OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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domingo, 30 de novembro de 2014

DINHEIRO E SEGURANÇA SÃO COISAS DIFERENTES

"O dinheiro é uma coisa neutra. Nem bom nem mau. O que importa é o que fazemos com ele. Podemos usar o dinheiro para ajudar quem necessita ou podemos escolher usá-lo egoisticamente, desperdiçando a oportunidade de ser generosos. A escolha é nossa, e todas as lições serão, cedo ou tarde, aprendidas.

Dinheiro e segurança são coisas diferentes. Segurança só pode vir de nosso interior. É uma coisa espiritual, não terrena. Dinheiro é terreno. Não se pode levá-lo, quando partimos daqui.

Podemos perder tudo da noite para o dia, se este for nosso destino ou a lição que precisamos receber. A segurança vem de uma paz íntima e do conhecimento da nossa essência verdadeira, que é espiritual. Nunca podemos ser feridos, porque somos imortais e eternos, porque somos seres espirituais, não corpos físicos. Porque nunca estamos sós. Porque Deus e todo um exército de espíritos amorosos nos protegem. Porque somos todos uma mesma essência.

E não há necessidade de ter medo. De fato, essa verdade é o segredo de nossa segurança e da nossa alegria. 'Amem-se uns aos outros, de todo o coração, não temam, não se contenham. Quanto mais derem, mais receberão.'"

(Brian Weiss - A Divina Sabedoria dos Mestres - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 1999 - p. 93/94)

terça-feira, 18 de novembro de 2014

O PODER DA GENEROSIDADE (PARTE FINAL)

"(...) Quando penso no caminho da iluminação, da ausência de todo medo, do amor incondicional, da aceitação de todos os processos e da entrega a todos os desígnios, lembro-me sempre do exemplo generoso dessas mulheres. Apesar da carência de coisas muito básicas, elas mostraram um senso de tranquilidade, uma confiança sem estresse e um desfrutar da felicidade que poucas vezes pude constatar em indivíduos com grande segurança financeira.

Pode faltar o básico, mas tudo é prosperidade quando o essencial é ofertado. É preciso que a essência transpareça na existência, como ensina Roberto Crema, reitor da Unipaz. Para aqueles que têm grande volume de recursos materiais, nem sempre a generosidade está em oferecer o que se tem, mas especialmente o que se é. Um filho pode ficar feliz com um novo brinquedo, um aparelho tecnológico, um carro ou uma viagem, mas é na oferta generosa do tempo, da atenção, do afeto e da partilha de visões de mundo que ele encontrará a verdadeira condição de trilhar o caminho de sua realização.

O que é preciso e o que é necessário? Essa distinção é a chave da generosidade. Entregar o que é preciso sempre, mas perceber o que é necessário prioritariamente. Quando temos um olhar aberto, atento e perceptivo para aquilo que realmente está acima de qualquer outra necessidade, inclusive as nossas, então estamos exercitando a generosidade. E para quê? Qual o propósito de ser generoso? Além do benefício imediato do atendimento das necessidades, da prática do bem e do progresso justo e próspero, há um elemento que pode fazer toda a diferença quando exercitamos nossa generosidade: adentrar o campo sagrado da confiança pura e viver, mesmo que por instantes, fora da tirania do medo.

Esse desabrochar interior que a ausência de medo oferece é o salto quântico da realização plena, as asas da borboleta no coração de nossa existência. É sutil, imponderável e profundamente transformador. Não somos mais os mesmos, não vivemos mais na mesma realidade e não tememos mais o que temíamos. É a mutação da visão em uma microdimensão. Se seguimos no exercício da generosidade, ganhamos aos poucos uma visão nova, até que todo o macrouniverso também se modifica. Então, não só nós poderemos ver diferente, mas todos poderão viver num lugar diferente e melhor - tudo graças a generosidade."

(Dulce Magalhães - O Poder da Generosidade - Revista Sofhia, Ano 10, nº  37 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 10)

domingo, 9 de novembro de 2014

O PROBLEMA DO BEM E DO MAL (1ª PARTE)

"I - Bem e Mal. Experiência. Manifestação 

O problema do bem e do mal é, em sua essência, relativo, porque depende da escola filosófica, da concepção do mundo que o indivíduo adote. Assim, para um católico, bem é aquilo que está de acordo com as leis de Deus e estas são conhecidas dos homens através da autoridade da Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana. No lado oposto, um comunista, que não toma em consideração os ditames da Igreja Católica, só admite como bem, tudo o que conduz à socialização e mal, o que a retarda ou impede.

Sabe-se que Stalin, em sua mocidade, assaltou um trem, para conseguir fundos para o partido bolchevista. Para o católico, o seu ato representa uma grave infração aos preceitos divinos e para o comunista, uma ação supremamente boa...

