OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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sábado, 8 de julho de 2017

O SÍMBOLO SUBSTITUI A REALIDADE?

"Falando de amor ou afeição, o mundo seria melhor pela realidade do amor no coração das pessoas, ou pela simulação do amor que pode revestir-se de muitas formas enganosas? Pode-se criar uma impressão de amizade, como é feito pela estrutura política portentosa, mas isto é apenas parte do jogo diplomático. O que conta é o sentimento ou o espírito de amor dentro da pessoa e isto é o que ajuda os demais. Eu não sei a extensão do bem de 'fingir uma virtude, se você não a tem'. Podemos satisfazer-nos facilmente com o fingimento e não atentar para a realidade. Se o substituto opera bem, por que preocupar-nos em encontrar a peça genuína?

A palavra 'Deus' é um substituto comum para Deus, a Realidade. Deus é Algo sobre o que nada sabemos, mas sobre o qual podemos formar as noções que quisermos; existem todos os tipos de ideias sobre Deus, muito embora na prática a sociedade, o estado e a religião nem sempre permitam que se tenha ideias próprias. Tempos houve em que as pessoas foram perseguidas por defenderem ideiais diferentes daquelas da comunidade, envolvendo Deus, a natureza do universo ou qualquer outro assunto, por mais desligado que estivesse de sua conduta e vida. Eles eram considerados hereges e queimados por mera suspeita. Herege era alguém que não apenas não se conformava externamente com padrões estabelecidos, ou professava abertamente uma ideia contrária àquilo que constituía a ordem, mas até mesmo o fato de parecer estar nutrindo determinado pensamento era considerado pecaminoso e subversivo.

Não se pode dizer que um símbolo está destituído de valor. Pode não haver outra forma de nos referirmos objetivamente à realidade, mas um símbolo não passa a ser aquela realidade. Ele poderá ter o seu valor desde que compreendamos que é apenas um indicador ou um substituto da coisa real. Torna-se um fetiche quando é adorado no lugar da realidade. A partir de um ponto de vista, um símbolo é uma sombra, e a luz está por trás do homem que está olhando. No 'Mito da Caverna' de Platão, a luz está por trás dos homens que estão olhando para as densas sombras na pareda na frente da qual encontram-se. A sombra tem o valor de indicar a presença da luz e de dar um esboço do objeto que a obstrui, mas é necessário olharmos na direção adequada em busca da luz em si."

(N. Sri Ram - Em Busca da Sabedoria - Ed. Teosófica, Brasília, 1991 - p. 27/28)


segunda-feira, 12 de junho de 2017

UM PODER SUSTENTADOR (1ª PARTE)

"Os que sucumbem à ilusão de resolver seus problemas com o suicídio estão muitas vezes sob influência de drogas, não sabem o que estão fazendo ou estão oprimidos pelas pressões sobre eles exercidas, sentindo-se incapazes de lidar com elas. Mas a natureza, embora severa, é também misericordiosa. É simplesmente lógico que uma pessoa boa e consciente não importando qual o modo como morreu, no tempo devido receberá o repouso pacífico a que tem direito. Apesar de tudo, somos na morte como na vida, nós mesmos.

Certamente não se pode mudar o sentimento de tristeza, de solidão, daqueles que foram deixados para trás e perderam alguém pelas portas da morte. Se não houvesse carinho nesse mundo ele seria um local desolado. O verdadeiro amor tudo suporta ao longo da vida e da morte, e aqueles que se sentem atraídos uns pelos outros pelos laços do amor serão repetidamente reunidos em outras vidas. Na época da morte, a preocupação de amigos cerca e protege aquele que está sofrendo, sendo um auxílio tangível.

Quando estamos intimamente envolvidos com outra pessoa, há uma rede de pensamentos e sentimentos, uma troca. Depois que essa pessoa se vai, a troca é interrompida. É como se uma parte de nós morresse com aquele que se foi. A experiência é particularmente aguda para os que foram educados com a ideia de que a morte é o fim e que jamais haverá reencontro. No entanto, a natureza é infinitamente benigna. A plena compreensão do que aconteceu leva algum tempo para penetrar todos os níveis de nosso ser, mas chega gradualmente. Seria um choque grande demais se assim não fosse. Mas através da dor mais profunda brilha uma beleza inequívoca quando começamos mesmo a sentir a verdadeira natureza do que está ocorrendo, compreendendo que internamente não há separação, e que aquele que se foi está descansando. (...)"

(Ingrid van Mater - A morte e o despertar - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 25)

sábado, 6 de maio de 2017

QUE PAPEL A EMOÇÃO TEM NA VIDA?

"Como surgem as emoções? É muito simples. Elas surgem por meio de estímulos, dos nervos. Se espetar, um alfinete em mim, eu pulo; se me adulam, eu fico encantado; se me insultam, eu não gosto. Por meio dos nossos sentidos surgem as emoções. E a maioria de nós funciona por meio das nossas emoções de prazer - isso é óbvio. Se você gosta de ser reconhecido como um hindu, então você pertence a um grupo, uma comunidade, uma tradição, ainda que velha. Você gosta disso, de ler o Gita³, os Upanishads⁴ e das antigas tradições da alta montanha. O muçulmano, por sua vez, gosta das tridições dele, e assim por diante. Nossas emoções rugem por meio de estímulos, do ambiente etc. Isso é bastante óbvio. 

Que papel a emoção tem na vida? Emoção é vida? Você entende isso? O prazer é amor? Se emoção é amor, há algo que muda o tempo todo. Certo? Você não sabe disso tudo?

