OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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sexta-feira, 11 de março de 2016

DESAPEGUE-SE DOS SENTIDOS

"Mesmo se você não tiver firme fé em Deus ou em qualquer Nome ou Forma particulares que expressem o Imanente Poder, comece pelo controle das imposições da mente, dos impulsos do ego e das atrações e das algemas sensuais. Seja útil aos outros. Assim, depois, sua própria consciência o julgará e o manterá feliz e contente, embora os outros não lhe sejam agradecidos. A vida é um firme caminhar para a meta; não um insignificante campo de concentração ou, ao contrário, uma estúpida forma de piquenique. Seja paciente. Seja humilde. Não arrisque conclusões (apressadas) sobre os outros e sobre os motivos deles.

Desapegue-se dos sentidos; somente então pode seu Atma fulgurar. Não digo que os deva destruir. A mente (no entanto) deve ser desatrelada de seus colegas - os sentidos. Deve ela manter-se leal a seu verdadeiro senhor - o intelecto ou buddhi. Quero, com isso, dizer que você deve separar o grão que está dentro do farelo, através do exercício do discernimento (viveka), e depois então firmar seu desejo sobre aquilo que restou e nutre, isto é, o grão."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 141/142)


domingo, 20 de dezembro de 2015

GUARDAI OS TESOUROS NO CÉU

"Não ajunteis para vós tesouros na terra, onde a traça e a ferrugem corroem, e onde os ladrões irrompem e roubam.
Mas ajuntai tesouros no céu, onde nem a traça nem a ferrugem corroem, e onde os ladrões não irrompem nem roubam.
Porque onde estiver o vosso tesouro, ali estará também o vosso coração.

Repete aqui Jesus o que já ouvimos antes, que uma das condições mais importantes para começar a viver com êxito a vida espiritual é ter um discernimento correto - discernimento entre o eterno e o não-eterno. Quanto mais cultivamos esta faculdade, mais perdemos a nossa sede de tesouros efêmeros do mundo objetivo, e nos voltamos para os tesouros eternos e infinitos do paraíso. O filósofo Spinoza definiu assim esse discernimento espiritual:

'A julgar por seus atos, entre as coisas que os homens têm em mais alta conta estão as riquezas, a fama ou o prazer sensual. Destas, a última é acompanhada da saciedade e arrependimento; as duas outras jamais se saciam: quanto mais temos, mais desejamos; quanto ao amor da fama, induz-nos ele a orientar nossas vidas pelas opiniões alheias. Mas se uma coisa não é amada, não se levantarão disputas a seu respeito, não haverá tristeza caso ela desapareça, nem tristeza se outra pessoa a possuir; em suma, a mente não se perturbará. Estas coisas todas brotam do amor por aquilo que desaparece. Entretanto, o amor por algo eterno e infinito enche a mente toda de alegria e está imune de qualquer tristeza.'

A finalidade da vida, nas palavras dos Upanishads, é 'alcançar a bem-aventurança permanente em meio aos prazeres fugazes da vida'. E essa bem-aventurança permanente é a bem-aventurança de Deus. Absorver-se na consciência de Deus é entrar em seu reino.

Muitos de nós compreendemos intelectualmente que a finalidade da vida é a percepção de Deus, e que os prazeres mundanos existem apenas por um instante. No entanto, nossos corações não correspondem, porque adquirimos o hábito de achar prazer nos objetos sensíveis. Precisamos, então, criar o hábito novo de encontrar alegria em Deus. O Irmão Lawrence disse: 'Para conhecer Deus precisamos pensar nEle com frequência; e, chegando a amá-Lo, passaremos a pensar nEle constantemente: pois o nosso coração estará com o nosso tesouro.'

Em outros termos, uma vez que tenhamos decidido que desejamos tesouros no céu, e não um tesouro na terra, precisamos aprender a unir nossos corações a Deus. Não importa quão frequentemente mostremos fraqueza e esqueçamos de praticar o recolhimento: haveremos de atingir finalmente o objetivo, na medida em que continuarmos a tentar. Uma criancinha tenta andar: quem a vê caindo a toda hora acha impossível que ela ainda o consiga. Mas ela se levanta, a cada tombo, porque o desejo dentro dela é muito forte; e, por fim, ela consegue caminhar em pé, sem tropeçar. De modo semelhante, não haverá fracasso na vida espiritual enquanto não desistirmos de lutar. E não haveremos jamais de desistir dela se estivermos firmemente convencidos no coração e na mente de que Deus é o nosso único tesouro."

