OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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segunda-feira, 20 de outubro de 2014

SETE DICAS PARA A FELICIDADE (2ª PARTE)

"Se queremos ser felizes, devemos, em primeiro lugar, ser nós mesmos. A espontaneidade é essencial. Enquanto estivermos lutando para ser algo que não manifestamos naturalmente, estaremos em conflito e, portanto, infelizes. 

Se precisamos forçar a nós mesmos, deixando de ser espontâneos, para mantermos uma relação ou posição, ficamos fadados à infelicidade, porque não encontramos o nosso lugar no universo. Talvez a felicidade seja encontrar o que foi planejado para nós pelo universo.

Nossa espontaneidade não pode chegar ao ponto de atropelar os outros. Tudo tem um limite, e, como já dizia um amigo, minha liberdade de mover o braço termina onde começa o nariz de quem está próximo.

A segunda dica para a felicidade consiste em aceitar de bom coração quando a vida diz sim e quando ela diz não. Se humildemente aceitamos o não, o que significa que determinado desejo não será realizado, acabamos descobrindo que a vida é muito mais sábia do que nós, e lá na frente encontramos uma realidade melhor do que a idealizada. Ela, a vida, sabe exatamente do que precisamos e nos reserva situações muito mais plenas e felizes quando aceitamos humildemente os seus desígnios. Quando insistimos em um desejo, contra tudo e contra todos, e o atingimos, na maioria das vezes acabamos descobrindo que não valia a pena. (...)"

(Marcos Resende - Sete dicas para a felicidade - Revista Sophia, Ano 11, nº 41 - p.5/7)

terça-feira, 7 de outubro de 2014

A PRESENÇA DO ETERNO (1ª PARTE)

"(...) É muito fácil colocar a culpa nos outros achando que não temos nada a ver com a condição deplorável em que a humanidade se encontra, com a competição brutal que existe nas chamadas relações empresariais, com a miséria, a doença e a fome que estão presentes em tantas partes do mundo e também aqui mesmo, ao nosso lado. Nós somos responsáveis pelo mundo, que apenas reflete tudo o que existe em nossa subjetividade: medo, arrogância, desejo de se sobressair, enfim, o 'eu' com sua permanente busca pelo sucesso, gerando insensibilidade, ganância e consequentemente, violência.

Portanto, a transformação do mundo passa necessariamente pela mudança em nós mesmos, pelo aprendizado com tudo o que ocorre em nossa vida, com nossos desejos e motivações secretas e com as relações que estabelecemos na família, no trabalho, na vida social, comercial, etc. Devemos honestamente nos perguntar se nossa vida é harmônica. Se constatamos a presença de problemas, com relações conflituosas, ânsias e frustrações não compreendidas, cabe-nos observar a nós mesmos cuidando-se e pacientemente até descobrirmos, em cada momento, a origem da desarmonia, que não está nos outros, como estamos acostumados a pensar, mas sempre dentro de nós, em um recanto não percebido do nossos próprio ser. Em nossa inconsciência e inconsequência, criamos uma vida de busca de prazer e fuga à dor e, atabalhoadamente, geramos conflito dentro de nós e nas relações com os outros. Os problemas e as dificuldades que vemos nos outros deixam de existir quando nos relacionamos corretamente, respeitando a liberdade essencial inerente a cada ser humano. (...)"

(Marcos Luís Borges de Resende - A presença do eterno - Revista Sophia, Ano 12, nº 51 - p. 04)

terça-feira, 26 de agosto de 2014

A VERDADEIRA RELIGIÃO (PARTE FINAL)

"(...) Atualmente os mais graves problemas do planeta são os conflitos armados e a destruição do meio ambiente. Simultaneamente ao progresso da ciência, desenvolveu-se uma atitude de conquista, controle e exploração da natureza. A humanidade chegou ao ponto de ‘brincar de Deus’, para usar a frase de Jeremy Rifkin. Mas a ciência também está compreendendo que quanto mais o universo é explorado, maior se torna a dimensão desconhecida, não apenas no nível material, mas também nos campos sutis do espírito. Por trás de tudo o que está manifestado e perceptível existe o intangível e o inexplicável. Grandes espíritos que experienciaram o mistério do desconhecido, como Einstein, puderam compreender a reverência que exala da mente religiosa. (...)

Outro grande problema atual é o consumismo e a insensibilidade em relação ao valor e à dignidade dos seres vivos. É necessário um profundo respeito por cada forma de vida para reverter a maré de consumismo que destrói os recursos e a diversidade do planeta.

È essencial que nossos valores mudem, mas não em razão do que uma sociedade ou um sistema religioso diz. Os valores surgem a partir do sentimento de uma existência una e inter-relacionada, que faz nascer a gentileza e a não violência. Se nós não conseguimos amar o pequeno animal, o pássaro, o peixe ou a planta, como podemos amar a Deus que é a fonte de toda a vida?