Não há necessidade de apontar mais exemplos, para concluir-se que os conceitos de bem e de mal são relativos, mas poder-se-á verificar que são artificiais, ou unilaterais, porque é tomado para ponto de reparo um conceito arbitrário: pretensas leis de Deus, provindas de revelações ou, então, leis ou móveis de ação que são aplicáveis apenas a uma fase da evolução social da humanidade. 

Se o homem tomar como ponto de reparo a sua posição no cosmos, se conseguir descobrir algumas leis fundamentais que regem o universo e chegar a conhecer realmente a natureza humana, poderá ter um conceito mais amplo, mais universal, do bem e do mal. Temos então de tomar nossas lições com os gregos e aprender em Heráclito que: 'O bem é a compreensão da harmonia do universo e a vida de acordo com ela'. Se se reconhecer uma harmonia universal, não poderá haver lugar para o mal, o qual é apenas uma fase, ou uma nota dessa harmonia.

A tendência, aliás, de muitos filósofos, é a de negar a existência do mal, que será antes um modo imperfeito de se considerar as coisas. Para Santo Agostinho e para Leibnitiz, o mal seria como as sombras de uma pintura, as quais servem para ressaltar as cores. Para Annie Besant: 'O que é mal visto pelo lado da forma é um bem visto pelo lado da vida'.  

Filo e Plotino, da Alexandria, aproximam-se mais da metafísica cristã, segundo a qual Deus é a fonte do bem, e a matéria (ou o homem, segundo o Cristianismo) a fonte do Mal. As doutrinas teosóficas assemelham-se às de Heráclito e às dos estóicos, segundo as quais o homem é parte do universo, com função definida a cumprir dentro da harmonia ou do entrosamente universal e deve se submeter às leis cósmicas. (...)"

(Alberto Lyra  – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 221/222)
www.editorateosofica.com.br/loja


domingo, 10 de agosto de 2014

SOZINHO, EU PERMANEÇO UNIDO

"Por mais isolado que possa se sentir às vezes, na verdade você nunca está só, pois a presença de Deus está sempre no seu interior. Quer esteja numa praia à beira-mar ou no centro de uma cidade moderna, numa reunião social ou a sós consigo mesmo, sempre poderá invocar essa presença interior. E uma vez que estiver unido a essa divindade íntima, jamais se sentirá isolado novamente.

Na presença Divina, você vive, age e nela encontra a sua essência. Quando está totalmente imerso nessa presença, você se sente inteiro, pleno, ligado e amado. E esse sentimento se revela mais importante do que nunca em situações de perda no plano material. Pode ser que alguma coisa ou alguém de quem você dependia tenha desaparecido. Talvez uma esperança, algum desejo ou sonho tenha sido frustrado. Contudo, em meio ao vazio, restou uma afinidade. Lá no seu íntimo, há um sinal de amizade, uma ponte que jamais será demolida.

Sua situação se compara à daquele homem que andando pela praia vê duas pegadas, a dele próprio e a de Deus. Nos momentos de depressão e tristeza, porém, ele só vê um rastro. Achando que foi abandonado, chora amargamente e indaga o porquê de seu abandono. E o Infinito então lhe responde: ’Eu jamais o abandonei. Quando você viu apenas um rastro é porque eu o carregava.’

Feche os olhos e sinta essa conexão. Sinta a paz e a serenidade que acontecem quando estiver bebendo a água dessa fonte que irá saciar para sempre a sua sede.

Quando você está só é que permanece unido."

(Douglas Bloch - Palavras que Curam - Ed. Cultrix, São Paulo, 1993 - p. 50)


terça-feira, 5 de agosto de 2014

OS ILUMINADOS (1ª PARTE)

"Quando o ser atinge a perfeição real e verdadeira, torna-se essência. Assim sabe evitar o que é desnecessário, rompe as ligações materiais, reconhece a verdade, passa a ter o verdadeiro e único discernimento e os grandes sentimentos interiores e inerentes ao ser comum são despertados em sua absoluta grandeza e a verdadeira essência divina pode florescer, surgindo daí os grandes iluminados, portadores de dons divinos. (...)

A biografia e as experiências pessoais de cada um desses seres traz grande conhecimento espiritual.

É importante lembrar que foram eles que mostraram à humanidade o verdadeiro caminho do amor, da sabedoria, do progresso, da harmonia e da paz espiritual.

Entre eles, há pobres e ricos, mas nenhum precisou de seus bens materiais para a sua autorrealização e iluminação. Todos a obtiveram por seus atos e feitos nobres, humildes mas profundos, e também pelo alcance de uma grande harmonia espiritual.

