OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 10 de maio de 2016

A TENTAÇÃO NO DESERTO

"A estória da tentação de Jesus pelo demônio no deserto (Mt 4:1-11) retrata, em linguagem simbólica, apenas parte das experiências do iniciado do segundo grau. Logo após a natividade, Herodes fez o seu ataque, simbolizando o clamor dos hábitos e desejos do passado. Da mesma forma, agora os vestígios remanescentes de orgulho, egoísmo, autossatisfação e desejo de poder, personificados por Satã, tendem a emergir e tentar o iniciado para que abandone sua missão divina. Alegoricamente, o demônio incitava Jesus no deserto (que significa os períodos de aridez espiritual testemunhados por todos os místicos) ao abandono da grande busca e ao uso de seu poder recém-adquirido para adquirir posses pessoais e prestígio. Diz-se que muitos aspirantes falham nesse grande teste. A sensação de intensificação de poder é tão forte, a capacidade intelectual é tão maravilhosamente aumentada pela passagem por esses graus dos mistérios maiores que o egoísmo e o orgulho (personificados por Satã) podem alcançar proporções monstruosas e fazer sucumbir o candidato, levando-o a buscar a gratificação da ambição por poder e ao desenvolvimento de soberba pessoal.

A vitória é obtida por fim. O tentado diz ao tentador: 'Vai-te, Satanás'' (Lc 4:8). O uso permissível dos recém-encontrados poderes capacita-o a curar, ensinar e atrair para si aqueles que se tornam discípulos, e são eles mesmos ajudados a encontrar e a trilhar a mesma senda da santidade, 'a porta estreita' e o 'caminho apertado'."

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 161/162)
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sexta-feira, 29 de abril de 2016

CONSCIÊNCIA DA UNIDADE

"Besant conhecia profundamente o pensamento oriental, pois viveu toda a fase madura de sua vida na Índia, estudando e meditando sobre seus legados espirituais. Profunda conhecedora da filosofia do yoga, ela sabia que a espiritualidade está associada à existência de camadas gradualmente mais profundas de nossa mente. (...) Para o yoga, nossa verdadeira natureza espiritual está semiadormecida em suas regiões mais profundas, impedida de se manifestar plenamente em razão da superficialidade de nossa mente e da falta de sintonia com os estados interiores.

Um termo sânscrito, buddhi, esclarece a definição proposta por Besant. Buddhi significa inteligência espiritual, ou intuição, a capacidade de compreender de forma direta a essência e a natureza das coisas. Nos sábios, buddhi, está desperto, gerando aquela classe de discernimento que honra esse termo, ou seja, ir ao cerne das coisas. Quanto mais presente está buddhi, mais o centro da consciência está próximo da unidade, e mais firme é a noção de interdependência e da consequente capacidade de identificar-se com todos os seres, como parte de si mesmo, ou mais propriamente, sendo todos parte do mesmo ser.

Além da noção de unidade, outros dois aspectos da filosofia oculta da Índia, explicam o contexto conceitual das palavras de Besant. O primeiro é o de que tudo está vivo e expressa algum grau de consciência. A noção ocidental de seres animados e inanimados não existe nessa visão. Mesmo os seres considerados inanimados, como os minerais, possuem algum grau de consciência, e na dimensão da vida e da consciência estão todos ligados. Mesmo os objetos construídos são átomos e moléculas que estão vivos e também possuem certa grau de consciência.

O segundo aspecto é que existe uma relação de analogia e simbolismo entre micro e macrocosmo. Portanto, o ser humano guarda na profundidade espiritual de seu ser as mesmas forças e princípios que criaram o universo. A mente humana é expressão da mente cósmica que arquitetou o universo. O poder criador que move todas as coisas também se move em nós, e a força aglutinadora e geradora de vida se expressa em nós como amor nas mais diversas formas."  

(Marco Aurélio Bilibio Carvalho - A descoberta da espiritualidade - Revista Sophia, Ano 9, nº 33 - p. 7
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domingo, 3 de abril de 2016

SÍNTESE DA EVOLUÇÃO HUMANA (PARTE FINAL)

"(...) O indivíduo, no decurso de sua evolução, pode desenvolver mais umas qualidades, em detrimento de outras; então, encontramos homens inteligentes e de fraca moral, indivíduos de alta moral e inteligência precária, outros com faculdades supranormais, porém sem moral inatacável.

Não podemos ajuizar do adiantamento evolutivo real de um indivíduo apenas por uma ou duas grandes qualidades ou pelas faculdades supranormais. Se estas são harmônicas, controláveis, em relação com a inteligência e a moral do indivíduo, podem ser sinal de alta evolução, mas isoladas, não têm tão importante significação. Com efeito, as faculdades supranormais são frequentes em indivíduos primitivos.

A evolução humana terminará no Homem Perfeito; mas, se meditarmos que a alma é uma centelha que desenvolve suas possibilidades latentes, através de experiências sucessivas, poderemos perfeitamente concluir que essa centelha deverá alargar-se posteriormente, ampliar-se cada vez mais e melhor se aproximar e se identificar com o seu Criador. 

Certas pessoas objetarão que isto é, então, pela eternidade, que a evolução é infinita, pois Deus, concluímos, é infinito e eterno; e dirão desanimadas que não haverá descanso, que é preferível procurar o repouso no aniquilamento - no NADA. Os que só conhecem o Budismo exotérico pensam que é isto o Nirvana prometido por Buda.

Mas tal não se dá. A Evolução, como o Ser, tem fases ativas e passivas, fases de trabalho e de repouso. Considerada no todo, a evolução de fato é atividade, mas a emanação divina, cada vez mais integrada no Grande Todo, só poderá sentir felicidade inenarrável e tanto maior, quanto mais importante o seu papel no trabalho do Universo.

