OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

O QUE NÃO É MEDITAÇÃO (1ª PARTE)

"Rohit Mehta, em seus comentários aos Yoga-Sutras de Patãnjali, alerta para os perigos da falsa meditação. Ele explica que, por meio do uso de drogas, encantamentos, auto-hipnose, práticas indiscriminadas de mantras, hatha yoga, rituais e 'emocionalismo frenético', a mente pode ser levada a um estado de 'pseudovazio', onde o pensamento é parado à força.

Nesse pseudovazio a mente não fica silenciosa e alerta para poder experimentar a comunhão espiritual, mas sim passiva e embotada. Mehta adverte que há, atualmente, uma grande quantidade de movimentos 'neoióguicos' ou 'pseudoióguicos', difundidos por uma safra de falsos místicos, que confundiram as visões da mente pseudovazia com a percepção da realidade. Em muitos casos, após essas experiências pseudoespirituais, os falsos místicos apresentaram comportamento anormal e tendências neuróticas. Um verdadeiro místico - tomamos como exemplo um iogue muito conhecido no Ocidente, Paramahamsa Yogananda - jamais apresentaria um comportamento desequilibrado.

A explicação de Mehta para o problema do pseudovazio é a seguinte: quando o processo do pensamento é parado à força, por meio desses métodos que já citamos, o 'eu' que pensa fica apenas aguardando a primeira oportunidade para se manifestar, aí ele volta com toda a intensidade.

Parar o pensamento à força ou com métodos artificiais não é meditação. Esse é exatamente o método da repressão. Se um cavalo inquieto for trancado numa pequena cocheira, assim que a porta abrir, ele sairá correndo e dando pinotes.

Os sábios dizem que é impossível transmitir em palavras o que a meditação é. Mas podemos estudar o assunto como se fosse um mapa para uma viagem. Trazemos aqui algumas ideias da aprofundada discussão que Mehta faz em Yoga - a arte da integração (Ed. Teosófica). Explicando Patãnjali, ele diz que a meditação é a percepção do silêncio que aparece no intervalo entre um pensamento e outro, por meio da observação clara e ininterrupta do processo do pensamento. (...)" 

(Cristiane Szynwelski - O que não é meditação - Revista Sophia, Ano 7, nº 28 - p. 41)


terça-feira, 17 de janeiro de 2017

O SEGREDO DOS RELACIONAMENTOS CORRETOS (PARTE FINAL)

"(...) Quando começamos a ver os pensamentos e as crenças que aceitamos não só dos outros, mas também do nosso condicionamento, da nossa experiência de vida, temos uma escolha quanto a ouvi-los ou não. Eles reverberam com a verdade que provém de um local profundo dentro de nós? Eles nos são úteis? Ou são os mesmos pensamentos e sentimentos antigos que têm povoado nossas mentes repetidamente e que continuam a criar desarmonia em nossas vidas?

Podemos escolher. A verdade tem uma qualidade diferente, e quando estamos no nosso nível mais profundo de verdade, beleza e bondade, conseguimos reconhecer essas qualidades e sua vibração particular. Aprendemos que 'a voz de Deus fala no silêncio do coração' (Madre Teresa). Conseguimos ver a verdade. 

À medida que evoluímos por meio do silêncio e das práticas meditativas, para nos tornarmos a sentinela silenciosa, podemos observar esses pensamentos e sentimentos e vê-los honestamente. Podemos então efetuar mudanças usando a vontade, nosso desejo mais elevado para manifestar a correta ação em nossas vidas, e então mudanças positivas começam a acontecer.

O Milagre de ouvir nossa intuição é que desenvolvemos a habilidade de verdadeiramente ouvir os outros, de escutar a intenção por trás das palavras, mesmo que as palavras sejam rudes e ditas em momento de ira. Verdadeiramente ouvir os outros é uma das chaves para os corretos relacionamentos. É ouvir do local onde se encontra o observador silenciosos, sem preconcepções ou julgamentos. Você doa seu coração quando verdadeiramente ouve. Você diz 'estou te ouvindo', você se conecta e os milagres acontecem. Você vê a alma do outro, quem ele verdadeiramente é. Você o vê."

(Teresa McDermott - O Segredo dos relacionamentos corretos - Revista Sophia, Ano 10, nº 40 - p. 27/28)
www.revistasophia.com.br


segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

O SEGREDO DOS RELACIONAMENTOS CORRETOS (1ª PARTE)

"As corretas relações são a culminância de correta intenção, correto pensamento e correta ação. Elas surgem quando vemos além das faltas, dos desejos e das imperfeições da personalidade, abrindo-nos para a luz da alma de um outro ser humano.