Pudesse o homem de hoje, através das práticas de raja ioga, seguir os passos e os exemplos desses verdadeiros mestres. Esse talvez fosse o primeiro passo para a criação de uma nova ordem, onde todos pudessem viver livres, felizes, amando e jamais odiando, tendo o direito à verdadeira dignidade e justiça e, acima de tudo, gozando de plena harmonia espiritual.

O Iluminado Buda

Siddharta Gautama, o Buda ou Iluminado, nasceu em 563 a.C. e morreu 483 a.C. Filho do príncipe Suddhodana, Buda abandonou a família, as glórias e riquezas que possuía, para seguir a vocação ascética que lhe foi despertada ao ver um funeral, um doente e um asceta vagabundo. Retirou-se na selva para meditar sob a orientação dos brâmanes e iniciar seu caminho na busca da verdade. Depois de passar por muitas provas, Buda alcançou a iluminação interior e reconheceu as chamadas Quatro Verdades. Seu primeiro sermão foi proferido no Jardim das Gazelas, perto de Benares, em 530 antes de Confúcio. Durante cerca de 40 anos pregou na Índia setentrional seus ensinamentos, que só foram escritos a partir do séc. II a.C. Ao morrer, deixou uma florescente comunidade de monges e milhares de seguidores de uma doutrina (dharma) de serenidade, ternura e aceitação estoica do mal, cuja essência é atingir a libertação ou a iluminação, o nirvana, que é a libertação do círculo vicioso do viver-morrer-reviver."

(Equipe da Revista Planeta - Os iluminados - Planeta Extra Raja Ioga, março de 1984 - p. 51/58)


domingo, 27 de julho de 2014

QUEM VOCÊ REALMENTE É (1ª PARTE)

"O Agora é inseparável da pessoa que você é no nível mais profundo.

Muitas coisas podem ser importantes na sua vida, mas apenas uma tem importância absoluta.

É importante vencer ou fracassar aos olhos dos outros. É importante ter ou não ter saúde, estudar ou não estudar. É importante ser rico ou pobre - certamente isso faz diferença na sua vida. Sim, tudo isso tem uma importância relativa, mas não absoluta.

Existe algo mais importante do que todas essas coisas: é encontrar a essência do que você é para além dessa entidade de curta duração que é a noção personalizada do 'eu'.

Você não encontra a paz reorganizando os fatos da sua vida, mas descobrindo quem você é no nível mais profundo.

A reencarnação não ajuda se na próxima encarnação você continuar sem saber quem é.

Toda a desgraça do mundo vem de uma noção personalizada do 'eu' ou do 'nós'. Essa noção enconbre a essência de quem você é. Quando você não se dá conta dessa essência interior, acaba sempre causando algum tipo de desgraça. É muito simples. Quando não sabe quem é, você cria um 'eu' na mente para substituir o seu lindo e divino ser e se agarra a esse 'eu' amedrontado e carente.

A partir do momento em que faz isso, sua grande força motivadora passa a se proteger e valorizar essa falsa noção do 'eu'. (...)"

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 37/38)

domingo, 13 de julho de 2014

SILÊNCIO E CALMA (PARTE FINAL)

"(...) Será que a calma e o silêncio são apenas a ausência do barulho e de conteúdo? Não, a calma e o silêncio são a própria inteligência, a consciência básica da qual provêm todas as formas de vida. A forma de vida que você pensa que é vem dessa consciência e é sustentada por ela.

Essa consciência é a essência das galáxias mais complexas e das folhas mais simples. É a essência de todas as flores, árvores, pássaros e demais formas de vida.

A calma é a única coisa no mundo que não tem forma. Na verdade, ela não é uma coisa nem pertence a este mundo.

Quando você olha num estado de calma para uma árvore ou uma pessoa, quem está olhando? É algo mais profundo do que você. A consciência está olhando para a sua própria criação.

A Bíblia diz que Deus criou o mundo e viu que era bom. É isso que você vê quando olha num estado de calma, sem pensar em nada.

Você precisa saber mais coisas do que já sabe? Você acha que o mundo será salvo se tiver mais informações, se os computadores se tornarem mais rápidos ou se forem feitas mais análises intelectuais e científicas? O que a humanidade precisa hoje é de mais sabedoria para viver. Mas o que é a sabedoria e onde pode ser encontrada? A sabedoria vem da capacidade de manter a calma e o silêncio interior. Veja e ouça apenas. Não é preciso nada além disso. Manter a calma, olhando e ouvindo, ativa a inteligência que existe dentro de você. Deixe que a calma interior oriente suas palavras e ações."

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 14/15)
www.esextante.com.br


segunda-feira, 16 de junho de 2014

O PROBLEMA DO MAL

"O porquê da existência do mal neste mundo é uma pergunta difícil de responder. Só posso lhes oferecer o que poderia chamar de resposta de um aldeão. Se existe o bem, deve haver também o mal, assim como onde existe a luz também haverá escuridão. Isso, porém, somente é verdade no que concerne a nós, seres humanos mortais. Perante Deus não há o bem nem o mal. Podemos falar de sua relação em termos humanos, mas nossa linguagem não é a de Deus.

