OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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segunda-feira, 11 de agosto de 2014

OS ILUMINADOS (PARTE FINAL)

A Encarnação da Sabedoria

"Yukteswar foi mestre de Yogananda. Ele estava de passagem por Benares, em visita a sua mãe, quando Yogananda o encontrou. Seu eremitério principal era, então, em Serampore, a 20 km de Calcutá. No prefácio à edição norte americana do livro Autobiografia de um Iogue Contemporâneo, de Yogananda, um de seus discípulos assim descreve Yukteswar:

‘Sri Yukteswar dirigia um tranquilo ashram à beira-mar, em Pui, Orissa, Baía de Bengala, ocupando-se principalmente do treinamento espiritual de um grupo de jovens discípulos. Seu maior discípulo e emissário ao Ocidente, em 1920, foi Yogananda, a quem muito amava.

Era de semblante e voz suave, de presença agradável e digno da veneração que seus discípulos espontaneamente lhe tributavam. Sua figura era alta, ereta, ascética, envolta no hábito cor-de-açafrão dos que renunciaram às conquistas mundanas. Seu cabelo era longo e ligeiramente ondulado, e a barba lhe emoldurava o rosto. O corpo, de musculatura firme, era delgado e de proporções harmoniosas; seu passo, enérgico. (...) Foi em Pui, em 1936, que Sri Yukstewar fechou seus olhos mortais às cenas desse transitório estado do ser, com a consciência de que sua missão na Terra fora cumprida.’

O iluminado da Espiritualidade

Lahri Mahasaya foi mestre dos pais de Yogananda, a quem iniciou na prática espiritual da Kriya ioga, uma técnica iogue que acalma e silencia o tumulto sensorial, permitindo ao homem alcançar identidade crescente com a consciência cósmica. (...)

Lahri Mahasaya deixou este mundo pouco depois do nascimento de Yogananda (1893) e continuou a ser venerado pela família.

Sobre Lahri Mahasaya contam-se muitas curas milagorsas. É o próprio Yogananda quem conta, em seu livro Autobiografia de um Iogue Contemporâneo, ter-se curado milagrosamente de cólera asiático graças ao retrato de Lahry Mahasaya. Estava desenganado pelos médicos e sua mãe mandou-o então olhar fixamente o retrato do mestre: ‘Olhei fixamente a fotografia e contemplei uma luz cegadora que envolvia meu corpo e o quarto inteiro. Minha náusea e os outros sintomas incontroláveis desapareceram; eu estava curado.’"

(Equipe da Revista Planeta - Os iluminados - Planeta Extra Raja Ioga, março de 1984 - p. 51/58)

quarta-feira, 14 de maio de 2014

O CRESCIMENTO ESPIRITUAL VEM PELO ESFORÇO DIÁRIO PARA MUDAR A NÓS MESMOS

"É assim que mudamos. Não temos que continuar como somos; não precisamos nos tornar 'mobília psicológica', como Paramahansaji costumava dizer. A mobília nunca muda. Se mantivesse a forma original de árvore viva, continuaria crescendo e produzindo; mas quando é moldada como cadeira ou mesa, ela para de aprimorar-se. Apenas fica mais velha, se deteriora e se desintegra. 

Para crescer espiritualmente, temos que tentar mudar constantemente. A espiritualidade não é algo que possa ser 'enxertado' em nós de outro lugar - um 'halo' que se possa personalizar e colocar na cabeça. Ela vem com o esforço contínuo, paciente e diário e com uma calma sensação de entrega a Deus. A luz divina não vai descer de repente sobre nós, tornando-nos santos de uma hora para outra. Não; é um esforço diário para mudar e para entregar o coração, a mente e alma a Deus, na meditação e na atividade. (...)

Onde quer que Deus o tenha colocado, faça o melhor possível para manifestar espírito positivo, força mental interior, senso de fé, confiança e entrega aos pés do Criador. Conhecer Deus é muito simples; basta entregar-se e deixar que Ele entre em sua vida. Este é todo o propósito do caminho espiritual. Aceite cada experiência que vier a você como proveniente de Deus, e tente aprender com ela. (...) Não continue como a mesma velha 'antiguidade psicológica';  use o poder de Deus que existe em você para mudar a sua vida. Aí reside a completa liberdade de todas as limitações físicas e mentais deste mundo de ilusão. Aí está a vitória suprema para todos nós."

(Sri Daya Mata - Intuição: Orientação da Alma para as Decisões da Vida - Self-Realization Fellowship - p. 62/64)
http://www.omnisciencia.com.br/intuicao.html


domingo, 11 de maio de 2014

EQUILÍBRIO INTERIOR

"Ao trilhar o caminho espiritual precisamos de equilíbrio. Pode-se dizer até mesmo que precisamos de equilíbrio perfeito. Somente o equilíbrio interior dá perspectiva às coisas e permite agir de maneira correta. O Bhagavad Gita afirma que equilíbrio é ioga. Sem equilíbrio a percepção não é clara, portanto, muitas coisas dão errado. Os Upanishades falam da senda do fio da navalha; a Bíblia menciona o caminho reto e estreito. Tudo isso sugere a mesma ideia.

Mesmo na prática da virtude deve haver equilíbrio. Levada ao excesso, a virtude deixa de ser virtude. Imagine uma pessoa tão generosa que dá tudo o que possui, ficando sem ter com o que sobreviver. Ela se tornará um fardo para os outros. A generosidade tem que ser combinada com bom senso.

O equilíbrio está em não pender para um lado ou para o outro. Como diz o Bhagavad Gita, o sábio de mente estável não é sacudido nem abalado; não é atraído nem repelido por coisa alguma. Ele está sempre voltado profundamente para dentro de si; é pacífico e imperturbável.

Nos Yoga Sutras contam que o apego (raga) e a repulsa (dvesha) são as causas primárias da miséria. O problema está dentro do indivíduo, não fora. A vida espiritual começa quando cessa a atração por objetos e prazeres. (...)

