"O que é que vemos primeiramente ao observarmos este novo mundo? Supondo que um de nós transferisse sua consciência ao plano astral, que mudanças lhe chamariam primeiro a atenção? De momento perceberia pouca diferença e poderia supor estar vendo a mesma coisa que anteriormente. Expliquemos o porquê, embora parcialmente, já que a explicação completa requereria um tratado sobre a física astral. Assim como a matéria terrestre apresenta três estados: sólido, líquido e gasoso, cujas condições são diferentes, assim também há diferentes graus, densidades e condições de matéria astral, análogas e correspondentes aos seus similares da matéria física.
Portanto, o indivíduo consciente no plano astral continuaria vendo as paredes e os móveis de seu aposento, porque, embora a matéria física de que estão formados já não seria visível para ele, a matéria astral mais densa delinearia alguns objetos de tal modo que perceberia sua configuração tão claramente como antes. Se examinasse o objeto de perto, veria nos móveis as suas moléculas constitutivas cujo movimento é invisível no plano físico; porém como poucos moradores do plano astral observam de perto os objetos que os rodeiam, a maior parte dos mortos crê logo que não houve mudança de condições, pois vê os familiares aposentos de sua casa, as mesmas pessoas com as quais conviveu, porque o corpo astral destas últimas está ao alcance de sua nova percepção. Pouco a pouco nota as diferenças, e em seguida percebe que não mais sente dores nem fadigas. Quem pudesse compreender o que isto significa, vislumbraria a realidade da vida superior, pois como dar ideia da total falta de cansaço e dor a quem não tem nenhum momento de descanso nos afãs da vida e apenas recorda que está livre de ansiedade? Temos adulterado de tal modo, no Ocidente, a doutrina da imortalidade da alma, que com frequência os desencarnados continuam crentes de que estão vivos, porque ouvem, veem, pensam e sentem. As vezes acontece exclamarem: 'Mas se eu não morri! Estou tão vivo como sempre e sinto-me muito melhor do que antes.' Verdadeiramente continuam vivendo, e isso mesmo deveriam ter esperado se não houvessem sido ensinados erroneamente.
A consciência astral se consolida e define ao perceber que não pode mais falar com os parentes e amigos que está vendo, pois embora se comunique com eles, estes não a ouvem, e se lhes toca, não desperta neles sensação alguma. Então crê que está sonhando e que logo desperta, e algumas vezes (quando os da terra estão dormindo), seus parentes e amigos notam sua presença e lhe falam como em vida. (...)." (CONTINUA)
C. W. Leadbeater, O que há além da morte, Editora Pensamento, São Paulo, SP, p.79/81.
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