...Então, é preciso entender que as emoções, o sentimento, o entusiasmo, a sensação de ser bom e tudo o mais não têm nada a ver com a afeição e a solidariedade reais. Todo sentimento, as emoções têm a ver com o pensamento, por isso conduzem ao prazer e ao sofrimento. O amor não tem sofrimento, não tem mágoa, porque ele não é o resultado do prazer ou do desejo."

³ O Gita é um texto religioso hindu que relata o diálogo de Krishna com seu discípulo Arjuna. A obra é uma das principais escrituras sagradas da cultura da Índia. (N.T.)
⁴ Os Upanishads são partes das escrituras hindus que discutem principalmente meditação e filosofia e são considerados básicos por todos os hinduístas. (N.T.)

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 147)


sábado, 4 de março de 2017

TRANSFORME SUAS PROVAÇÕES EM TRIUNFOS

"Nunca é tarde para melhorar. Observe seus pensamentos, sentimentos e ações e guie-os na direção certa. Ao fim de cada dia faça uma introspecção: como passou o dia? Estar realmente vivo significa se empenhar constantemente no autoaperfeiçoamento físico, mental, moral e espiritual. Quem não estaciona mas continua a mudar para melhor - dia após dia, ano após ano - desenvolve o magnetismo.

Utilize cada provação que tiver de enfrentar como uma oportunidade para se tornar melhor. Quando você está passando pelas dificuldades e testes da vida, o mais comum é se rebelar: 'Por que isto tem que acontecer comigo?' Em vez disso, pense em cada provação como uma picareta com a qual você perfura o solo da consciência para libertar a fonte de força espiritual que lá se encontra. Cada teste deve fazer aflorar o poder oculto em você como filho de Deus, feito à Sua imagem. Os testes não são feitos para nos destruir. Só os covardes, os que não reconhecem dentro de si a imagem de Deus completamente perfeita, é que se rebelam e se deixam vencer pelos testes, como se fossem forças destrutivas invencíveis. Fazer isso é uma injustiça para com o potencial do ser humano. A atitude correta é usar cada provação como estímulo para fortalecer o eu interior. O lutador que não enfrenta oponentes mais fortes não se fortalece. Então você fica ainda mais forte e poderoso quando enfrenta todas as dificuldades com coragem e força espiritual. Ao vencer quando é testado, você reanima a imagem divina esquecida em seu interior e de novo se une conscientemente ao Pai. Então lembremos de usar nossa força, dada por Deus, para superar as provações e assim fortalecer nossa vida interior. Essa força interior divina é a fonte do nosso magnetismo."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 251/252)


segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O SEGREDO DOS RELACIONAMENTOS CORRETOS (1ª PARTE)

"As corretas relações são a culminância de correta intenção, correto pensamento e correta ação. Elas surgem quando vemos além das faltas, dos desejos e das imperfeições da personalidade, abrindo-nos para a luz da alma de um outro ser humano.

Mas antes de sermos capazes de desenvolver corretas relações com os outros, precisamos estabelecer corretas relações com nós mesmos. Precisamos buscar a totalidade de nossa natureza dual, masculina e feminina, intuitiva e intelectual, personalidade e alma, uma unidade uma reconciliação. Essa é a chave para o contentamento, a alegria e uma vida com vitalidade e energia. Esse retorno à totalidade, ou melhor, à compreensão de sua própria totalidade, é a chave para toda cura e crescimento interior.

Começamos com a audição - ouvir com correta intenção, ouvir com o coração. O ouvir nos traz para o momento. É o viver com atenção - a conexão última com o que é. Ouvir nossa própria orientação interior, a mensagem de nossa alma, nosso eu superior que nos fala por meio da intuição, mostrando como nos sentimos a respeito de algo quando, na quietude, nós nos voltarmos para o interior. Isso é pôr-se em contato com o que há de mais profundo em você e com os sentimentos sinceros sobre qualquer situação dada, sendo honesto a respeito do que você aí encontra. Será isso verdadeiramente o que é certo para mim? Ou será algo que quero que seja certo para mim? A honestidade requer coragem e um profundo comprometimento com o caminho da sua alma.

Com o aquietamento regular da mente e o mergulho no silêncio, conseguimos reconhecer pensamentos e sentimentos que surgem do desejo inferior, os quais enchem nosso ego e cuidam de 'mim' como sendo separado dos 'outros'. Esses pensamentos geralmente se situam ao nosso redor protegendo nossa posição como sendo a correta, ou afirmando uma crença que temos. (...)"

(Teresa McDermott - O Segredo dos relacionamentos corretos - Revista Sophia, Ano 10, nº 40 - p. 27)
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quinta-feira, 15 de dezembro de 2016

A PRÁTICA DO AMOR (2ª PARTE)

"(...) Tudo isso se baseia no reconhecimento de que podemos ser como nosso Pai celeste, quer o chamemos de Deus ou de nosso eu superior. Isso porque, no mais recôndito de nós, já somos um com a fonte divina do nosso ser. Apesar da mensagem de nossos sentidos e das afirmações do nosso ego, não estamos isolados. Como seres humanos, somos um com todos os outros seres humanos: compartilhamos os mesmos pensamentos e sentimentos, as mesmas tendências e características, necessidades, desejos e impulsos. E verdadeiramente compartilhamos, como um rádio receptor e transmissor captando pensamentos e sentimentos transmitidos para a atmosfera mental geral pelos outros, amplificando-os pela nossa atenção e pelo uso que delas fazemos, e depois enviando-os de volta com força aumentada. Nossa resposta hostil aos outros ignora essa interdependência psicológica.

No entanto, embora saibamos que todos somos unos, sabemos ao mesmo tempo que somos únicos e plenamente responsáveis por nossas próprias escolhas. É importante reconhecer que somente nós podemos controlar a nós mesmos - nossas atitudes, pensamentos e ações. Não podemos forçar os outros a fazer o que achamos melhor, mesmo entre nossos familiares e amigos, e muito menos em relação às pessoas que conhecemos superficialmente. Geralmente aprendemos essa lição somente após muita dor e frustração.