VIDA é AÇÃO e na ação estão prazer e a felicidade supremas."

(Alberto Lira - O ensinamento dos mahatmas - IBRASA, São Paulo, 1977 - p. 197/198


sexta-feira, 25 de março de 2016

OS CAMINHOS DA SAÚDE (2ª PARTE)

"(...) O homem não é apenas um corpo. Ele é um ser triplo: corpo, inteligência e espírito. Essa unidade de força torna-se cada vez mais sensível à medida que a evolução prossegue. O equilíbrio e a responsividade nervosa e psíquica da humanidade tornam-se continuamente mais delicados. Em consequência, a violação da lei básica produz uma maior perturbação, produz no homem uma dor mais aguda.

Qual é a mensagem que o eu espiritual transmite, a mente recebe e o corpo precisa ratificar? Se fosse possível - e de fato é - ascender ao estado de consciência espiritual e ver o universo com os olhos do espírito, o que se veria? Se, com os ouvidos do espírito, a canção da vida pudesse ser ouvida, qual seria o tema? A resposta para essas perguntas é: 'a vida é una'. Uma vida, uma luz, um poder, um amor - essa é a verdade espiritual fundamental.

A unidade é a mensagem que o eu espiritual transmite ininterruptamente ao homem através da mente. No egocentrismo do homem de mente material, unidade e amor ainda são negados. 'Cada um por si' é o lema. Indivíduos, grupos e até mesmo nações, quando não são ameaçados por um perigo comum, ainda se mostram como unidades egocêntricas, com pouca ou nenhuma consideração para com o próximo, sem mencionar para com a natureza. Os resultados saltam à vista: a grande maioria dos seres humanos está  propensa a doenças; o caos e a doença do mundo são os resultados diretos da negação do homem em relação à unidade da vida.

Mas essa não é uma situação incorrigível; há cura para a humanidade que teme a guerra e é oprimida pela doença. O homem está evoluindo gradualmente. A gentileza para com o próximo e o tratamento gentil dos animais estão aumentando. A caridade está se estendendo. Para um número crescente de pessoas a voz interior se torna mais forte e mais insistente, afirmando a vida una. Consequentemente, a mente responde e o corpo cumpre. O amor se aprofunda, torna-se menos egoísta e mais universal. A saúde e a felicidade aumentam de modo correspondente.

Por fim, a mensagem da unidade da vida é reconhecida como uma instrução divina e se torna uma ordem irresistível. A mente concorda, o cérebro responde e a conduta se adapta à consciência. A clemência torna-se o evangelho da vida. A caridade arde como uma chama no coração. O autointeresse se perde no altruísmo. Esse é o segredo da saúde perfeita, da vitalidade radiante e da felicidade interior, pois o reconhecimento da unidade é a panaceia individual e universal. (...)"

(Geoffrey Hodson - Os caminhos da saúde - Revista Sophia, Ano 12, nº 50 - p. 37/38
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terça-feira, 15 de março de 2016

O PROPÓSITO DA EXISTÊNCIA HUMANA (1ª PARTE)

"Por que, então, o espírito humano se encarna num corpo físico com a perda consequentemente, embora temporária, do conhecimento de sua divindade e unidade com Deus? O propósito da existência humana é a evolução espiritual, intelectual, cultural e física. Esse é um processo dual, que consiste, por um lado, do desdobramento gradual, da latência à plena potência, dos atributos espirituais trinos do homem e, por outro lado, da evolução de seus quatro veículos materiais, para uma condição em que eles evidenciam perfeitamente os poderes desenvolvidos do Espírito humano. A vida num corpo físico é essencial para essa realização.

O eu espiritual do homem é como uma semente que contém em si a potencialidade da planta original, que é Deus. Essa semente é 'espalhada' ou nasce na Terra, lança raízes, tronco e folhas e, finalmente, floresce. A individualidade humana resultante, em seus quatro veículos, é fortalecida pelos ventos da adversidade, purificada e refinada pela chuva do sofrimento, embelezada e expandida pela luz da felicidade e do amor e alcança, finalmente, o estado de plenamente desabrochada. Assim como nas sementes todos os poderes parentais estão inerentes, também nas mônadas dos homens todos os poderes divinos estão presentes potencialmente desde o começo. As experiências da vida, combinadas com o impulso interior evolucionário, levam esses poderes inerentes ao pleno crescimento e à perfeita expressão. Toda experiência é válida; nada é desperdiçado. A vida é verdadeiramente educativa. O desabrochar do Ego e o desenvolvimento físico ocorrem simultaneamente, com a evolução interior sendo acompanhada pelo desenvolvimento externo dos quatro corpos mortais. Aqui o ensinamento teosófico torna-se eminentemente prático; pois, quando esse importantíssimo conhecimento do propósito da vida humana é obtido e aceito, o homem inteligente coopera, e em tal cooperação com o plano divino reside todo o segredo da felicidade humana.

A que culminância, então, a humanidade finalmente atinge? O alvo da evolução humana é padrão da perfeição descrito no cristianismo como 'a medida da estatura da plenitude de Cristo' (Ef 4:13). Isso implica na realização de um divino estado de perfeita (apenas no que toca à evolução humana) e irresistível vontade, de sabedoria e amor perfeitos, que a tudo abrange, e de perfeito conhecimento, que a tudo inclui. (...)"