Temos de aprender a ser como as criancinhas que experimentam maravilhas, cujas mentes não têm preconceitos e que não sabem o que é ser possessivo. Esse é o verdadeiro despertar religioso, que envolve abrir mão dos próprios interesses por amor aos outros, sem preconceitos, de modo que a mente seja ampla, tolerante e sensível."

(Radha Burnier - A verdadeira religião - Revista Sophia, Ano 12, nº 50 - p.20/21)

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O DESAFIO DA VIDA (3ª PARTE)

Desejos trazem conflitos

"É esta a situação que a humanidade criou para si. Eliminou quase todas as antigas fontes de perigo, mas criou outras novas e terríveis, que não pode controlar porque são impulsionadas pelo instinto animal de sobrevivência. O próprio instinto de sobrevivência transformou-se em um perigo. Assim, já que o que quer que façamos é fonte de perigo, podemos dizer que a mente do homem chegou ao fim do caminho e não pode ir mais longe. Com a evolução mental, e ante o desafio que lhe é apresentado nos dias de hoje, ela se tornou impotente e obsoleta como força bruta.

Na situação atual, enfrentamos um novo estágio, no qual o intelecto parece estar desamparado em face dos enormes desafios. Nessa situação, algumas pessoas perguntam: que outros poderes a vida tem em si? Há apenas o poder da mente, ou a vida, neste vasto processo, revela outros poderes antes negligenciados? A mente do homem está tão encantada consigo mesma que acreditou em sua invencibilidade e raramente enfrentou seriamente essa questão. Naturalmente existiram alguns indivíduos excepcionais que a examinaram com profundidade afim de descobrir se a mente racional é tudo que pode mostrar como culminância de eras de evolução. E, se a mente quer descobrir o que a vida vai revelar mais adiante, deve também examinar a questão do desafio anterior, se realmente foi o da sobrevivência.

O homem adquiriu um ‘reflexo de sobrevivência’ de seu passado e ainda não conseguiu livrar-se desta compulsão imaginária. Mas a vida pressiona-o a buscar novos poderes da consciência que ainda estão ocultos nele e que, em tempo, assumirão a liderança, assim como a mente triunfou sobre a mera força física.
No Bhagavad-Gita, Arjuna enfrenta um dilema doloroso – deve decidir lutar ou fugir. Parece uma situação impossível porque sente que o que escolher estará errado. De um lado seus instrutores, seus parentes a quem ama e com que agora deve lutar. Do outro lado, há a lealdade a seu irmão e é preciso fazer o que for certo. E fica desesperado ao debater-se com a necessidade de escolha. (...)"

(Radha Burnier - O desafio da vida - Revista Theosophia, Ano 103, Abril/Maio/Junho de 2014 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 7/11)


domingo, 17 de agosto de 2014

O DESAFIO DA VIDA (2ª PARTE)

O desejo de variar

"A mente humana ampliou o sentido da sobrevivência física e das necessidades básicas de alimento e abrigo. O homem não fica mais satisfeito em meramente alimentar seu corpo; ele perdeu o instinto animal de saber quando e quanto deve comer. O alimento tornou-se um grande problema e uma fantástica indústria. O homem não se satisfaz mais com alguns bons alimentos, anseia por uma infindável variedade. Estabelece restaurantes e hotéis que preparam e apresentam os vários pratos que inventa e precisam acessórios e recipientes de diferentes tipos e tamanho. As indústrias que os produzem criam enorme organizações para direcionar a propaganda e a publicidade. Criam intensa competição e os males que vê com ela. (...)

O vestuário também é necessário para o corpo, mas o homem criou uma enorme esfera de atividades para materiais e tecidos; inventou a moda e planeja ornamentos. (...)

O homem não está mais preocupado com a simples perpetuação da espécie: sexo e alimento tornaram-se ‘experiências prazerosas’. O prazer tornou-se uma ideia – um pensamento em sua mente. E porque é uma ideia, o homem criou várias formas de prazer, e, uma vez mais, grandes indústrias para alimentá-la, inclusive cinemas, danceterias e revistas.

No processo de buscar prazer, planejar diversões e distrações não há alegria, porque a alegria somente existe na tranquilidade interior. Assim, quando a mente está ansiosa para descobrir o prazer, quando fica tensa nessa busca, perde a alegria que uma vida simples pode proporcionar. O aumento das necessidades humanas é a principal fonte de conflito no mundo, porque essas necessidades (que no início eram alimento, abrigo e sexo), agora se tornaram ideias na mente e base de tensão e conflito. Em nível nacional, levou a grandes guerras mundiais, ao protesto de populações, à crueldade e ao sofrimento que temos testemunhado por décadas e séculos. Na vida pessoal, quem não sofreu a dor causada por discussões entre irmãos, por amigos que caem fora, por marido e mulher que se sentem isolados um do outro? (...)"

