OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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quinta-feira, 18 de dezembro de 2014

O FENÔMENO "HOMEM" (PARTE FINAL)

"(...) Ultimamente, causaram grande celeuma as obras do jesuíta francês Teilhard de Chardin, que traça o itinerário evolutivo do homem através das zonas que ele denomina hilosfera (matéria), biosfera (vida), noosfera (intelecto) rumo à logosfera (razão); o homem começou no 'ponto Alfa' e culminará no 'ponto Omega'. Muitos consideram esse paleontólogo como materialista, pelo fato de ver o início do homem na hyle (matéria); não compreenderam Teilhard de Chardin; a essência de todos os finitos é o Infinito, isto é, a Essência Divina, imanente em todas as existências, sem excluir a matéria. O que os materialistas chamam matéria são apenas os fenômenos perceptíveis dela; ninguém sabe o que é a matéria em sua essência invisível; e o X, a grande Incógnita, que nem os sentidos percebem nem a inteligência concebe. Esse X, o grande Além-de-fora, que é também o grande Além-de-dentro, é a essência Infinita. Se, pois, o Chardin deriva o homem da matéria, deriva-o do Infinito; a matéria é apenas um canal, mas não é a Fonte de onde o homem fluiu. Aliás, quem não vê o Infinito imanente em todos os Finitos, não compreenderá o Teilhard de Chardin, como não compreenderá a mensagem do Cristo, no Evangelho, quando diz: 'O Pai está em mim, e eu estou no Pai... O Pai também está em vós, e vós estais no Pai'. 

O homem veio do Infinito (creação), mas fluiu e flui ainda através de vários Finitos (evolução) - até, um dia, atingir o ponto culminante dos Finitos, o 'ponto Omega', o Cristo Cósmico.

Esse processo evolutivo do homem é possível, porque o seu livre-arbítrio o isenta da cadeia férrea da causalidade mecânica, da escravizante alodeterminismo da natureza infra-humana. O livre-arbítrio é uma causalidade dinâmica, uma autodeterminação espontânea, a onipotência dentro do homem, a qual, uma vez plenamente acordada, torna possíveis todas as coisas impossíveis no plano inferior, porque é a Verdade Libertadora." 

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 84/85


segunda-feira, 15 de dezembro de 2014

SERVINDO A UM PROPÓSITO SUPERIOR

"A mente e a inteligência integrada (buddhi) pertencem ambas à pisque do homem e, junto com o seu corpo, são os determinantes de sua individualidade, a qual, com esforço e auxílio, pode servir a um propósito superior. Pertencendo à natureza material do homem, elas representam sua particularidade – a colocação específica de forças e a combinação especial que o distingue dos outros. Este é o campo das ações, memórias e pensamentos individuais; este é o reino do espaço, tempo e causação; esta é a arena dos esforços e conhecimento humanos. É aqui que um homem pode purificar a si mesmo, orientar-se em direção ao alto e tornar-se disponível. Ele pode cuidar de suas redes e dispô-las judiciosamente; então, paciente, deve esperar, em prontidão para o que possa vir. (...)

Assim como somos, estamos incapazes de ver ou ouvir ou compreender a realidade superior, pois vivemos em um estado de autopreocupação. Se reconhecemos nossa situação, podemos começar a estar abertos ao que é. Temos que nos preparar para ver e para ouvir e para estarmos prontos quando formos chamados. Podemos fazer a vontade divina quando não fazemos a nossa própria vontade. Temos um reto ordenamento dentro de nós mesmos quando podemos dizer como São Paulo: ‘Eu vivo, mas já não sou eu que vivo, pois é Cristo que vive em mim’."

(Ravi Ravindra - Sussurros da Outra Margem - Ed. Teosófica, Brasília - p.37/38)


O FENÔMENO 'HOMEM' (1ª PARTE)

"O homem é o mais antigo habitante do planeta Terra, embora prevaleça a crença geral de que ele seja o mais recente. No estado atual da sua evolução, é verdade, é o homem um ser assaz recente; mas, como homem potencial, é ele antiquíssimo. E, como toda creatura é realmente o que ela é potencialmente, é perfeitamente exato afirmar que o homem é o habitante mais antigo da terra.

Felizmente, as descobertas da ciência corroboram grandemente a nossa afirmação. Fisicamente, pertence o homem à classe dos mamíferos superiores. Entretanto, qualquer cavalo ou vaca é adulto aos 3 anos de idade - ao passo que o homem atinge a plenitude da sua evolução corporal apenas aos 21 anos, levando 7 vezes mais tempo do que qualquer animal. Por que essa diferença?

Principalmente por causa do cérebro humano, cujo desenvolvimento total exige período muito longo; e, para evitar a creação de um monstro, obriga a Natureza o organismo do homem a realizar evolução extremamente lenta, a fim de correr paralela ao desenvolvimento do cérebro.