A consciência do homem comum está focada na noção de dualidade: o que é agradável e o que não o é. Isso nos deixa confusos e abalados. Mas a consciência equilibrada permanece em um nível profundo, onde tudo é conhecido como parte do todo. Esse é o nível da verdade, onde não há nem o real nem o irreal, nem o bem nem o mal. O que é verdadeiro é bom. A totalidade está além de todas as divisões."

(Radha Burnier - Equilíbrio Interior - Revista Sophia, ano 5, nº 19 – Pub. da Ed. Teosófica, Brasília -  p. 27)

domingo, 20 de abril de 2014

O INSTRUTOR: “QUANDO O DISCÍPULO ESTÁ PRONTO, O MESTRE APARECE”

"Aqueles que leram a Voz do Silêncio saberão que esta obra consiste em três tratados que transmitem a essência do pensamento Mahayânico de uma forma muito clara. Estão agrupados em forma de discursos, nos quais o aluno pede orientação e luz ao instrutor, e este fala ao aluno sobre os objetivos da senda, as várias virtudes a serem desenvolvidas, as fraquezas a serem evitadas, e as verdades relacionadas a tudo isto. O instrutor também esclarece que ele pode apenas apontar o caminho, ele não pode conduzir o aluno até o destino pretendido. O aluno terá de usar a sua própria inteligência a cada passo, reunir todas as energias de sua natureza, e aplicar-se seriamente à tarefa. Se fosse meramente uma questão de encontrar um instrutor que conduzisse a pessoa até o objetivo adequado, a dificuldade residiria apenas em encontrar a pessoa certa, e assim o aluno não teria responsabilidade alguma. Mas não é este o caso. O discípulo terá de realizar a viagem por ele próprio, enfrentando todas as dificuldades, guiado pela sua própria compreensão.

De acordo com estes preceitos, das dez coisas a serem feitas uma importante entre elas é o encontro de um instrutor cuja influência de sua personalidade e conhecimento possa ser inestimável, se o aluno dela puder beneficiar-se. Diz-se: ‘vincule-se a um preceptor religioso dotado de poder espiritual e de sabedoria total.’ De que maneira podemos encontrar uma pessoa assim? Para começar deve-se compreender o que significa ‘poder espiritual’. Não é a habilidade de produzir truques fenomênicos ou milagres. A espiritualidade nada tem a ver com tais manipulações psíquicas. A questão então de como distinguir entre um instrutor falso – e destes deve haver grande variedade – e um verdadeiro. Diz o livro: ‘para evitar o erro na escolha de um guru, o discípulo precisa ter conhecimento de suas próprias falhas e virtudes’. Não significa que você terá de encontrar primeiramente o guru e então ele lhe dirá suas faltas e méritos. Deve haver uma medida de autopercepção e de discriminação dela resultante, a fim de reconhecer o verdadeiro instrutor quando o encontrarmos, e não ser atraído por alguém que consegue ter seguidores por apelar para suas fraquezas e divertir-se com sua imaturidade."

(N. Sri Ram - Em Busca da Sabedoria – Ed. Teosófica, Brasília, 1991- p. 135/136)

segunda-feira, 31 de março de 2014

RUGIR DA TEMPESTADE (3ª PARTE)

"(...) Kabir, um grande místico indiano, disse que é quando o sono não vem que a pessoa se apoquenta com a arrumação da cama e o arranjo dos travesseiros. Somente a dançarina que não sente a dança em si é a que se queixa do palco, do soalho e da decoração. É quando a vida interna feneceu que as dificuldades objetivas parecem intransponíveis. Assim, é a falta de interesse profundo que arrefece o entusiasmo humano. O ser humano está ressequido por dentro e procura renovação de fora! Nenhuma mudança na condição objetiva, nenhuma alteração na disposição do Karma lhe trará renovação, enquanto não penetrar nas reais profundezas de seu próprio ser.

É possível ao ser humano cultivar um interesse profundo pela vida? Pode o interesse ser criado - ou é tão somente um dom do Karma? É a vida espiritual assunto de mero subjetivismo, negando toda a realidade às condições objetivas? Não tem o ser espiritual que trabalhar na mudança das circunstâncias objetivas? As condições objetivas visam servir de áreas de expressão para o ser humano. Portanto, necessitam ser mudadas e alteradas de tempos em tempos, de forma a não causarem restrição às suas necessidades de expressão. Em outras palavras, as circunstâncias objetivas são instrumentos de expressão. Pode-se alterar um instrumento, decorá-lo, porém, se não houver a música dentro do coração, que utilidade terá aquele instrumento? Assim, a música do coração deve preceder todas as atividades de mudança e polimento do instrumento. A mudança de condições objetivas deve seguir - não preceder - o despertar do interesse profundo. Se esperarmos que o interesse desperte como um resultado de mudanças objetivas, estamos então completamente enganados. Podemos ser colocados em uma nova situação pelos Senhores do Karma e nem assim serão vistas as belezas do novo ambiente, se a mente for obtusa e insensível. Se há profundo interesse, as mudanças no meio objetivo, quando necessárias, se produzirão de maneira silenciosa e suave. Mesmo que a situação não possa ser mudada, o homem de profundo interesse e entusiasmo verterá nova vida e vitalidade nas velhas formas do meio ambiente. Quando há a dança interna, a dançarina bailará em qualquer lugar e transmitirá frescor à situação antes lânguida e decadente. Não é o que faz o poeta com a linguagem que lhe é dada? 

A experiência  de todos os místicos espirituais é de que as dificuldades objetivas são varridas pelo impacto do entusiasmo nascido do interesse profundo. Entusiasmo e interesse profundo são fenômenos conjugados, ou então podemos também dizer que um é a expressão e o outro a fonte. O entusiasmo surge somente num estado de interesse profundo intrinsicamente presente, não de forma relativa, porém absolutamente presente no indivíduo. Realmente significa que o interesse não é por alguma coisa, nem em relação a algo particular. É somente o estado de puro interesse que serve de base para o verdadeiro entusiasmo. O interesse por alguma coisa só produz superficialidade, porque constitui entrave para a mente. Uma sensibilidade apenas por alguma coisa não é de modo algum sensibilidade, porque pelo processo inconsciente da resistência, ela torna a mente insensível a outras coisas. A mente aberta unicamente a uma coisa é uma mente fechada. Assim, a condição de puro interesse é que é essencial para o despertar do entusiasmo. (...)"