(Radha Burnier - O desafio da vida - Revista Theosophia, Ano 103, Abril/Maio/Junho de 2014 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 7/11)


quinta-feira, 29 de maio de 2014

OS CAMINHOS DO AUTOCONHECIMENTO ( 1ª PARTE)

"Os problemas do mundo são tão colossais e complexos que, para compreendê-los e resolvê-los, temos de estudá-los de maneira muito simples e direta: e a simplicidade não depende de circunstâncias exteriores nem de nossos preconceitos e caprichos. A solução não se encontra em conferências ou projetos, nem na substituição de velhos por novos líderes. Ela se encontra, evidentemente, no criador do problema, na origem dos malefícios, do ódio e da enorme incompreensão entre os seres humanos. A origem é o indivíduo, você e eu, não o mundo, tal como o concebemos. O mundo é uma expressão de nossas relações com os outros, não é algo separado de você e de mim. O mundo é construído pelas relações que estabelecemos entre nós.

Você e eu, portanto, somos o problema, e não o mundo, porque o mundo é a projeção de nós mesmos. Para compreendê-lo, precisamos nos compreender. Nós somos o mundo, e nossos problemas são os problemas do mundo. Nunca é demais repetir isso. Porque temos uma mentalidade indolente, pensamos que os problemas do mundo não nos dizem respeito e têm de ser resolvidos pelas Nações Unidas, ou pela substituição dos velhos líderes. Mostramos uma mentalidade muito elementar ao pensar dessa maneira, porque nós somos os responsáveis pela aterradora miséria e pelo constante perigo de guerra no mundo.

A transformação precisa começar por nós mesmos. O mais relevante é a intenção de compreendermos a nós mesmos, e não esperar que os outros se transformem. Essa obrigação é nossa. Porque, por mais insignificante que seja a vida que vivemos, se pudermos nos transformar, introduzir na existência diária um ponto de vista radicalmente diferente, então talvez venhamos a influir no mundo como um todo, porque ele é fruto das nossas relações com os outros, em escala ampliada.

A compreensão de nós mesmos não é um processo isolado. Não implica se retirar do mundo, porque não se pode viver em isolamento. 'Ser' é estar em relação. É a falta de relações corretas que gera conflitos, angústias e lutas. Por menor que seja o nosso mundo, se pudermos transformar nossas relações, essa transformação, da mesma forma que uma onda sonora, se propagará constantemente no mundo exterior. Se pudermos operar uma transformação aqui, não uma transformação superficial, porém radical, começaremos a transformar o mundo. O autoconhecimento é o começo da sabedoria e, portanto, o começo da transformação e da regeneração de valores. (...)"

(J. Krishnamurti - Os Caminhos do Autoconhecimento - Revista Sophia, Ano 12, nº 49 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 05/06)

terça-feira, 13 de maio de 2014

LIBERTANDO-SE DA DOR

"Você enfrenta problemas frequentes e crises em seus relacionamentos mais íntimos? É comum que pequenas discórdias se transformem em discussões violentas e gerem sofrimento?

Na origem dessas experiências se encontram os padrões básicos do 'eu' autocentrado: a necessidade de estar com a razão e, é claro, de que o outro esteja errado - ou seja, a identificação com modelos criados pela mente. O ego também necessita estar sempre em conflito com alguém ou com alguma coisa para fortalecer a sensação de separação entre o 'eu' e o 'outro' sem a qual ele não consegue sobreviver.

Há também a dor acumulada do passado que você e todo ser humano trazem consigo. Essa dor vem tanto do próprio passado quanto do sofrimento coletivo da humanidade, que remonta a milhares de séculos. Esse 'corpo sofrido' é um campo de energia que está dentro de você e que esporadicamente se apossa do seu ser, porque precisa se reabastecer de mais sofrimento emocional. O 'corpo sofrido' vai tentar controlar seus pensamentos e fazer com que se tornem profundamente negativos. Ele gosta dos seus pensamentos negativos, pois eles ecoam o que ele emite e assim o nutrem. O 'corpo sofrido' vai também provocar reações emocionais negativas nas pessoas mais próximas a você - principalmente no seu companheiro ou na sua companheira - para se nutrir das crises que surgirão e do sofrimento que elas trazem.

Como é que você pode se libertar dessa profunda e inconsciente identificação emocional com o sofrimento, capaz de criar tanta dor em sua vida?

Tome consciência da dor. Tome consciência de que você não é esse sofrimento e essa dor. Reconheça o que eles são: uma dor do passado. Tome conhecimento da dor em você ou em seu parceiro. Quando conseguir romper sua identificação inconsciente com essa dor do passado - quando souber que você não é a dor -, quando conseguir observá-la dentro de si mesmo, deixará de alimentá-la e aos poucos ela irá se enfraquecendo."

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 60/61)
www.esextante.com.br


sábado, 26 de abril de 2014

A LEI DO DEVER (1ª PARTE)

"Existem muitos casos, em nossa experiência diária, nos quais parece surgir conflito de deveres. Um dever chama-nos numa direção, outro noutra. Então ficamos perplexos quanto ao Dharma, tal como ficou Arjuna na batalha de Kurukshetra. 