Mas antes de sermos capazes de desenvolver corretas relações com os outros, precisamos estabelecer corretas relações com nós mesmos. Precisamos buscar a totalidade de nossa natureza dual, masculina e feminina, intuitiva e intelectual, personalidade e alma, uma unidade uma reconciliação. Essa é a chave para o contentamento, a alegria e uma vida com vitalidade e energia. Esse retorno à totalidade, ou melhor, à compreensão de sua própria totalidade, é a chave para toda cura e crescimento interior.

Começamos com a audição - ouvir com correta intenção, ouvir com o coração. O ouvir nos traz para o momento. É o viver com atenção - a conexão última com o que é. Ouvir nossa própria orientação interior, a mensagem de nossa alma, nosso eu superior que nos fala por meio da intuição, mostrando como nos sentimos a respeito de algo quando, na quietude, nós nos voltarmos para o interior. Isso é pôr-se em contato com o que há de mais profundo em você e com os sentimentos sinceros sobre qualquer situação dada, sendo honesto a respeito do que você aí encontra. Será isso verdadeiramente o que é certo para mim? Ou será algo que quero que seja certo para mim? A honestidade requer coragem e um profundo comprometimento com o caminho da sua alma.

Com o aquietamento regular da mente e o mergulho no silêncio, conseguimos reconhecer pensamentos e sentimentos que surgem do desejo inferior, os quais enchem nosso ego e cuidam de 'mim' como sendo separado dos 'outros'. Esses pensamentos geralmente se situam ao nosso redor protegendo nossa posição como sendo a correta, ou afirmando uma crença que temos. (...)"

(Teresa McDermott - O Segredo dos relacionamentos corretos - Revista Sophia, Ano 10, nº 40 - p. 27)
www.revistasophia.com.br


segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

AS TRÊS FERRAMENTAS DA SABEDORIA (PARTE FINAL)

"(...) Quando tento ouvir verdadeiramente, sempre me inspiro no mestre Zen Suzuki-roshi, que disse: 'Se sua mente está vazia, está sempre pronta para qualquer coisa; está pronta para tudo. Na mente do principiante há muitas possibilidades, na do homem experiente há poucas'.⁵ A mente do principiante é uma mente aberta, uma mente vazia, uma mente pronta, e se ouvimos com ela, podemos de fato começar a ouvir. Porque se ouvirmos com uma mente silenciosa, tão livre quanto possível do clamor das ideias preconcebidas, criar-se-á uma possibilidade para que a verdade dos ensinamentos nos penetre, e para que o significado da vida e da morte se torne progressivo e surpreendentemente mais claro. Meu mestre Dilgo Khyentse Rinpoche disse: 'Quanto mais você ouve, mais você escuta; quanto mais você escuta, mais e mais profundo se torna seu entendimento'.

O aprofundamento da compreensão, assim, dá-se através da contemplação e da reflexão, a segunda ferramenta da sabedoria. À medida que contemplamos o que ouvimos, os ensinamentos começam a penetrar nosso fluxo mental e a entrar na experiência interna da nossa vida. À medida que a contemplação revela e enriquece aquilo que começamos a entender de maneira intelectual, e leva esse entendimento da cabeça ao nosso coração, os eventos do cotidiano começam a refletir e a confirmar, direta e sutilmente, as verdades dos ensinamentos.

A terceira ferramenta sa sabedoria é a meditação. Depois de ouvir os ensinamentos e de refletir sobre eles, pomos em ação os insights que adquirimos e os aplicamos diretamente, através do processo de meditação, às necessidades da vida cotidiana."

⁵ Shunryu Suzuki, Zen Mind, Beginner's Mind (Nova York: Weatherhill, 1973), 21. [Traduzido para o português sob o título Mente Zen, Mente de Principiante (São Paulo: Palas Athena, 1994).]

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 165/166)


quarta-feira, 23 de novembro de 2016

AÇÃO SEM APEGO (1ª PARTE)

"No livro Aos pés do mestre, lê-se: 'O que quer que faças, faze-o de todo coração, como se para o Senhor, e não para os homens'. E: 'O que quer que tua mão encontre para fazer, que o faça com teu poder'.

Annie Besant escreveu no seu livro de Meditações: 'Fixai vossa mente rigidamente na tarefa que tendes perante vós no momento e, quanto tiverdes terminado, abandona-a'.

Essas palavras dão-nos o mesmo e único conselho, que é fazer nosso trabalho com plena atenção. Isso significa também que não deve haver apego. Quando trabalhamos sem apego, então o que importa é o trabalho em si e não os resultados. Hoje em dia, quando um pintor pinta uma tela, ele coloca seu nome na tela para que todos possam ver quem é o artista. Antigamente, os pintores não faziam isso. Apenas a tela é que era importante. Isso quer dizer que o que é importante é o próprio trabalho e não o autor. O Mestre diz: 'O que quer que façais, fazei de coração [...] o que quer que façais!' Temos aqui o conselho essencial, que devemos apreciar sem pressa. 