(Rohit Mehta - Procura o Caminho - Ed. Teosófica, Brasília - p. 12/14)


domingo, 30 de março de 2014

RUGIR DA TEMPESTADE (2ª PARTE)

"(...) O entusiasmo por alguma coisa emana de uma condição de profundo interesse. Não se deve também confundir entusiasmo com simples excitação. Esta não possui profundidade e, portanto, não pode sustentar-se. Necessita ser constantemente alimentada pelas sensações do mundo externo. Porém o entusiasmo, arraigado no interesse profundo, tira sua força da própria profundiade. A mente capaz de um interesse profundo não conhece momentos de obscuridade e não se intimida com obstáculos, por maiores que sejam.

A dificuldade para a maior parte de nós é que vivemos nossas vidas num nível demasiado superficial; nossos pensamentos e emoções são extremamente rasos. Esta tendência para a superficialidade aumentou enormemente nos últimos tempos devido a uma primazia indevida dada à rapidez. Nossa civilização está num estado de precipitação terrível - embora não saiba para onde corre tanto! Ora, uma vida supercial tem constante necessidade de excitações, sejam materiais ou espirituais. Há um anseio por mais e mais excitações, sensações e entretenimentos. Vê-se hoje em todos os níveis da existência humana, esta crescente demanda pelo 'mais'. É necessário dizer que a mente funcionando em níveis superficiais não pode ter experiências profundas. Uma mente assim mantém apenas relações sociais; não cultiva amizades profundas. Pode dissecar e analisar uma estrutura; não pode compreender as profundezas da vida subjacente. Porém a espiritualidade é essencialmente assunto de experiências profundas. É a profundidade da experiência o que caracteriza a espiritualidade e não um determinado campo de atividade. Pode-se ser intensamente espiritual num mercado público, e não o ser, em absoluto, num templo ou santuário.

É a pessoa que vive superficialmente que briga com as condições objetivas da vida. Porta-se com um senso de injustiça. Sente ressentimentos para com os Senhores do Karma. Julga-se derrotada pelas circunstâncias em que foi inserida. A superfície da água é constantemente agitada, mesmo por um vento passageiro. O ser humano esforça-se por livrar-se destas perturbações constantes, tentando controlar o vento. Procurar a segurança tentando alterar as condições objetivas da vida é revelar mente imatura. A mente sem profundidade, empenha-se em tais propósitos. Sente-se restringida pelos acontecimentos objetivos, sejam coisas, pessoas ou ideias. Quando o contato da mente com a vida é raso e superficial, as dificuldades do mundo objetivo avultam-se muito. (...)" 

(Rohit Mehta - Procura o Caminho - Ed. Teosófica, Brasília - p. 10/12)


terça-feira, 4 de fevereiro de 2014

A VIDA ESPIRITUAL NO MUNDO (PARTE FINAL)

"(...) Ora, você sabe com que frequência foi respondida negativamente, no passado, a questão sobre uma pessoa poder conduzir uma vida espiritual no mundo.

Em todos os países, em todas as religiões, em todas as épocas da história mundial, ao formular-se essa pergunta, a resposta tem sido negativa – o homem ou a mulher do mundo não podem conduzir uma vida espiritual. Esta resposta vem desde os desertos do Egito, das selvas da Índia, dos mosteiros e dos conventos dos países católicos, em todos os países e locais onde as pessoas tentaram encontrar Deus afastando-se da companhia dos outros. Se, para conhecer Deus e para conduzir a vida espiritual, é necessário fugir do convívio humano, então esta vida é impossível para a maioria de nós, pois as circunstâncias nos impedem de viver a vida mundana e de nos adaptar às suas condições, sem separarmos o sagrado do profano.

Gostaria de dizer-lhes que esta ideia baseia-se em um erro fundamental, amplamente nutrido em nossa vida moderna, não por indicar a vida reclusa na selva ou no deserto, em cavernas ou mosteiros, mas por indicar que o religioso e o secular precisam ser mantidos à parte. Esta tendência surgiu em virtude de a forma moderna separar o assim chamado sagrado daquilo que é denominado profano.  

Gostaria de abordar, de forma ampla e vigorosa, o fundamento do que creio ser o pensamento correto e sadio neste assunto. O mundo é o pensamento de Deus, a expressão da Mente Divina. Todas as atividades úteis representam formas de Atividade Divina. As rodas do mundo são giradas por Deus, e nós somos apenas Suas mãos que tocam a roda. Todo o trabalho feito no mundo é o trabalho de Deus apenas. Tudo o que serve à humanidade e auxilia nas atividades do mundo é visto corretamente como Atividade Divina, e, de modo errado, quando chamado de secular e profano. O funcionário atrás do balcão e o médico do hospital participam, da mesma maneira, de uma atividade divina como qualquer pregador em sua igreja. Até que isto seja compreendido, o mundo será vulgarizado, e até que possamos ver uma vida em toda parte e tudo nela enraizado, seremos nós a demonstrar uma atitude desesperançosamente profana, cegos à visão beatífica, que é a vida uma em toda a parte, e do todo como expressão daquela vida.”

(Annie Besant - A Vida Espiritual – Ed. Teosófica, Brasília, 1992 - p. 14/15)


segunda-feira, 3 de fevereiro de 2014

A VIDA ESPIRITUAL NO MUNDO (1ª PARTE)

"Uma reclamação que constantemente ouvimos de pessoas sérias e zelosas contra as circunstâncias de suas vidas é talvez uma das mais fatais: se as minhas circunstâncias fossem diferentes do que são na realidade, quanto mais eu poderia realizar; se apenas não estivesse tão envolvido nos negócios, tão preso a ansiedades e cuidados e tão ocupado com o trabalho mundano, então eu seria capaz de ter uma vida mais espiritual.