Não posso justificar a existência do mal por meio de qualquer método racional. Querer fazê-lo é tentar ser equivalente a Deus. Sou, portanto, suficientemente humilde para reconhecer o mal como tal. E considero Deus paciente e resignado justamente por Ele permitir o mal em nosso mundo. Sei que não há mal dentro dEle, mas, ao mesmo tempo se o mal existe, ele é o autor disso e, mesmo assim é intocado por ele.

A distinção entre pensamentos bons e ruins não é desprovida de importância. Essas reflexões também não aparecem de modo aleatório. Elas seguem alguma lei que as escrituras tentam enunciar. (...)

A mão de Deus está por trás do bem, mas não somente atrás dele. Na verdade, sua mão também está por trás do mal, que, neste caso, já não é mais mal. Ambos representam meramente a imperfeição de nossa linguagem, afinal, Deus está acima do bem e do mal.

Somos nós, seres humanos, que entretemos pensamentos, e também somos nós que o repelimos. Temos, portanto, de lutar contra eles mesmos. As Escrituras afirmam que existe um duelo no mundo. Esse duelo é imaginário, não real. Podemos, entretanto, sustentar a nós mesmos nesse mundo ao assumir que esse combate seja real."

(Mahatma Gandhi - O Caminho da Paz - Ed. Gente, São Paulo, 2014 - p.38/39)


sexta-feira, 13 de junho de 2014

QUE PAPEL VOCÊ EXERCE?

"Quando encontra alguém, por mais rápido que seja o encontro, você dá toda a sua atenção ao ser dessa pessoa e, assim a reconhece? Ou você reduz a pessoa a um meio para atingir um fim, uma mera obrigação ou uma função?

Que tipo de tratamento você dá à caixa do supermercado, ao manobrista do estacionamento, ao sapateiro, ao balconista, ao gari que limpa a sua rua?

Basta um instante de atenção. Quando você os olha ou escuta o que eles dizem, estabelece-se uma calma silenciosa que dura dois segundos, talvez um pouco mais. Esse tempo é suficiente para que surja algo mais real do que os papéis que geralmente exercemos e com os quais nos identificamos. Todos os papéis fazem parte da consciência condicionada que é a mente humana. Aquilo que emerge do ato de atenção é o descondicionado - a pessoa que você é em sua essência, além do nome e do corpo. Você deixa de seguir um roteiro e se torna real. Quando essa dimensão emerge de dentro de você, o mesmo ocorre com a pessoa com quem você se encontra.

Porque, como sabemos, não há outra pessoa. Você está sempre encontrando a si mesmo."

(Eckart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 63)
www.esextante.com.br


sábado, 7 de junho de 2014

NÃO CREIAS NUMA MORTE REAL! (2ª PARTE)

"(...) Quando, semanas mais tarde, a lagarta também 'morre' e se imobiliza no misterioso ataúde da crisálida ou do casulo, mais uma vez essa pseudomorte preludia uma nova fase de vida, mais ampla e plena que as duas etapas anteriores. Finalmente, vem a terceira 'morte' desse inseto em evolução ascensional, e o ocaso dessa terceira fase da vida é a alvorada da vida mais deslumbrante que vai despontar - a borboleta.

Em cada nova metamorfose, o inseto morre com a mesma tranquilidade com que nasce e renasce, porque sabe instintivamente que essas vicissitudes de luz e trevas, de movimento e imobilidade, de expansão e contração, são necessárias para atingir a meta final da sua evolução. O inseto não é capaz de crear uma falsa teologia ou filosofia sobre si mesmo, e por isto não teme a morte, prelúdio duma vida nova.

Também o homem 'morre' cada noite, quando se recolhe ao sono - a fim de ressuscitar, no dia seguinte, com vida nova e forças maiores. É uma inconsciência entre duas consciências. Assim como o sono não atinge a vida central de nosso Eu, senão apenas o invólucro periférico, do mesmo modo a morte não afeta a nossa íntima essência, que dá vida aos invólucros externos. 

A alma não é atingida pelo processo da morte. Essa hora da grande metamorfose está, geralmente, envolta no véu duma suave semiconsciência crepuscular... Tudo nos parece distante, cada vez mais distante... Tudo vago, longínquo, aéreo... Recuam as paredes do quarto... Perdem-se no espaço os derradeiros sons... Entorpecem as extremidades do corpo... A semiconsciência centraliza-se no coração, no cérebro, últimos redutos da vida material... Por fim, o corpo repousa como um invólucro vazio do inseto deixado pela vida... E, por algum tempo, a alma parece imersa num sono profundo... Desce sobre ela a noite duma paz intensa, misteriosa, benéfica... (...)"