Estas são algumas das dificuldades da Vida Superior, os testes da Consciência em evolução. Não é muito difícil cumprir o dever que é claro e simples. É provável que aí não ocorra erro. Mas quando o caminho da ação torna-se emaranhado e duvidoso, quando não conseguimos ver, como então iremos trilhá-lo através das trevas? Sabemos de alguns perigos que obnubilam a razão e a visão, e dificultam distinguir o dever. Nossas personalidades são os nossos inimigos sempre presentes, aquele eu inferior que se veste de centenas de formas diferentes, que às vezes põe a mesma máscara do Dharma, e assim evita que reconheçamos que, ao segui-lo, estaremos seguindo o caminho do desejo e não o do dever. Como podemos então distinguir quando a personalidade nos está controlando, e quando o dever nos direciona? Como saberemos quando estamos sendo afastados do caminho, quando a própria atmosfera da personalidade que nos envolve distorce o objeto além de si pelo desejo e pela paixão?

Em provações assim não conheço maneira mais segura do que nos retirarmos em silêncio para a câmara do coração, para tentar pôr de lado os desejos pessoais, e por um instante nos esforçarmos em afastar da personalidade o nosso Ser, e olharmos para a questão numa luz mais ampla, mais clara, orando ao nosso Gurudeva¹ para que nos oriente; então, sob essa luz podemos conquistar, por meio da oração, da autoanálise, e da meditação, o direito de escolher o caminho que nos pareça ser o do dever. (...)"

¹. Gurudeva, Literalmente: “Maestro Divino”. (Conforme Glossário Teosófico) grifo nosso.

(Annie Besant - As Leis do Caminho Espiritual – Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 70)

quinta-feira, 10 de abril de 2014

A ILUSÃO DO EGO (1ª PARTE)

"O conflito e a violência na sociedade surgem do conflito e da violência na nossa consciência. E o conflito e a violência interior surgem dos processos do ego. Mas o que é esse ego? Ele existe de fato, como uma realidade na natureza, ou será uma ilusão, no sentido de que apenas uma criação da nossa imaginação?

Essa é uma pergunta importante, porque se o ego existe na natureza, não será possível eliminá-lo. Porém, se estiver baseado em prerrogativas que existem apenas na nossa imaginação, o ego é comparável aos contos de fadas, que podem estar num livro, mas não são reais. Se o ego for algo que existe de fato, no mundo natural, resta-nos apenas aprender a lidar com ele e com os problemas que cria.

Será possível dissolver o ego, por meio da compreensão do processo pelo qual ele é formado, de modo que possamos gerenciá-lo? Acredito que a liberdade é algo totalmente diferente do gerenciamento ou do refinamento do ego. Uma pessoa altamente sofisticada e bem educada expressa seu ego de maneira diferente de uma pessoa pouco educada. Internamente, porém, não há muita diferença entre ambas. Por outro lado, existe uma enorme diferença entre uma pessoa que está livre do ego e uma pessoa presa a ele.

Será o ego uma ilusão criada pela nossa mente? Qualquer pessoa pode observar por si só que não existem egos em lugar algum da natureza, a não ser na consciência humana. Os animais podem ser violentos até certo ponto, mas não possuem um ego. Eles não são violentos de maneira intencional e deliberada. A criança, quando nasce, é como um animal; não possui ego, porque ainda não tem capacidade de pensar e imaginar. (...)"

(P. Krishna - A ilusão do ego - Revista Sophia, Ano 4, nº 13 - Pub. da Ed. Teosófica - p. 41)


segunda-feira, 24 de março de 2014

DA MENTE CONDICIONADA PARA A LUZ (1ª PARTE)

"Consumimos muito tempo e energia com relacionamentos conflituosos, com pequenos problemas familiares, conflitos no trabalho, discussões desnecessárias e tarefas supérfluas e mecânicas. Nossa mente está condicionada a atuar dentro da atmosfera competitiva da vida pessoal e profissional.

Nas empresas cada vez se exige mais dos profissionais. De uma maneira geral, nossa sociedade impõe a todos os cidadãos um ritmo cada vez mais competitivo, estressante e acelerado. No lugar de trabalharem oito horas por dia, conforme previsto na maioria dos contratos de trabalho, as pessoas são induzidas a permanecerem no ambiente de trabalho oito, doze, quatorze horas por dia, e acabam não tendo tempo para si próprias nem para suas famílias. É comum a sensação de que não conseguimos fazer tudo que se espera de nós e nos sentimos insatisfeitos, desanimados, com um sentimento de impotência. Percebemos que o tempo se esvai, escorrega pelas mãos, fora de nosso controle.  

Quando, depois de um dia exaustivo de trabalho, chegamos em casa à noite, estamos tão consados que não temos disposição para meditar, ler um bom livro ou refletir sobre questões essenciais. Sentamos diante da TV, numa condição passiva, absorvendo conteúdos inexpressivos e mensagens publicitárias, que acabam contaminando e condicionando nossa mente. 