Todo trabalho que fizermos, devemos fazê-lo de coração, que significa com amor. O amor está sempre no momento presente, e nesse momento a 'cabeça' está em silêncio. O que está acontecendo no presente deveria ser observado profundamente. Aqui o Mestre nos diz que o que importa é a nossa atitude, como o trabalho deve ser feito. Ele não fala a respeito de como obter resultados. 

Se praticarmos esse conselho todos os dias, presistentemente, então um dia reconhecemos que o ser que está fazendo o trabalho é o nosso Eu mais recôndito. Thich Nhat Hanh escreve no seu livro Cultivating the Mind of love:
Quando fores voluntário para limpar a cozinha ou lavar a louça, se praticas como um Bodhisattva, terás grande alegria e felicidade enquanto trabalhas. Mas, se tiveres o sentimento 'estou trabalhando muito, e os outros não estão contribuindo com sua parte', sofrerás, porque tua prática é baseada na forma [...] (...)'
(Duzan Zagar - Ação sem apego - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 35)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


domingo, 20 de novembro de 2016

A SABEDORIA DA NÃO VIOLÊNCIA

"A Vida verdadeira é como a água:
Em silêncio se adapta, ao nível inferior,
Que os homens desprezam.
Não se opõe a nada,
Serve a tudo.
Não exige nada,
Porque sua origem é da Fonte Imortal.
O homem realizado não tem desejos de dentro,
Nem tem exigências de fora.
Ele é prestativo em se dar
E sincero em falar,
Suave no conduzir,
Poderoso no agir,
Age com serenidade.
Por isto é incontaminável.

EXPLICAÇÃO: Haverá coisa mais frágil do que a água? Ela, que em pedra dura tanto dá até que fura? Onde não há água não há Vida, a Vida nasce e vive na água, até as células do nosso corpo. A água é o símbolo da fraqueza poderosa, assim como a Vida é a onipotência da impotência.

Tao é eternamente silenciosos, por isto realiza todas as coisas poderosas. É um silêncio dinâmico, como é o homem sábio, silenciosamente realizador.

Age pelo não agir."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 40/41)


sexta-feira, 11 de novembro de 2016

QUAL A DIFERENÇA ENTRE OLHAR E VER? (PARTE FINAL)

"(...) Ver é simplesmente clareza – olhos abertos, mente aberta, coração aberto; não buscar algo em particular, mas simplesmente estar pronto e receptivo. O que quer que aconteça, você vai permanecer alerta, receptivo, perceptivo. Uma conclusão não está ali. A conclusão ainda está por vir: com seus olhos você verá, e então haverá uma conclusão. A conclusão está no futuro. Quando você está vendo, a conclusão ainda não está lá. Quando você está olhando, buscando, a conclusão já está lá. E vamos interpretar segundo as nossas ideias. 

Na noite passada, eu estava lendo uma piada: Uma criança pequena está lendo um livro de figuras sobre a vida selvagem e fica intrigada com as ilustrações de leões ferozes. Ela lê tudo o que está escrito ali, mas uma pergunta não é respondida e então ela a formula para sua mãe: 'Mamãe, que tipo de vida amorosa têm os leões?'. A mãe diz: 'Filho, não sei muita coisa sobre os leões porque todos os amigos do seu pai são Rotarianos'. 

Se você tem alguma ideia em mente, você corrompe. Então você não está escutando o que está sendo dito – está escutando segundo você mesmo. Então, sua mente está desempenhando um papel ativo. Quando você está olhando, buscando, sua mente está ativa. Quando você está vendo, a mente está passiva. Essa é a diferença. Quando você está olhando, a mente está tentando manipular. Quando você está vendo, a mente está silenciosa, apenas observando, disponível, aberta, sem nenhuma ideia em particular para impingir à realidade. 

Ver é estar nu. E você só pode chegar à verdade quando está absolutamente nu; quando se despojou de todas as suas roupas, de todas as filosofias, de todas as teologias, de todas as religiões; quando você descartou tudo o que lhe foi dado, quando ficou de mãos vazias, sem nenhum tipo de conhecimento. Quando você chega com conhecimento, você já chega corrompido. Quando você chega com inocência, sabendo que não sabe, então as portas estão abertas – e aí você será capaz de saber. Só aquela pessoa que não tem conhecimento é capaz de saber."