(Huberto Rohden - O Caminho da Felicidade - Alvorada Editora e Livraria Ltda., São Paulo, 1982 - p. 124/125)


quinta-feira, 20 de março de 2014

VERBO HAVER

"HÁ UM FOGO sem fumaça

- o da sabedoria.

Há uma asa sem limites

- a da liberdade.

Há uma vida que não cessa

- aquela que não nasce.

Há uma imersão sem emersão

- o mergulho iluminativo na Essência, no Ser.

Há uma paz que transcende a humana compreensão

- a do encontro com Deus.

Há uma fortuna sem fim

- a que resulta da renúncia.

Há um inimigo a quem desastradamente amamos

- nosso mesquinho ego.

Há uma luz que não faz qualquer sombra

- a do Espírito Santo."

(Hermógenes - Viver em Deus – Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 4ª edição - p. 41/42)


segunda-feira, 3 de março de 2014

SACRIFÍCIO

"O UNO sacrificou-se
e se fez múltiplo

O SER sacrificou-se
e virou simples aparência

A ESSÊNCIA sacrificou-se
e produziu a existência.

O INFINITO sacrificou-se
e ficou preso
nas malhas do tempo,
no cativeiro das causas,
nos limites do espaço.

O VERBO se fez carne
e eis eu

É hora de sacrificar
o que tenho, faço, penso, sinto, aspiro e suponho que sou.

Só o sacrifício do eu
Integrando-me ao UNO,
Libertará da carne o VERBO,
E me reconduzirá
a SER."

(Hermógenes - Viver em Deus - Editora Nova Era, Rio de Janeiro, 2007 - p. 174/175)


terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

O SIGNIFICADO DOS FESTIVAIS HINDUS - DIPAVALI

"Dipavali é o Festival da Luz. O conhecimento é considerado como Luz, mas, comumente, não passa de nevoeiro que obscurece. Somente o Amor propicia Luz. Expansão é vida, e expansão é a essência do Amor. Amor é Deus. Viva em Amor. A partir de uma única lamparina, você pode acender milhões, mesmo assim, a primeira nada perde. Assim também é o Amor. Dipavali destina-se a ensinar esta lição da Luz e do Amor. Sem uma lamparina acesa nenhuma cerimônia auspiciosa é iniciada. Onde a lamparina do Amor estiver brilhando, Deus se manifesta. Conserve-a acesa e pura. 

Deus primeiro; o mundo depois; o eu por último. Você tem de tornar-se um sadhaka (ascetas, aquele que pratica a disciplina) agora ou depois, tanto que possa se libertar dos nascimentos e mortes! Agora todas as coisas estão as avessas, e Deus não é encontrado. Você pode apegar-se a Ele seguindo os três caminhos (margas), que são: jnana (da sabedoria); bhakti (da devoção); e karma (da ação). Você pode viajar em primeira, segunda ou terceira classe no trem, mas o destino é o mesmo. Ative efetivamente os caminhos; eles são apenas partes de um único raio. 

O progresso e a Bem-aventurança espirituais dependem de esforço disciplinado. Ele pode vir somente mediante uma labuta austera e árdua, e não através de caminhos fáceis e agradáveis.¹ A vida torna-se um empreendimento melhor somente quando se tem hábitos disciplinados, concentração mental, renúncia aos prazeres sensuais e fé no Ser (Atma). Ninguém que desconheça o caminho pode atingir a meta. Ninguém que desconheça a meta pode optar por um caminho correto, e muito menos nele avançar. Antes de decidir sobre a jornada, você deve ter uma concepção apropriada do caminho bem como do destino a atingir."

¹ "Entrai pela porta estreita (larga é a porta e espaçoso o caminho que conduz para a perdição e são muitos os que entram por ela), porque estreita é a porta e apertado o caminho que conduz para a vida, e são poucos os que acertam com ela", advertiu Nosso Senhor Jesus Cristo (Mateus 7:13). Desconfiemos de Gurus (?!) que vendem 'facilitários".

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 236/237)


quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

O CONHECIMENTO E A PERCEPÇÃO DIRETA

"13 - O conhecimento de um objeto é conquistado somente pela percepção, investigação ou instrução,¹ e não através de banhos purificadores, de dar esmolas ou de centenas de retenções da respiração [pranayamas].

COMENTÁRIO -O conhecimento é algo que decorre da percepção direta - o contato com a essência da 'coisa' em si. Para isso de nada servem os puros exercícios externos. O processo de onde decorre esse mergulho na Realidade transcendente não é lógico, nem decorre de ações puramente mecânicas. O Budismo Zen, ao mencionar Satori (Iluminação), está apontando para algo que está além da mente conceitual. Igual posição tem o Budismo da Terra Pura (Jodo Shinshu) quando menciona 'ocho' - o 'salvo transversal', súbito e direto para a coisa em si."