O animal também tem cérebro, mas sem a função específica do cérebro humano. Anatomicamente, é o cérebro do mamífero superior semelhante ao cérebro do homem, funcionalmente há uma diferença profunda. O cérebro humano produz e capta vibrações de outra frequência, de caráter mental, e até racional, vibrações essas incomparavelmente mais sutis do que as vibrações sensoriais do cérebro animal. Devido a essa diversidade essencial, não há exemplo de que uma 'inteligência animal' se tenha, alguma vez, desenvolvido em inteligência humana. Mesmo o mais inteligente dos animais adestrado pelo homem para certos trabalhos e acrobacias, recai invariavelmente ao estado natural dele quando o treino cessa e o animal é deixado a sós, prova de que a sua 'inteligência' era heterônoma, e não autônoma, como a do homem; era apenas um reflexo extrínseco da inteligência humana, e não uma inteligência com sede intrínseca na própria natureza específica do animal. A inteligência animal está inteiramente a serviço da biologia individual e sexual de seu dono, ao passo que a inteligência humana pode atingir as mais excelsas culminâncias da abstração universal. Nunca nenhum animal se deu ao trabalho 'estéril' de calcular a distância entre a terra e o sol, medir a velocidade da luz ou investigar a trajetória dos elétrons ao redor do próton atômico. (...)"

(Huberto Rohden - Setas para o Infinito - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 81/82)

sábado, 22 de novembro de 2014

OS TRÊS ESTÁGIOS DA DÚVIDA

"A dúvida tem três estágios: ausência da dúvida, a presença inteligente da dúvida, a presença excessiva da dúvida. 

A ausência da dúvida gera pessoas psicopatas. Quem nunca duvida de si mesmo, quem se acha infalível e perfeito nunca terá compaixão dos outros. A presença inteligente da dúvida abre as janelas da inteligência e estimula a criatividade e a produção de novas respostas. A presença excessiva da dúvida leva as pessoas a retrair sua inteligência e suas atitudes pela insegurança. Tornam-se excessivamente tímidas e autopunitivas.

A dúvida inteligente esvazia o orgulho. Jesus contava ricas parábolas levando as pessoas a confrontar-se com seu orgulho e rigidez, desse modo ele objetivava estimular o espírito delas e romper seu cárcere intelectual. Ele respondia a perguntas com perguntas e quando dava respostas elas sempre abriam os horizontes dos pensamentos. Era um grande mestre da educação e seus discursos formavam e não informavam.

Alguns têm títulos de doutores, mas são reprodutores de conhecimento, repetem o que estudaram, falam o que os outros produziram. Precisamos de poetas da vida nos recônditos da sociedade. Precisamos ser engenheiros de novas ideias. Precisamos surpreender as pessoas e ajudá-las a mudar os alicerces da sua história.

Quem andava com Jesus Cristo estilhaçava constantemente seus paradigmas. Não havia rotina. Ele incendiava o espírito e a alma das pessoas. Seus gestos e comportamentos surpreendiam tanto seus discípulos que, pouco a pouco, foram lapidando suas personalidades. Você surpreende as pessoas e incendeia o ânimo delas ou as bloqueia?"

(Augusto Cury - O Mestre do Amor - Ed. Academia da Inteligência, São Paulo, 2002 - p. 23/24)

sexta-feira, 14 de novembro de 2014

COMO VER COM CLAREZA (PARTE FINAL)

"(...) Quando estudamos a mente pura e a impura, ou a mente clara e a obscura, é como ver o sol encoberto pelas nuvens, que parece não fornecer luz e nem calor. Mas o sol está sempre lá; se as nuvens se dissiparem, ele brilhará novamente. A vasta mente que fornece algum tipo de inteligência a todas as criaturas está em toda parte, mas é obscurecida pelo desejo pessoal, egoísta.

Se todo desejo puder ser posto de lado, você irá, de acordo com certos instrutores espirituais, tornar-se iluminado. De maneira sutil, abra mão de tudo que você se apegou internamente. Você não tem que jogar fora a mobília, mas não se prenda a coisa alguma. Você deve usar as palavras 'eu' e 'meu' sem se sentir possessivo ou apegado.

Uma maneira simples de colocar isso é: 'Vou tomar um banho de chuveiro agora, mas isso não quer dizer que eu me sinta apegado ao corpo.' Embora por conveniência a pessoa possa usar um certo tipo de linguagem, o sentimento de desejo pessoal e todas as complicações que surgem a partir daí devem ser postos de lado. Então a mente será capaz de pensar de maneira lógica e sensível. Dizem que a mente impura é a mente com desejos, e que a mente pura não tem desejos.

Como pode a mente estar tão clara que compreenda o que é importante e o que não o é? Em Aos Pés do Mestre está assinalado que uma das qualificações para a correta discriminação é a clareza de visão. Se a pessoa for muito apegada às coisas que não são duradouras, o desapontamento é certo, e talvez também o sofrimento.