(Osho - Inocência, conhecimento e encantamento - Academia)


quinta-feira, 15 de setembro de 2016

VITÓRIA PELA AUTOSSUFICIÊNCIA

"Quem pouco fala, encontra atitude certa
Em todos os acontecimentos.
Não desespera quando rugem tufões,
Porque sabe que não tardam a passar;
Sabe que um chuveiro não dura o dia todo,
É produzido pelo céu e pela terra.
Se tudo é tão inconstante,
Como não o seria o homem?
Por isto o que importa
É a atitude interna,
Isto é: adaptar-se em silêncio
A todos os acontecimentos.
Quem harmoniza os seus atos
Com o Tao da Realidade
Se torna um com ele.
Quem, no seu agir, é determinado
Por seu próprio ego,
Identifica-se com o ego.
Quem identifica o seu agir com coisa qualquer,
É identificado com esta coisa.
Quem sintoniza com a alma do Infinito,
Se assemelha em tudo ao Infinito.
E quem assim se harmoniza com o Infinito,
Recebe os benefícios do Infinito.
Tanta confiança recebe cada um, 
Quanto confiança ele der.

EXPLICAÇÃO: Aqui é enunciado o antiquíssimo princípio hermético: o homem só pode receber algo na medida em que ele dá. O receber na vertical é diretamente proporcional ao dar na horizontal. A receptividade é proporcional à datividade. O segredo de enriquecer não está no receber, mas sim no dar. As águas da Fonte Cósmica só enchem os canais humanos na medida que estes se esvaziarem."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 74/75)


quarta-feira, 7 de setembro de 2016

VEMOS TAO COMO NÓS SOMOS, E NÃO COMO ELE É

"O Universo não tem preferências,
Todas as coisas lhe são iguais.
Assim, o sábio não conhece preferências,
Como os homens as conhecem.
O Universo é como o fole de uma forja,
Que, embora vazio, fornece força,
E tanto mais alimenta a chama quanto mais o acionamos.
Quanto mais falamos no Universo,
Menos o compreendemos.
O melhor é auscultá-lo em silêncio.

EXPLICAÇÃO: O Infinito do Uno não tem atributo algum; mas o Verso do nosso Finito lhe atribui os nossos próprios atributos. Quanto mais o homem se universifica, tanto mais se impersonaliza. O ar que enche um fole não é visível, assim como invisível é a Realidade do sábio. O nosso muito falar nos afasta de Deus, o nosso dinâmico calar atrai Deus a nós. Só quem se integra em Deus sabe o que é Deus."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 34/35)


domingo, 28 de agosto de 2016

VENHA PARA A VERDADE QUE FLUI DE MINHA ALMA

"Eu gostaria que estas verdades fossem ensinadas na infância. Elas deveriam ser repetidas nos ouvidos das crianças. As lições aprendidas no início da vida deixam marcas duradouras. Quando eu era pequeno, um dia decidi que jamais me zangaria; nunca quebrei a promessa feita a mim mesmo. Às vezes falo rispidamente, mas por dentro jamais me zango com alguém. Não gosto de falar assim, mas tenho que fazer isso ocasionalmente, pois há indivíduos que guardam melhor as palavras que lhes são ditas com firmeza. Por dentro tenho muita paz. Se você é uma pessoa pacífica, ninguém consegue roubar sua tranquilidade, a não ser que você mesmo a entregue por descuido. Deste núcleo de paz, eu ensino com princípios de amor e gentileza; é a melhor maneira. Se isso for mal entendido por alguém, fico em silêncio e deixo a pessoa em paz.

Vocês vêm aqui para obter a verdade pura que flui de minha alma. Mesmo que só uma pessoa receba esta verdade e se transforme, terei contribuido muito mais do que se milhares de pessoas apenas se emocionassem com minhas palavras.

Não quero nada de vocês, apenas que se alegrem em Deus. E vocês não querem nada de mim, só a sabedoria e a alegria de Deus. A pessoa espiritualizada convive bem com todos - ainda que os outros nem sempre convivam bem com ela - porque esta pessoa compreende, tem empatia e tenta trazer todos a Deus.

Jesus disse: 'Passará o céu e a terra, porém as minhas palavras não hão de passar'.¹ Prepare-se agora para ser um instrumento da verdade. Eu costumava dizer aos alunos da minha escola na Índia que não bastava falar a verdade esperando perdão: é preciso falar a verdade e aceitar de bom grado qualquer consequência desagradável por causa dela. Faça um esforço para viver bem com os outros oferecendo bondade, amor e compaixão; mas sempre que surgir uma falsidade, oponha-se firmemente. Jamais coopere com a falsidade."

¹ Lucas 21:33.