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada, Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 55/56)


segunda-feira, 22 de fevereiro de 2016

A CONTEMPLAÇÃO DA UNIDADE

"O desejo é uma borrasca. A cobiça, um turbilhão. O orgulho, um precipício. O apego, uma avalanche. O egoísmo, um vulcão. Mantenha distante tais coisas, tanto que, quando praticar japa (repetição de um mantra) ou dhyana (meditação), não lhe perturbem a equanimidade.

O atmavichara¹ é o melhor de tudo que se encontra nos Upanishads². Exatamente como o fluxo de um rio é regulado por controles, e as águas são dirigidas para o mar, os Upanishads regulam a restrição aos sentidos, à mente e ao intelecto, e ajudam a atingir o mar e a mergulhar a individualidade no Absoluto. O Upanishads e a Gita são apenas mapas e manuais de instruções. Tenha diante de você a Forma do Senhor, quando, quietamente, sentar-se no lugar de meditação; e tenha também seu Nome (seja qual for) quando na prática de japam (repetição de um mantra). A Forma divina escutará e responderá. (...)

O segredo é que você deve 'estar' como dormindo, quando se achar desperto e imerso dentro de si mesmo - isto é o que você é. Somente o sono está envolto em maya ou ilusão. Desperte deste maya, mas penetre neste sono - tal é o real samadhi³. Japam e dhyanam (respectivamente, repetição do Nome e meditação sobre a Forma) são os meios pelos quais você consegue até mesmo compelir a concretização da Divina Graça na Forma e Nome que você busca. (...)

Voando aqui e acolá, cada vez mais alto, o pássaro, por fim, tem de empoleirar-se numa árvore, para descansar. Acontece o mesmo com o homem mais rico e mais poderoso - ele também anda em busca de repouso (santhi). Carente de santhi (repouso, paz, equanimidade), a vida lhe é um pesadelo. Somente em uma loja podemos adquirir santhi - esta loja é a nossa realidade interna. Os sentidos podem arrastar você à lama, numa submersão cada vez mais profunda na dualidade de alegria e de aflição, e isso significa prolongado descontentamento.

Somente a contemplação da Unidade tem o poder de remover o medo, a rivalidade, a inveja, a ambição, o desejo, ou seja, todos os sentimentos que geram descontentamento ou inviabilizam a paz imperturbável. Todas as outras vias somente podem conduzir ao pseudocontentamento."

¹ Atmavichara - Atma (a Centelha Divina); vichara (busca, inquérito).
² Upanishads - A parte conclusiva dos Vedas; o fundamento do Vedanta.
³ Samadhi - êxtase; iluminação; a comunhão com o Divino.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 138/139)


domingo, 1 de novembro de 2015

O SOFRIMENTO DA MORTE É AUTOINFLIGIDO

"Normalmente, para o homem que vive no plano animal (de forma desnatural, sem harmonia com a natureza de sua alma), a morte fora de hora é uma coisa horrível, produzindo grande agonia. Mas a suposta aflição ocorre por causa do mau hábito que a alma tem de aumentar e transformar em sofrimento uma percepção intelectual. Por exemplo, o sofrimento proveniente de se acreditar em fantasmas e espíritos malignos, como nos pesadelos ou fobias que produzem traumas e convulsões, demonstra que se experimenta dor aguda no organismo físico pela exclusiva intermediação da mente.

A morte natural - isto é, em idade avançada, ou sempre que a alma está pronta para trocar a forma mortal - é como o cair da fruta madura de uma árvore em seu próprio tempo, sem a resistência que a fruta verde exibe quando cai por causa de uma tempestade ou outra força maior. Contudo, na morte prematura - por motivo de doença, acidente ou outras causas - a alma oferece grande resistência e por isso o corpo testemunha grande agonia.² Neste tumulto e na luta da consciência há uma grande tristeza, uma sensação de impotência - e a natureza iludida da alma finalmente se torna inconsciente quando a morte sobrevém, como no início do sono profundo.³ Esta impotência perante a morte é erroneamente considerada por algumas pessoas como um castigo divino. Na verdade, é apenas resultado do mau hábito, persistente e autocriado, que tem a alma de identificar-se com a mudança, em vez de considerar as transformações corporais como meio de se expressar.

Assim, o medo de morrer (adquirido por herança social ou hereditária) e a agonia da morte prematura (resultante da identificação com as mudanças corporais, em vez de observá-las como uma testemunha) são coisas autoinfligidas, o que é mesquinho e terrível. Alcançando a Autorrealização, pode-se evitar a morte comum e dolorosa. Com esta consciência, o iogue
a) não experimenta dor na morte natural;
b) conserva a consciência e a identidade após a morte;
c) vive na natureza de sua alma, e sabe que essa natureza é todo-poderosa e imortal."

² Hoje em dia, os sintomas externos são minimizados pelos medicamentos modernos, que não existiam em 1923, quando estas anotações foram escritas.
³ Após a morte, a alma, num corpo astral luminoso, desperta gradualmente para uma nova existência no mundo astral ou céu - num plano mais ou menos elevado, correspondente ao mérito das ações na Terra. A alma permanece no mundo astral por um tempo determinado pelo karma; depois, volta à Terra em nova encarnação física. Os ciclos de vida e morte continuam até a alma cortar todos os laços mortais, ficar livre e voltar para Deus.

(Paramahansa Yogananda - O Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 217/218)


quinta-feira, 29 de outubro de 2015

O SER DIVINO EM NÓS

"Se você tem de puxar potência da casa de força para sua residência, a fim de a iluminar, terá de fixar postes a intervalos regulares e ligar os fios. Assim também, se quiser a Graça de Deus, pratique Sadhana (práticas disciplinares) em períodos regulares, e se ligue a Deus pelo fio de smarana (a lembrança contínua, a insistência n'Ele).