Nós não compreendemos que existem condições psicológicas que podem ser amplamente classificadas como sofrimento. Abrir mão é sofrimento, mas apego também é sofrimento, porque mais cedo ou mais tarde você terá que abrir mão. Muitas das coisas que consideramos prazerosas são na realidade fontes de dor, e a pessoa deve estar consicente para compreender isso. Se pudermos estar profundamente conscientes disso em nossos corações, a mente não perderá sua clareza."

(Radha Burnier - Equilíbrio na mente - Revista Sophia, Ano 9, nº 34 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 29)

quinta-feira, 13 de novembro de 2014

AS OBRAS DE DEUS

"Não ouses tentar corrigir a obra de Deus.

Não faças aos gatos teu sermão sobre a não violência e sobre a coexistência pacífica. Isto poderia desequilibrar o mundo... E os ratos herdariam a Terra.

Deixa em paz a erosão.

Não protestes contra a vida da morte.

Não lamentes as inevitáveis enchentes ou os verões que se alongam.

Tua fabulosa tecnologia também tem seus limites. Há leis em marcha que tua ciência ainda não alcançou.

Cala teus vitupérios contra os calhordas.

Lembra-te de que, quando há inteligência, até de veneno se tira remédio.

Desconfias, por acaso, da inteligência de Deus?!"

(Hermógenes, Mergulho na paz - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2005 - p. 181/182)


domingo, 2 de novembro de 2014

ALIMENTE SUA MENTE COM BONS PENSAMENTOS

"Saiba que o Atma é sua Realidade e também saiba que Ele é a Força Interna deste Universo. Que sua inteligência penetre tal Verdade. Analise-se e descubra os diversos níveis da Consciência: o físico; o sensório; o nervoso; o mental; o intelectual, e assim, alcance até mesmo o âmago do último nível - o da alegria. Os panchakosas¹ têm de ser transcendidos, tanto que você possa alcançar sua Verdade, a de que você é Atma.

O Atma pode ser apreendido somente por um acurado intelecto e uma mente pura. Como purificar a mente? Por mantê-la em jejum dos maus 'alimentos' atrás dos quais ela corre, isto é, os prazeres mundanos. Além do mais, é preciso nutri-la com 'alimentos' bons, principalmente o pensar em Deus. O intelecto se tornará acurado se se devotar à discriminação entre o efêmero e o eterno. Que seus pensamentos estejam concentrados em Deus, em Seu Nome e em Sua Forma. Você sentirá então que está sempre com o que é puro e duradouro; gozará de pura e prolongada alegria.  Eis por que dou tanta importância a namasmarana (repetição do Nome de Deus como disciplina espiritual)."

¹ Panchakosas - os cinco envoltórios, escondendo Atma.

(Sathya Sai Baba - Sadhana O Caminho Interior - Ed. Nova Era. Rio de Janeiro, 1993 - p. 54/55)

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

TRANSFORMANDO A ESSÊNCIA DA ALMA HUMANA (PARTE FINAL)

"(...) Temos superabundância de alimentos, mas milhões de crianças e de adultos morrem de fome todos os anos. Será que não há um grupo de líderes políticos que é capaz de estabelecer critérios para se produzir um imposto mundial no comércio exterior que subsidie a oferta de alimentos para os miseráveis de nossa espécie?

Somos brancos, negros, americanos, alemães, franceses, brasileiros, chineses, mas perdemos o sentido de espécie. Não parece que pertencemos à mesma espécie, não somos apaixonados uns pelos outros. Quantos de nós temos prazer de entrar no mundo das crianças, dos colegas de trabalho e das pessoas íntimas que nos circundam? Uma das maiores gratificações que tenho como psicoterapeuta é descobrir o mundo interessante de pessoas que me procuram. Cada ser humano, ainda que viva no anonimato, possui uma história espetacular, mas nós não nos damos conta disso. Temos o privilégio de ser uma espécie pensante, mas nem sempre honramos nossa inteligência.

O Mestre dos mestres da escola da existência deixou claro em seus pensamentos, parábolas, reações e nas críticas dirigidas aos fariseus que a essência da alma humana estava adoecida. Estava convicto de que o homem era líder do mundo exterior, mas não do interior. Percebia que a insatisfação e a ansiedade aumentava pouco a pouco à medida que passavam os anos. Por isso convidava as pessoas a beber do prazer que dele emanava, da sabedoria que dele fluía, do amor que dele jorrava, da mansidão que dele borbulhava.