¹ Em outras traduções: "A convicção sobre a Verdade pode ser obtida através do raciocínio sobre os saudáveis conselhos de um sábio..." (N.E.)

(Viveka-Chudamani - A Joia Suprema da Sabedoria - Comentários de Murillo N. de Azevedo - Ed. Teosófica, Brasília, 2011 - p. 19/20)

sexta-feira, 13 de dezembro de 2013

RESTABELECER UM RELACIONAMENTO COM DEUS (PARTE FINAL)

"(...) Há pessoas que descrevem seu Criador como alguém que, autoritariamente, submete o homem à prova com a fumaça da ignorância e o fogo do castigo, e que julga os atos humanos com insensível severidade. Elas deturpam assim o verdadeiro conceito de Deus como Pai Celestial, afetuoso e compassivo, atribuindo-Lhe a falsa imagem de um tirano vingativo, inflexível, incapaz de perdoar. Mas os devotos que comungam com Deus sabem que é tolice concebê-Lo diferente de um Ser Compassivo, receptáculo infinito de todo amor e bondade.

Deus é Bem-aventurança Eterna. Seu ser é amor, sabedoria e alegria. Ele é tanto impessoal quanto pessoal e Se manifesta de qualquer modo que Ele queira. Aparece aos Seus santos na forma preferida por cada um deles; um cristão vê Cristo, um hindu vê Krishna ou a Mãe Divina, e assim por diante. Devotos que O adoram na forma impessoal tornam-se conscientes do Senhor como Luz infinita ou como o maravilhoso som de Om, o Verbo primordial, o Espírito Santo. A suprema experiência que o homem pode ter é sentir essa Bem-aventurança, na qual todos os outros aspectos da Divindade – amor, sabedoria e imortalidade – estão plenamente incluídos. Mas como poderia eu transmitir com palavras a natureza de Deus? Ele é inefável, indescritível. Só por meio da meditação profunda é que você conhecerá Sua singular essência."

(Paramahansa Yogananda – Onde Existe Luz – Self-Realization Fellowship – p. 187/188)


quinta-feira, 7 de novembro de 2013

A MULTIPLICIDADE NA VIDA

"A essência do amor se manifesta no cuidado de preservar a multiplicidade percebendo a maravilhosa interdependência das partes que constituem o todo, e cooperar harmoniosamente com sua evolução para uma mais magnífica expressão da Vida. Cuidar de quem é diferente de nós é altruísmo; é a essência do amor universal. De fato, cuidar apenas do que é semelhante a nós é demasiado fácil, e com frequência é a causa de injustiça em relação ao que é diferente, devido à falta de uma percepção mais abrangente e universal. Assim, a verdadeira essência do amor é ser capaz de perceber a unidade além da multiplicidade, é ser capaz de perceber a semelhança além das diferenças, ou como frequente dizia G. S. Arundale: ‘Juntos diferentemente’.

Portanto, para preservar a riqueza de nosso tesouro, que são as diversas cores de nosso arco-íris, nós precisamos descobrir esta percepção da unidade subjacente na multiplicidade, e esta unidade oculta é a essência do amor, conforme Annie Besant escreveu em inesquecíveis palavras inspiradas:

            ‘Oh Vida Oculta, que vibras em cada átomo;
            Oh Luz Oculta, que brilhas em cada criatura;
            Oh Amor Oculto, que tudo abranges na Unidade;
            Possa todo aquele que se sente uno Contigo,
            Saber que ele é, por isso mesmo, uno com todos os outros.’"

(Ricardo Lindemann - Muitas Cores Formam o Arco-Íris - Revista TheoSophia, ano 95, outubro/novembro/dezembro 2006, Sociedade Teosófica no Brasil)


sexta-feira, 30 de agosto de 2013

A MENTE É TAGARELA (PARTE FINAL)

"(...) A meditação é a essência pura. Não é possível remover nada dela. Ela lhe traz o melhor dos dois mundos. Ela lhe dá o outro mundo - o divino - e lhe dá também esse mundo terreno. Através da meditação, você não é mais pobre: tem uma riqueza enorme, que não é feita de dinheiro.

Há muitos tipos de riqueza, e o homem que é rico por causa do dinheiro está no ponto mais baixo da escala, se falarmos em termos das categorias de riqueza. Deixe-me colocar as coisas dessa forma: um milionário é o mais pobre dos homens ricos. Quando observado do ponto de vista dos pobres, ele é o mais rico dos homens pobres. Mas, quando observado do ponto de vista de um artista criativo, de um dançarino, de um músico, de um cientista, ele é o mais pobre dos homens ricos. E, no que diz respeito ao mundo dos iluminados, ele nem mesmo pode ser chamado de rico.