Muitas pessoas chegam ao final da vida, olham para trás e sentem que não fizeram o que almejavam; que sua vida foi gasta com coisas de menor importância. Se pararmos para avaliar o nosso dia a dia de uma forma honesta, veremos que poucas coisas que fazemos podem ser consideradas realmente essenciais e importantes. Desperdiçamos um tempo enorme com atividades que poderiam ser deixadas de lado. Mas como nossa vida é muito condicionada, muito repetitiva, como nosso cérebro atua de forma mecânica, como se fosse um computador, não percebemos esse processo. (...)"

(Eduardo Weaver - Revista Sophia, Ano 8, nº 31 - Pub. da Ed. Teosófica - p. 13)


sábado, 22 de março de 2014

IGNORÂNCIA E ILUSÃO (PARTE FINAL)

"(...) Quando abordamos a vida de modo egoísta, nossa nacionalidade, nossos valores, nossa religião são usados para construir nosso ego, para encontrar uma identidade. Podemos eliminar o psicológico e permanecer somente com os fatos. É necessário perceber o perigo desse processo psicológico, perceber os fatos para não ficar preso à ilusão. Não será isso inteligência? Se você não tem essa inteligência, fica preso à ilusão, é atraído à divisão e começa a odiar e a destruir o amor e a amizade. Mesmo irmãos que cresceram juntos e muito próximos, ou amigos íntimos, separam-se e lutam entre si porque não têm essa sabedoria. Esse processo egoico surge de nossa abordagem da vida, porque damos tremenda importância ao que recebemos das árvores, do país, do nosso amigo.

A raiz de todo conflito, tanto em nossa vida pessoal quanto na sociedade, está no processo egoico dentro da consciência humana. O ego é essencialmente um mendigo, sempre pedindo coisa para si em todo relacionamento. Daí surge o gosto e a aversão, a divisão, e, portanto, o conflito. Precisamos descobrir se é possível nos aproximar de todos e de tudo como um verdadeiro amigo, não buscando nada desse relacionamento. Somente então haverá um relacionamento de amor verdadeiro no qual não há divisão e, consequentemente, não há conflito."


(P. Krishna - As causas do conflito - Revista Sophia, Ano 11, nº 43 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 25)

sexta-feira, 21 de março de 2014

IGNORÂNCIA E ILUSÃO (1ª PARTE)

"Buda assinalou que a ignorância é a causa da dor; ignorância não como falta de conhecimento, mas como ilusão. Meu sentimento de que sou diferente do paquistanês, do americano ou do chinês tem raízes na ilusão. O nacionalismo está radicado na ilusão, e daí surge a divisão e o conflito.

Se a raiz do conflito está na ilusão, o conflito pode terminar porque a ilusão pode terminar. Você saberá que não é diferente de um ser humano que vem de uma outra família. Você verá a diferença somente como cor de pele, altura, tipo de comida, e isso não é importante. Quando se dá importância, cria-se divisão. Ela surge quando atribuimos superioridade ou inferioridade a uma diferença. Diferenças não criam divisão. Nunca tivemos guerra entre pessoas altas e pessoas baixas, pelo menos até agora...

Se eu não noto que um africano é negro e um europeu é branco, algo está errado com meus sentidos. Mas se digo que os brancos são superiores, eu me transformo num racista e ponho fim à fraternidade entre os homens. Por que a mente age assim? Porque abordamos as coisas com algum tipo de desejo. Se eu lhe perguntar se a figueira é superior ao eucalipto, como você responderia? Se você quiser sombra, a figueira é superior. Se quiser óleo, o eucalipto é superior. Se não quer coisa alguma, o que seria superior? O sentimento de superioridade está ligado ao fato de eu querer que as coisas me sejam favoráveis, e essa é a essência do processo egóico. (...)"

(P. Krishna - As causas do conflito - Revista Sophia, Ano 11, nº 43 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 25)


sexta-feira, 7 de março de 2014

ANTES QUE OS OLHOS POSSAM VER, DEVEM SER INCAPAZES DE LÁGRIMAS

"Quando vêm as lágrimas a nossos olhos? Quando não gostamos de determinada situação. Significa que queremos que as coisas e as situações sejam diferentes do que são. Quando uma pessoa não está disposta a aceitar coisas e situações tais como são e se sente frustrada em seus esforços para alterá-las, vêm-lhe lágrimas nos olhos. Certamente, as lágrimas denotam uma perda da perspectiva e, portanto, uma deformação da visão. A solidão não sugere encarar as coisas e situações tais como elas o são? Os olhos são capazes de verter lágrimas, quando a mente está em conflito entre o que é e o que ela desejaria que fosse. Ora, a mente que está em companhia de seus próprios pensamentos e ambições não está em estado de solidão. Ser incapaz de chorar é estar desejoso de encarar a vida tal qual ela é.