Almejando mudar a essência da alma humana. Planejou que o homem conquistasse uma vida lúcida, serena, sábia, alegre, tranquila e saturada de paixão pela existência. Enxergava longe, queria mudar os paradigmas humanos e fazer a humanidade alcançar o sucesso de dentro para fora. Objetivava alcançar metas nunca alcançadas pela filosofia e ciências sociais. Os mais excelentes capitalistas e os mais notáveis socialistas ficariam perturbados se compreendessem os detalhes do plano do carpinteiro da vida. Ele veio com a maior de todas as incumbências, com a missão de produzir um novo homem: feliz e imortal."

(Augusto Cury - O Mestre da Vida -  Ed. Academia de Inteligência, São Paulo, 2001 - p. 206/207)
www.academiadeinteligencia.com.br


quinta-feira, 2 de outubro de 2014

CONSIDERE A FONTE

"É um absurdo encarar seus pais, avós ou ancestrais como a fonte de seus poderes, qualidades, tendências, aptidões e características. Assim fazendo, você limita seu pontencial. Deve compreender que provém de Deus. Deus reside dentro de você e é seu Pai Celestial. Toda a Sua sabedoria, poder e glória estão à sua disposição, esperando que você recorra ao Seu inesgotável reservatório de força e inteligência. Você não é uma mera confluência de átomos, moléculas, genes e tendências herdadas. Em vez disso, você é filho do Deus Vivo e herdeiro de todas as riquezas de Deus, espirituais, mentais e materiais.

E não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente, para que experimenteis qual seja a boa, agradável e perfeita vontade de Deus (Romanos, 12:2). Essa é a chave para uma nova vida. Sua mente é uma máquina que tudo registra; todas as convicções, impressões, opiniões e ideias teológicas que aceitou e lhe foram incutidas na infãncia estão impressas em sua mente subconsciente.

Mas você pode mudar sua mente. Pode começar a preenchê-la agora com padrões de pensamentos divinos, aliando-se ao Espírito Infinito interior, alcançando a beleza, amor, paz, alegria, sabedoria, poder e ideias criativas. O Espírito em você irá reagir, transformando sua mente, corpo e condições. Seu pensamento é o veículo entre o Espírito, seu corpo e o mundo material."

(Joseph Murphy - Sua Força Interior - Ed. Record, Rio de Janeiro, 1995 - p. 32/33)

segunda-feira, 18 de agosto de 2014

O DESAFIO DA VIDA (3ª PARTE)

Desejos trazem conflitos

"É esta a situação que a humanidade criou para si. Eliminou quase todas as antigas fontes de perigo, mas criou outras novas e terríveis, que não pode controlar porque são impulsionadas pelo instinto animal de sobrevivência. O próprio instinto de sobrevivência transformou-se em um perigo. Assim, já que o que quer que façamos é fonte de perigo, podemos dizer que a mente do homem chegou ao fim do caminho e não pode ir mais longe. Com a evolução mental, e ante o desafio que lhe é apresentado nos dias de hoje, ela se tornou impotente e obsoleta como força bruta.

Na situação atual, enfrentamos um novo estágio, no qual o intelecto parece estar desamparado em face dos enormes desafios. Nessa situação, algumas pessoas perguntam: que outros poderes a vida tem em si? Há apenas o poder da mente, ou a vida, neste vasto processo, revela outros poderes antes negligenciados? A mente do homem está tão encantada consigo mesma que acreditou em sua invencibilidade e raramente enfrentou seriamente essa questão. Naturalmente existiram alguns indivíduos excepcionais que a examinaram com profundidade afim de descobrir se a mente racional é tudo que pode mostrar como culminância de eras de evolução. E, se a mente quer descobrir o que a vida vai revelar mais adiante, deve também examinar a questão do desafio anterior, se realmente foi o da sobrevivência.

O homem adquiriu um ‘reflexo de sobrevivência’ de seu passado e ainda não conseguiu livrar-se desta compulsão imaginária. Mas a vida pressiona-o a buscar novos poderes da consciência que ainda estão ocultos nele e que, em tempo, assumirão a liderança, assim como a mente triunfou sobre a mera força física.
No Bhagavad-Gita, Arjuna enfrenta um dilema doloroso – deve decidir lutar ou fugir. Parece uma situação impossível porque sente que o que escolher estará errado. De um lado seus instrutores, seus parentes a quem ama e com que agora deve lutar. Do outro lado, há a lealdade a seu irmão e é preciso fazer o que for certo. E fica desesperado ao debater-se com a necessidade de escolha. (...)"

(Radha Burnier - O desafio da vida - Revista Theosophia, Ano 103, Abril/Maio/Junho de 2014 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 7/11)


quinta-feira, 10 de julho de 2014

A VERDADE É A EXATA CORRESPONDÊNCIA COM A REALIDADE (1ª PARTE)

"A verdade não é teoria, nem sistema especulativo de filosofia, nem uma percepção intelectual. A verdade é a exata correspondência com a realidade. Para o homem, a verdade é o inabalável conhecimento de sua natureza real, de seu Ser como alma. Jesus, em cada ato e palavra de sua vida, provou que conhecia a verdade de seu ser - sua origem divina. Totalmente identificado com a Consciência Crística onipresente, ele podia dizer, em caráter final: 'Todo aquele que é da verdade, ouve a minha voz.'