Saiba que o Atma¹ é sua Realidade e também saiba que Ele é a Força Interna deste Universo. Que sua inteligência penetre tal Verdade. Analise-se e descubra os diversos níveis da Consciência: o físico; o sensório; o nervoso; o mental; o intelectual, e assim, alcance até mesmo o âmago do último nível - o da alegria. Os panchakosas² têm de ser transcendidos, tanto que você possa alcançar sua Verdade, a de que você é Atma.

O Atma pode ser apreendido somente por um acurado intelecto e uma mente pura. Como purificar a mente? Por mantê-la em jejum dos maus 'alimentos' atrás dos quais ela corre, isto é, os prazeres mundanos. Além do mais, é preciso nutri-la com 'alimentos' bons, principalmente o pensar em Deus. O intelecto se tornará acurado se se devotar à discriminação entre o efêmero e o eterno. Que seus pensamentos estejam concentrados em Deus, em Seu Nome e em Sua Forma. Você sentirá então que está sempre com o que é puro e duradouro; gozará de pura e prolongada alegria. Eis por que dou tanta importância a namasmarana (repetição do Nome de Deus como disciplina espiritual)."

¹ O Ser Divino em nós.
² Panchakosas - os cinco envoltórios, escondendo Atma.

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 54/55)


quinta-feira, 8 de outubro de 2015

ORIGEM E NATUREZA DO SOFRIMENTO HUMANO (PARTE FINAL)

"(...) Enquanto a humanidade não se libertar da terrível e doce tirania do príncipe deste mundo, aceitando realmente, e não apenas verbalmente, a mensagem da Luz do Mundo, não temos esperança alguma de superar os males da velha humanidade e entrar na glória da nova humanidade.

Todos os poderes que governam a humanidade trabalham sob o signo da inteligência, da violência e do dinheiro - que são os embaixadores plenipotenciários do poder das trevas, que continua a dar o que prometeu a seus servidores: 'todos os reinos do mundo e a sua glória'.

No caso que algum governo quisesse libertar-se da tirania do príncipe deste mundo e proclamar a soberania do Cristo, seria imediatamente boicotado por seus colegas e inutilizado.

O mal da nossa humanidade não é este ou aquele mal isoladamente, é a maldade coletiva mancomunada em protesto contra a 'Luz do Mundo'.

Nos países chamados cristãos acresce a agravante de que, para guardar as aparências, se acha hasteada sobre o quartel-general do Anticristo a bandeira do Cristo. Destarte, continua o Mestre a ser traído por um beijo de seu discípulo: 'Amigo, a que vieste? com um beijo tu atraiçoas o Filho do Homem?'

A nossa humanidade, que nasceu sob o signo do poder das trevas, acabará, segundo os videntes, num suicídio coletivo, sob o signo do príncipe deste mundo."

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 25

quarta-feira, 7 de outubro de 2015

ORIGEM E NATUREZA DO SOFRIMENTO HUMANO (3ª PARTE)

"(...) No meu livro recente A Nova Humanidade expliquei detalhadamente as duas fases evolutivas da velha e da nova humanidade.

Da velha humanidade, diz o Cristo: 'O príncipe deste mundo, que é o poder das trevas, tem poder sobre vós'. Da nova humanidade diz ele: 'Sobre mim ele não tem poder algum, porque eu venci o mundo'.

O príncipe deste mundo é o poder da serpente, da inteligência, que é um poder tenebroso, causador de maldades e de males de toda a espécie.

Jesus não teve pecado nem sofreu doenças e morte compulsória, porque tinha vencido o mundo adâmico da serpente intelectual, e estava num mundo cósmico do sopro espiritual.

Os nossos males não terão fim enquanto não nos libertarmos do poder do príncipe deste mundo, a que a humanidade se entregou inicialmente, e da qual se deve libertar finalmente.

As leis cósmicas são inexoráveis: o que o homem faz pelo poder do seu livre-arbítrio pode ele desfazer pelo mesmo poder. 

Por ora, o grosso da humanidade está dominado pelo poder das trevas, que se manifesta pelo ego intelectual: o triunfo da inteligência e a derrota do espírito. Nenhuma medicina, nenhuma psicologia, nenhuma psiquiatria podem melhorar substancialmente o estado calamitoso da nossa humanidade sofredora, porque pecadora. Tudo o que estamos fazendo são paliativos, camuflagens, charlatanismos, que tentam remover sintomas do mal, mas não erradicam a raiz do mal. Todos os nossos paliativos são ditados pelo próprio príncipe deste mundo, que é responsável pelo estado calamitoso da humanidade, sobre a qual ele tem poder.

Em face desse tenebroso círculo vicioso, deverá a maior parte da humanidade atual passar por tragédias, talvez pelo extermínio. (...)"

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 24


terça-feira, 6 de outubro de 2015

ORIGEM E NATUREZA DO SOFRIMENTO HUMANO (2ª PARTE)

"Por que não apareceu a humanidade perfeita?

Moisés serve-se de uma parábola intuitiva para indigitar a causa desse fenômeno. Essa parábola intuitiva, porém, quando analisada intelectualmente por nós, não nos dá clareza. Quando os exotéricos profanos interpretam a visão esotérica de um iniciado, aparecem muitas obscuridades. Moisés fala simbolicamente do 'sopro de Deus' e da 'voz da serpente' para designar as duas potências que regem todo o homem: o espírito e a inteligência. O homem planejado pelo espírito do sopro de Deus seria um homem perfeito, o Atmam de Buda e da filosofia oriental, o Ish do Talmud judaico.

