sentir uma espécie de culpa. As possibilidades de reação são tão amplas quanto o número de habitantes na Terra.

Quando ouvimos um ensinamento, a primeira coisa que deveríamos fazer é tentar compreender o que ele significa, independentemente das reações psicológicas que ele desperta – isto é, ouvir objetivamente. (...)”

(Cristiane Szynwelski - O Caminho do Equilíbrio Perfeito - Revista Sophia, Ano 3, nº 10, p. 30/32)


quarta-feira, 9 de outubro de 2013

AUTORREALIZAÇÃO PELO AMOR A DEUS

"A melhor definição de bhakti yoga encontra-se talvez no verso: ‘que o amor sem fim, que o ignorante sente pelos efêmeros objetos dos sentidos, jamais abandone o meu coração que Te busca!’ 

Vemos quanto é forte o amor que os homens, por falta de discernimento, devotam aos objetos dos sentidos, dinheiro, roupas, esposa, filhos, amigos e bens. Que extraordinário apego eles têm por essas coisas! O sábio diz na prece citada: ‘Terei essa afeição – esse extraordinário apego – só por ti’. 

Esse amor quando consagrado a Deus, chama-se bhakti não é destrutivo. Demonstra que nenhuma de nossas faculdades nos foi dada em vão. Por meio delas encontramos o caminho natural para a libertação. Bhakti não extingue nossas tendências nem se volta contra a natureza humana, apenas a orienta de maneira mais elevada e poderosa. A mesma espécie de amor dedicado aos objetos sensoriais, quando oferecida a Deus chama-se bhakti." 

(Swami Vivekananda - O que é Religião - Ed. Lótus do Saber, Rio de Janeiro - p. 255)


segunda-feira, 7 de outubro de 2013

VIVER E APRENDER (PARTE FINAL)

"(...) Há muito tempo, uma investigação foi realizada para descobrir a causa de uma derrota em batalha. A investigação revelou que a batalha foi perdida porque os soldados ficaram desencorajados quando o cavalo escorregou, matando o general do exército. Mas por que o cavalo escorregou? Porque a ferradura se soltou em função de o ferreiro não a ter fixado adequadamente. Assim, diz o ditado que 'a batalha foi perdida por falta de um cravo'. Daí a importância do desempenho cuidadoso do próprio dever na vida. 

A vida é também uma escola. Existem algumas experiências, como a maternidade ou a pobreza, que cada ego tem que experienciar numa vida ou outra. Talvez a maior coisa que possamos aprender na escola da vida seja a importância de dar em vez de receber, sem esperar nada em troca. A arte de cuidar, um sorriso, uma palavra amiga, um gesto carinhoso podem realizar milagres. 

Aprender é um processo que não tem fim. Na escola da vida temos todos os tipos de estudantes. Alguns fracassam e desistem; outros fracassam mas continuam tentando. Um pode completar o curso que lhe foi designado em 700 nascimentos, outro em setenta anos ou em sete meses, outro em sete minutos ou sete segundos. Mas, para a maioria de nós, o processo de aprender na escola da via é muito lento. Nós vivemos sob a impressão errônea de que uma vida não é suficiente para completar esse curso, e continuamos prolongando nosso processo de autolibertação. Se não agora, então quando?

Se a média de vida de uma pessoa é de 70 anos, ela passa quase 68 anos fazendo coisas como jogar, estudar, dormir, comer, tomar banho, fazer compras, trabalhar, divertir-se, etc. Mal sobram dois anos para o progresso moral e espiritual. Mas ela passa até mesmo esse período ocupada com coisas triviais. O homem não nasce apenas para comer, beber, crescer e morrer, mas também para se elevar espiritualmente e clarear seu futuro. 'Agora ou nunca' deve ser o lema.

A vida é comparada a uma peregrinação, e o homem é chamado de peregrino eterno, acumulando experiências em cada existência. Logo que percebemos o propósito da vida - evolução e emancipação da alma - começamos a tomar essa evolução em nossas próprias mãos. Não estamos sós nessa peregrinação. Temos de chegar ao destino na companhia de outras almas peregrinas, não nos isolando. A interdependência é um aspecto importante do progresso espiritual. Ninguém pode nos tirar do atoleiro, mas o autoesforço, juntamente com a orientação dos guias espirituais, definitivamente ajudarão."

(D. B. Sabnis - Revista Sophia nº 45 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 25)


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

AUTORREALIZAÇÃO PELO AMOR

“Aquele que renuncia aos frutos das ações, que dedica todas as ações a Deus e por esse meio se torna livre das influências dos pares de opostos.