Precisamos lembrar-nos de que LUZ NO CAMINHO não sugere insensibilidade dos olhos. É verdade que as lágrimas podem ser evitadas pela recusa de ver, fechando os olhos ou fugindo de uma situação. Mas essa não é a instrução dada no livro. O preceito ao neófito é: os olhos devem ver e, contudo, devem ser incapazes de lágrimas. De fato, esta primeira instrução ao peregrino espiritual diz que os olhos não estão aptos a ver claramente, enquanto forem capazes de lágrimas. E as lágrimas vêm devido à relutância da mente em encarar a vida tal qual ela é. Assim, a não ser que a mente esteja solitária, livre de suas próprias ambições e associações, não é possível ao neófito cumprir a primeira instrução. Usualmente nossas mentes são vagarosas demais ou demasiadamente intrometidas. Se o neófito embotou sua mente, os olhos serão incapazes de ver qualquer coisa. Mas se sua mente se intromete, devido às suas próprias ambições, recusando aceitar a situação tal qual ela é, então seus olhos estarão, na certa, constantemente marejados de lágrimas, oriunda de um conflito entre o que é e o que a mente desejaria que fosse. A primeira instrução, entretanto, indica o estado de solidão onde a mente se encontra completamente livre de todos os apegos e as associações psicológicas, onde não se sente nem mesmo em companhia de seus própios modos ou tendências de pensar. Está numa condição em que a 'faculdade pensante está tensa e, entretanto, não pensa'. Ser capaz de ver e, contudo, ser incapaz de lágrimas é, certamente, um estado de grande tensão - uma condição na qual a mente atingiu um ponto crítico."

(Rohit Mehta - Procura o Caminho - Ed. Teosófica, Brasília - p. 29/30)


quinta-feira, 6 de março de 2014

O "EU" AUTOCENTRADO (PARTE FINAL)

"(...) Ao se relacionar com as pessoas, você é capaz de perceber em si mesmo sentimentos sutis de superioridade ou inferioridade em relação a elas? Quando isso acontece, é o ego que está se manifestando, porque ele precisa da comparação para se afirmar.

A inveja é um subproduto do ego que se sente diminuído quando algo de bom aconece com alguém, quando alguém possui mais, sabe mais ou tem mais poder do que ele. A identidade do ego depende da comparação e se alimenta do mais. Ele se agarra a qualquer coisa. Quando nada funciona, as pessoas procuram fortalecer seu ego considerando-se mais injustamente tratadas pela vida, mais doentes ou mais infelizes do que os outros. (...)

O 'eu' autocentrado tem também necessidade de se opor, resistir e excluir para manter a ideia de separação da qual depende sua sobrevivência. Assim, ele coloca 'eu' contra 'os outros' e 'nós' contra 'eles'. O ego precisa estar em conflito com alguém ou com alguma coisa. Isso explica por que, apesar de você querer paz, alegria e amor, não consegue suportar a paz, a alegria e o amor por muito tempo. Você diz que quer ser feliz, mas está viciado em ser infeliz. A sua infelicidade não vem dos fatos da sua vida, mas do condicionamento da sua mente.

Você se sente culpado por algo que fez - ou deixou de fazer - no passado? Uma coisa é certa: você agiu de acordo com o nível de consciência ou de inconsciência que tinha na época. Se estivesse mais alerta, mais consciente, teria agido de outra maneira.

A culpa é outra forma que o ego tem para criar uma identidade. Para o ego não importa que essa identidade seja negativa ou positiva. O que você fez ou deixou de fazer foi uma manfiestação de inconsciência, que é natural da condição humana. Mas o ego personifica a situação e diz 'Eu fiz tal coisa' e assim cria uma imagem de si mesmo como 'ruim, falho e insuficiente'. A História mostra que os seres humanos cometeram inúmeros atos violentos, cruéis ou prejudiciais contra os outros e continuam a cometê-los. Será que todos os seres humanos devem ser condenados? Será que são todos culpados? Ou será que esses atos são apenas expressões de inconsciência, um estágio no processo de evolução do qual estamos nos libertando? (...)

Se você estabelece objetivos autocentrados na sua busca de libertação e de autovalorização, mesmo que os atinja, eles não irão satisfazê-lo. Estabeleça objetivos, sabendo porém que o mais importante não é atingi-los. Quando alguma coisa inesperada acontece, fica demonstrado que o momento presente - o Agora - não é apenas um meio para atingir um fim: cada momento do processo é importante em si. Busque seu objetivo valorizando cada passo da caminhada. Só assim você não se deixará dominar pela consciência autocentrada."

(Eckhart Toole - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 27/30)
www.sextante.com.br


segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

O MAL É UM BUMERANGUE

"Falo agora da filosofia Sankhya, que explica os porquês. Mostro a necessidade de seguir as leis da religião na vida diária, e não apenas no domingo. 