A meditação, no final das contas, irá torná-lo rico, de forma absoluta, ao lhe dar o mundo de seu ser interior, e também rico, de forma relativa, pois irá libertar os poderes da mente para qualquer talento que você possa ter. Minha própria experiência mostra que todos nasceram com algum dom e, a menos que esse talento seja vivenciado ao máximo, algo ficará faltando nessa vida. A pessoa continuará sentindo que, de alguma forma, algo que deveria estar presente não está.

Dê um descanso à sua mente - ela precisa disso! E é tão simples: basta colocar-se de fora, tornar-se uma testemunha. Lentamente, aos poucos, a mente aprenderá a ficar em silêncio. Uma vez que a mente tenha aprendido que o silêncio a torna mais forte, suas palavras não mais serão meras palavras. Terão um valor, uma riqueza e uma qualidade que nunca antes tiveram. Serão diretas como uma flecha. Ultrapassarão as barreiras da lógica e irão direto ao coração.

Nesse momento, a mente será uma boa serva, com enorme poder, nas mãos do silêncio. Nesse momento, o ser será o mestre, e o mestre poderá usar a mente quando for necessária e desligá-la quando não for."

(Osho - Aprendendo a silenciar a mente - Ed. Sextante, Rio de Janeiro - 3ª edição - p. 71/72)


quinta-feira, 22 de agosto de 2013

AUTOCONHECIMENTO

"A insuficiência do conhecimento é uma coisa que a cultura de hoje mascara. Ela nos vende a ideia de que o conhecimento é autossuficiente. Isto é um mito, é uma mentira. Uma vez o Sr. Krishnamurti fez a seguinte afirmação em uma de suas palestras ‘Todo o conhecimento ainda está no campo da ignorância’. Provavelmente porque ainda não é autoconhecimento. Autoconhecimento é o conhecimento da essência, do solo do ser.

A impureza mental gera escuridão psicológica. A impureza mental é tudo aquilo que é gerado pela mente no que diz respeito a nós mesmos, às nossas preferências, aos nossos hábitos, aos nossos condicionamentos. Se deixarmos nossa mente vagar apenas nessa dimensão pessoal não há muita possibilidade de uma experiência mais profunda. É por isso que as tradições dizem: reservem um espaço no dia para ficarem quietos consigo mesmos, em silêncio.

Se vocês quiserem orar, orem; se quiserem meditar, meditem; se quiserem não pensar, não pensem, mas isto é importante porque é o momento em que podemos começar a abrir um canal de comunicação entre a personalidade externa e a alma. Os gregos estavam certos quando eles diziam ‘soma sema’ (o corpo é o cárcere da alma). É claro que isto interpretado de uma forma mecanicista leva a uma demonização do corpo. Não se trata disso.

O corpo é instrumento da consciência, mas precisamos manter nossa mente vigilante e este processo de purificação deve continuar dia após dia. Este processo de purificação não tem nada a ver com moralismos, não tem nada a ver com adotar um código externo de conduta e ficar se policiando para cumprir tal código. O processo de purificação é um processo constante, onde se identifica os elementos de egocentrismo que surgem na nossa mente, em nossa consciência."

(Pedro R. M. Oliveira - Religião como Experiência - Revista Theosophia - julho/agosto/setembro 2007 - Pub. Sociedade Teosófica do Brasil)


sexta-feira, 19 de julho de 2013

JAMAIS PERCA A ESPERANÇA

"SE ABANDONOU a esperança de alguma vez ser feliz, anime-se. Jamais perca a esperança. Sua alma, sendo reflexo do Espírito sempre jubiloso, é, em essência, a própria felicidade.

Se você mantiver fechados os olhos da concentração, não poderá ver o sol da felicidade ardendo em seu peito. Mas não importa quão apertadamente você feche os olhos da atenção, o fato é que os raios da felicidade estão sempre tentando penetrar pelas portas fechadas de sua mente. Abra as janelas da tranquilidade, e descobrirá o súbito irromper do radiante sol da alegria, no interior de seu próprio Eu.

Os raios jubilosos da alma podem ser percebidos se você interiorizar a atenção. Essas percepções podem ser obtidas treinando a mente para desfrutar o belo panorama dos pensamentos, no reino invisível e intangível em seu interior. Não busque a felicidade apenas em belas roupas, casas limpas, jantares saborosos, almofadas macias e artigos de luxo. Tudo isso aprisionará sua felicidade atrás das grades da superficialidade, da exterioridade. Em vez disso, no aeroplano de sua visualização, sobrevoe o império ilimitado dos pensamentos. Contemple, ali, as cordilheiras das elevadas e contínuas aspirações espirituais por seu próprio aperfeiçoamento e dos demais.