Mas a voz da inteligência, simbolizada pela serpente, desde o início, barrou a evolução do homem, desviando a evolução espiritual para uma pseudo-evolução intelectual. O sopro de Deus é a 'árvore da vida' - a voz da serpente é a 'árvore do conhecimento do que é bom e do que é mal'.

À primeira vista, parece que a serpente derrotou Deus, que a inteligência derrotou o espírito - e é esta a explicação que os intérpretes profanos e exotéricos dão do Gênesis.

Na realidade, porém, não houve, nem podia haver essa suposta derrota; o espírito de Deus, havendo creado uma criatura de livre-arbítrio, não podia impedir que o homem fosse o senhor do seu destino e se creasse assim como ele queria. O livre-arbítrio, porém, se revela, inicialmente, pela inteligência, eclipsando por muito tempo o espírito - porquanto a evolução principia na periferia e demanda o centro.

Por enquanto, a evolução do homem é meramente intelectual, e não espiritual; a inteligência, em vez de se integrar no espírito, tenta suplantar o espírito. Diz a sabedoria milenar da Bhagavad Gita que 'o ego (inteligência) é o pior inimigo do Eu (espírito), embora o Eu seja o melhor amigo do ego'.

Até hoje, através de séculos e milênios, o ego intelectual (serpente) guerreia o Eu espiritual (Deus). Em consequência dessa prevalência da inteligência negativa sobre o espírito positivo, a humanidade está sujeita a doenças e à morte. Mas, quando o Eu divino integrar em si o ego humano, realizar-se-á o que Moisés vislumbrou num futuro longínquo: O aparecimento do homem perfeito, sem males nem morte. O homem da presente humanidade, dominada ainda pela serpente intelectual, é chamado por Jesus 'filho de mulher' ao passo que o homem da nova humanidade denominado pelo espírito de Deus, é chamado 'Filho do homem', do qual era Jesus o representante antecipado. Possivelmente, Moisés foi também um precursor da nova humanidade, razão porque a teologia judaica o chama Ish (Atmam, Eu), e não Adam (Aham, ego). (...)"

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 23/24


quinta-feira, 24 de setembro de 2015

A FONTE DA ALEGRIA INTERIOR

"O segredo é descobrir a fonte da alegria interior, que nunca falha, que é sempre farta e fresca porque brota de Deus. O que é o corpo? É o Atma revestido por cinco envoltórios: o annamaya, composto de alimentos, o pranamaya, constituído de vitalidade; o manomaya, formado pelos pensamentos; o vijnanamaya, composto de inteligência; e o anandamaya, composto de felicidade. Por um constante contemplar tais envoltórios (kosas), o sadhaka (aquele que pratica o sadhana) atinge a necessária discriminação para escapar do externo para voltar-se ao interno, que é mais real. Assim, passo a passo, abandonando um kosa após outro, torna-se capaz de desfazer-se de todos eles a fim de lograr a consciência de que ele é uno com Brahman (o Ser Supremo).

Passo a passo, tem-se de praticar o desapego, sem o que a ambição e a miséria dominarão a natureza mais sutil do ser humano. Essa natureza é divina, pois que sua verdadeira Substância é Deus, e desta Substância o homem não é mais que um nome e uma forma. Para que se alcance tão preciosa constatação, indispensável é desenvolver o sadhana chamado chatushtaya, que consta dos seguintes componentes:

(1) Nithyanithya viveka  (discriminação entre o imutável e o mutável, entre o perene e o temporário), que consiste em dar-se conta de que o universo (jagat) está sempre sujeito a transformações e mudanças, mas Brahman não muda;
(2) Thamurthra-phala-bhoga-viraaga, que implica o desapego aos prazeres, mesmo aos do próprio Céu, depois de alcançada a convicção de que estes também são evanescentes e seguidos pela aflição;
(3) Samadamaadi-shatka-sampaththi, que é constituído pelas virtudes desejáveis, isto é, o controle dos sentidos externos e internos e das sugestões sensoriais; a fortaleza dentro da angústia e da dor, da alegria e da vitória; a supressão de todas as atividades de consequências escravizantes; fé inabalável no Mestre e nos textos que ele expõe; e a imperturbável contemplação sobre o básico Brahman, sem se deixar perturbar por outras ondas de pensamento.

Embora o leite esteja em formação através do corpo da vaca, você tem de recorrer às tetas a fim de o obter; de igual maneira, estes sadhanas (ou tetas) têm de ser 'pressionados' (na prestação de serviço, se você pretende alcançar a Sabedoria (jnana).

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 45/46)


quarta-feira, 12 de agosto de 2015

UMA LEI DA VIDA ESPIRITUAL

"Existe uma lei pouco conhecida da vida espiritual, todos que trilham a Senda devem levar outra pessoa com ele ao longo da estrada ascendente. O ideal é que esta pessoa seja a mais próxima nos vários relacionamentos humanos.

Trilhar a Senda é muito mais do que ser bem-sucedido nos exercícios e práticas da ioga. É um gradual enriquecimento e embelezamento de toda a natureza do aspirante, incluindo a autossensibilização com relação à presença da vida divina em todos os seres e na própria Natureza, ainda que somente nos níveis psíquico e intelectual no início.

O sucesso na ioga inclui a ampliação gradual e efetiva de toda a natureza intuitiva e intelectual do aspirante, para que ele comece a conhecer as grandes leis e princípios subjacentes à encarnação do Logos no universo, para que estes princípios possam começar a ser compartilhados com experiências em consciência, sendo isto parte do significado da palavra 'ioga'.