Como, então, podemos ajudar a retificar o sofrimento, a injustiça e a violência que vemos no mundo? Alguns de nós somos capazes de oferecer assistência direta. É mais provável que possamos prover auxílio financeiro ou de algum outro tipo àqueles que estão fazendo o trabalho que gostaríamos de poder fazer. Todavia, em nossas próprias vidas, e em nossos relacionamentos com aqueles à nossa volta, em nosso próprio ato de existência, todos nós podemos fazer um contribuição positiva para o bem-estar da humanidade e do planeta, tentando, dia a dia, dar algo de positivo e construtivo de nós mesmos. (...)'

(Sarah Belle Dougherthy - A prática do amor - Sophia, Ano 12, nº 49 - p.11/12)
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sexta-feira, 14 de outubro de 2016

PORQUE E COMO JESUS SOFREU (1ª PARTE)

"Muitas pessoas piedosas tentam camuflar os seus sentimentos com a sugestão: Jesus sofreu mais...

E, assim julgando, aliviam os seus males tornando-os toleráveis.

Se grande é a boa vontade dessas pessoas, pequena é a sua sabedoria.

Acima de tudo, esta afirmação insinua uma inverdade. Em segundo lugar, é falso o motivo dos sofrimentos de Jesus.

Dizer que Jesus foi o rei dos mártires, o maior sofredor da humanidade, não corresponde à verdade. Nem adianta apelar para as palavras do profeta Isaías, que descreve os sofrimentos do 'servo de Deus' (ebed Yahveh), porque Isaías se refere diretamente aos sofrimentos dos israelistas no exílio da Babilônia causados pelos pecados de Israel.

Durante os 33 anos da sua vivência terrestre, sofreu Jesus fisicamente durante umas 15 horas, desde as 20 horas da quinta-feira até às 15 horas da sexta-feira. Haverá na terra um homem que, durante a vida, tenha sofrido apenas 15 horas?

Mas e os sofrimentos morais e psíquicos de Jesus? Os ludíbrios, as incompreensões, as ingratidões, etc...?

Quando um avatar desce das alturas às profundezas, sabe ele de antemão que essa jornada vai ser um tormento para ele, e não espera outra coisa.

A maior das inverdades, porém, é a constante afirmação dos teólogos de que Jesus sofreu por ordem de Deus, a fim de pagar-lhe a enorme dívida dos pecados humanos. Se isto fosse verdade, escreve o historiador britânico Arnold Toynbee, seria Deus o maior monstro do Universo.

Jesus nunca afirmou ter vindo ao mundo para pagar pelos pecados humanos, sofrendo e morrendo na cruz.

A verdade está nas palavras que Jesus disse aos dois discípulos sofredores, a caminho de Emaús: O Cristo devia sofrer tudo isto para assim entrar em sua glória. (...)"

(Huberto Rohden - Porque Sofremos - Ed. Martin Claret, São Paulo, 2004 - p. 45/46


quinta-feira, 6 de outubro de 2016

A DEVOÇÃO DEVE SER COMPLETA (1ª PARTE)

"Nesta Senda não pode haver meias medidas. Muitos se acham na atitude reservada em que se colocaram Ananias e Safira, que se esquivaram de declarar o que possuíam em bens terrenos, não precisamente com o intento de enganar, mas porque não estavam seguros do êxito da nova religião cristã. Eram muito entusiastas e dispostos a dar tudo o que possuíam; mas conjeturaram que seria prudente reservarem para si algo, no caso de fracassar o movimento. Não mereciam que os vituperassem por esta circunstância, porém o malicioso e falaz foi que, sabendo que haviam reservado algo, dissessem que haviam entregue tudo. Muitos há atualmente que lhes seguem o mau exemplo; espero que o relato não seja verídico, pois o Apóstolo se mostrou certamente um tanto severo com eles.

Tampouco entregamos nós tudo quanto temos, pois nos reservamos algo de nós mesmos, não precisamente dinheiro nem bens materiais, senão sentimentos pessoais, que nos afastam dos pés do Mestre. Em ocultismo não cabem essas coisas. Devemos seguir o Mestre sem reservas. Não digamos: 'Seguirei o Mestre, enquanto não me fizer trabalhar com tal ou qual pessoa; ou seguirei o Mestre, com a condição de que publique nos jornais tudo quanto faço.' Não nos cabe estabelecer condições; mas também não devemos descurar nossos deveres no plano físico. O necessário é que ponhamos todo o nosso ser à disposição do Mestre. Temos de preparar-nos para renunciar tudo, ceder tudo e ir aonde convenha, não como uma prova, mas porque nosso amor à obra é a maior coisa de nossas vidas. (...)"

(C.W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2004 - p. 76/77

quarta-feira, 28 de setembro de 2016

MATA A AMBIÇÃO (1ª PARTE)

"'Mata a ambição', escreve Mabel Collins em Luz no caminho (Ed. Pensamento). A ambição é um mal primário, mas é geralmente considerada pelo mundo em geral como sendo uma qualidade boa. O homem ambicioso é invejado pelos outros, e mesmo seus superiores fazem dele bom conceito porque ela faz o esforço necessário para obter a promoção cobiçada. Mas, do ponto de vista oculto (ou secreto, esotérico), a ambição é destrutiva e deve ser extirpada. Ela torna a pessoa insensível aos sentimentos, necessidades e bem-estar dos outros. Toda sua atenção está fixa sobre o objeto que deseja alcançar, e essa mesma concentração exclui tudo o mais de sua atenção, mesmo o sofrimento causado aos outros no fomento de sua ambição.