Ora, isto não é verdade. Nenhuma circunstância pode jamais favorecer ou frustrar o desenvolvimento da vida espiritual. A espiritualidade não depende do meio; depende da atitude da pessoa em relação à vida.

Gostaria de mostrar-lhe o caminho que o mundo poderia tomar para servir à espiritualidade ao invés de encobri-la, como, com frequência, o faz.

Se as pessoas não compreendem a relação entre o material e o espiritual; se separam um do outro como incompatíveis e hostis; se colocam a vida do mundo de um lado e a vida do espírito de outro, como rivais, antagonistas e inimigas, então a natureza premente das ocupações mundanas, os poderosos choques do ambiente material, o constante fascínio da tentação física e a ocupação do cérebro por cuidados físicos, todos esses fatores podem tornar irreal a vida do espírito. Afiguram-se como única realidade, e nós precisamos encontrar alguma forma de alquimia ou mágica, por meio da qual a vida do mundo poderá ser vista como irreal, e a vida do espírito, a única realidade. Se pudermos fazer isto, a realidade expressar-se-á através da vida do mundo, e essa vida tornar-se-á seu meio de expressão e não uma venda sobre os olhos, uma mordaça a paralisar a respiração. (...)"

(Annie Besant - A Vida Espiritual – Ed. Teosófica, Brasília, 1992 - p. 13)


sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

GUIANDO NOSSOS FILHOS (2ª PARTE)

"(...) 2. Conheçam seus filhos – Façam o máximo que puderem para se envolverem na vida de seus filhos. Reservem algum tempo da semana para fazer algo especial com eles. Fiquem atentos o bastante para serem capazes de saber se um filho está tendo problemas. Prestem atenção, confiem nos seus instintos e, acima de tudo, ouçam seus filhos e dialoguem com eles. Ajudem a resolver suas dificuldades. Isto não só estimulará a intimidade como reforçará a confiança.

3. Sejam os melhores amigos de seus filhos – O pai e a mãe devem conhecer seus filhos bem o bastante para serem seus melhores amigos. Estejam disponíveis para eles. Usem uma linguagem e conceitos que eles entendam, mantendo-se sempre conscientes da sua posição de pais. Ajudem seus filhos a refletir para fazerem escolhas saudáveis.

4. Ensinem o respeito próprio e a responsabilidade – Isto acompanha de perto a autoestima e a conquista da própria identidade. As crianças precisam aprender a ser responsáveis, e a melhor maneira de ensinar é através do próprio exemplo. Assumam a responsabilidade por suas ações em vez de culpar os outros quando as coisas dão errado. Crianças precisam ser suavemente formadas nas maneiras apropriadas e saudáveis de tratar a si mesmas e os outros. Ajudem seus filhos a tomar decisões, refletindo com eles sobre alternativas e resultados. Para ensinar seus filhos a serem responsáveis, primeiro deem a eles pequenas tarefas. Quando concluídas, elogiem seu esforço e seus sucessos, e examinem os fracassos de maneira positiva, para que possam aprender com eles, aceitando suas próprias limitações e as dos outros.

5. Tenham a mente aberta e estejam conscientes da espiritualidade – A vida espiritual das crianças costuma ser deixada de lado ou negada. Eduquem as crianças na noção de que são seres espirituais, ajudando-as a tomar consciência dessa dimensão. Caso elas relatem ‘visões’, ou sonhos, ou visitas de amigos ‘invisíveis’, por favor, não digam ‘É só um sonho’, ignorando o acontecido. Peçam-lhes que descrevam seus sonhos, mesmo que não os compreendam. As crianças são extremamente sensitivas e clarividentes. Acima de tudo, nunca invalidem ou desencorajem esse tipo de comportamento. (...)"

(James Van Praagh – Em busca da Espiritualidade – Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2008 – p.86/87)


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

VIVENDO A VIDA DA IOGA – COMPAIXÃO

"A base fundamental da espiritualidade é a compaixão. Mesmo que num sentido impessoal, devemos naturalmente ter compaixão por aqueles que estão passando por necessidades. Devemos ser solidários com suas condições de infelicidade espiritual, mental e emocional; pois a vida espiritual tem suas fundações no coração, que deve ser sensível ao sofrimento – subumano e humano – sempre que ele possa existir, respondendo a ele e sentindo um forte ímpeto para oferecer alívio. Este é o grande segredo. O ideal é que o iogue seja capaz de amar e demonstrar um profundo interesse altruísta e compassivo. Estes devem ser sabiamente colocados em ação, à medida que a liberdade pessoal venha a permitir. Devemos visitar e escrever àqueles que sofrem, procurando dar apoio, ajuda e cura, e até mesmo ajuda-los fisicamente, dentro dos ditames de nossas próprias responsabilidades. Isto é o amor puro em ação – o grande ideal. Animais, crianças e adultos tornam-se então o campo de serviço em qualquer nível que a pessoa possa estar livre para alcançar e ajuda-los. O idealismo precisa ser aplicado de forma prática. Devemos lembrar sempre que o ioga inclui o esquecimento de si mesmo e o serviço amoroso expresso de forma criteriosa."

(Geoffrey Hodson – A Suprema Realização através da Ioga – Ed. Teosófica, Brasília, 2001 – p. 96)


domingo, 5 de janeiro de 2014

A IGUALDADE PARA TODOS É A ESSÊNCIA DOS PRINCÍPIOS MORAIS DA VEDANTA

"A ideia de privilégio é a maldição da vida humana. É como se existissem duas forças constantemente em ação, a primeira dando origem a novas regalias, a segunda suprimindo-as. Em outras palavras, uma, instituindo o privilégio, outra, eliminando-o. E à proporção que os privilégios são eliminados, cada vez mais luz e progresso um povo alcança. Podemos observar esse esforço sendo feito à nossa volta.