A fim de encontrar Deus, deve-se cultivar um estado da mente no qual não haja perturbação, pela remoção da causa de distúrbios, que é o apego aos frutos das ações. Sendo nossas ações motivadas pelo desejo, estamos apegados aos seus frutos e somos afetados pelos seus resultados. Não apenas somos afetados pelos efeitos imediatos dessas ações, como produzimos resultados kármicos, que são causas de aprisionamento aos mundos inferiores. A única maneira de evitar essa cadeia de causa e efeito é praticar ações sem qualquer desejo de benefício pessoal, e cumprir nossas obrigações nas circunstâncias em que nos encontrarmos. Essa atitude pode ser desenvolvida pela dedicação habitual de todas as nossas ações a Deus, como tão claramente foi explicado no Bhagavadgita.[i]

[i] Bhagavadgita – “o canto do Senhor”. Episódio do  Mahabarata, o grande poema épico da Índia. Contém um diálogo no qual Krishna e Arjuna, seu discípulo, têm uma discussão sobre a mais elevada filosofia espiritual. Glossário Teosófico, H. P. Blavatsky, Ed. Ground, 1995. (N.E)

(I.K. Taimni - Autorrealização pelo Amor, uma tradução comentada dos Bhakti Sutras de Narada - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 76/77)


segunda-feira, 17 de junho de 2013

TODO MUNDO É MEIO LOUCO

"O problema é que todos nós, como dizia Paramahansaji, somos meio loucos e não o sabemos; porque pessoas de excentricidades similares se juntam. Nenhum ser humano é realmente equilibrado até vir a conhecer Deus. As únicas pessoas "bem-ajustadas" neste mundo são as que alcançaram a Autorrealização - e isso é o que todos nós estamos nos esforçando para atingir. 

Muitas pessoas são mentalmente desequilibradas, porém muitas e muitas são emocionalmente desequilibradas - emocionalmente aleijadas, emocionalmente imaturas. Não podemos negar isso. Parece-me que essa doença emocional é o principal problema da humanidade hoje. Um sintoma disso está evidente na maneira como as pessoas culpam, constantemente, as condições externas ou outras pessoas por suas inúmeras dificuldades. "Ora, se ela não tivesse feito isso ou se ela não tivesse dito aquilo, eu não estaria sofrendo hoje." Tolice! A falácia de tal raciocínio é uma lição que o Mestre, muito categoricamente, insistia que aprendêssemos.

Não culpe os outros pelo que você é. Sua situação é exatamente o que você mesmo criou. A afirmação "Você é o mestre de seu próprio destino" é absolutamente verdadeira. Você é o arquiteto de seu próprio destino. A dificuldade é que, em nossa ignorância, não soubemos controlar nossas fraquezas humanas e, portanto, pusemos em movimento aquelas formas de comportamento que nos trouxeram os efeitos adversos que hoje experimentamos. Perceber essa verdade é sinal de amadurecimento da maneira de pensar. Favorece nosso crescimento emocional. Estou realçando isso porque a atitude correta em relação a nossos problemas é uma necessidade básica de todos. 

Todos nós temos de crescer, e crescer significa reconhecer nosso verdadeiro Eu e nos comportarmos como tal: "Não sou este indivíduo emocional!. Não sou esta pessoa assustada e lamurienta. Não sou este fraco inseguro. Sou parte de Deus." Guruji nos diz que, pela prática da meditação regular e seguindo as regras espirituais que ele descreveu, perceberemos quem realmente somos. Quando ficarmos plenamente conscientes de Deus, quando nossa consciência se unir com a consciência divina, só então saberemos." 

(Sria Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 36/37)


quarta-feira, 12 de junho de 2013

ATITUDE FUNDAMENTAL DO BHAGAVAD GITA

"Segundo a concepção cósmica da filosofia oriental, toda a atividade do homem profano é fundamentalmente trágica, eivada de culpa, ou karma, porque quem age é o ego, e esse ego é uma ilusão funesta, e tudo o que o elo ilusório faz é necessariamente negativo, contaminado de culpa e maldade. 

Se tal é toda e qualquer atividade do homem profano, então estamos diante de um dilema inevitável: ou agir e onerar-se de culpa - ou não agir e assim preservar-se da culpa.