(Swami PrabhavanandaO Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo, 2007 - p. 108/109)


terça-feira, 15 de dezembro de 2015

REALIZAÇÃO MERITÓRIA

"Os Indriyas ou sentidos têm de ser controlados por viveka (discernimento) e vairagya (desapego), os talentos gêmeos que foram dados exclusivamente ao homem. Viveka o instrui sobre como escolher ocupações e companhias; diz-lhe da importância relativa de objetos e ideais. Vairagya o salva de muito apego, e injeta uma sensação de alívio nos momentos de alegria ou desespero. Viveka e vairagya são as duas asas que soltam o pássaro no ar. Mantêm diante de você a impermanência do mundo e a permanência da Bem-aventurança da Realidade. Preparam-no para dirigir a vida através do sadhana e para a infalível contemplação da Glória do Senhor. 

Não é necessário retirar-se para a floresta a fim de superar ressentimento e ódio. A virtude não pode ser praticada num vazio. Se você vive numa atmosfera de ódio e ainda assim é capaz de se controlar, sua conquista é meritória. Mas, se vive numa floresta onde não resta oportunidade para o ódio e diz que controlou seu ódio, sua afirmação não tem sentido. Você deve, portanto, deixar-se ficar nos ambientes do mundo, ainda que haja ampla oportunidade para o surgimento de emoções de raiva e ódio; aí, então, aprenda a controlá-los. Esta sim será uma realização meritória."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 116/117)


terça-feira, 8 de setembro de 2015

A HARMONIA NASCE DO AMOR E DA SABEDORIA

"A harmonia nasce do amor e da sabedoria. Estes, por sua vez, são o produto de um coração puro e expansivo. Um coração puro resulta de pensamentos puros. A pureza mental decorre de um processo seletivo em que a mente faz a triagem dos pensamentos bons e maus, rejeitando os últimos e permanecendo sempre com os primeiros. Com a repetição e com o reforço dos pensamentos aplicados à ação, o discernimento passa a ser um hábito virtuoso. Quando cessa o conflito mental das divergências devido à eliminação dos pensamentos errados, surge na sua vida uma harmonia tanto externa quanto interna. Portanto, sempre que seus pensamentos se engalfinharem numa batalha já conhecida, use a sabedoria para mediar as diferenças e verá que os conflitos angustiantes não o perturbarão mais! É o testemunho e a experiência de todos os que praticam a yoga.

A mente é o incinerador da natureza, onde se pode reduzir a cinzas toda a escória mental que não vale a pena guardar: todo o lixo de pensamentos e desejos, de conceitos errôneos, rancores e discórdias nos relacionamentos. Não há um único relacionamento, por pior que seja, que você não possa consertar, desde que primeiro faça isto na mente. Não há um único problema na vida que você não possa resolver, desde que antes o resolva em seu mundo interior, o ponto de origem. Não se intimide pelas possíveis consequências, mesmo que sejam drásticas. Antes de agir, se você harmonizar a situação com a sabedoria do discernimento mental, o resultado cuidará de si mesmo. Uma mente harmonizada gera harmonia num mundo de aparente discórdia."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 102/103)


sexta-feira, 28 de agosto de 2015

NINGUÉM PODE SERVIR A DOIS SENHORES

"Ninguém pode servir a dois senhores; porque ou há de odiar um e amar o outro, ou se apegará ao primeiro e desprezará o segundo. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro. 

Comparem-se as palavras de Cristo com o ditado hindu a respeito de Rama, um dos avatares: 'Onde está Rama, não existe desejo mundano, e onde existe desejo mundano, Rama não está.' Encaremos os fatos: a tentativa de servir a 'Deus e ao dinheiro' simultaneamente é ato de puro desespero. Dizem-nos os grandes mestres espirituais que não se pode fazer isso. Não podemos compenetrar-nos de Deus enquanto formos escravos de desejos como a luxúria e a ganância. O discernimento espiritual precisa estar ao lado das práticas espirituais. Amadurecendo nosso discernimento, surge como processo natural a renúncia. Então, como o mercador da parábola de Cristo, venderemos todos os nossos pertences, a fim de comprar a 'pérola única de alto preço', que é o reno do céu.

A leitura do evangelho de Cristo torna claro que ele ensinava o ideal da renúncia, exatamente como tem sido ensinado por todos os grandes videntes da verdade: Se você deseja realmente a Deus, precisa abandonar o dinheiro. Como a mensagem de Rama, Krishna, Buda e todos os outros avatares, a mensagem de Cristo é universal: vida espiritual sem renúncia é impossível. Em suas próprias palavras:

'Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz e siga-me. Pois aquele que quiser salvar a sua vida, perdê-la-á, mas aquele que, por amor de mim, perde a sua vida, a encontrará. Pois que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro, se perder a sua alma? Ou o que poderá dar o homem em troca da sua alma?'

O que vem a ser, de fato, negar a si mesmo, renunciar? Não significa livrar-se do mundo e de seus deveres. Significa abandonar o egoísmo, o sentimento de 'eu' e de 'meu'. Significa amar a Deus com todo o coração, alma e mente. Sri Ramakrishna dizia: 'Por que o amante de Deus renuncia a tudo por amor daquele que ama? Depois que vê a luz, a mariposa não volta mais para o escuro; a formiga morre no monte de açúcar, mas não recua dele. Assim, de bom grado, o amante de Deus sacrifica a vida para alcançar a bem-aventurança divina, não se apegando a mais nada.'"