Buda também se recusou a lançar luz sobre as questões derradeiras da metafísica, assinalando secamente que os poucos momentos do homem na Terra seriam melhor empregados no aperfeiçoamento de sua natureza moral. O místico chinês Lao-tsé ensinou corretamente: 'Quem sabe, não o diz; quem diz, não o sabe.' Os mistérios últimos de Deus não se acham 'abertos ao debate'. A decifração de Seu código secreto é uma arte que o homem não pode comunicar ao homem; aqui, só o Senhor é o Instrutor.

'Aquietai-vos, e sabei que eu sou Deus.' Nunca fazendo alarde de Sua onipresença, o Senhor é ouvido apenas nos silêncios imaculados. Reverberando por todo o universo como a vibração criadora de Om, o Som Primordial traduz-se instantaneamente em palavras inteligíveis para o devoto com ele sintonizado.

O objetivo divino da criação, até onde a razão humana pode compreender, está exposto nos Vedas. Os rishis ensinaram que cada ser humano foi criado por Deus como alma que manifestará, de modo ímpar, algum atributo especial do Infinito, antes de reassumir sua Identidade Absoluta. Todos os homens, assim dotados com uma faceta da Individualidade Divina, são igualmente amados por Deus. (...)"

(Paramahansa Yogananda - Autobiografia de um Iogue - Ed. Lotus do Saber, Rio de Janeiro, 2001 - p. 534)


quinta-feira, 5 de junho de 2014

LIBERDADE DE OPOSTOS (PARTE FINAL)

"(...) Para tomarmos outro exemplo, aquela natureza que pode ser chamada espiritual sempre tem presente em si o atributo de uma sensibilidade extrema, uma inteligência que responde imediatamente ao mais leve toque. Embora esta resposta pareça automática, ela surge de uma percepção da verdade com relação ao que quer que a toque, portanto, esta resposta é determinada por aquela verdade. É a resposta de uma natureza que é susceptível, porém não influenciada. Ela não se entrega indistintamente a qualquer coisa e nunca se deixa dominar; mas também não se diminui ou foge de qualquer coisa que atravesse o seu caminho – que seria o oposto da ‘entrega’ – ela mantém a sua liberdade e equilíbrio. (...)

Vemos diferenças em toda a parte na natureza. As diferenças que existem na natureza das coisas no campo da matéria são refletidas no campo da mente e das emoções e ali geram reações, enquanto ainda se encontram em um estado de inconsciência. O Gitᾱ fala da liberdade dessas reações que são prazeres e desprazeres, paixões, avidez, ódio e inveja. Quando as reações cessam de existir, há um espírito de igualdade no coração das pessoas, boa-vontade comum, preocupação e consideração em relação a todos, o elevado e o usual, o simples e o erudito e assim por diante. A natureza em que se manifesta esta mesma atitude é a natureza verdadeiramente espiritual. (...)

Pode parecer paradoxal que um estado de liberdade possa conter dentro de si o segredo da correção absoluta, bem como a perfeição. Isto ocorre assim porque compreendemos a liberdade em um sentido que não é liberdade real, uma condição que não está sujeita à atração ou repulsão. Nesta condição, a ação está de acordo com uma lei inata que em um indivíduo é a lei do seu ser. É uma lei que, entre os componentes daquele ser, sempre mantém um estado de harmonia. O nosso conceito de perfeição também incorpora, de forma consciente ou inconsciente, essa harmonia que é a manifestação de uma unidade na diversidade."

(N. Sri Ram - Em busca da Sabedoria – Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p.32/39)


quarta-feira, 16 de abril de 2014

RECORDEM-SE CONSTANTEMENTE DE DEUS

"Em primeiro lugar, a mente, que governa os sentidos, deve ser controlada. Depois disso, mente e intelecto devem fundir-se no Atman. Quando usufruem da companhia de homens santos, vocês podem acreditar que suas paixões estão mortas, mas não se deixem iludir. Só se libertarão das paixões depois de alcançar o samadhi. Por isso, permaneçam sempre alerta, até conseguirem transcender a mente. 

Deus é. A religião é algo verdadeiro. Estas não são verdades pregadas apenas para que os homens sejam morais ou para manter a ordem social. Deus verdadeiramente existe. Ele é Real e pode ser realizado. Ele é verdadeiro. Não existe maior verdade do que Ele. Sejam calmos, tranquilos e mantenham o autocontrole. (...)