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 152)


sábado, 11 de junho de 2016

MISTICISMO COMO EXPERIÊNCIA PRÁTICA (1ª PARTE)

"Apesar do crescente interesse pelo misticismo em todo o mundo, a genuína percepção mística continua a iludir muitos dos interessados no tema. Existem aqueles que parecem sempre prontos a acreditar em qualquer coisa que o último místico 'corporativo' tenha a lhe dizer. A palavra 'corporativo' é usada aqui propositadamente, já que o tema misticismo tornou-se agora uma indústria multimilionária. Outros tentam se iniciar prematuramente na vida interna só para se convencerem de que verdadeiramente tiveram uma experiência mística autêntica, e que tal evento capacitou-os a ensinar a outros. Em muitos casos, o que passa por ensinamento é basicamente um genuíno exercício de autopromoção e hedonismo.

Um olhar na etimologia da palavra pode ajudar a compreender a profundidade e o rigor intrínsecos ao verdadeiros misticismo. A palavra 'místico' é derivada do verbo grego muein, 'perto dos olhos ou dos lábios'. Os místicos genuínos de muitas eras e culturas atestam a veracidade dessa definição. No âmago do verdadeiro misticismo  está uma experiência intraduzível, tão íntima e poderosa em seu significado profundo que silencia completamente a tagarelice interna e externa, que constitui a apreciada autoimportância da mente pessoal. 

Em testemunhos capazes de alterar vidas, e que nos foram passados desde tempos imemoriais, os místicos afirmam, numa melodia de significado que é quase como uma oferenda cantada, que suas experiências vieram de fora dos confins da mente diária, de uma fonte na qual a totalidade e o significado são como duas chamas entretecidas e perenes. É algo que veio até eles, e não uma coisa que foi buscada por uma mente ignorante. (...)"

(Pedro Oliveira - Misticismo como experiência prática - Revista Sophia, Ano 10, nº 37 - p. 13)


quarta-feira, 4 de maio de 2016

CONTROLE DA MENTE E AÇÃO CORRETA (1ª PARTE)

"O problema da mente e da segurança só pode ser abordado com a compreensão do processo de modificação da mente. A mente e suas modificações são o tema central do raja yoga. Isso é conhecido como 'controle da mente'. Mas o que é uma mente controlada? É uma mente flexível e sensível. Uma mente estreita, rígida, fechada, obviamente que não é uma mente controlada. Pode parecer paradoxal, mas uma mente controlada é na verdade uma mente livre. Enquanto a mente tiver seus próprios comprometimentos e embaraços, ela não é livre. São esses comprometimentos e embaraços que a tornam incontrolável. Uma mente controlada não pode ter quaisquer interesses. Ela é um instrumento perfeito, um canal sem mácula. 

Existem dois pré-requisitos para um canal efetivo - ele não deve ter vazamentos e deve ser totalmente vazio. Como disse o grande filósofo chinês Lao Tzé, a utilidade de uma porta está no espaço vazio. De modo semelhante, a utilidade de um canal está na sua vacuidade, Patañjali diz, nos Yogas Sutras, que o yoga é o cessar das ondas de pensamentos na mente (vide livro A Ciência do Yoga. I. K. Taimni, Ed. Teosófica). Somente quanto a mente está aquietada é que nela se pode ver um claro reflexo do ser. Só a mente quieta pode ser uma mente verdadeiramente controlada. Somente na quietude da mente é que o sussurro da alma pode ser ouvido. O autoconhecimento não é possível sem a quietude. É aqui que a ciência da meditação vem em nosso auxílio.

De acordo com Patañjali e outras autoridades do yoga, a meditação é a condição onde cessa todo o movimento da mente. A meditação é um processo composto, com diferentes graus de percepção. O autoconhecimento é a percepção de nós mesmos no nível mais profundo. Uma vez que a meditação nos ajuda a chegar ao autoconhecimento, ela é um processo de aprofundamento da percepção. Os livros hindus sobre yoga mencionam quatro estados de consciência - os estados de crescente percepção: vigília, sonho, sono profundo e o estado transcendental.

É óbvio que a mente deve chegar primeiro ao estado de vigília, que é o estado de percepção com escolha. Ali a mente explora todas as escolhas referentes a uma situação. Quando ela não consegue mais perceber escolhas e alternativas, chega ao estado de sonho, que pode ser descrito como percepção sem escolha. (...)"

(Rohit Mehta - Yoga prático - Revista Sophia, Ano 9, nº 36 - p. 8


domingo, 10 de abril de 2016

VIDA E MORTE

"Do ponto de vista da verdade, que é Teosofia³, a morte tem um caráter diferente do que comumente imaginam as pessoas de quaisquer crenças. O medo da morte é a coisa mais comum no mundo; na verdade, a morte é retratada como a rainha do terror. Na Índia, os costumes e ritos dedicados ao funeral imprimem pavor nas mentes dos enlutados com pompa quase primitiva, enquanto no Ocidente o horror com que é considerada está vestido com o silêncio de um pesar negro e sombrio. Mas, do ponto de vista do homem eterno, a morte é um incidente recorrente no caminho de seu progresso, e, como nos diz o Bhagavad-Gita, 'por que se afligir com o inevitável?'