(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 112/113)



sexta-feira, 21 de agosto de 2015

COMO SER SAGRADAMENTE EGOÍSTA

"Sentir as dores dos outros e estender a mão para libertá-los de mais sofrimento; buscar felicidade na alegria alheia; tentar constantemente aliviar as necessidades de um número cada vez maior de pessoas - isto é ser sagradamente egoísta. O egoísta sagrado considera todas as suas consequentes perdas terrenas como sacrifícios que ele mesmo acarreta deliberada e propositalmente, pelo bem dos outros e para o seu próprio ganho grandioso e supremo. Ele vive para amar seus irmãos, pois sabe que são todos filhos de Deus único. Todo o seu egoísmo é sagrado, pois sempre que pensa em si mesmo, ele pensa não no pequeno corpo e na mente de entendimento ordinário, mas nas necessidades de todos os corpos e mentes dentro de seu âmbito de conhecimento ou influência. Seu 'eu' se torna o Eu de todos. Ele se torna a mente e o sentimento de todas as criaturas. Então, quando faz alguma coisa para si mesmo, ele só consegue fazer o que é bom para todos. Aquele que se considera alguém cujo corpo e membros consistem da humanidade inteira e de todas as criaturas certamente vê o Espírito Universal Onipresente como a si próprio.³

Essa pessoa não age esperando algo em troca; mas, com o melhor de seu discernimento e intuição, continua a ajudar a si mesmo em todos, com saúde, alimento, trabalho, sucesso e emancipação espiritual. 

Trabalhar com o egoísmo bom e o egoísmo sagrado nos coloca em contato com Deus, que descansa no altar da bondade que se expande a todos. Quem percebe isso trabalha conscienciosamente, só para agradar ao Deus da Paz interior, que sempre o orienta." 

³ "Enxerga a verdade aquele que percebe o Senhor Supremo igualmente presente em todas as criaturas, o Imperecível em meio aos perecíveis. (...) Quando o homem contempla todos os entes isolados como existindo no Único que Se expandiu em muitos, ele então se funde com Brahman" (Ghagavad Gita XIII: 27,30).

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 319)


quinta-feira, 13 de agosto de 2015

EXILADOS DE NÓS MESMOS

"(...) Assim como um copo d'água pode guardar em seu fundo, por decantação, partículas de sujeira, também nós temos nosso psiquismo carregado de toxinas emocionais e mentais. Carregamos um enorme peso psicológico de crenças, condicionamentos, autoimagens negativas, culpa, autocobranças que geram inquietação, egocentrismo e isolamento. Isso nos torna psicologicamente pesados, especialmente pelos nódulos emocionais que geram as defesas que formam nossa personalidade. Por defesa, nos tornamos egocentrados, em constante busca de nossos interesses. Apesar de ser considerado 'normal' em nossa sociedade, esse funcionamento é pleno de motivações egoístas que se tornam um impedimento intransponível para quem deseja tocar essas regiões vibratórias mais sutis.

Gerar a motivação correta, desprovida de egoísmo, é uma fase crucial do verdadeiro despertar espiritual. Equivale a colocar água tremendamente pura no copo, o que inevitavelmente levanta a sujeira depositada no fundo. Superar o peso psíquico das motivações egoístas é um trabalho alquímico que cabe ao próprio aprendiz. Descartar o que se tornou velho, como conceitos e crenças que não servem mais, buscas obsessivas que só nos prendem, hábitos perniciosos e a capacidade de gerar sofrimento são a desintoxicação necessária ao aprendiz. Ele deve aprender a desaprender. É necessário reconquistar a espontaneidade interior de uma criança tendo a experiência e maturidade de um ancião. Apenas a leveza da motivação inegoísta possibilita isso. O copo, então, estará cheio de água pura.

Se o desaprender é fundamental, há também o aprender fundamental: o de abrir-se para o novo, o desconhecido, e fazê-lo sem ser tomado de insegurança, confiando apenas no próprio discernimento e na natureza espiritual da realidade. Com a capacidade de olhar de forma nova para tudo, comprometida com a verdade e com a motivação de gerar felicidade para todos os seres, a qualidade amorosa, pacífica e sábia da espiritualidade vai ocupando irreversivelmente o lugar central que lhe está reservado em nossa vida e em nossa consciência." 

(Marco Aurélio Bilibio Carvalho - A descoberta da espiritualidade - Revista Sophia, Ano 9, nº 33 - p. 9)


segunda-feira, 22 de junho de 2015

A MORTE LIBERTA

"Não tema a morte. A morte liberta e ninguém morre duas vezes. Quando a morte vem, a causa do medo desaparece. Quando o sofrimento é intenso, a morte nos livra das dores físicas e mentais.