Na verdade, isto é ajudado pela meditação e sublimação e faz parte do seu valor na vida oculta. As qualidades de profunda compaixão e de uma grande suavidade são necessárias no desenvolvimento de uma natureza semelhante ao Cristo. Não se espera que ninguém faça mais em quaisquer destas direções do que está ao seu alcance; no entanto, estes são os ideais a serem lembrados."

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Ioga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 95/96)
www.editorateosofica.com.br


terça-feira, 21 de julho de 2015

ACEITAÇÃO E ENTREGA (PARTE FINAL)

"(...) Há situações em que nenhuma resposta ou explicação satisfaz. Nesses momentos a Vida parece perder o sentido. Ou alguém em desespero pede sua ajuda e você não sabe o que dizer ou o que fazer.

Quando você aceita plenamente que não sabe, desiste de lutar para encontrar a resposta usando o pensamento de sua mente limitada. Ao desistir, você permite que uma inteligência maior atue através de você. Até o pensamento pode se beneficiar com isso, pois a inteligência maior flui para dentro dele e o inspira. Às vezes, entregar-se significa desistir de querer entender e sentir-se bem com o que você não sabe.

Você conhece pessoas cuja maior função na vida parece ser cultivar a própria infelicidade, fazer os outros infelizes e espalhar infelicidade? Perdoe essas pessoas, pois elas também fazem parte do despertar da humanidade. O papel delas é intensificar o pesadelo da consciência autocentrada, da recusa à aceitação e à entrega. Não há uma escolha deliberada na atitude delas. Essa atitude não é o que elas são.

Pode-se dizer que a entrega é a transição interior da resistência para a aceitação, do 'não' para o ' sim'. Quando você se entrega, a noção que tem de si mesmo muda. O 'eu' deixa de se identificar com uma reação ou um julgamento mental e passa a ser um espaço em torno da reação ou do julgamento. O 'eu' não se identifica mais com a forma - o pensamento ou a emoção - e você se reconhece como algo sem forma: o espaço da consciência.

Qualquer coisa que você aceite plenamente vai levá-lo à paz, o que inclui a aceitação daquilo que você não consegue aceitar, daquilo a que você está resistindo. Deixe que a Vida seja." 

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 48/49


quinta-feira, 2 de julho de 2015

ENTESANDO E DESENTESANDO O ARCO (1ª PARTE)

"É célebre, na filosofia oriental, a comparação do processo de iniciação espiritual com a atividade dupla do sagitário: entesar e desentesar o arco.

O arqueiro puxa a seta em direção a seu corpo, entesando ao máximo o arco flexível, simboliza o homem que pensa intensamente, pela força consciente do ego intelectual; quanto mais intensa for esta atividade mental do homem-ego, tanto mais longe pode, depois, voar a seta do homem-Eu.

Mas seria erro pensar que essa força do sagitário produzisse o poder volante da flecha; esse poder é produzido pela força inerente ao próprio arco retesado, está na flexibilidade e na lei física do centrifugismo, que obriga a seta a voar na direção oposta à força muscular exercida pelo seteiro.

Temos, pois, duas forças em ação: uma, humana, muscular - outra, cósmica, universal. Para que a segunda força possa atuar devidamente, deve preceder a primeira, não como causa, mas como condição. Não é a força muscular do homem - o entesamento - que lança o projétil rumo ao seu alvo - mas é a força cósmica do arco - o desentesamento - que leva a flecha a seu destino.

Esta comparação é de uma extraordinária genialidade, quando devidamente compreendida e aplicada ao mundo superior. É necessário que o homem ponha em atividade dinâmica todas as suas forças conscientes; que desenvolva o seu ego personal até ao máximo; que desperte todas as suas potencialidades dormentes, físicas, mentais, emocionais. Esse desenvolvimento do ego é, inevitavelmente, egocêntrico, luciférico, podendo degenerar em feroz satanidade no caso que o homem se recuse a soltar a flecha rumo ao alvo cósmico, ultrapersonal, divino. O egoísta não erra em retesar o arco do ego, em desenvolver o poder da sua personalidade-ego - erra, peca, quando conserva o seu arco retesado, com a flecha junta ao coração, negando-se a soltá-la rumo ao Infinito, rumo ao grande Todo. Esse homem tem o devido amor-próprio, mas falta-lhe o amor-alheio, e, sobretudo, o amor-cósmico. Ama-se a si mesmo intensamente, mas não ama as outras criaturas, nem ama o Criador. Mantém a poderosa seta do amor bem junto ao coração, mantém o arco intensamente entesado, incapaz de o deixar desentesar-se - e por isto vive tenso, não liberto, infeliz.

O homem ocidental é propenso ao entesamento máximo do arco, e, não raro, se contenta com esse egocentrismo. O homem oriental, não raro, acha supérfluo o entesar o seu arco, cultivar as coisas do ego, esperando que Brahman se encarregue de fazer voar o projétil. (...)"

(Huberto Rohden - A Essência do Otimismo - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2002 - p. 110/112)
www.martinclaret.com.br

segunda-feira, 1 de junho de 2015

A MENTE, A IGNORÂNCIA E A VERDADE (PARTE FINAL)

"(...) Entre os significados de avidyâ está aquilo que é oposto a vidyâ: conhecimento; também significa ignorância, que procede e é produzida pela ilusão dos sentidos, ou viparyaya. Segue-se então que ver o olho físico proporciona uma visão parcial, não a visão verdadeira. Da mesma forma, nossos outros sentidos físicos fornecem um quadro incompleto da realidade; na melhor das hipóteses proporcionam percepções de coisas ou situações que são verdades parciais.