Todos os dias, dediquem algum tempo à autoanálise. Perguntem a si mesmo: 'Porque vim até aqui? Como tenho passado meu tempo? Meu desejo de conhecer Deus é real? Estou realmente empenhando-me para encontrá-Lo?' A mente sempre tenta iludir o homem. Ele, porém, não deve se deixar levar de um lado para o outro por ela; deve dominá-la e governá-la. Sejam verdadeiros e puros de coração. Quanto mais puros se tornarem, mais suas mentes se integrarão a Deus. Vocês reconhecerão a sutileza das ilusões mentais e serão capazes de acabar com elas. Quem são seus inimigos? Seus próprios sentidos. Se puderem controlá-los, porém, eles se tornarão seus amigos. A mente é seu único inimigo e, simultaneamente, seu único amigo. O homem que analisa a si mesmo consegue livrar-se das ilusões mentais sutis, e com isso percorre o caminho da espiritualidade com mais presteza." 

(Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda - O Eterno Companheiro - Ed. Vedanta, São Paulo, 2011 - p. 254/255)


domingo, 6 de abril de 2014

A PROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUS ESTÁ DENTRO DE NÓS (1ª PARTE)

"Que diz a Religião Universal a respeito de Deus? Diz que a prova da existência de Deus está dentro de nós. É uma experiência íntima. Com certeza você pode se lembrar de pelo menos uma ocasião na vida em que, durante a oração ou um culto, sentiu que as limitações do corpo quase se desvaneciam, que a experiência de dualidade - prazer e dor, amor e ódio mesquinhos, etc. - afastava-se de sua mente. Bem-aventurança pura e serenidade brotaram em seu coração, e você experimentou uma tranquilidade imperturbável: Bem-aventurança e contentamento. Embora esse tipo de experiência superior nem sempre ocorra a todos, não pode haver dúvidas de que todas as pessoas, uma vez ou outra, durante a oração ou em estado de adoração ou meditação, experimentaram alguns momentos de perfeita paz. 

Não é essa uma prova da existência de Deus? Que outra prova direta da existência e da natureza de Deus podemos dar, além da existência da Bem-aventurança dentro de nós nos momentos de verdadeira oração ou culto? Há, porém, outras provas da existência de Deus: a prova cosmológica (do efeito elevamo-nos à causa; do mundo, ao Criador do Mundo), a prova teleológica (do telos [plano, adaptação] do mundo elevamo-nos à Inteligência Suprema que criou o plano e a adaptação) e também a prova moral (da consciência e do sentimento de perfeição elevamo-nos ao Ser Perfeito, diante de quem somos responsáveis).

Ainda assim, devemos admitir que essas provas são, em certa medida, produtos da inferência. Não podemos ter conhecimento pleno ou direto de Deus por meio das faculdades limitadas do intelecto. O intelecto proporciona apenas uma visão parcial e indireta das coisas. Ver uma coisa intelectualmente não é o mesmo que experimentá-la ao se unificar com ela; é ver uma coisa à distância estando separado dela. A intuição, porém, que mais tarde analisaremos, é a apreensão direta da verdade. É na intuição que a consciência de Bem-aventurança, ou consciência de Deus, é experimentada. (...)

(Paramahansa Yogananda - A Ciência da Religião - Self-Realization Fellowship - p. 43/45)

sexta-feira, 4 de abril de 2014

NÃO PERMITA QUE A DÚVIDA DOMINE SUA MENTE

"ENTREGUEM-SE TOTALMENTE aos pés de lótus do Senhor. Lembrem-se Dele constantemente, não percam mais tempo com pensamentos mundanos. Lutem! Lutem duramente para controlar a mente inconstante e fixá-la em Deus. Quando puderem fazer isso, descobrirão quanta alegria existe na vida espiritual, quanta diversão*! A ignorância deve ser superada nesta mesma vida. Isto não será fácil, a não ser que se dediquem de coração ao trabalho do espírito. Fé é a única coisa imprescindível, uma fé intensa! Não permitam que a dúvida domine suas mentes.

Mas Maharaj, e se as dúvidas se apoderarem de nós?

As dúvidas surgirão até o momento em que vocês, realizem Deus: por isso, entreguem-se a Ele e orem. Pensem consigo mesmos: 'Deus é! Mas por causa de minha mente impura não posso vê-lo. Assim que, pela graça de Deus, meu coração e minha mente tiverem sido purificados, eu certamente poderei vê-lo!' Deus não pode ser conhecido pela mente finita. Ele transcede a compreensão da mente e, mais ainda, a do intelecto. Este universo aparente é uma criação mental. A mente o produziu; é sua autora e não pode ir além de seu próprio domínio.

Subjacente à nossa mente existe outra mente espiritual mais sutil, sob a forma de semente. Pela prática da contemplação, oração e japa, ela se desenvolve e, com isso uma nova visão se abre para o aspirante, que passa a perceber a existência de muitas verdades espirituais. Essa, porém, não é a experiência final. A mente sutil aproxima o aspirante de Deus, mas não pode alcançar Deus, o Atman Supremo. Para quem chega a esse estágio, o mundo perde todo o encanto e ele permanece absorto na consciência de Deus. Essa absorção conduz ao samadhi, uma experiência indescritível, que transcende a existência e a não existência, na qual não existe felicidade ou infelicidade, nem luz ou sombras. Tudo é o Ser Infinito, impossível de expressar."