Grande parte da filosofia oriental optou pela segunda alternativa do dilema: não agir, entregar-se a uma total inatividade, abismar-se numa eterna meditação passiva, a fim de não aumentar o débito negativo do karma

O Bhagavad Gita, porém, não recomenda nenhuma dessas duas alternativas: nem o não agir e preservar-se de culpa, nem o agir e cobrir-se de culpa. O Gita descobriu um terceiro caminho: o do agir sem culpa ou karma. O Bhagavad Gita recomenda o caminho do reto agir, equidistante do falso agir e do não agir.

Como pode o homem agir sem se onerar de culpa?

O falso agir é um agir por amor ao ego; mas o reto agir age por amor ao Eu, embora através do ego, e assim a sua atividade não é culpada. 

O reto agir, por amor ao Eu verdadeiro, não só não cria uma nova culpabilidade no presente e no futuro, mas neutraliza também o karma do falso agir do passado, libertando assim o homem de todos os seus débitos. É nisso que consiste a suprema sabedoria do Bhagavad Gita.

Mas para que o homem possa agir assim por amor ao Eu verdadeiro, deve conhecer esse Eu, deve conhecer a verdade sobre si mesmo.

É o que Krishna explica a seu discípulo Arjuna através dos 18 capítulos que perfazem o diálogo deste poema metafísico; autoconhecimento para tornar possível a autorrealização pelo reto agir.

A quintessência do Gita é, pois, um convite para o reto agir, porque o homem não se realiza nem pelo não agir, nem pelo falso agir.

A alma do Bhagavad Gita é um poema de autorredenção pela autorrealização baseada no autoconhecimento.

Homem, conhece-te a ti mesmo!

Homem, realiza-te!"

(Huberto Rohden - Bhagavad Gita - Krishna - Ed. Martin Claret, São Paulo - p. 1/12)


domingo, 9 de junho de 2013

SOMBRA E LUZ - O DESPERTAR DA PERCEPÇÃO (PARTE FINAL)

" (...) O importante papel do indivíduo tem sido realçado por muitos sábios. J. Krishnamurti diz: "Se você fizer uma transformação básica em si mesmo, então afetará não apenas aqueles que estão próximos de você, mas toda a consciência do mundo." Ramana Maharshi observou que um atma-jnani, uma pessoa autorrealizada, não precisa fazer nada para beneficiar o mundo. Sua poderosa influência espiritual é capaz de causar, silenciosa e imperceptivelmente, um grande bem a todos. 

Todo ensinamento espiritual enfatiza que devemos reduzir nós mesmos a zero, desenvolvendo a abnegação e o desprendimento. Contudo, zero é um fator muito significativo e um grande poder quando colocado junto a qualquer número, pois pode elevar um simples dígito ao infinito. Isso é verdadeiro também em relação ao nosso eu inferior - o corpo físico unido aos pensamentos e sentimentos. Incompreendido e mal utilizado, o eu inferior é a morada das trevas; se for corretamente percebido e usado, pode levar a pessoa à glória e ao esplendor infinitos. Portanto, a relevância de nosso eu inferior não deve ser perdido de vista. Embora os ensinamentos digam que os corpos devem ser dominados, dizem também que uma encarnação humana - uma vida física - é um bem necessário para a salvação. É o campo no qual a batalha pela luz deve ser travada e vencida. 

Existe também uma correlação misteriosa entre o corpo físico e o atma, o espírito divino no homem. Portanto, a sombra está ligada à luz. A natureza é muito frugal e não cria nada desnecessário. Helena Blavatsky diz, em A Doutrina Secreta, que para se tornarem divinos, deuses plenamente conscientes, as inteligências espirituais primevas devem passar pelo estágio humano. Na busca da compreensão dessa natureza dual do homem - sombra e luz - está a nossa oportunidade e também a nossa responsabilidade."

(Surendra Narayan - Revista Sophia nº 43 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 34/35)


sábado, 13 de abril de 2013

O PRINCIPAL ENSINAMENTO DE JESUS: COMO TORNAR-SE UM CRISTO (1ª PARTE)

"O trabalho de Deus na criação é chamar todos os seres, por meio de sugestões evolutivas da Inteligência Crística, a retornar conscientemente para a união com Ele Próprio. (...) Quando há sofrimento generalizado na terra, Deus responde ao chamado da alma de seus devotos enviando um filho divino que, por sua vida espiritual exemplar, expressando a Consciência Crística, pode ensinar as pessoas a cooperar com o trabalho divino da salvação em sua própria vida. 