Embora compreendamos a natureza desse mal quando o vemos sob uma forma exagerada, não conseguimos reconhecê-lo em nós mesmos. Mas é verdade que as faltas que notamos nos outros provavelmente estão presentes, pelo menos em germe, em nós mesmos. Não estamos preocupados com a destruição de ídolos populares - as diferentes coisas que as pessoas adoram -. mas com nossos próprios ídolos particulares que adoramos secretamente em nossos corações.

Luz no caminho fala da ambição como 'a primeira maldição' e adverte que ela assume formas sutis no Caminho oculto. Podemos pensar que destruímos a ambição em nós mesmos, mas ela pode reaparecer com aspecto diferente, pois podemos ambicionar várias coisas mesmo no próprio Caminho. Podemos não nos preocupar com o elogio da 'massa ignara', descartando-o como algo sem valor. Mas é bem possível sermos sutilmente presunçosos; embora pareçamos não nos preocupar com a apreciação dos outros, podemos ainda estar enraizados no amor próprio e na vaidade, muitíssimo cônscios de nossas supostas habilidade e de nosso valor no caminho espiritual.

Ou podemos querer estar à frente dos outros que são devotados ao mesmo Mestre, sentir que de algum modo demos um passo que eles não deram. Mesmo que os outros não saibam que demos um passo, o fato de pensarmos que demos é suficiente; sentimo-nos superiores e autossatisfeitos. Isso pode ser tão sutil que, a não ser que prestemos muita atenção a nossos pensamentos, sentimentos e motivos, seja impossível evitá-lo. Podemos continuar meditando sobre a virtude da humildade que pensamos querer possuir, e ao mesmo tempo estarmos plenos desse egoísmo que está tão profundamente enraizado em todos nós. (...)"

(N. Sri Ram - Mata a ambição - Revista Theosophia, Ano 100, Outubro/Novembro/Dezembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 15/16) 


terça-feira, 27 de setembro de 2016

EU OU EGO

"P: Mas qual é a distinção entre essa 'verdadeira individualidade' e o 'Eu ou Ego' de que todos temos consciência?

T: Antes de responder devo discorrer sobre o que você entende por 'Eu ou Ego'. Distinguimos entre o fato simples de consciência própria, o sentimento simples de que 'Eu sou eu', e o pensamento complexo de que sou o 'sr. Smith' ou 'a sra. Brown'. Acreditando como acreditamos, em uma série de nascimentos para o mesmo Ego, ou reencarnação, essa distinção é o eixo fundamental da ideia inteira. 'Sr. Smith' na realidade significa uma longa série de experiências diárias, todas unidas pela continuação da memória, formando aquilo que o sr. Smith chama de 'meu eu'. Mas nenhuma dessas 'experiências' é realmente o 'Eu' ou o 'Ego', nem produz ao sr. Smith a sensação de ser ele mesmo, pois esquece a maior parte de suas experiências diárias, e produzem nele o sentimento de egoidade unicamente enquanto duram. Portanto, nós, os teósofos, distinguimos entre esse conjunto de 'experiências' que chamamos de falsa personalidade (por ser tão fugaz e finita), e aquele elemento do homem a que se deve o sentimento do 'eu sou eu'. Para nós, é este 'eu sou eu' a verdadeira individualidade: e sustentamos que este 'Ego' ou individualidade representa como o ator nos palcos muitos papéis na peça da vida. Consideramos cada nova vida na terra, do mesmo Ego, como uma representação diferente no cenário de um teatro: aparece uma noite como Macbeth, na seguinte como Júlio César, depois será Romeu, na próxima Hamlet ou o Rei Lear, e assim sucessivamente, até que tenha completado o ciclo de encarnações. O Ego começa sua peregrinação de vida em papéis bem secundários como o de um espectro, um Ariel ou um duende; logo representa um papel de coadjuvante: é um soldado, um criado, um cantor de coro; depois ascende a 'papéis falados': desempenha alternadamente papéis principais e outros insignificantes, até que, finalmente, despede-se da cena como Próspero, o mago."

(Blavatsky - A Chave da Teosofia - Ed. Três, Rio de Janeiro, 1973 - p. 51/52


quinta-feira, 22 de setembro de 2016

DE ONDE PROVÉM AS DOENÇAS (2ª PARTE)

"(...) O nosso subconsciente (que é o concentrado de nossas experiências passadas) recebe toda a impressão do que pensamos e sentimos. As camadas psíquicas (planos mental e emocional) e as camadas densas (planos etérico e físico) do planeta também recebem todas as nossas emanações. Tanto o subconsciente quanto essas camadas reagem então segundo o estímulo que lhes enviamos. Se, portanto, alguém confirma em si mesmo, com sua atitude, somente a sua aparência humana, está, sem perceber, se abrindo à possibilidade de ficar enfermo. Para estar relativamente livre dessa condição de desarmonia é necessário que aprenda a permanecer estável na ideia de que a maior parte de seu ser se encontra em níveis supramentais, e que lhe cabe tomar consciência disso de maneira cada vez mais clara. 

Por longos períodos de tempo em que se desenvolvia a civilização terrestre atual, o homem habituou-se a identificar-se com os aspectos densos e pessoais do seu ser, sem saber que, com isso, polarizava sua atenção nos níveis em que ocorre o atrito entre as forças construtivas solares e a atmosfera terrestre contaminada pelas forças lunares. Seguindo no passado essa tendência (que nos dias de hoje está rapidamente declinando), os eus superiores estiveram mais receptivos à realidade do mundo concreto do que ativos em outras direções. Ainda estão vivos em nossa memória os ensinamentos típicos de épocas passadas, como, por exemplo, as doutrinas emanadas de religiões organizadas que enfatizavam a imperfeição e as limitações do homem, reforçando assim sua identificação com os níveis onde a doença existe.