Por que não se deve dizer falso testemunho contra o próximo? Porque isso desenvolve uma atitude de falsidade. A traição é o maior pecado perante Deus. Mentir sobre alguém para ganho pessoal, ou em retaliação, é perjurar a própria alma. Se todos fossem falsos, que pandemônio seria! Vamos supor que você diga a alguém que vai meditar mas, em vez disso, intenciona fazer alguma coisa contra essa pessoa. Isso é traição; é falsidade no pior grau. E também apresentar falso testemunho contra o próximo, para apoiar um malfeitor, é participar de sua conduta reprovável. Causará grave conflito interior, mental e emocional. Ainda que seja temporariamente racionalizado, cedo ou tarde ocorrerá o efeito bumerangue, criando grande angústia na consciência.

Cobiçar os bens alheios também atrai sofrimento, pois tudo que você der, receberá de volta. Dê amor e altruísmo e receberá o mesmo. Mas se expressar ambição, egoismo e cobiça, também atrairá tudo isso.

E por que não se deve roubar? Pense como seria o mundo se todos roubassem. Os maiores crimes seriam cometidos. Haveria brigas violentas e mortes para proteger os bens e para reaver artigos roubados. Roubar é uma ação antissocial que priva o próximo de seus direitos; conspira contra as próprias leis da existência. E a sociedade não tem o conhecimento nem as instalações adequadas para lidar com malfeitores. Quando os ladrões são presos, em geral seus maus hábitos se fortalecem e eles ainda adquirem novos traços negativos pela vivência com outros criminosos. Quando isso acontece, saem da prisão piores do que antes."

(Paramahansa Yogananda - Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 79/80)


terça-feira, 24 de dezembro de 2013

A NATUREZA DO AMOR

"A necessidade de segurança nas relações gera inevitavelmente o sofrimento e o medo. Essa busca de segurança atrai a insegurança. Já encontrastes alguma vez segurança em alguma de vossas relações? Já? A maioria de nós quer a segurança no amar e no ser amado, mas existirá amor quando cada um está a buscar a própria segurança, seu caminho próprio? Nós não somos amados porque não sabemos amar.

Que é o amor? Esta palavra está tão carregada e corrompida, que quase não tenho vontade de empregá-la. Todo o mundo fala de amor — toda revista e jornal e todo missionário discorre interminavelmente sobre o amor. Amo a minha pátria, amo o meu rei, amo um certo livro, amo aquela montanha, amo o prazer, amo minha esposa, amo a Deus. O amor é uma ideia? Se é, pode então ser cultivado, nutrido, conservado com carinho, moldado, torcido de todas as maneiras possíveis. Quando dizeis que amais a Deus, que significa isso? Significa que amais uma projeção de vossa própria imaginação, uma projeção de vós mesmo, revestida de certas formas de respeitabilidade, conforme o que pensais ser nobre e sagrado; o dizer ‘Amo a Deus’ é puro contra-senso. Quando adorais a Deus, estais adorando a vós mesmo; e isso não é amor. (...)

O amor é uma coisa nova, fresca, viva. Não tem ontem nem amanhã. Está além da confusão do pensamento. Só a mente inocente sabe o que é o amor, e a mente inocente pode viver no mundo não inocente. Só é possível encontrá-la, essa coisa maravilhosa que o homem sempre buscou sequiosamente por meio de sacrifícios, de adoração, das relações, do sexo, de toda espécie de prazer e de dor, só é possível encontrá-la quando o pensamento, alcançando a compreensão de si próprio, termina naturalmente. O amor não conhece oposto, não conhece conflito. (...)

Mas, não sabeis como chegar-vos a essa fonte maravilhosa — e, assim, que fazeis? Quando não sabeis o que fazer, nada fazeis, não é verdade? Nada, absolutamente. Então, interiormente, estais completamente em silêncio. Compreendeis o que isso significa? Significa que não estais buscando, nem desejando, nem perseguindo; não existe centro nenhum. Há, então, o amor."

(J. Krishnamurti - Liberte-se do Passado - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 44)


domingo, 8 de dezembro de 2013

O MEDO (2ª PARTE)

"Uma das causas principais do medo é que não desejamos encarar-nos tais como somos. Assim, temos de examinar tanto os nossos temores como essa rede de vias da fuga que criamos para nos libertarmos deles. Se a mente, que inclui o cérebro, procura dominar o medo, se procura reprimi-lo, discipliná-lo, controlá-lo, traduzi-lo em coisa diferente, daí resulta atrito e conflito, e esse conflito é um desperdício de energia.

A primeira coisa, portanto, que devemos perguntar a nós mesmos é: ‘Que é o medo, e como nasce?’ Que entendemos pela palavra medo, em si? Estou perguntando a mim mesmo o que é o medo e não de que é que tenho medo.