Mate o medo sabendo que está protegido pelas muralhas da Eterna Segurança de Deus, que está a salvo mesmo com a morte batendo à sua porta. Os raios protetores de Deus podem varrer as nuvens ameaçadoras do juízo final, acalmar as ondas do castigo e mantê-lo em segurança ainda que você esteja no campo de batalha da vida à mercê dos projéteis da agressão. Sem Deus, nossa vida, saúde e prosperidade não estão seguras mesmo que nos encerremos numa fortaleza de opulência rodeada de trincheiras inexpugnáveis.

Quando o medo aparecer, contraia-se e relaxe, respirando fundo várias vezes. Acenda a lâmpada da serenidade e da indiferença. Faça com que toda a sua maquinaria mental desperte e acompanhe ativamente a vibração da vontade. Depois, aplique essa vontade às engrenagens da bravura cautelosa e do discernimento contínuo, que devem girar sempre e produzir soluções mentais para afastá-lo da calamidade iminente."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda: Como Alcançar o Sucesso - Ed. Pensamento, São Paulo, 2011 - p. 43)


sexta-feira, 5 de junho de 2015

DEFENDA O QUE É CERTO

"Estamos na Terra por muito pouco tempo, e logo partimos. Não se apegue nem se prenda a nada. Na primeira vez em que fui convidado para ser cidadão deste país, recusei, porque não queria ser chamado de cidadão de nenhum país. Meu país são todas as nações; sou um cidadão do mundo. Meu Pai é Deus e minha família é toda a humanidade. Quem pode me contradizer nisso? Se eu tiver de lutar, será pela justiça. Defenderei os Estados Unidos quando tiverem razão, mas não lutarei pelo país quando ele estiver errado. Sempre que seu país estiver certo, lute por ele. Sempre que sua família estiver certa, dê-lhe apoio. Sempre que seus amigos estiverem certos, colabore com eles. Vê como é claro? Você não pode negar a justiça deste princípio. Este é o princípio divino ensinado por Krishna, Cristo e todos os grandes mestres. E é o que vai trazer a paz duradoura ao mundo.

Vou contar uma história: havia um juiz muçulmano muito ortodoxo e preconceituoso. Um aldeão hindu foi levado à sua presença e o juiz perguntou do que o acusavam. Ele respondeu: 'Meritíssimo, devo declarar que seu touro brigou com meu touro, quebrou seus chifres e ele agora está morrendo.'

O juiz retrucou: 'Bem, você sabe que os animais brigam. Caso encerrado.'

Ao ouvir isto, o esperto aldeão disse: 'Meritíssimo, cometi um erro. O que eu quis dizer é que o meu touro quebrou os chifres do seu; é o touro que lhe pertence que está à morte.'

O juiz ficou furioso e aplicou uma multa equivalente a 50 dólares no aldeão. Na hora em que o touro do juiz é que estava morrendo, seu 'julgamento' foi diferente. A moral é: seja sempre um juiz pleno de discernimento e entendimento. Faça primeiro o teste em si mesmo e em seus motivos. Sempre que tiver alguma dúvida no coração, julgue a si mesmo perante o seu próprio tribunal interior."

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 254/255)


quinta-feira, 14 de maio de 2015

ESCOLHAS DIFÍCEIS, DECISÕES DIÁRIAS

"Pergunta: Diante das muitas escolhas difíceis e opções conflitantes que fazem parte da vida diária no mundo atual, como discernir se uma decisão é afetada ou se apenas parece ser correta por causa de nossos desejos pessoais e do apego às nossas próprias inclinações?

Primeiramente, temos de perceber que, para a maioria das pessoas, a maior parte do que fazem é tingida pelos desejos pessoais. Isto é normal; é humano. Na verdade, é o poder motivador dos desejos que possibilita as realizações!

O que os grandes mestres ensinam é que devemos primeiramente nos concentrar em substituir os desejos prejudiciais - que nos mantêm no cativeiro mortal - por ambições saudáveis que desenvolvam nossa natureza mais elevada. Assim, à medida que nos aproximamos do Divino, progredimos firmemente para o verdadeiro estado sem desejos - a união com Deus, na qual todos os desejos são eternamente realizados. Enquanto não atingimos esse venturoso estado, nossa visão e avaliação são influenciadas pelos desejos - quanto a isso, não há dúvida!"

(Sri Daya Mata - Intuição: Orientação da Alma para as Decisões da Vida - Self.Realization Fellowship - p. 14/15)


domingo, 10 de maio de 2015

BHAKTI (1ª PARTE)

"É o caminho do amor devoto a Deus. É a solução mais adequada aos que nasceram dotados de grande sensibilidade (místicos, poetas, artistas), cuja afetividade lhes domina a vida. 

Quem, atendendo a Cristo, busca 'primeiro o reino de Deus', pelos caminhos do amor, infalivelmente alcançará os 'acréscimos', e entre estes a superação de todos os conflitos e ansiedades. 'Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou... Não se turbe vosso coração, nem se atemorize' (jo 14:27).