A propaganda de remédios, a descrição pormenorizada (e nem sempre necessária) dos aspectos das doenças, os costumes alimentares retrógrados, a ansiedade produzida pelo hábito da concorrência e da competição e o desejo canalizado para coisas da matéria mais densa, levaram-nos a uma identificação progressiva com as áreas enfermas do planeta. Atualmente, os poderes superiores que existem dentro do homem estão sendo reconhecidos por ele, e a progressiva concentração de sua mente nas dimensões supramentais lhe propiciará certa imunidade, desde que ele persista em seu trabalho de colocar sua personalidade em alinhamento com a vontade superior. Tal trabalho nada mais é que a contínua atenção em manter-se coerente (nas ações, sentimenos e pensamentos) com a meta espiritual escolhida.

Quem assume esse processo precisa saber de um ponto básico e essencial: o antagonismo com a enfermidade reforça o desequilíbrio e o perpetua. Fomos educados para 'combater' as moléstias, e para julgá-las sempre negativas, e por isso não nos damos conta de outros aspectos que possam ter. Na realidade, elas nos estão sempre demonstrando que há algum ponto a ser transformado em nossa vida e atitude."

(Trigueirinho - Caminhos para a cura interior - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 34/36


segunda-feira, 19 de setembro de 2016

CALMA E EQUILÍBRIO

"Em todo trabalho que o discípulo empreenda, deve ser cuidadoso em preservar a calma e o equilíbrio, e isso de duas maneiras. Trabalho em excesso, que não é incomum entre os jovens e entusiastas, mostra falta de sabedoria. Cada um de nós deve fazer tanto quanto possa, mas há um limite que não é prudente exceder. Tenho ouvido a Dra. Besant dizer: 'O que não tenho tempo para fazer, não é meu serviço.' Contudo, ninguém trabalha mais estrênua e incessantemente do que ela. Se usamos nossas forças razoavelmente para a tarefa de hoje, estaremos mais fortes para enfrentar os deveres que nos traz o amanhã; estafar-nos hoje de sorte a sermos inúteis amanhã, não é realmente um serviço inteligente, pois desperdiçamos nossas energias para o trabalho futuro a fim de satisfazer o entusiasmo desequilibrado de hoje. Certamente surgem emergências ocasionais em que a prudência deve ser posta de lado a fim de poder terminar em tempo alguma peça de trabalho, mas o profissional prudente procurará prevenir-se suficientemente para evitar desnecessárias crises desse tipo.

A segunda maneira em que o discípulo deve esforçar-se para preservar a calma e equilíbrio é referente à sua própria atitude interior. É inevitável certa flutuação em seus sentimentos, mas deve procurar minimizá-la. Sobre nós estão sempre atuando todas as espécies de influências exteriores - algumas astrais ou mentais, outras puramente físicas; e ainda que habitualmente estejamos de todo inconscientes delas, não deixam de nos afetar mais ou menos. No plano físico a temperatura, as condições do tempo, o grau de poluição da atmosfera, a superfadiga, o funcionamento dos órgãos digestivos, todos estes e muitos outros fatores estão a afetar nossa sensação do bem-estar geral. E essa sensação não só atinge nossa felicidade como também nossa capacidade para trabalhar. 

Igualmente sem nosso conhecimento, estamos sujeitos a ser contaminados por condições astrais, que variam suas diferentes partes do mundo, tanto quanto os climas, temperaturas e arredores físicos. Às vezes na vida do mundo se liga a nós uma companhia desagradável, de que só com muita dificuldade conseguimos nos desvencilhar. No mundo astral é muito mais fácil nos libertarmos de um parasita degenerado, ou mesmo de algum infeliz defunto imerso nas profundezas do desespero, o qual, grudando-se convulsivamente num homem, pode drenar muita de sua vitalidade e inundá-lo de escuridão e depressão, sem que por isso receba o mínimo de auxílio. Podemos estar completamente desapercebidos de uma tal entidade, e ainda que o soubéssemos, não é coisa fácil aliviá-la de sua aflição ou (se impossível) enxotar os íncubos de sua presença. Há vampiros inconscientes tanto no plano astral como no físico, e em ambos os casos é dificílimo uma ajuda.

O progresso geral do discípulo torna-o prontamente responsivo a todas estas influências, quer as perceba ou não; assim ele é suscetível de se sentir ocasional e inexplicavelmente exaltado ou deprimido. (...)"

(C.W. Leadbeater - Os Mestres e a Senda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2004 - p. 122/123)


quarta-feira, 14 de setembro de 2016

DIVISÕES DO CARMA

"Denominemos, segundo os hindus:

Carma total ou Sanchita, o mal e o bem acumulados de todas as vidas passadas.

Carma parcial ou inicial ou Prarabda, a quantidade de sofrimento e de prazer destinados a uma vida física.

Carma final ou futuro ou Agami ou Kryiamana, a relação entre o bem e o mal praticados na vida atual. É o Carma que estamos formando, para ser descontado futuramente, nesta ou em outras encarnações.

A diferença entre o Carma final e o inicial, dará um saldo a favor do indivíduo, e será descontado do Carma total.

Em cada vida física o indivíduo procura descontar certa porção de Carma.

No fim de numerosas existências, terá pago todas as suas dívidas cármicas.

Esgotado o mau Carma total, o indivíduo terminou sua evolução humana.

A vida do indivíduo é coisa por demais complexa, para poder-se descer à análise de todos os seus atos, pensamentos e sentimentos.