*A palavra diversão aplicada à alegria espiritual é característica em Swami Brahmananda, que com isso desejava eliminar a distância que existe em muitas mentes entre as satisfações sublimes da religiaão e a felicidade simples experimentada na vida cotidiana. Todo mundo aprecia diversão: porque, então, Deus não pode ser apreciado por todo mundo? Afinal, deus é a única e verdadeira diversão.

(Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda - O Eterno Companheiro - Ed. Vedanta, São Paulo, 2011 - p. 220/221)

sexta-feira, 28 de março de 2014

EDUCAÇÃO CRIATIVA

"Em todas as instituições e sistemas educacionais está ocorrendo um processo de desumanização. Krishnamurti chama a atenção para essa tendência fundamental, que, se não for detida, reduzirá os seres humanos a meros autômatos. Essa é, de fato, uma tendência que a nossa civilização, dominada pela mente, está seguindo em todas as esferas de atividade. Na educação, isso é particularmente desastroso.

Segundo Krishnamurti, estamos deixando as faculdades e universidades ‘como se tivéssemos saído de um molde’, transformados num tipo de gente que busca a conformidade, que persegue o sucesso, que está interessado em segurança. Krishnamurti afirma que o ‘conformismo leva à mediocridade’. Onde existe mediocridade não pode haver criatividade; portanto, para que a nossa educação seja criativa, temos que abrir mão de todos os fatores que levam à conformidade e à segurança. Na educação criativa, a inteligência toma o lugar de mediocridade. (...)

A análise de Krishnamurti sobre a educação atual merece ser considerada profundamente pelos educadores de todo o mundo: ‘Nós podemos nos graduar e nos tornar mecanicamente eficientes sem sermos inteligentes. A inteligência não é mera informação; não deriva de livros, não consiste em respostas espertas e defensivas, nem em afirmações agressivas. Alguém que não tenha estudado pode ser mais inteligente que um erudito. Nós temos reduzido os critérios de Inteligência, além de termos desenvolvido mentes sagazes que evitam as questões humanas vitais. Inteligência é a capacidade de perceber o essencial, o que é; educação é despertar essa capacidade em si mesmo e nos outros.’ ”

(Rohit Meta - Educação Criativa - Revista Sophia - Ano 3, nº 9 - p. 9/10)


quinta-feira, 27 de março de 2014

A MENTE COMUM (1ª PARTE)

"Por um hábito antigo, durante muitas vidas a mente de vocês se identificou tanto com o corpo, o mundo objetivo e as opiniões alheias que esqueceu sua aptidão de se manter afastada, livre do corpo denso, e de raciocinar sozinha, sem a necessidade ou a pressão das opiniões alheias. 

Em geral, a mente atua sob a influência de desejos, a maioria deles à procura de satisfações de natureza sensória, limitadas pelo tempo e pelo espaço. 

A mente comum não pode idealizar nada que não tenha nome e forma, é incapaz de conceber o que é eterno. Ela desperta com o corpo e continua identificada com ele durante o dia inteiro. Por isso, repetir apenas 'Deus existe e é muito misericordioso' não muda em nada o apego que se tem pelo corpo.

É com grande dificuldade que rapazes como vocês conseguem imaginar, intelectualmente, o que seja a Realidade Suprema, ou Deus. Por isso, é absolutamente necessário que vocês mudem de mentalidade e submetam-se a uma austera disciplina diária, sempre à mesma hora. Dentro de pouco tempo, um ano ou talvez seis meses, constatarão que a mente lentamente aprenderá a nova lição e se dirigirá naturalmente a Deus. Recordar o Ideal Escolhido em todas as ações diárias será de grande ajuda para que, paulatinamente, a mente aceite a nova mudança. No momento, ela vê e acredita que nada existe além do mundo transitório dos sentidos, mas, pela força da prática constante, ela sentirá que seu único dever é dirigir-se a Deus. (...)

(Swami Prabhavananda e Swami Vijoyananda - O Eterno Companheiro - Ed. Vedanta, São Paulo, 2011 - p. 47/48)


sábado, 22 de março de 2014

IGNORÂNCIA E ILUSÃO (PARTE FINAL)

"(...) Quando abordamos a vida de modo egoísta, nossa nacionalidade, nossos valores, nossa religião são usados para construir nosso ego, para encontrar uma identidade. Podemos eliminar o psicológico e permanecer somente com os fatos. É necessário perceber o perigo desse processo psicológico, perceber os fatos para não ficar preso à ilusão. Não será isso inteligência? Se você não tem essa inteligência, fica preso à ilusão, é atraído à divisão e começa a odiar e a destruir o amor e a amizade. Mesmo irmãos que cresceram juntos e muito próximos, ou amigos íntimos, separam-se e lutam entre si porque não têm essa sabedoria. Esse processo egoico surge de nossa abordagem da vida, porque damos tremenda importância ao que recebemos das árvores, do país, do nosso amigo.