Efetivamente, é impossível ver-se lágrimas de desespero nos olhos dos que vivem inebriados de amor, se lembrando de Deus. O devoto, vendo-O em tudo, e em tudo O adorando, está isento, longe do desespero. Não há melhor recurso psicoterápico do que amar a Deus acima de tudo e em tudo.

Os homens gastam-se, perdem-se e se destroem na busca dos efêmeros 'acréscimos', esquecidos do essencial. Basta mudar de orientação, e amar a Deus com todas as forças da alma, dedicando-Lhe pensamentos, sentimentos e ações; basta inverter, mediante um discernimento superior (viveka), o processo de busca, passando a buscar antes o Reino de Deus, e todo sofrimento cessará. E a cruz pesada começará a perder peso. E acabará se transformando em bem-aventurança. (...)"

(Hermógenes - Yoga para Nervosos - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2004 - p. 225/226)


sexta-feira, 27 de março de 2015

LIÇÕES QUE PODEMOS APRENDER COM OS OUTROS (PARTE FINAL)

"(...) Quando precisamos estar na companhia de pessoas com quem não reagimos de forma positiva, o que devemos fazer? Suponha que alguém está zangado ou ressentido com você. Se você é uma pessoa de autodisciplina, serenidade e discernimento, não vai acrescentar lenha ao fogo. Não vai perder seu próprio autocontrole e paz mental simplesmente porque alguém os perdeu. Recordo-me do exemplo de uma de minhas primeiras experiências aqui em Mt. Washington, sob o treinamento de meu guru, Paramahansa Yogananda.

A mobília de nossos quartos, nos primeiros dias, era pouco adequada - caixotes de laranjas para guardar nossas roupas, uma cama de madeira dura como as que ainda usamos, uma cadeira reta, não havia tapete no soalho... e era só isso. Uma mulher que morou em Mt. Washington por pouco tempo incumbiu-se de renovar a mobília dos quartos dos devotos, com exceção da minha. Isso não me perturbou, porque eu não tinha vindo em busca de coisas materiais; eu as tivera no mundo. Mas Guruji percebeu a exclusão; ele sempre percebia com rapidez qualquer injustiça. Gurudeva nunca falava maldosamente a respeito de ninguém, mas ele me disse, para minha própria compreensão: 'Ela tem ciúme de você'.

Comecei a praticar, em toda ocasião propícia, o que Paramahansaji ensinara a respeito de como nos comportar em relação às pessoas que antipatizavam conosco: 'Não importa como tratem você, continue a lhes dar amor'. Adotei a atitude de que eu não estava buscando nada de ninguém, a não ser de Deus e de meu Guru. Essa mulher, portanto, não podia me magoar. Como eu nada ambicionava dela, nenhum desejo meu podia ser contrariado por seu tratamento. Eu estava obtendo, de meu amado Deus e de meu Guru, o que buscava. Sempre que meditava, eu mantinha mentalmente essa devota no amor e na luz espiritual de Deus.

Um dia, algum tempo depois, ela estava se sentindo triste e solitária. As pessoas a quem ela dava muito valor achavam difícil conviver com ela e se afastaram. Encontramo-nos por acaso no corredor. Ela falou comigo, e eu lhe disse alguma coisa que deve ter sido confortadora. Mais tarde, pediu para me ver, e conversamos outra vez. Ela desabafou comigo. E finalmente disse: 'Quando você chegou aqui, fiquei ressentida, porque você era tão cheia de entusiasmo espiritual, e eu não tinha isso. Porém, apesar da maneira como a tratei, você me deu compreensão e verdadeira amizade.' Compreendi, então, como as pessoas mudam se você continua a ser gentil com elas. Tenho visto isso funcionar muitas vezes em minha vida."  

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 62/63)


terça-feira, 17 de março de 2015

A MENSAGEM DE JESUS SOBRE OS ENSINAMENTOS ESPIRITUAIS

"Não deis aos cães o que é santo, nem atireis aos porcos as vossas pérolas, para que não as pisem com os seus pés e, voltando-se contra vós, vos despedacem. 

Neste ponto, Jesus diz aos apóstolos como eles devem ensinar a verdade de Deus. Adverte-os a terem discernimento, a pregarem apenas aos que estiverem preparados para receber e cumprir o ensinamento. Encontramos passagens paralelas nos textos do Vedanta. No Mundaka Upanishad lê-se: 'Que a verdade de Brahma seja ensinada apenas aos que obedecem à sua lei, que lhe são devotados e que têm a pureza de coração.' Igualmente, após transmitir a mensagem do Gita a Arjuna, Sri Krishna diz: 'É preciso que jamais digas esta santa verdade a ninguém que não tenha autocontrole e devoção, ou que despreze seu mestre e caçoe de mim.'