Sem dúvida, a ideia de privilégio começa sendo exercida, de maneira brutal, pelos fortes sobre os fracos. Há o privilégio da riqueza: o homem que tem mais dinheiro quer ter regalias sobre o que tem menos. Existe o privilégio, ainda mais sutil e poderoso, do intelecto: o homem que tem mais conhecimento exige maiores prerrogativas. Finalmente, o pior de todos os privilégios, por ser o mais tirânico, é o da espiritualidade; os que pensam conhecer mais sobre Deus e a vida espiritual, reclamam para si as mais altas regalias. Proclamam: ‘Venham venerar-nos, horda de ignorantes; somos os mensageiros de Deus e vocês têm de nos prestar reverências.’

Ninguém pode seguir a Vedanta e ao mesmo tempo admitir que qualquer privilégio físico, mental ou espiritual seja exercido; de maneira categórica, não se admite privilégio para ninguém. O mesmo poder está dentro de cada pessoa; alguns o expressam mais, outros menos. Temos o mesmo potencial. Quem pode exigir privilégios? O conhecimento, em toda a sua extensão, está presente em cada alma, inclusive na alma da pessoa mais ignorante. Talvez não se tenha manifestado por falta de oportunidade ou de condições favoráveis. Assim que tiver a oportunidade, irá manifestar-se. A ideia de que um homem nasce superior a outro não faz sentido na Vedanta, como não tem cabimento supor que entre duas nações uma seja superior à outra. Dê-lhes as mesmas condições e observe se o desempenho intelectual será o mesmo ou não. Antes disso, você não tem o direito de afirmar a primazia de uma nação sobre a outra."

(Swami Vivekananda - O que é Religião - Ed. Lótus do Saber, São Paulo, 2004 - p. 68/69)


sábado, 23 de novembro de 2013

UMA ABORDAGEM UNIVERSAL DA ESPIRITUALIDADE

"A melhor abordagem da espiritualidade independe de denominações, e, portanto, é universal, como a ciência. Assim como não existe uma ciência indiana ou americana, existe apenas uma mente religiosa: a que alcançou o amor, a compaixão, a paz, a harmonia. Não é uma mente hindu, cristã nem budista.

A mente verdadeiramente religiosa está em busca da verdade, que ela encara como desconhecida. A ciência também encara a verdade como o desconhecido, e continuamente purifica seus modelos na tentativa de se aproximar dela. É a nossa ilusão que nos divide em diferentes comunidades religiosas. As diferentes religiões institucionalizadas são subprodutos históricos da busca espiritual do homem e precisam ser distinguidas da busca em si.

Da mesma forma, precisamos distinguir a ciência do seu subproduto, que é a tecnologia. A ciência é a busca da verdade, enquanto a tecnologia resulta do desejo humano de poder e conforto. O uso indiscriminado desse poder criou todos os problemas ecológicos que o mundo enfrenta hoje. Eles são resultado da ganância e do egoísmo do homem; não se devem à busca científica em si. A humanidade precisa continuar com as investigações científicas e espirituais, sem se envolver demais com os seus subprodutos."

(Padmanabhan Krishna - Ciência e espiritualidade - Revista Sophia, Ano 2, nº 5 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 19)


sábado, 12 de outubro de 2013

PRÁTICA ESPIRITUAL

"O estudo sempre foi necessário para todos aqueles que desejam trilhar a senda da espiritualidade. Faz parte do processo de compreensão de nós mesmos, e do mundo a partir de um ponto de vista espiritual. O estudo persistente e regular serve a vários propósitos.

Inicialmente, através do estudo de filosofia esotérica e teosófica, podemos aprender sobre os princípios da natureza que governam tanto a nós como ao cosmo. A nossa visão do mundo expande-se quando vemos toda a vida como fazendo parte de uma realidade subjacente, na qual tudo está relacionado. Passamos a compreender as leis que se encontram em um nível mais profundo, subjacente ao mundo visível dos fenômenos como a Lei da Periodicidade, o Princípio da Evolução da Consciência, bem como da forma, a polaridade encontrada em toda parte da natureza e em nós mesmos. Passamos a perceber o papel da vida humana (e de nossas próprias vidas) no grande esquema do desenvolvimento progressivo no qual participamos. Gradualmente, esta perspectiva mais ampla dá-nos uma visão de nós mesmos e dos propósitos de nossas vidas, oferecendo um contexto para desenvolvermos valores e objetivos. Através desta visão podemos alcançar uma perspectiva expandida da natureza de nós mesmos."

(Shirley Nicholson - a Vivência da Espiritualidade - Ed. Teosófica, 1996 - p. 22/23)


terça-feira, 8 de outubro de 2013

DESAPEGO - PRIMEIRO PASSO DA DISCIPLINA ESPIRITUAL

"O sinal primeiro da vida espiritual é o desapego (vairagyam). Se você não tem vairagyam é um analfabeto, em se tratando de cultura espiritual. Vairagyam é o a-bê-cê do sadhana, e deve tornar-se forte bastante para fazer você vencer o cativeiro da sensualidade. Apenas poucos minutos de reflexão convencerá qualquer um da futilidade das riquezas, da fama e da felicidade terrena. Quando você é rico, todos o elogiam. Quando o poço está cheio, centenas de sapos coaxam em torno; quando vazio, ninguém o procura. Se o cadáver exibe algumas joias, o provérbio alerta, muitos se apresentam como parentes; se não tem qualquer valor sobre si, nenhuma pessoa virá para o prantear. Pondere quando estiver depositando importâncias maiores em sua conta bancária. Pense se não estará também acumulando problemas para si mesmo e para seus filhos, criando para estes maiores dificuldades para viverem uma vida limpa, tranquila e honrada. Quando você se empenha em conquistar uma fama insignificante, por tortuosos meios, lembre-se daqueles poucos que, dentre muitos de seus patrícios hoje são honrados, e por que o são. Não vê que somente aqueles que abandonam, renunciam, e trilham o caminho mais árduo para a realização de Deus, renunciando à estrada mais larga da vida mundana, são honrados em toda parte?*

Acate os sopros do destino, todos os infortúnios e misérias, como o ouro que aceita o cadinho, o martelo e a bigorna, a fim de assumir a forma de uma joia, ou como a cana dando boas-vindas ao cutelo, à moenda, ao fervedor, ao tacho, ao espalhador e ao secador, tanto que seu dulçor possa ser preservado e por todos utilizado como açúcar. Os Pandavas nunca vacilaram quando sobre eles caíram desastres, Ficavam felizes, pois as tribulações ajudavam-nos a relembrar Krishna, e eles O evocavam. Bhishma estava em lágrimas sobre seu leito formado de setas, perto de morrer,** e Arjuna perguntou-lhe por que, e ele respondeu: 'Estou vertendo lágrimas por que os sofrimentos que os Pandavas padeceram perpassaram por minha mente.' Depois disse: 'Isto ocorreu por ensinar uma lição à Kaliyuga*** - nunca busque poder, posição ou riqueza, mas submeta ao Senhor sua vontade, de uma forma totalmente resignada, tanto que possa sempre estar feliz e inabalável.'