Deslize sobre os vales profundos da compaixão universal. Voe sobre os gêiseres do entusiasmo, sobre as cataratas da perpétua sabedoria, que se precipitam dos penedos nevados da paz de sua alma. Eleve-se sobre os rios sem fim da percepção intuitiva, para o reino da onipresença divina.

Ali, na divina mansão da bem-aventurança, beba do manancial da sabedoria sussurrante de Deus, saciando a sede de seu desejo. No salão de banquetes da eternidade, saboreie com Ele os frutos do amor divino. Se tiver decidido encontrar a alegria dentro de você, mais cedo ou mais tarde a encontrará. Busque-a agora, diariamente, em seu interior, por meio da meditação constante e cada vez mais profunda. Faça um verdadeiro esforço para interiorizar-se, e ali encontrará a felicidade que tanto desejava."

(Paramahansa Yogananda - Meditações Metafísicas - Self-Realization Fellowship - p. 91/93)


segunda-feira, 13 de maio de 2013

LAYA YOGA - A SEDE DE VIVER (2ª PARTE)

"Por que e como saímos da gloriosa essência para a dolorosa existência? Que nos prende existindo neste mundo de samsara, padecendo nascimento e mortes? O hinduísmo e o budismo respondem: a causa é trisna. Tanha é outra palavra que o budismo usa. Trishna significa a "sede de viver", o anelo fundamental de continuar existindo, presente não só nos seres humanos, mas em todo vivente. É o que, nos animais, se tem chamado "instinto de conservação". Ora, ninguém "normalmente" anseia por sua própria extinção. Assinalo, no entanto, duas exceções: a desastrosa e impossível fuga por meio do suicídio; e o "instinto de morte", mencionado pelo criador da psicanálise. Mas estes dois casos são indiscutivelmente patológicos. Expressam a morbidez dos desesperados. 

É admissível alguém sadio aspirar pela autoextinção?! Parece que não. No entanto, um inteligente e sadio projeto de autoextinção é possível sim, mas somente em pessoas que já constataram, por experiência, a fugacidade de tudo, principalmente da própria existência; que já se deram conta, por outro lado, da eternidade e infinitude de si mesmas, isto é, da essência; que já sabem inequivocamente que serão despojadas para sempre de tudo que supõem ser e possuir; e principalmente preveem que, por tudo isto, estão condenados a sofrer. Só o sábio, por ter vencido a ilusão, se dispõe a trocar o gozo fugidio do existir (preya) pela bem-aventurança eterna do Ser (shreya). O sábio, no entanto, não aspira exatamente à simples e suicida extinção de sua existência. Aspira sim compreender cada vez mais profundamente "aquilo" que o algema à fugidia e falsa existência. "Aquilo" é a obsedante "sede de existir" (trishna ou tanha). Laya Yoga o ajuda nisto. Laya Yoga pode ser entendido como a extinção da vida mesquinha que sempre termina em morte para dar lugar à vastidão da Vida Una onde não há morrer. Laya Yoga é uma busca da "Água Viva" e do "Pão da Vida", mencionados por Jesus. 

O corpo é um condenado à morte - todos sabem. Mas a tradicional "sede de viver" tenta inutilmente opor-se a isto. Resultado: sofre por não poder evitar o fim. O corpo morre, mas a "sede" de voltar a viver persiste firme e forte, e é por isto que um novo corpo é engendrado e nasce, prolongando o exílio, o cativeiro em samsara. Trishna é a energia que, segundo Buddha, mantém girando a roda dos nascimentos e mortes. Eis por que estamos programados para renascer e, consequentemente, condenados a remorrer. Tal é a razão de nosso desterro no "reino da morte". É somente quando, graças a uma profunda evolução espiritual, conseguimos minimizar o ego (ahamkara), aquele que quer sempre gozar e nunca sofrer, conseguiremos também saciar o tipo de "sede" que obrigava a samaritana a sempre retornar ao "poço de Jacob" para dessedentar-se. É extinguindo trishna (a "sede"), que o ser humano alcança o ansiado acesso à Vida-sem-morte, à verdadeira Vida, à da Essência. O Cristo confirmou isto:
Quem ama sua vida [trishna] perdê-lo-á; mas quem aborrece a sua vida neste mundo, conservá-la-á para a vida eterna. (Jo 12:25) 
Falando à mulher samaritana, à borda do "poço de Jacob", o Cristo prometeu-lhe a verdadeira Vida, oferecendo-se como a "Água Viva", isto é, aquele que dessedenta para sempre:
Quem beber da água que eu lhe der, não terá mais sede no futuro; mas a água que eu lhe der se tornará nele uma fonte de água que mana para a vida imanente. (Jo 4:14). (...)"

(José Hermógenes - Iniciação ao Yoga - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro - p. 115/116)