A raiz de todo conflito, tanto em nossa vida pessoal quanto na sociedade, está no processo egoico dentro da consciência humana. O ego é essencialmente um mendigo, sempre pedindo coisa para si em todo relacionamento. Daí surge o gosto e a aversão, a divisão, e, portanto, o conflito. Precisamos descobrir se é possível nos aproximar de todos e de tudo como um verdadeiro amigo, não buscando nada desse relacionamento. Somente então haverá um relacionamento de amor verdadeiro no qual não há divisão e, consequentemente, não há conflito."


(P. Krishna - As causas do conflito - Revista Sophia, Ano 11, nº 43 - Pub. da Ed. Teosófica, Brasília - p. 25)

sexta-feira, 7 de março de 2014

NOSSO DEVER PARA COM OS ANIMAIS

"Ao mesmo tempo que tentamos fazer o melhor por todos à nossa volta, não podemos esquecer que também temos um dever para com as formas de vida inferiores à humana. Para isso, precisamos tentar entender nossos irmãos menores, os animais, tal como fazemos, em um nível mais elevado, com nossas crianças. Assim como aprendemos a ver as coisas do ponto de vista da criança se quisermos ajudá-la, precisamos tentar perceber o ponto de vista dos animais se também quisermos ajudar a evolução animal. Em todas as situações e com todas as formas de vida nosso dever sempre é amar e ajudar, buscando aproximar-nos da idade de ouro em que compreenderemos uns aos outros e todos cooperaremos no trabalho glorioso que está por vir.

(...) Assim, devemos ensinar aos animais tudo o que pudermos, porque isso desenvolve a sua inteligência, mas com o cuidado de só desenvolver neles as boas qualidades e não as más. Temos diversos animais entre nós – cachorro, gato, cavalos e outros – que eram selvagens e estão aos nossos cuidados, em busca de afeição e ajuda. Por que? Para que possamos treiná-los para perderem sua ferocidade e ingressarem num estado de vida superior e mais inteligente; e a fim de que possamos evocar neles devoção, afeição e inteligência."

(C. W. Leadbeater - A Vida Interna – Ed. Teosófica, Brasília, 1996 - p. 135)


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

GRANDES HOMENS

"Quem faz jus ao título de ‘grande homem’?

            Não sei...

O homem inteligente?

Não basta ter inteligência para ser grande...

O homem poderoso?

Há também poderosos mesquinhos...

O homem religioso?

Não basta qualquer forma de religião... Podem todos esses homens possuir muita inteligência, muito poder, e certo espírito religioso – e nem por isso são grandes homens.

Pode ser que lhes falte certo vigor e largueza, certa profundidade e plenitude, indispensáveis à verdadeira grandeza.

Podem os inteligentes, os poderosos, os virtuosos não ter a necessária liberdade de espírito...

Pode ser que as suas boas qualidades não corram com essa vasta e leve espontaneidade que caracteriza todas as coisas grandes.

Pode ser que a sua perfeição venha mesclada com um quê de acanhado e tímido, com algo de teatral ou violento.

O grande homem é silenciosamente bom...

É genial – mas não exibe gênio...

É poderoso – mas não ostenta poder...

Socorre a todos – sem precipitação...

É puro – mas não vocifera contra os impuros...

Adora o que é sagrado – mas sem fanatismo...

Carrega fardos pesados – com leveza e sem gemido...

Domina – mas sem insolência...

É humilde – mas sem servilismo...

Fala a grandes distâncias – sem gritar...

Ama – sem se oferecer...

Faz bem a todos – antes que se perceba...

‘Não quebra a cana fendida, nem apaga a mecha fumegante – nem se ouve o seu clamor nas ruas...’
Rasga caminhos novos – sem esmagar ninguém...

Abre largos espaços – sem arrombar portas...

Entra no coração humano – sem saber como...

Tudo isto faz o grande homem, porque é como o sol – esse astro assaz poderoso para sustentar um sistema planetário, e assaz delicado para beijar uma pétala de flor...

Assim é, e assim age o homem verdadeiramente grande – porque é instrumento nas mãos de Deus...
Desse Deus de infinita potência – e de supremo amor...

Desse Deus cuja força governa a imensidade do cosmos – e cuja paciência tolera as fraquezas do homem...

O grande homem é, mais do que ninguém, imagem e semelhança de Deus..."

(Huberto Rohden - De Alma para Alma - Fundação Alvorada, 8ª edição - p. 109)