O Senhor acorre para o bhakta (devoto) mais rápido do que este para Ele. Ele dá cem passos para você****: É mais que mãe e pai. Ele o nutrirá a partir do centro de você, conforme salvou e nutriu tantos santos que nele depositaram fé."

* "Entrai pela porta estreita pois larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para perdição e são muitos os que entram por ela, porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela" (Mateus 7:13-14).
** Bishma - figura humana veneranda central na batalha de Kurukshetra. Embora lutando do lado do inimigo, os Pandavas o veneravam. Terminou espetado em inúmeras setas cravadas em sua carne. (Ver X:1)
***Kaliyuga - Kali, negrume, treva; yuga, era das trevas, do mal, a qual estamos atravessando. (Ver X:28.)
****A sentença completa diz que, para cada passo que o devoto dá em direção a Deus, isto representando seu esforço, Deus dá cem a seu encontro, representando a Graça. Estude mais profundamente a parábola conhecida como "o filho pródigo", cujo nome mais justo seria parábola "do pai misericordioso", que não esperou o filho completar o esforço no caminho de volta. Foi a seu encontro, expressando desta forma Sua onipotente, onisciente e onipresente graça. 

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1989 - p. 214/215)


quarta-feira, 18 de setembro de 2013

COMPAIXÃO PELO PRÓXIMO

"Sempre que uma pessoa entrar no nosso círculo de vida, cuidemos para que ela deixe o círculo como uma pessoa melhor, melhor pelo contato conosco. Quando uma pessoa sem conhecimento se aproximar de nós, e tivermos mais conhecimento, que ao nos deixar ela seja uma pessoa melhor informada. Quando uma pessoa pesarosa aproximar-se de nós, façamos com que ao nos deixar ela sinta-se um pouco menos triste por termos partilhado sua dor com ela. Quando uma pessoa impotente vier até nós e formos fortes, que ao nos deixar ela saia fortalecida por nossa força, e não humilhada por nosso orgulho. Em toda a parte sejamos ternos e pacientes, gentis e prestativos com todos. Não sejamos grosseiros no nosso dia a dia, para não confundirmos nem desnortearmos as pessoas. Já existe dor suficiente no mundo. Que o homem espiritual seja uma fonte de conforto e de paz; que ele seja uma luz no mundo, para que todos possam caminhar com mais segurança quando entrarem no seu círculo de influência. Julguemos nossa espiritualidade pelo efeito sobre o mundo, e sejamos cuidadosos para que o mundo possa crescer mais puro, melhor, mais feliz, porque estamos vivendo nele."

(Annie Besant - As Leis do Caminho Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2011, p. 77/78)


sábado, 7 de setembro de 2013

O CRISTIANISMO TEM SIDO SUFICIENTEMENTE PRATICADO? (PARTE FINAL)

"(...) A franca e deliberada escolha dessas práticas maléficas, como meio de ganhar poder e riqueza é, na verdade, uma negação daquela espiritualidade que foi ensinada, por preceito e exemplo, pelo fundador da fé cristã. No sermão da montanha, ele inculcou a autoentrega e exemplificou-a no seu nascimento na pobreza e na sua aceitação voluntária da rejeição, do escárnio e da morte cruel. A mais elevada lei moral, disse Nosso Senhor, impõe uma completa submissão do eu. Esse desinteresse pessoal constitui-se o fantástico ensinamento de Jesus; porém, a atitude mental moderna - 'eu primeiro e Deus depois, se tiver tempo' - é, de fato, o inverso desse ideal de abnegação cristã.

Thomas Kempis, mesmo em sua época,¹ viu essas dificuldades e escreveu estas maravilhosas palavras: 'Sabe que o amor do eu te fere mais do que qualquer coisa no mundo. Com ele, em qualquer lugar, tu levarás uma cruz. Se procurares apenas a tua própria vontade e o prazer, nunca ficarás tranquilo ou livre de preocupação; pois, em tudo, alguma coisa estará faltando.'² Quão verdadeiras mostram-se estras palavras hoje! Em tudo que possuímos (e como possuímos!) algo está faltando. Em toda nossa riqueza, nosso progresso científico, invenções e avanços na mecânica, algo está, na verdade, faltando. Esse 'algo' é alegria, saúde, serenidade e paz, baseadas no altruísmo e na obediência à lei moral.

Associado ao declínio da moralidade está o crescimento do cinismo, que se aprofunda até tornar-se amargor, originando-se ambos na perda da fé e dos ideais frustados. Os que enfrentam a adversidade com amargura e que, quando a tragédia e a perda tocam suas vidas, sentem que não pode haver Deus; os que clamam por ajuda e não a encontrando, em seu desespero, submergem na descrença em sua religião e, até mesmo, negam a existência de Deus - esses não encontram na religião ortodoxa aquela rocha sólida sobre a qual suas crenças e vidas podem estar seguramente alicerçadas. Essa é um tragédia que o cristianismo poderia ter evitado - particularmente pelas doutrinas expressas na lei da impessoalidade (Mt 5:18 e Gl 6:7) e da divina Presença no interior do homem (Jo 14:20, 1Cor 3:16 e 6:19, 2Cor 6:16, Fl 2:13, Cl 1:27) e por seu ideal de amor universal (Mt 5:44, Jo 15:12, 13 e 17, 1Pd 1:22). Até agora ele não tem sido praticado assim, pelo menos por grande número de seus seguidores."