O que aprendemos através dos sentidos físicos requer a ação da mente. Normalmente interpretamos aspectos do mundo à nossa volta usando a instrumentalidade de kama-manas (inteligência que opera com a natureza dos sentidos), que pode ser muitíssimo pouco confiável. Consideremos este exemplo. Suponhamos que encontremos uma pessoa depois de alguns anos. Ela pode parecer um pouco mais velha e ter mudado a aparência de certa forma. Podemos ver esse fato. Mas talvez venhamos a reagir a algo que a pessoa disse ou fez no passado. Pode haver algum preconceito residual contra ela. Portanto, nossa percepção é 'colorida' e não vemos verdadeiramente o que está diante de nós. Podemos não perceber o fato de que ela mudou, ou não perceber a verdade maior de suas virtudes. Portanto, nós não aprendemos a plena realidade da situação assim devido à ilusão sensorial. 

Dissemos que um dos significados de vaso é 'recipiente'. Um recipiente tem uma base fechada. Pode-se imaginar um recipiente acústico, com a base apontando para baixo, um símbolo da mente como um vaso de ignorância, onde as notas da alma não podem ser expressadas. 

Os grandes polos da existência - purusha (eu espiritual) e prakriti (matéria primordial) - estão refletidos nas polaridades da nossa natureza. Quando o mundo sensato não se satisfaz suficientemente, existe um tipo de magnetismo reverso que entra em ação; isso requer reorientação de movimento ativo. Aqui podemos usar o símbolo da mente como um navio, parte da derivação latina da palavra 'vaso'. Consciente ou inconscientemente iniciamos o processo árduo de forjar a construção de uma ponte em direção à natureza interior, através da qual torna-se possível entrar em contato com a ordem divina das coisas. Mas essa ponte precisa ser construída com tenacidade, de modo que nossa consciência diária possa atravessar em direção a uma consciência mais plena."

(Linda Oliveira - A mente, a ignorância e a verdade - Revista Sophia, Ano 13, nº 54 - p. 40)


terça-feira, 26 de maio de 2015

A UNIVERSIDADE (1ª PARTE)

"Quando chega a época do estudante entrar na Universidade, podemos considerar que os seus veículos - físico, astral e mental - foram, até certo ponto, disciplinados e estão razoavelmente sob controle. Começa, então, um período no qual a alma pode imprimir efetivamente no cérebro sua atitude interna em relação à vida, preparando seus veículos para o trabalho que pretende realizar. Infelizmente, nas Universidades de hoje, a educação destes veículos é insuficiente, porque o ensino é acadêmico demais e quase não tem relação com os problemas da vida, tal como são vistos pela alma. Em termos gerais, podemos dizer que a parte mais útil da vida universitária não é a instrução recebida dos professores, mas a adquirida no contato com os outros estudantes, nos esportes e nas relações interpessoais. (...)

Quando as ideias teosóficas prevalecem nas Universidades, será reconhecido que a educação oferecida deve ter por objetivo levar o estudante a compreender, em primeiro lugar, os problemas de sua própria alma. Ele veio a este mundo para executar um determinado trabalho e os primeiros anos de sua infância e de sua adolescência foram utilizados na construção de seu veículo; está agora livre para analisar seu passado e olhar seu futuro, a fim de compreender exatamente quem é e qual é sua missão. A ajuda que podemos lhe oferecer é apresentar-lhe os aspectos da cultura, que possam evocar nele sua síntese evolucionária. Durante sua educação no Jardim de Infância e no Ensino Fundamental, este foi um de seus objetivos; mas enquanto, então, sua síntese era sentida, sobretudo emocionalmente, na Universidade deveria ser encarada intelectualmente.

A síntese deve ser-lhe apresentada através das experiências de homens de gênio em diferentes ramos de atividade, no passado e no presente, de tal modo que sua visão geral possa fortalecer seu entusiasmo natural pela atividade específica, que, como alma tenha de exercitar no futuro imediato. Se um homem ou uma mulher termina os seus estudos universitários sem ter encontrado dentro de si um profundo entusiasmo por uma carreira qualquer, podemos considerar completamente fracassado a missão que a Universidade deveria cumprir em relação a ele ou ela. O papel da Universidade é mostrar-nos quais são os objetivos dignos de serem perseguidos em nossa vida, e não apenas, como hoje em dia, preparar-nos para o exercício de uma profissão. Este era em verdade o objetivo da Universidade na antiga Atenas, mas em nossos dias a compreensão do que é a vida é tão deficiente que na Universidade, os próprios professores estão confusos a respeito dos grandes problemas da existência, e por tal razão todo seu entusiasmo visa primordialmente os aspectos intelectuais ou acadêmicos.  (...)"

(C. Jinarajadasa - Teosofia Prática - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 38/40)

sexta-feira, 22 de maio de 2015

O JARDIM DE INFÂNCIA (PARTE FINAL)

"(...) Devemos reconhecer, entretanto, que o caráter da criança é influenciado não somente pelos objetos que manipula e pelas formas que vê, mas também pelas numerosas influências invisíveis; as linhas, os ângulos, as curvas da sala; a cor das paredes; a forma dos objetos físicos que o rodeiam no Jardim de Infância, tudo isso, de modo invisível, pode ajudar ou retardar o seu desenvolvimento, porque cada linha, cada cor ou cada som influencia sua natureza mental e emocional; podemos facilitar ou dificultar a evolução desses pequenos seres, através da influência dos objetos que os rodeiam no Jardim de Infância. Os métodos pedagógicos aplicados nessa etapa preconizam o valor das crianças manusearem vários objetos; é preciso, porém, que os pedagogos reconheçam também que tais objetos, de uma maneira contínua, ainda que invisível, estão formando a criança e que esta influência pode moldar sua natureza de um modo positivo ou pervertê-la completamente.