Muita coisa resolve-se dentro do próprio mecanismo da natureza, porém o resultado global dos atos do indivíduo tem de passar pelo controle dos Senhores do Carma.

Há ações que produzem resultados imediatos, porém outras só permitirão a colheita de frutos em novas vidas.

Então intervêm os Auxiliares Superiores, distribuindo para cada existência terrena a quantidade de bom e mau carma, criando o ambiente, as circunstâncias em que a pessoa vai viver e lutar."

(Alberto Lyra – O ensino dos mahatmas – IBRASA, São Paulo, 1977 – p. 62)


quarta-feira, 31 de agosto de 2016

RELACIONAMENTOS AMOR/ÓDIO


"Estar apaixonado, à princípio, é um estado que lhe dá muitíssima satisfação. Você sente-se inteiramente vivo. É como se, de repente, a sua existência fizesse sentido porque alguém precisa de si, o faz sentir especial, e você retribui da mesma maneira. Quando estão juntos, você sente-se completo. O sentimento pode tornar-se tão intenso que o resto do mundo se torna insignificante.

No entanto, você poderá já ter notado que, nessa intensidade, existe alguma coisa de necessidade e de apego. Fica viciado na outra pessoa. Essa pessoa tem sobre si o efeito de uma droga. Está bem quando a droga está ao seu alcance, mas a mera possibilidade ou mesmo a hipótese de que ela poderá deixar de estar à sua disposição poderá levá-lo ao ciúme, ao sentimento de posse, a tentativas de manipulação através de chantagem emocional, a culpar e a acusar o outro - ao medo da perda. Se a outra pessoa o deixar, isso poderá dar origem à mais intensa hostilidade ou ao mais profundo sofrimento e desespero. Num instante, a ternura amorosa poderá transformar-se numa agressividade feroz ou num desgosto terrível. Onde está agora o amor? Pode o amor transformar-se no seu oposto em tão pouco tempo? E, no fundo, era amor, ou apenas um vício de avidez e apego?"

Eckhart Tolle

quinta-feira, 14 de julho de 2016

IDEAL ELEVADO

"Não há nada mais valioso para um indivíduo do que possuir um ideal elevado ao qual ele aspire continuamente, modelando por ele seus pensamentos e sentimentos, e construíndo, assim, da melhor forma que possa, a sua vida. Desta forma, se ele esforça-se por tornar-se ao invés de apenas parecer, não cessará de aproximar-se continuamente e cada vez mais de seu objetivo. Ele, porém, não alcançará este ponto sem uma batalha, nem deverá o verdadeiro progresso do qual é consciente, enchê-de de presunção e farisaísmo; pois se elevado for o seu ideal, e o seu progresso em sua direção for real, ele preferirá mais ser humilhado a ensoberbecer-se. As possibilidades de posterior progresso, e a concepção de planos ainda mais elevados de existência que se abrem ante ele, não refrearão o seu ardor, embora certamente eliminarão a sua presunção. É precisamente esta concepção das vastas possibilidades da vida humana que é necessária para aniquilar l'ennui¹, e para transformar a apatia em alegria de viver. Assim, vale a pena viver-se a vida pelo que ela é quando sua missão torna-se clara, e suas esplêndidas oprtunidades são uma vez apreciadas. O modo mais direto e certo de alcançar este plano mais elevado é o cultivo do princípio do altruísmo, tanto em pensamento quanto na vida. Verdadeiramente estreita é a abrangência da visão que é limitada ao eu, e que mede todas as coisas pelo princípio do interesse próprio, pois enquanto a alma estiver assim autolimitada lhe é impossível conceber qualquer ideal elevado, ou aproximar-se de qualquer plano mais elevado da vida. As condições para tal elevação encontram-se mais no interior do que no exterior, e felizmente são independentes das circunstâncias e condições da vida. A oportunidade, assim, é oferecida a todos para avançarem em direção a planos cada vez mais elevados de existência, desse modo trabalhando com a Natureza na realização do evidente propósito da vida. 

Se acreditarmos que o objetivo da vida é meramente satisfazer nosso eu material, e mantê-lo em conforto, e que o conforto material confere o mais elevado estado de felicidade possível, nós tomamos erroneamente o inferior pelo superior, e uma ilusão pela verdade. O nosso modo de vida material é uma consequência da constituição material de nossos corpos. Nós somos 'vermes da terra', porque nos apegamos a ela com todas as nossas aspirações. Se pudéssemos entrar num caminho de evolução, no qual nos tornássemos menos materiais e mais etéreos, um tipo muito diferente de civilização se estabeleceria. Coisas que agora parecem ser indispensáveis e necessárias deixariam de ser úteis; se pudéssemos transferir nossa consciência com a velocidade do pensamento de uma parte do globo à outra, os atuais meios de comunicação não mais seriam necessários. Quanto mais nos afundamos na matéria, tanto mais serão necessários meios materiais para nosso conforto; o essencial e poderoso deus no homem não é material, e é independente das restrições que pesam sobre a matéria. Quais são as reais necessidades da vida? A resposta a esta pergunta depende inteiramente do que imaginamos ser necessário. Estradas-de-ferro, navios a vapor, etc., são agora uma necessidade para nós, e ainda assim, em outras épocas, milhões de pessoas viveram felizes e longamente, nada sabendo a respeito destas coisas. Para um certo homem uma dúzia de castelos pode parecer uma necessidade indispensável, para outro um carro, para outro ainda um cachimbo, etc. Mas todas essas necessidades são somente consideradas como tais na medida em que o próprio homem as criou. Elas tornam o estado no qual o homem agora se encontra agradável para ele, e o tentam a permanecer naquele estado, e não desejar nada mais elevado. Elas podem até mesmo obstruir o seu desenvolvimento em vez de o fazer avançar. Todas as coisas materiais têm de cessar de tornar-se uma necessidade se nós verdadeiramente quisermos avançar espiritualmente. É o ardente desejo e o desperdício de pensamento visando o aumento dos prazeres da vida inferior que impedem o homem de entrar na vida superior."