Existem razões para pensar que a morte não é um incidente prejudicial, e geralmente também não é dolorosa. Na maioria dos casos a mudança deve decididamente ser para melhor; o evento em si deve ser um evento que traz alívio. Para o teósofo o mundo físico é o verdadeiro anel externo de trevas. O processo de inspiração (que é morte em suas fases sucessivas) é um processo de se aproximar mais do centro de onde viemos.

Em toda parte na Natureza existe a alternância de noite e dia. Manvãntara e Pralaya, expansão e contração, limitação e transcendência, o eterno balanço do pêndulo. Toda a manifestação surge por meio dessa dualidade - o ritmo da oscilação de um polo a outro de qualidade ou de estado. Olhando-se a partir desse prisma, existe uma lei de morte e nascimento constantes, o tempo todo, em toda parte, nada havendo de estranho e terrível no processo.

Do ponto de vista prático, para os oniscientes administradores do Karma, a morte deve significar simplesmente o movimento de um peão, e provavelmente não é considerada por eles como um evento de grande importância. Pode até mesmo ser uma recompensa pelo bom trabalho prestado, a consequência do julgamento de que o homem fará melhor em algum outro lugar do que provavelmente fará aqui, se sua encarnação atual for prolongada. Em muitos casos pode muito bem ser o efeito de um evento ajustável, e até aí talvez sob nosso controle. De qualquer modo, se fizemos o melhor possível em qualquer circunstância, podemos esperar por melhores oportunidades da próxima vez."

³ Aqui se entenda que o autor se refere à Sabedoria Divina, que é a verdade, e não à literatura na qual se tenta percebê-la e descrevê-la, sem a pretensão de arrogar-se como sendo a própria verdade (N.E.).

(N. Sri Ram - O Interesse Humano - Ed. Teosófica, Brasília, 2015 - p. 33/34)


terça-feira, 5 de abril de 2016

O SIGNIFICADO DIVINO POR TRÁS DOS RELACIONAMENTOS HUMANOS (1ª PARTE)

"Deus nos deu os relacionamentos humanos sob várias formas por uma razão: temos que aprender um com o outro. Todos são, em certo sentido, nosso 'guru' ou professor. As crianças nos ensinam e nos disciplinam; temos de aprender a cultivar infinita paciência e como estender nossa mão para além dos limites do nosso próprio egoísmo e interesse, a fim de ajudar a moldar sua vida corretamente. Nós, alternativamente, somos os 'gurus' delas, pois é nossa responsabilidade guiá-las e treiná-las, dando-lhes o melhor início possível na vida.

De todos esses relacionamentos adquirimos uma expansão e purificação de nosso amor; e acredito que, em última análise, só o amor pode mudar os outros. Se você se aproximar do filho, ou do marido, ou de qualquer um, nessa consciência de amor e compreensão sem fim, digam o que disserem ou façam o que fizerem, por mais que o magoem, você não pode deixar de vencer no final. Mas você também precisa ter a paciência de continuar tentando.

Dê o exemplo, em sua própria vida, das qualidades que quer ver ressaltadas nos outros. 'A arte de viver' - esta é uma grande ciência. Paramahansaji nos dizia: 'Quando me dirigi a meu guru, Sri Yukteswar, ele me disse: 'Aprenda a comportar-se'.' E assim você precisa aprender a comportar-se neste mundo: essa é a ciência da religião. Quando aprender a se comportar, saberá o que Deus é, porque então se conduzirá de tal forma que saberá, a cada momento, que você é a alma, e não a mente ou o corpo mortal. A alma bebe sempre, profundamente, do néctar divino da presença de Deus. Você não é um ser mortal, é um ser divino; assim, aprenda a comportar-se como tal.

Isso só pode ser feito quando a pessoa põe a religião em execução diária, de modo prático, como ensina a Self-Realization Fellowship. A religião não é algo a ser exposto gloriosamente aos domingos e esquecido no resto da semana. Nosso Guru nos disse: 'Não estou interessado em seguidores de igreja comuns. Se estivesse, eu poderia ter tido milhares e milhares em todo o mundo. Vim para escolher, em multidões de buscadores, almas que se empenham em conhecer a Deus profunda e sinceramente.' Ele não quis dizer que desejava fazer de toda pessoa um monge. Ele dizia: 'Faça de seu coração um eremitério, onde possa recolher-se em silêncio para adorar a Deus'. Nesse eremitério de seu coração, coloque Deus em primeiro lugar. Como é maravilhoso quando Ele se torna o Amado de sua alma, o Amigo de sua alma, o Pai, a Mãe, o Companheiro, o Guru de sua alma. A vida torna-se gratificante; seus relacionamentos com os outros, uma jubilosa experiência. Você ama seus filhos, seu marido, sua mulher, com a compreensão, a compaixão e o amor maior de Deus. Deus fortalece os laços entre os seres humanos, entre os corações humanos, e liberta seus relacionamentos terrenos dos vínculos do apego egoísta que contribuem para confinar e reprimir o amor. Nada como o sentimento possessivo para sufocar o amor. 'Porque você é meu, tem de fazer isso; eu tenho o direito de tratá-lo assim.' Isso é sempre um golpe fatal para o relacionamento humano. (...)"