Do ponto de vista teosófico, a influência que o professor exerce sobre a criança tem uma importância muito maior que os educadores atualmente percebem; pois a criança é influenciada não apenas pela pessoa visível do mestre, mas ainda pela parte invisível de sua natureza. Uma palavra forte ou um sorriso amável produzem, como todos nós sabemos, resultados evidentes; mas o efeito produzido pelo seu pensamento é infinitamente maior. O verdadeiro mestre deve dominar métodos pedagógicos não apenas intelectualmente, mas também emocionalmente; isso é essencial, sobretudo no Jardim de Infância, visto que os campos astrais e mentais das crianças são extremamente sensíveis à influência do pensamento e dos sentimentos do professor. Ninguém tem o direito de ser professor, se não tiver um grande amor pelos pequenos e não se interessar pela sua vida. A aplicação deste princípio geral é tanto mais importante no Jardim de Infância, onde as crianças são confiadas aos mestres, por assim dizer, de corpo e alma.

Muitos melhoramentos ainda deverão ser introduzidos nos Jardins de Infância, mas o princípio geral que lhes deve servir de base é o de que, enquanto os três campos da criança ainda forem plásticos, o mestre tem a obrigação de fazer atuar sobre eles, não só as influências visíveis, mas as invisíveis também, a fim de que a elevação da natureza da alma possa atingir o seu cérebro, o mais rapidamente possível."

(C. Jinarajadasa - Teosofia Prática - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 30/32)

terça-feira, 19 de maio de 2015

A TEOSOFIA NA ESCOLA E NA UNIVERSIDADE (1ª PARTE)

"Atualmente, há numerosas tentativas de reforma no mundo da educação; todos os que têm o dever precípuo de ensinar e ajudar a formar o caráter das crianças, percebem que as teorias e os métodos existentes são insatisfatórios. A tendência dessas diversas reformas fica bastante clara, quando abordamos o problema da educação do ponto de vista da Teosofia. As teorias existentes partem da suposição de que a inteligência da criança só existe a partir do momento de seu nascimento e que, quando começa a frequentar a escola, sua mente é uma tabula rasa; portanto, o objetivo da educação seria, essencialmente, dar à criança conhecimento que ainda não possui e modelar um caráter que até esse momento não está formado. Estas teorias ainda não aceitas como verdadeiras, apesar do fato de todas as pessoas que se dedicam a instruir crianças, assim como os pais que devem criá-los, saberem, por experiência própria, que desde a mais tenra idade estes pequenos seres têm tendências e aptidões próprias e perfeitamente determinadas. 

Do ponto de vista teosófico, deve-se considerar sempre, em primeiro lugar, o fato de que a criança é uma alma imortal e que sua aparência de menino ou menina tem o objetivo de capacitá-la a desenvolver suas potencialidades latentes, através de experiência que vai adquirindo durante a sua vida neste planeta. Em segundo lugar, devemos recordar que o mundo visível não é mais do que uma parte do outro mundo mais vasto, no qual a criança vive e onde é continuamente influenciada, quer para o bem, quer para o mal, não só pelo que vê e ouve, como também pela invisível atmosfera mental e emocional que formam os pensamentos e sentimentos dos demais. Como uma alma imortal, a criança já passou por várias experiências de vida, e sua atual aparência de criança é apenas uma entre muitas outras semelhantes em vidas passadas. Portanto, podemos afirmar que essa alma possui um conhecimento importante acerca da vida e já adquiriu certa experiência para saber o que deve ou não fazer. Contudo, todos estes conhecimentos se encontram, em grande parte, latentes, pelo menos no que se relaciona ao cérebro da criança. (...)"

(C. Jinarajadasa - Teosofia Prática - Ed. Teosófica, Brasília, 2012 - p. 25/27)


sexta-feira, 19 de dezembro de 2014

O SILÊNCIO E A VERDADE INTERIOR (1ª PARTE)

"O grande mestre indiano Kabir escreveu: 'Conhecendo-a, o ignorante se torna sábio / E o sábio se torna mudo e silencioso / O adorador fica completamente inebriado, / Sua sabedoria e seu desapego tornam-se perfeitos: / Ele bebe do copo das endogamias e das exogamias do amor.' (Tagore, 1915)

Essa poesia maravilhosa, fala da redescoberta da verdade interior, essa sabedoria que emana do fundo do nosso ser e que nos torna mudos e silenciosos com sua presença. Quando a verdade desabrocha na nossa mente, não queremos mais nada a não ser o seu perfume. O amor que dela exala é tão forte que nos faz ir além dos muros de nossa tribo, nacionalidade, condição social e intelectual, de nossa orientação religiosa e filosófica, para amar o outro como amamos a nós mesmos.

Conhecer a verdade interior é diferente de perceber essa verdade através de uma teoria religiosa ou espiritual, de uma compreensão ou um entendimento filosófico ou de qualquer outro processo intelectual. Conhecê-la é ter um contato direto com ela, sem subterfúgios ou alegorias de qualquer tipo. Todos nós temos potencial para chegar a esse conhecimento, para provar desse cálice, que está cheio do vinho da sabedoria e do amor. Basta fazermos o trabalho necessário para despertar esse conhecimento.

O trabalho do silêncio é um caminho para alcançar a verdade. Quando vivenciamos a verdade por meio do silêncio da mente e da inspiração do nosso coração, damos as mãos ao Deus interior, diretamente, sem intermediários. Sua luz é extraordinária e difícil de ser colocada em palavras. (...)"

(Antonio Monteiro dos Santos - O Silêncio e a verdade interior - Revista Sophia, Ano 12, nº 52 - p. 19)