O verdadeiro guru não confia um preceito elevado a um homem sem espiritualidade, que possa interpretá-lo mal, empregá-lo de forma errada para justificar seus desejos mundanos ou ridicularizá-lo. Há certas condições que precisam ser cumpridas antes que alguém possa assimilar a verdade religiosa. É preciso que possua pureza, sede do conhecimento divino e perseverança. Quando aspirante e mestre estão devidamente qualificados, a vida espiritual torna-se frutuosa. Os Upanishads nos dizem que muitas pessoas, embora ouçam falar do Eu, não o compreendem.

'Maravilhoso é aquele que fala dele. Inteligente é aquele que aprende sobre ele. Abençoado é aquele que, ensinado por um bom mestre, consegue compreendê-lo.'"

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 122)www.pensamento-cultrix.com.br


terça-feira, 3 de março de 2015

DISCERNIMENTO¹

"Entre o certo e o errado, o Ocultismo não admite acordo. A qualquer custo aparente, tens de fazer o que é certo, e não fazer o que é errado, sem dar importância ao que o ignorante possa pensar ou dizer. Tu deves estudar profundamente as leis ocultas da Natureza, e quando as conheceres organiza a tua vida de acordo com elas, utilizando sempre a razão e o bom senso."

Para que possamos escolher entre o certo e o errado é necessário primeiramente discernir o certo do errado, isto é, se não conseguirmos visualizar de que aquele caminho não é o correto, por mais que outras pessoas tentem nos alertar, não conseguirão nos demover de tais ideias. Poderemos até saber que tal atitude não é a correta, mas encontraremos muitas desculpas para ela. Somente quando nos dispusermos a trilhar pelo caminho certo, com ajuda de cursos, leituras, palestras, religiosidade, etc., poderemos começar a desenvolver discernimento.

E como discernimento gera discernimento, podemos começar a refletir sobre nossos valores, a perceber a realidade que nos cerca e nos conscientizarmos do trabalho que deve ser feito. Existem passos para que possamos chegar num ponto de optarmos pelo correto, sem dúvidas. O primeiro passo é o saber. Podemos saber que algo não é correto, mas continuamos fazendo. O segundo passo é a conscientização. Alcançamos a conscientização quando entendemos o porquê algo é errado. É nesse ponto que através de leituras, cursos, reuniões, etc., nos permitimos refletir e ter compreensão dos fatos. E o terceiro passo é colocar em ação. Colocar em ação é fazer uma opção e como diz o 10º parágrafo: "A qualquer custo aparente, tens de fazer o que é certo". Somente vamos conseguir escolher o certo, firmemente, sem dúvidas, mesmo a despeito de insinuações de terceiros quando fizermos os três passos acima. E o segundo passo, a conscientização vem do conhecimento.

E no final do 10º parágrafo, nos é dado onde obter esse conhecimento. "Tu deves estudar profundamente as leis ocultas da Natureza". Somente através dessas leis que são eternas e imutáveis é que poderemos obter o conhecimento do certo e do errado entendendo quem somos em relação à nossa jornada, assim como os propósitos de estarmos encarnados. Mas depois ainda temos o terceiro passo, que é colocar esse conhecimento em prática. Para isso, o Mestre nos diz: "e quando as conheceres organiza a tua vida de acordo com elas, utilizando sempre a razão e o bom-senso."

Esse é o trabalho de lapidação do nosso caráter, que deverá ser feito dia após dia, com determinação e constância, sabendo que se hoje temos um nível de consciência, não deveremos esmorecer, pois a cada dia que passa podemos ampliar mais e mais a nossa percepção entre o certo e o errado.

¹ Comentários sobre o parágrafo 10º de Aos Pés do Mestre, de J. Krishnamurti, Ed. Teosófica, p.26/27

Tirza Fanini


segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

KARMA INDIVIDUAL

"É aquele produzido pela pessoa e que ela mesmo terá que colher, sem envolver outras pessoas. O karma é intransferível. Cada ser traça a sua trajetória de vida. Um ser não pode carregar a cruz do outro. O papel a ser desempenhado por um ator, não pode ser desenvolvido por outro, mesmo que esteja no mesmo drama. Um pode estimular, apoiar, aconselhar o outro, mas cada um tem que carregar sua própria cruz e cada um tem a cruz que merece.

Não há dois karmas individuais iguais, assim como não há duas impressões digitais iguais.

Que as afirmativas acima não sirvam de pretexto para não ajudar o próximo! Pelo contrário, sendo a Vida Uma, embora formada de muitas existências, compete-nos agir, porém, sempre em direção e sintonia ao Plano Divino. (...)

A inação pode constituir um karma de omissão. Sempre que possível devemos agir para amenizar a dor do próximo, mas jamais conseguiremos ‘queimar’ o karma que ao outro compete eliminar.

Cada ser é seu legislador, criou o seu caminho e a cada um compete desbravar sua senda. Nessa conjuntura é indispensável o discernimento, para avaliar até que ponto estamos cumprindo o nosso karma, ou interferindo na tentativa de cumprir o karma que a outro compete."