Vivo de uma certa maneira; penso conforme um determinado padrão; tenho algumas crenças e dogmas, e não quero que esses padrões de existência sejam perturbados, porque neles tenho as minhas raízes. Não quero que sejam perturbados porque a perturbação produz um estado de desconhecimento de que não gosto. Se sou separado violentamente das coisas que conheço e em que creio, quero estar razoavelmente seguro do estado das coisas que irei encontrar. As células nervosas criaram, pois, um padrão, e essas mesmas células nervosas recusam-se a criar outro padrão, que pode ser incerto. O movimento do certo para o incerto é o que chamo medo."

(J. Krishnamurti - Liberte-se do Passado - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 22)

sábado, 7 de dezembro de 2013

O MEDO (1ª PARTE)

"O medo é um dos mais formidáveis problemas da vida. A mente que está nas garras do medo vive na confusão, no conflito, e, portanto, tem de ser violenta, tortuosa e agressiva. Não ousa afastar-se de seus próprios padrões de pensamento, e isso gera a hipocrisia.   Enquanto não nos livrarmos do medo, ainda que galguemos o mais alto cume, ainda que inventemos toda espécie de deuses, ficaremos sempre na escuridão.

Vivendo numa sociedade tão corrupta e estúpida, em que a educação nos ensina a competir — o que gera medo — vemo-nos oprimidos por temores de toda espécie; e o medo é uma coisa terrível, que torce e deforma, que ensombra os nossos dias.

Existe o medo físico, mas esse é uma reação herdada do animal. É o medo psicológico que nos interessa aqui, porque, compreendendo os temores psicológicos em nós profundamente enraizados, estaremos aptos a enfrentar o medo animal, ao passo que, se primeiramente nos interessamos no medo animal, jamais compreenderemos os temores psicológicos.

Todos nós temos medo de alguma coisa; não existe o medo como abstração, porém o medo só existe em relação com alguma coisa. Sabeis quais são os vossos temores — o medo de perder vosso emprego, de não ter comida ou dinheiro suficiente; medo do que pensam de vós os vizinhos ou o público, de não serdes um "sucesso", de perderdes vossa posição na sociedade, de serdes desprezado ou ridicularizado; medo da dor e da doença, de serdes dominado por outrem, de não chegardes a conhecer o amor, ou de não serdes amado, de perderdes vossa esposa ou vossos filhos; medo da morte ou de viver num mundo que é igual à morte, um mundo de tédio infinito; medo de vossa vida não corresponder à imagem que os outros fazem de vós; medo de perderdes a vossa fé — esses e muitos outros e incontáveis temores; conheceis vossos temores pessoais? E que costumais fazer em relação a eles? Não é verdade que fugis dele ou que inventais ideias e imagens para encobri-los? Mas, fugir do medo é torná-lo maior."

(J. Krishnamurti - Liberte-se do Passado - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 21)


quarta-feira, 3 de julho de 2013

A ESTRADA PARA A LIBERDADE (1ª PARTE)

"Grandes instrutores religiosos foram às vezes descritos como "terapeutas das doenças do mundo". Que doença eles curam ou curaram? Olhando superficialmente, a maioria das pessoas estaria inclinada a dizer que é a pobreza, a fome, e a ganância, a guerra, a indiferença aos valores saudáveis, o egoísmo e assim por diante. Sondando a questão mais profundamente, talvez possamos dizer que o mundo, ou seja, a vasta corrente da humanidade que flui de geração a geração, sofre do torpor da conformidade e da falta de verdadeira inteligência (prajna).

A humanidade não tem pouca capacidade cerebral ou intelectual; a evidência disso está nas inúmeras invenções, engenhosas teorias e descobertas espetaculares que realizou. Mas ela parece carecer do tipo de inteligência necessária para não cometer repetidamente os mesmos dolorosos erros. Homens e mulheres, em geral, jamais questionam as atitudes e ideias que repetidamente terminam em violência e outras formas de sofrimento; essas coisas são aceitas como partes inevitáveis da vida.

Conflitos de diferentes dimensões têm levado a dores indescritíveis durante milhares de anos em todas as civilizações e em todas as regiões do mundo. Separam famílias, causam fome, criam uma teia mundial de ódio e miséria. Embora o mundo inteiro saiba como é terrível o impacto da guerra e do conflito, esses males jamais cessam, porque as pessoas continuam a nutrir objetos egoístas e atitudes que causam divisão. Esse é apenas um exemplo de como a humanidade repete descuidadamente ações danosas a si mesma e a outros seres vivos. 

Todas as ações surgem de estados mentais. O comportamento cego e repetitivo que causa sofrimento é o resultado de um tipo de obtusidade psicológica. A mundanidade é uma combinação de letargia espiritual e atividade externa quase incessante, num padrão estabelecido de ganância, violência, falsidade e egoísmo. Estranhamente, sua própria falta de inteligência, permanece despercebida pelo mundo e tem até mesmo a aparência de "progresso", porque a inatividade motivada pelo medo e pela ambição produz a ilusão de um movimento adiante. (...)"

(Radha Burnier - Revista Sophia nº 36 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 22/23)