¹. 1380-1471.
². A Imitação de Cristo

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília - p. 22/23)


terça-feira, 6 de agosto de 2013

ESPIRITUALIDADE E RELIGIOSIDADE

"A espiritualidade hindu requer uma explicação aprofundada, que mostre sua abrangência e de que forma difere da religião. Tudo que diz respeito às formas exteriores pertence à religião, ao passo que a amplitude da espiritualidade se encontra na vida interior. A religião pode ser praticada em grupo, com ritos e cerimônias fortemente ligados à vida social, e pode conter doutrinas e dogmas. A espiritualidade, porém, é inteiramente pessoal e não depende de formas exteriores. Transcende todas as religiões, conduzindo a um estado de compreensão no qual as diferenças cessam.

O ser humano que pratica uma religião é um homem religioso, mas não será necessariamente um ser espiritual até descobrir em si mesmo a manifestação de outra qualidade: uma visão universal muito mais vasta do que o mundo observado ao nosso redor.

(...) Enquanto o homem estiver no estado de consciência comum, limitado, não saberá que a criação inteira é permeada por Aquele que é Brahman. Esse é um fato que ninguém pode explicar. Na vida cotidiana não temos consciência da existência dessa unidade fundamental e única. Com sua diversidade a natureza exerce uma atração tão grande sobre nós, que sequer buscamos o que está subjacente a ela. A força da natureza exterior nos prende, controla, domina e impede nosso conhecimento de Brahman, a Verdade Suprema."

(Swami Ritajananda - A Prática da Meditação - Ed. Lótus do Saber, Rio de Janeiro - p. XXI/XXII)


domingo, 2 de junho de 2013

BEM-AVENTURADOS OS QUE CHORAM: PORQUE SERÃO CONSOLADOS

"Enquanto nos julgarmos ricos de bens terrenos ou de conhecimentos, não poderemos progredir espiritualmente. Quando sentirmos que somos pobres de espírito, quando nos afligirmos por não termos percebido a verdade de Deus - somente então seremos consolados. Sem dúvida que todos nós choramos - mas por quê? Pela perda de prazeres e de posses terrenos. Mas, não é desse tipo de lamento que Cristo fala. O lamento que Cristo chama de "abençoado" é bastante raro, porquanto nasce de um sentimento de perda espiritual, de solidão espiritual. É um lamento que surge necessariamente antes que Deus nos console. A maioria de nós está inteiramente satisfeita com a vida superficial que leva. No fundo de nós, talvez tenhamos consciência de que nos falta algo, mas agarramo-nos ainda na esperança de que essa falta possa ser preenchida pelos objetos sensíveis deste mundo. 

Sri Ramakrishna costumava dizer: "As pessoas derramam rios de lágrimas porque um filho não nasceu ou porque não conseguiram ficar ricas. Quem, entretanto, verte sequer uma lágrima por não ter visto Deus?" Este falso sentido de valores é resultado de nossa ignorância. No tocante à natureza dessa ignorância, o filósofo indiano Sankara dizia que o sujeito, o cognoscente (o Eu ou o Espírito), opõe-se tanto ao objeto, o conhecido (não Eu ou matéria), como a luz se opõe às trevas. No entanto, por influência de maya - o poder inexplicável da ignorância - sujeito e objeto misturam-se a tal ponto que, em geral, o homem identifica o Eu como o não Eu. É muito fácil entender intelectualmente que o Eu verdadeiro é diferente do corpo, da mesma forma, que somos diferentes da roupa que vestimos. Todavia, quando o corpo adoece, dizemos: "Estou doente." Intelectualmente, podemos entender que o verdadeiro Eu é diferente da mente. Mas, se temos uma alegria ou um sofrimento, dizemos: "Estou feliz", ou "Sou um miserável." Além disso, identificamo-nos com os nossos parentes e amigos: algo que aconteceu a eles parece estar acontecendo a nós. Identificamo-nos com as nossas posses. Se perdemos nossas riquezas, sentimo-nos como se perdêssemos a nós mesmos. Essa ignorância é comum a toda a humanidade. Somente o conhecimento direto de Deus pode removê-la. Quando começamos a sentir uma ausência espiritual dentro de nós, quando começamos a lamentar como o Cristo queria que lamentássemos, quando vertemos pelo menos uma lágrima por Deus - então estamos preparando o caminho para o consolo daquele conhecimento divino. 

A espécie de lamento que Cristo chamava de bem-aventurado vem expresso na Imitação de Cristo:
"Ó meu Deus, quando poderei ser um contigo e fundir-me em teu amor, a ponto de me esquecer por inteiro de mim mesmo? Sê tu em mim, e eu em ti; e concede que possamos permanecer assim, sempre juntos num só."
É preciso que atinjamos esse estágio, quando sentirmos que nada mais nos dá paz, a não ser a visão de Deus. Então Deus atrai a mente do homem para si como um imã atrai a agulha - e o consolo chega." 

(Swami Prabhavananda - O Sermão da Montanha Segundo o Vedanta - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 22/24)


TANTRA YOGA - MAITHUNA: LITURGIA SEXUAL (8ª PARTE)

" (...) Fala-se e se escreve sobre "Yoga do Sexo", e aventureiramente algumas pessoas, por ignorância ou malandrice, definem tantra como "Yoga do Sexo". Em geral, aqueles que, já engajados numa vida erótica irresponsável, aspiram encontrar nas venerandas escrituras uma absolvição religiosa para o que já vêm fazendo e não desejam parar. Para que tal homologação?! Se querem continuar onde estão, que continuem, mas não tentem fazer o sagrado abençoar o profano. Sugiro que se esclareçam. Estudem, por exemplo, a tese da Psiquiatra Elizabeth Haich publicada no livro Energia Sexual e Yoga-Tantra: A Canalização da Força Criadora Divina. 