(Antonio Geraldo Buck - Você Colhe o que Planta - Ed. Teosófica, Brasília, 2004 - p. 34/35)


quinta-feira, 12 de fevereiro de 2015

PURIFICAÇÃO DO CORPO ASTRAL¹ (1ª PARTE)

"(§08) O corpo astral tem seus desejos - e os tem às dúzias; ele quer que fiques irado, que digas palavras ásperas, que sintas ciúmes, que sejas ávido por dinheiro, que invejes as posses de outras pessoas, que te entregues à depressão. Ele quer todas estas coisas, e muitas mais, não porque deseje prejudicar-te, mas porque gosta de vibrações violentas, e gosta de mudá-las constantemente. Mas tu não queres nenhuma destas coisas, e portanto deves discernir entre os teus desejos e os de teu corpo astral."

Quando nos deparamos pela primeira vez com a leitura de Aos Pés do Mestre, achamos uma leitura fácil e tranquila. E é, mas com o passar dos anos, vamos percebendo a profundidade das palavras que ali estão. Se passarmos a fazer um link com outras leituras, ampliando o nosso conhecimento, vamos percebendo que existem várias camadas para reflexão. É o caso do parágrafo oitavo o qual se refere ao corpo astral e suas implicações. “O corpo astral tem seus desejos e os têm às dúzias”. Mas por quê? E por que gosta de vibrações violentas? 

Somente ao começarmos a ter o entendimento de que o nosso corpo astral é feito da mesma matéria que compõem os subplanos do plano Astral, e que somos afetados não só por essa matéria, mas também pelos elementais² que ali estão, começamos a perceber que temos um trabalho hercúleo pela frente: procurar dominar nossas emoções, nossos desejos, não só para não vibrarmos mais naquela frequência, mas também para não intensificarmos mais esse elemental. (C. W. Leadbeater, Vida Interna, Editora Teosófica)

Como num movimento simbiótico, através de nossas emoções e desejos alimentamos esses elementais, os quais, por sua vez também nos afetam, reforçando ou densificando mais as tendências mais grotescas de nossa personalidade. Leadbeater, no seu livro O Plano Astral, coloca a esse respeito: “Pela extrema precisão com que a essência elemental responde à menor solicitação dos nossos pensamentos e dos nossos desejos, conclui-se que este reino, no seu conjunto, é um produto do pensamento coletivo da humanidade.

¹  Comentários sobre o parágrafo 8º de Aos Pés do Mestre, de J. Krishnamurti, Ed. Teosófica, p.23/24
²  Não confundir esses elementais tratados aqui com os elementais da água, fogo, terra e ar.

Tirza Fanini

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

O PRAZER DA COOPERAÇÃO (PARTE FINAL)

"A cooperação é algo muito diferente. É a alegria de estar juntos e atuar juntos – sem estar necessariamente fazendo determinada coisa. As crianças pequenas gostam de estar juntas e atuar juntas, simplesmente. Estão sempre dispostas a cooperar em qualquer coisa. Não é questão de acordo ou desacordo, de recompensa ou de castigo; querem simplesmente ajudar. Cooperam instintivamente, por prazer. Mas os adultos destroem esse natural e espontâneo espírito de cooperação, dizendo: ‘Se você fizer isso, te darei um presente; se não fizer, não deixarei ir ao cinema’. É assim que se introduz o elemento corruptor. A verdadeira cooperação nasce não de se ter combinado um certo projeto, mas da alegria, do sentimento de união, porque nesse sentimento não há a obstinação das ideias e das opiniões pessoais.

Quando você conhece essa qualidade de cooperação, saberá também quando não se deve cooperar – o que é igualmente importante. É necessário despertar em nós mesmos esse espírito de cooperação, porque então não será um mero plano ou acordo que nos fará trabalhar juntos, mas sim um extraordinário sentimento de solidariedade, a alegria de estar juntos e atuar juntos – sem nenhuma ideia de recompensa ou de castigo.

Se não tivermos suficiente discernimento, poderemos cooperar com líderes insensatos, cheios de planos grandiosos e ideias fantásticas, como Hitler e outros tiranos de tantas épocas. Devemos saber quando não cooperar, e só o saberemos quando conhecermos a alegria da verdadeira cooperação.

Quando se sugere trabalhar juntos, a imediata reação é provavelmente esta: ‘Para que fim? O que vamos fazer?’ em outras palavras, o que vai ser feito torna-se mais importante do que o sentimento de estar juntos – e, quando o plano, o conceito ou a utopia ideológica assume a importância maior, não há real cooperação."