Foi a respeito dessa Consciência Infinita, plena de amor e bem-aventurança divina, que São João falava ao dizer: "A todos quantos o receberam [a Consciência Crística], deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus". Assim, de acordo com o próprio ensinamento de Jesus - conforme registrado por João, seu discípulo mais adiantado -, todas as almas que se tornem unificadas com a Consciência Crística, por meio da Autorrealização intuitiva, são corretamente chamadas filhos de Deus.

Receber Cristo não se dá por simples afiliação a uma igreja, nem por rituais externos de reconhecimento de Jesus como salvador sem contudo o conhecer de fato por meio de contato com ele em meditação. Conhecer Cristo significa fechar os olhos, expandir a consciência e aprofundar a concentração de tal modo que, através da luz interior da intuição da alma, se possa participar da mesma consciência que Jesus tinha.

São João e outros discípulos adiantados de Jesus que verdadeiramente "o receberam" sentiram-no como a Consciência Crística presente em cada partícula do espaço. Um verdadeiro cristão - alguém unificado a Cristo - é aquele que liberta sua alma da consciência do corpo material e a une com a Inteligência Crística que permeia toda a criação.

Um pequeno cálice não pode conter o oceano. Da mesma maneira, a taça da consciência humana, circunscrita pelos instrumentos físicos e mentais de percepções materiais, não pode abarcar a Consciência Crística universal, não importa o quanto a pessoa deseje fazê-lo. Por meio da ciência definida da meditação, conhecida há milênios pelos iogues e sábios da Índia - e por Jesus também -, qualquer um que busque Deus pode alargar o calibre de sua consciência até à onisciência para receber dentro de si a Inteligência Universal de Deus. (...)"

(Paramahansa Yogananda - A Yoga de Jesus - Self-Realization Fellowship - 09/10)


terça-feira, 19 de março de 2013

JNANA YOGA - OS DOIS PÁSSAROS (6ª PARTE)

"Uma alegoria nos Uppanishads - a dos "Dois Pássaros" - ajuda-nos a compreender esta cosmovisão vedantina, que fundamenta a Jnana Yoga. Vejamo-la na descrição de Swamiji Sivananda:

Há dois pássaros na mesma árvore. Um, num dos galhos mais altos, o outro, mais abaixo. O primeiro se encontra perfeitamente sereno, silente, majestoso para todo sempre. É totalmente bem aventurado. O outro, nos ramos inferiores, come umas vezes frutos doces, outras, amargos. Por vezes, dança alegre. Por vezes, se sente miserável. Rejubila-se agora e depois chora. Às vezes prova uma fruta extremamente amarga e é presa de desgosto. Olha para o alto e contempla o outro, o pássaro maravilhoso de áurea plumagem, sempre venturoso. Deseja fazer-se igual a ele, mas logo se esquece, e novamente volta a comer frutas doces e amargas. Novamente come uma daquelas mais amargas e volta a sentir-se miserável. Volta então a desejar tornar-se igual ao pássaro lá do alto. Gradualmente, vai deixando de comer as frutas e se tornando sereno e feliz como o outro. O pássaro mais alto é Deus ou Brahman. O de baixo é jiva ou alma individual que está comendo os frutos de seus karmas (as consequências agradáveis e desagradáveis de suas prévias ações), isto é, prazer e dor, atingindo altos e baixos na batalha da vida. Sobe, para depois cair novamente, na medida em que os sentidos o puxam para baixo. Gradualmente consegue desenvolver vairagya (despaixão) e viveka (discriminação), e, voltando-se para Deus, pratica meditação, para, finalmente, atingir a autorrealização (conhecimento de si mesmo) e só então desfruta a eterna bem aventurança de Brahman. (In All About Hinduism, p. 178)

Em verdade não são dois pássaros diferentes, mas um só. O de baixo, no entanto, presa da ilusão, desconhece que ele e o outro são o mesmo. Se conseguir aguaçar seu discernimento ao mesmo tempo desapegar-se das frutas, poderá vencer o permanente estresse resultante do incessante jogo dos opostos - alegrias e tristezas, prazeres e pesares. O ignorante pássaro de baixo é ahamkara, nosso falso ego pessoal, sempre entretido com frutas amargas e doces, ora chorando, ora sorrindo. Goza e sofre por não se ter dado conta de sua substancial unidade-identidade com o venturoso e sobranceiro pássaro de cima, que ele inveja. Sua libertação resultará, por um lado, da desidentificação com o irreal e simultânea identificação com o Real, e, por outro, depende de desapegar-se das frutas amargas ou doces. Este é mais uma forma de explicar Jnana Yoga. Sem viveka (discernimento) e vairagya (desapego), o cativeiro e a infelicidade continuam. (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 108/109)