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 58/59)


terça-feira, 22 de março de 2016

OS RELACIONAMENTOS

"A maioria dos relacionamentos humanos se restringe à troca de palavras - o reino do pensamento. É fundamental trazer um pouco de silêncio e calma, sobretudo aos seus relacionamentos íntimos.

Nenhum relacionamento pode existir sem a sensação de espaço que vem com o silêncio e a calma. Meditar ou passar um tempo juntos, em silêncio, na natureza, por exemplo. Se as duas pessoas forem caminhar, ou mesmo se ficarem sentadas uma ao lado da outra no carro ou em casa, elas irão se sentir bem por estarem juntas, em silêncio e na calma. Nem o silêncio nem a calma precisam ser criados. Eles já estão presentes, embora perturbados e obscurecidos pelo barulho da mente. Basta abrir-se para eles.

Se falta um espaço de silêncio e calma, o relacionamento será dominado pela mente e correrá o risco de ser invadido por problemas e conflitos. Se há silêncio e calma, eles se tornam capazes de dominar qualquer coisa.

Ouvir com verdadeira atenção é outra forma de trazer calma ao relacionamento. Quando você realmente ouve o que o outro tem a dizer, a calma surge e se torna parte essencial do relacionamento. Mas ouvir com atenção é uma habilidade rara. Em geral, as pessoas concentram a maior parte de sua atenção no que estão pensando. Na melhor das hipóteses ficam avaliando as palavras do outro ou apenas usam o que o outro diz para falar de suas próprias experiências. ou então não ouvem nada, pois estão perdidas nos próprios pensamentos.

Ouvir com atenção é muito mais do que escutar. ouvir com atenção é estar alerta, é abrir um espaço em que as palavras são acolhidas. as palavras se tornam então secundárias, podendo ou não fazer sentido. Bem mais importando do que aquilo que você está ouvindo é o ato em si de ouvir, o espaço de presença consciente que surge à medida que você ouve. Esse espaço é um campo unificador feito de atenção em que você encontra a outra pessoa sem as barreiras separadoras criadas pelos conceitos do pensamento. A outra pessoa deixa de ser o 'outro'. Nesse espaço, você e ela se tornam uma só consciência."

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed, Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 59/60)


quinta-feira, 17 de março de 2016

BUSQUE O PAI

"Uma sugestão, pouco valorizada pela sua simplicidade e que pode ser valiosa, se devidamente compreendida, diz o seguinte: 'Quando quiseres orar, entra em teu quarto, fecha a porta e fala a teu Pai em segredo.' Tudo se resume, pois, nisso. 'Entra em teu quarto' significa ficar recolhido dentro do próprio ser e 'fecha a porta' implica fechar os sentidos às influências externas que os distraem. Neste momento de busca do alinhamento, procura-se não escutar o que os ouvidos estão captando, não enxergar o que os olhos físicos estão vendo, não sentir os aromas que o olfato está percebendo, e assim por diante. Ao se 'entrar no quarto', fecha-se a porta dos sentidos a toda influência externa.

E o que quer dizer 'e fala ao teu Pai em segredo'? Recolhendo-se e fechando-se a porta dos sentidos por uns momentos, procura-se sintonizar com aquilo que em nosso centro é completamente desconhecido, ou seja, que constitui um segrego total que nenhum de nós sabe desvendar e que ninguém nos pode revelar, a não ser quando 'entrarmos no quarto' e ficarmos em silêncio.