(J. Krishnamurti - O prazer da cooperação - Revista Sophia, Ano 5, nº 20 - p. 13)


terça-feira, 13 de janeiro de 2015

DO SOLITÁRIO AO SOLITÁRIO

"Nas encostas das poderosas montanhas há muitas aldeias, cada uma com sua própria deidade e seu próprio conselho responsável pelas formas de adoração e louvor ao Uno que habita o topo da montanha. De poucos em poucos anos, representantes de todos os conselhos reúnem-se para decidir que encosta é melhor para a subida. Todos eles trazem evidências e citam autoridades, discutem e partem. Muitos abandonam completamente as encostas e se estabelecem nas planícies, alguns acalentam memórias das estórias contadas por seus antepassados depois de sua subida. Umas poucas crianças ouvem o chamado do topo, entre o alarido dos adoradores no templo e dos eruditos nos conselhos. Somente algumas delas têm força e a coragem de empreender a longa e árdua jornada que conduz à presença do Uno que chama.

Quem é que nos chama? Como podemos ouvir e responder? A origem do chamado está dentro de nós ou acima de nós? ‘Quem vos chamou é fiel’, como diz São Paulo. Se pudermos descobrir um modo de prestar atenção e confiar nesta voz, poderemos deixar de lado a teorização e começar a aprender a responder ao chamado. Se pudermos manter a nossa questão central em mente, não é provável que sejamos distraídos por discussões com o nosso próximo ou por tentativas de convertê-lo. A nossa necessidade é de algum caminho prático que nos ajudará a permanecermos em nossa reta mente pela qual, unicamente, podemos ouvir e ver com retidão. Até que desenvolvamos um órgão interno de discernimento, estamos sem âncora, carregados por qualquer vento ocasional."

(Ravi Ravindra - Sussurros da Outra Margem - Ed. Teosófica, Brasília - p.119/120)

segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

AQUIETANDO-SE NATURALMENTE (PARTE FINAL)

"(...) Outro aspecto do problema torna-se aparente quando observamos a nós mesmos, sem querer ser ou fazer isso ou aquilo, abrindo mão de trivialidades e superficialidades. Com relação à profissão ou à ocupação, é necessário ter atenção e cuidadoso discernimento. Mas existem inúmeras atividades superficiais da mente que não tem propósito; seguem em frente mecanicamente. A mente está enredada em desejo, e a mente-desejo sente-se viva quando está em estado de preocupação, medo ou agitação. Ela não consegue se manter ocupada com coisas profundas; portanto, mantém-se numa atmosfera de trivialidades.

A mente aquieta-se quando o foco de sua atenção passa do pessoal para o impessoal, do trivial e superficial para o real e significativo. O estado de quietude torna-se natural quando pensamos em termos da natureza universal da experiência – dor, alegria, luta e assim por diante - , porque o foco muda. Helena Blavatsky aconselhou aos estudantes de espiritualidade a se demorarem nas verdades universais. À medida que o foco muda, o interesse também muda.

Então, embora leve tempo para a mente morrer, nós não desistimos. O desafio é interessante. O estudante universitário acha seu trabalho cansativo quando só tenta conseguir boas notas e um bom emprego, mas se seu interesse estiver desperto, ele trabalha com alegria; assim, a estrada espiritual é o tempo todo ascendente, mas quando há interesse, escalar é uma alegria."

(Radha Burnier - Aquietando-se naturalmente -  Revista Sophia, Ano 9, nº 33, p.41)

domingo, 4 de janeiro de 2015

AQUIETANDO-SE NATURALMENTE (2ª PARTE)

"(...) Uma das características de uma pessoa espiritualmente evoluída é que ela não é pessoal. Pelo contrário, a mente-desejo é muito pessoal, como rapidamente descobrimos quando observamos com cuidado nossas reações do dia a dia com relação às pessoas e aos incidentes. À medida que a mente se torna mais perspicaz e mais afiada, ela se torna crítica em relação ao modo como os outros pensam e agem. Aliás, ela tem considerável satisfação em notar algo que possa criticar ou condenar. No nível subconsciente, isso fortalece o centro egoico e seu senso de superioridade – o que talvez possa explicar por que falar e pensar criticamente dos outros é tão comum. 

Certamente é bom ser crítico no sentido correto; é um sinal de que viveka, ou a faculdade de discernir, está devidamente ativa. Mas esse tipo de observação deve estar livre do elemento pessoal. O verdadeiro viveka não produz reações nem memórias que distorçam o relacionamento. Por outro lado, a atitude não pessoal dá origem a sentimento de gentileza e de compreensão das lutas que as outras pessoas travam. Ser verdadeiramente impessoal ou estar calmamente perceptivo do que acontece, não tendo resíduos ou imagens na mente. (...) 

A perspectiva pessoal e a reação pessoal são como uma ferida na mente, uma fonte de irritação. Se aprendemos a ser pessoais ou um tanto não pessoais (a palavra impessoal sugere falta de sentimento, mas os bons sentimentos caracterizam a mente não pessoal), poderemos descobrir que existe muito menos atividade e agitação mental. (...)" 

(Radha Burnier - Aquietando-se naturalmente -  Revista Sophia, Ano 9, nº 33, p.41)