¹ Significando: 'o tédio', conforme a palavra francesa no original.

(H. P. Blavatsky - Ocultismo Prático - Ed. Teosófica, Brasília - p.80/89


domingo, 10 de julho de 2016

MUDANÇA E PACIÊNCIA (1ª PARTE)

"Vivemos em um mundo em mudança. A natureza está mudando constantemente. O seu corpo fica diferente de um dia para outro; as células da pele morrem, você perde cabelos. Amigos vêm e amigos vão. Os sentimentos fluem e refluem. A maré vem e vai. A única constante nesse nosso mundo é o divino. Para viver a vida plena e pacificamente devemos nos ancorar em Deus.

Às vezes as mudanças chegam até nós como brisas suaves; outras vezes como furacões. Mas, seja como for, podemos escolher a nossa maneira de reagir. Podemos tentar controlar e manipular a situação. Podemos ficar chateados ou deprimidos, zangados ou tensos. Podemos permitir a nós mesmos ser jogados daqui para ali nas ondas da mudança. Ou podemos escolher mergulhar abaixo da superfície, onde está o poder, onde jaz nossa força e nosso entendimento. 

O modo para permanecer pacífico em um mundo em mudança é estar alinhado com nossa imutabilidade interior, enquanto nos adaptamos da maneira possível ao mundo transitório. Aceitemos a mudança. Ela promove o crescimento e restaura o equilíbrio. Não existe situação que não possa ser mudada. Com bastante amor, não há problema que não possa ser resolvido. Não há doença que não possa melhorar. Saiba que, quando você está em harmonia com Deus, qualquer coisa é possível. 

A chave é a maneira como você responde à mudança. Minha mãe me ajudava a olhar para as mudanças na minha vida com a perspectiva apropriada. Sempre que eu experimento uma mudança, lembro-me de suas palavras: 'Isso também vai passar.'

Você é rígido ou flexível? Ser flexível é essencial se quiser permanecer em paz. Todos nós temos gostos e aversões. Você gosta de filmes românticos, engraçados; seu marido gosta de filmes de suspense, recheados de ação. Você gosta de passar as férias no Havaí; ele prefere a Inglaterra. Você gosta de frutas no café da manhã; ele deseja um lauto banquete. Você consegue dizer pacificamente que também tem os seus próprios gostos? Ou você fica chateada quando as coisas não acontecem ao seu modo? (...)"

(Susan Smith Jones - Mudança e paciência - Revista Sophia, Ano 10, nº 38 - p. 30)


sexta-feira, 6 de maio de 2016

AJUDAR OS ANIMAIS É AJUDAR O MUNDO

"A Sociedade Nacional Antivivissecção (NAVS) foi a primeira organização de proteção aos animais a que fui apresentada, ainda na infância. Lembro-me de ter ouvido a palavra 'vivissecção' e pensado que era a palavra mais feia que conheci. Quando soube que Gandhi chamava isso de 'o mais negro dos crimes', concordei completamente. 

Ao ouvir falar sobre experimentos com animais, meu sentimento foi de traição. Senti-me traída pelo mundo que pensava conhecer, que imaginava que cuidasse dos pequenos e fracos, e não que os explorasse em benefício dos poderosos. Eu cresci no dia em que li a primeira publicação da NAVS. Minha inocência acabou e meu futuro como defensora de animais - humanos e não humanos - começou a nascer. 

Todos encontramos nosso caminho no trabalho; o meu foi usar a habilidade como escritora para promover o ideal de justiça em relação a todas as espécies vivas. Fiz a minha parte carregando cartazes em manifestações, mas a palavra escrita é o meu forte, meu modo de atingir a audiência para uma agenda que, para alguns, pode parecer absurda. mas é profundamente simples: proteger os impotentes. (...)

Crescer de maneira humana, para as pessoas adultas, é o processo de permitir que aquelas mensagens antigas amadureçam, em vez de descartá-las. A ética humana é colocar a regra de ouro em ação: não faça aos outros o que não quer que eles façam a você. Isso de aplica a todos os outros, os que têm patas, penas e nadadeiras, assim como aos seres humanos. O desafio é, como disse Einstein, 'alargar nosso círculo de compaixão para abarcar todas as criaturas vivas e toda a natureza em sua beleza'. Somos verdadeiramente requisitados a viver de maneira que exemplifique essa compaixão. Esse 'viver a vida' - caminhar o caminhar em vez de conversar o caminhar - traz a ética humana do reino da filosofia para o reino da prática, para o lugar no qual é possível genuinamente fazer o bem."

(Victoria Moran - Ajudar os animais é ajudar o mundo - Revista Sophia, Ano 9, nº 36 - p. 13)


sábado, 23 de abril de 2016

EVOLUÇÃO A PARTIR DE CIMA (PARTE FINAL)

"(...) Nosso desenvolvimento jaz, em parte, no aumento das sombras de nossos sentimentos, em parte em nossa habilidade para construir novos tipos de formas com nossas mentes, e de aprender a importância de forma, som e cor que, nos meios particulares, são as transformações de sentimento e pensamento.

Esse pensamento infinito é comparativamente mais fácil de entender. Toda a Natureza em suas partes tangível e intangível é uma expressão do pensamento divino, é arquitetura que é música congelada. Compreender o significado e a música de cada frase nos livros da Natureza é um estudo sem fim. Porém, para a arquitetura e a música, existe não apenas uma abordagem intelectual, mas também uma abordagem emocional e uma abordagem espiritual.