Os que estudam os Mestres e as escrituras tântricas se deslumbram com a beleza e a santidade dos muitos rituais externos prescritos. Poderão também encontrar, em algumas fontes da "mão esquerda", claras referências ao maithuna, que é a união sexual ritualística de um casal de sadhakas (aspirantes espirituais), a imitar com seus corpos o "coito cósmico" com o qual o casal Shiva-Shakti gera os universos.

A maithuna é a união sexual alçada à sua maior sublimidade e pureza, quando cada cônjuge, no desfrute da bem-aventurança, se une, em castidade, no ser do outro e, se transcendendo, unificados no genuíno amor, se fundem jubilosamente na Unidade de Deus. A proposta é sábia, austera e linda. O devoto representa Shiva, e sua esposa (legítima), a Shakti, a Mãe Divina, Parvati. A fim de assegurar tão rara magnificência espiritual, o casal, por longo tempo, se engaja em austera disciplina espiritual. Pureza e santidade são absolutamente indispensáveis. Sem elas, maithuna não passa de normal fornicação. Por motivos técnicos e litúrgicos, a união não deve culminar na ejaculação natural, pois isto derrubaria a dignidade, a pureza e a significação cósmica do ato. Ora, isto é imensamente difícil e sem dúvida impossível a quem não seja dotado de um grau elevadíssimo de autocontrole, pureza espiritual e santidade. A energia seminal retida é então canalizada para um nível divinizante mais sutil. 

Maithuna, quando degradado por ignorância e desejos libertinos, indiscutivelmente nada tem a ver com espiritualização. Os que gostariam de praticar a famigerada "Yoga do Sexo" - uma criação esdrúxula - que renunciem à imprudente e mal inspirada tentativa; que deixem a libertadora experiência da Unidade a quem possa. E, a rigor, raríssimos, podem. (...)" 

(José Hermógenes - Iniciação do Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 131/132)


quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

SUGESTÕES PRÁTICAS PARA A VIDA DIÁRIA - VII

"Não há nada mais valioso para um indivíduo do que possuir um ideal elevado ao qual ele aspire continuamente, modelando por ele seus pensamentos e sentimentos, e construindo, assim, da melhor forma que possa, a sua vida. Desta forma, se ele esforça-se por tornar-se ao invés de apenas parecer, não cessará de aproximar-se continuamente a cada vez mais de seu objetivo. Ele, porém, não alcançará este ponto sem uma batalha, nem deverá o verdadeiro progresso do qual é consciente, enchê-lo de presunção e farisaísmo; pois se elevado for o seu ideal, e o seu progresso em sua direção for real, ele preferirá mais ser humilhado a ensoberbecer-se. As possibilidades de posterior progresso, e a concepção de planos ainda mais elevados de existência que se abrem ante ele, não refrearão o seu ardor, embora certamente eliminarão a sua presunção. É precisamente esta concepção das vastas possibilidades da vida humana que é necessária para aniquilar l'ennui (o tédio), e para transformar a apatia em alegria de viver. Assim, vale a pena viver-se a vida pelo que ela é quando sua missão torna-se clara, e suas esplêndidas oportunidades são uma vez apreciadas. O modo mais direto e certo de alcançar este plano mais elevado é o cultivo do princípio do altruísmo, tanto em pensamento quanto na vida. Verdadeiramente estreita é a abrangência da visão que é limitada ao eu, e que mede todas as coisas pelo princípio do interesse próprio, pois enquanto a alma estiver assim autolimitada lhe é impossível conceber qualquer ideal elevado, ou aproximar-se de qualquer plano mais elevado da vida. As condições para tal elevação encontram-se mais no interior do que no exterior, e felizmente são independentes das circunstâncias e condições da vida. A oportunidade, assim, é oferecida a todos para avançarem em direção a planos cada vez mais elevados de existência, desse modo trabalhando com a Natureza na realização do evidente propósito da vida. 

Se acreditamos que o objetivo da vida é meramente satisfazer nosso eu material, e mantê-lo em conforto, e que o conforto material confere o mais elevado estado de felicidade possível, nós tomamos erroneamente o inferior pelo superior, e uma ilusão pela verdade. O nosso modo de vida material é uma consequência da constituição material de nossos corpos. Nós somos "vermes da terra", porque nos apegamos a ela com todas as nossas aspirações. Se pudéssemos entrar num caminho de evolução, no qual nos tornássemos menos materiais e mais etéreos, um tipo muito diferente de civilização se estabeleceria. Coisas que agora parecem ser indispensáveis e necessárias deixariam de ser úteis; se pudéssemos transferir nossa consciência com a velocidade do pensamento de uma parte do globo à outra, os atuais meios de comunicação não mais seriam necessários. Quanto mais nos afundamos na matéria, tanto mais serão necessários meios materiais para nosso conforto; o essencial e poderoso deus no homem não é material, e é independente das restrições que pesam sobre a matéria. Quais são as reais necessidades da vida? A resposta a esta pergunta depende inteiramente do que imaginamos ser necessário. Estradas-de-ferro, navios a vapor, etc., são agora uma necessidade para nós, e ainda assim, em outras épocas, milhões de pessoas viveram felizes e longamente, nada sabendo a respeito destas coisas. Para um certo homem uma dúzia de castelos pode parecer uma necessidade indispensável, para outro um carro, para outro ainda um cachimbo, etc. Mas todas essas necessidades são somente consideradas como tais na medida em que o próprio homem as criou.Elas tornam o estado no qual o homem agora se encontra agradável para ele, e o tentam a permanecer naquele estado, e não desejar nada mais elevado. Elas podem até mesmo obstruir o seu desenvolvimento em vez de o fazer avançar. Todas as coisas materiais têm de cessar de tornar-se uma necessidade se nós verdadeiramente quisermos avançar espiritualmente. É o ardente desejo e o desperdício de pensamento visando o aumento dos prazeres da vida inferior que impedem o homem de entrar na vida superior."

(Helena Blavatsky - Ocultismo Pático - Ed. Teosófica, Brasília - p. 80/89