Todas as coisas vibram, e todas as formas são formas de efeito vibratório. Cada uma tem sua mensagem para dar; cada ondulação amorosa, no ilimitado oceano de vida, tem sua própria história para contar. Quando cada vibração de matéria ou força for transformada, transmutada em pensamento e sentimento, em sensações subjetivas e estranhas das quais não é possível qualquer descrição, então o divino penetra o homem, o infinito penetra aquela expressão finita que é a verdadeira individualidade de cada homem."

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 102)

segunda-feira, 7 de março de 2016

O SENTIDO DO PERDÃO (1ª PARTE)

"Há muito tempo, numa aldeia remota, os homens puseram-se a caçar macacos. Como esses animais são criaturas muito inteligentes, era preciso ser criativo. Num coco, os homens fizeram um buraco e ali inseriram uma banana; depois, amarraram o coco a uma árvore. Logo um macaquinho surgiu, farejou a banana e enfiou a mão para pegá-la. Nesse momento, ficou preso num dilema. Não podia retirar a mão enquanto segurava a banana. Poderia largar a banana e escapar, mas não queria perder a fruta. Portanto, estava numa armadilha.

Somos como aquele macaco quando não queremos abrir mão de nossos ressentimentos em relação a outras pessoas. Nossos pensamentos não abrem mão do passado; assim, caímos numa armadilha, tocando um disco quebrado no fundo de nossas mentes. Quem quer que nos tenha ofendido está livre, mas nós não; estamos presos à dor e ao ressentimento até aprender a abrir mão e perdoar. Talvez algum dia sejamos mais espertos que os macacos. 

O perdão parece uma coisa simples. É claro, eu posso perdoar - se quiser. E posso simplesmente não querer. É exatamente essa a questão: ficamos presos por nossos sentimentos. A maioria de nós aprendeu a deixar passar muitas pequenas infrações, exercendo com facilidade o perdão para viver em harmonia com outros. O problema surge quando não conseguimos abrir mão e não perdoamos uma ofensa, grande ou pequena, intencional ou não. Então emperramos numa situação da qual não conseguimos nos libertar, e culpamos a outra pessoa por estarmos emperrados. 

Perdoar é abrir mão do nosso apego a uma situação. É o ato último do altruísmo - ir além da nossa personalidade ferida. Perdoar é na realidade um dos grandes processos iniciatórias da tradição cristã. Jesus foi capaz de caminhar por sua trágica perseguição sem oscilar em sua conexão com Deus, sem se apegar ao ressentimento, deixando o plano físico com o perdão nos lábios. Será que ele teria sido lembrado como um grande instrutor se tivesse morrido amaldiçoando seus detratores? Certamente que não. Sua habilidade para perdoar foi um grande passo em sua iniciação. (...)"

(Betty Bland - O sentido do perdão - Revista Sophia, Ano 12, nª 51 - p. 8)


domingo, 28 de fevereiro de 2016

O QUE O HOMEM SEMEAR, ISSO COLHERÁ

"As reencarnações estão ligadas umas às outras pelo operação da lei de causa e efeito. Sob essa lei todas as ações, sentimentos e pensamentos produzem suas próprias reações naturais e perfeitamente apropriadas, as quais podem acontecer imediatamente após as ações que lhes deram causa ou, ainda mais tarde, na mesma vida, podem ocorrer nas encarnações seguintes. Há referência dessa lei em muitos lugares na Bíblia, tendo Paulo declarado: 'Deus não se deixa escarnecer, o que o homem semear, isso colherá.' A palavra sânscrita karma (ação) é usada para designar essa lei, sua operação e os efeitos que ela produz. Sob seu fundamento, as ações motivadas pelo amor, pelo serviço e pelo altruísmo produzem prazer e o florescimento da autoexpressão, que encorajam o autor a repeti-las. Por outro lado, ações determinadas pela antipatia, pela ganância e pelo interesse produzem dor e aumento da limitação da autoexpressão, que desencorajam o autor a repeti-las. Ademais, a intensidade do prazer ou da dor é regulada pelo grau com que os objetivos egoístas ou altruístas expressam-se na ação. Essa compensação equilibrada está afirmada nas palavras do Senhor Cristo: 'Não julgueis para não serdes julgados. Pois com o julgamento com que julgais sereis julgados, e com a medida com que medis sereis medidos' (Mt 7: 1-2).

O sofrimento humano não deve, assim, ser visto como uma retribuição imposta pela Deidade, uma punição aplicada do alto ou um infortúnio injusto, acidental. Ao contrário, toda dor é autoinfligida e, portanto, recebida justificadamente. Ela é, além disso, destinada a avisar o autor de sua transgressão. O sofrimento deve ser visto, então, como justo e de fato benéfico, porque educativo em seu efeito final. O reconhecimento da lei da ação e reação resolve o problema de justiça para o homem. Todas as condições humanas - sofrimento, doença, felicidade e saúde - são autocriadas sob a lei. O problema apresentado pelo nascimento de bebês malformados ou doentes é resolvido quando a sequência de causa e efeito é reconhecida como operando através de uma série de vidas. À primeira vista, embora tais atribulações pareçam ser completamente injustas, porque imerecidas e tão sem culpa, elas não são realmente assim. De fato, são os efeitos estritamente apropriados das causas geradas pelo mesmo Ego em vidas anteriores. Sem essa explicação a vida é, na verdade, um enigma desesperante que desafia qualquer solução. As doutrinas gêmeas da reencarnação e do carma lançam um fluxo de luz sobre a vida humana, revelando a existência de justiça, propósito e um objetivo seguro para todos os homens."

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 58)