O Pai é exatamente o símbolo do que temos na essência do nosso ser. Assim, quando entro em mim mesmo, fechando-me para o que está fora e para o que é supérfluo, alinhando-me com o mais profundo do ser, não preciso falar ou pedir nada, e nada de externo pode me alcançar, porque busco o Pai. Aquilo que está na origem primordial de todas as coisas e de mim. Se quero, realmente, contatar a energia da Vontade-Poder, ou seja, identificar-me com a força que 'segura as rédeas e conduz a carruagem', sabendo onde chegar, o ensinamento básico é 'entrar no quarto, fechar a porta e orar ao Pai em segredo'. Isso faz com que se desenvolva, ao máximo, em mim, a própria capacidade de ter vontade, porque nada pedi, apenas me decidi a abrir-me ao mistério. Fazer isso é um ato de decisão. Pedindo alguma coisa, ao voltar-me para o Pai, estarei desviando-me daquela proposta original da energia, que era decidir fazer, simplesmente. Ao ficarmos em silêncio e sem nada pedir, conectados com o nosso íntimo, ou Pai, acontece o melhor, o inédito, desvendando-se o misterioso e desconhecido segredo que está dentro de nós, vivo e atuante. É necessário, porém, que tomemos a decisão de nos abrir ao mistério."

(Trigueirinho - A energia dos raios em nossa vida - Ed. Pensamento, São Paulo, 1995 - p. 24/25)
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quinta-feira, 10 de março de 2016

BUSCAI PRIMEIRO O REINO DE DEUS

"Para muitas pessoas, convém primeiro alcançar a prosperidade e depois pensar em Deus. Para você, no entanto, Deus deve vir antes. Quem fez o grande contato com Ele terá a prosperidade do universo a seus pés. Nunca se esqueça de que Deus é o seu provedor.

Não importa quais sejam as suas falhas, estará sempre com Deus caso dirija para Ele, para o Silêncio, toda a sua consciência. E alcançará sempre a felicidade espiritual se desempenhar alegremente os deveres da vida, sem jamais permitir que coisa alguma o abale.

Você vive pelo poder direto de Deus. Suponha que Ele, de repente, altere o clima do seu país. Que lhe aconteceria? Onde haveria de encontrar o que comer? Deus é quem sustenta a vida, não se esqueça. Você a recebeu dele. Embora a existência dependa de alimento, quem o proporciona é Deus. Ele é a Causa de tudo, de modo que, se você perder contato com Deus, sofrerá. 

Os yogues aprendem que Deus nunca pode ser encontrado fora deles mesmos. Quando mergulhamos fundo em nossa alma, no templo de Deus, podemos dizer: 'Ninguém no mundo se preocupa tanto com minha saúde, prosperidade e felicidade quanto meu Pai. Ele está sempre comigo'. 

Não dependa mais dos homens para enriquecer, pois Deus é a fonte da riqueza, saúde, poder e imortalidade. O yogue diz: 'Sê livre por dentro. Aceita Deus como teu provedor e ignora a consciência da pobreza'.

A verdadeira prosperidade é alcançada quando compreendemos que Deus é o nosso provedor e que dependemos inteiramente dele. Quando adquirimos essa consciência, não nos preocupamos mais com o que acontece porque estamos no regaço imortal do Criador. Jesus não tinha dinheiro e, no entanto, era o homem mais feliz do mundo. Tinha Deus e sabia que Deus atendia a todas as suas necessidades."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como Alcançar o Sucesso - Ed. Pensamento, São Paulo, 2011 - p. 95/96)


sábado, 6 de fevereiro de 2016

A TURBULÊNCIA DA MENTE

"Toda alegria pela qual anseia está dentro de você, mas, igual a um homem que tendo uma imensa riqueza dentro de um cofre de ferro não tem ideia de onde se encontra a chave, você sofre. Com instruções apropriadas, curtindo-as no silêncio da meditação, é possível manobrar com a chave, abrir o cofre e enriquecer-se de alegria.

Arjuna reclamou a Krishna contra a turbulência da mente, dizendo que ela é: chanchala (sempre cambiando seus objetivos); pramadhi (cheia de possibilidades perigosas, desde que torna o homem um escravo dos sentidos); balavath (incontrolável); e dradham (difícil de ser destruída). No entanto, a mente pode ser controlada e mesmo eliminada por meio de intensa meditação sobre Deus Imanente. Quando isso é alcançado, raiva, ansiedade e inveja deixarão de incomodar você; as fronteiras do eu e do meu serão rompidas, e você terá paz imperturbável (santhi). Seus esforços devem ser proporcionais à magnitude da aquisição que você busca. Não é? Você anseia por bem-aventurança, mas se apega a prazeres inferiores e se recusa a arriscar-se tanto quanto necessário para obtê-la.

O que você recebe e quando o recebe dependem da Graça do Senhor. A missão do sadhaka (o praticante do sadhana) é exercitar-se em meditação (dhyana), sem se desviar do reto caminho. O restante é Graça d'Ele. Não depende do número de dias ou da duração da prática. Alguns podem precisar de muitos nascimentos; outros, mesmo em poucos dias, alcançam a Meta. Depende da fé (shradha), da devoção (bhakthi) e da disciplina (sadhana). Isto não pode ser calculado nem deve se tornar objeto de especulação."

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 120/121)


quinta-feira, 28 de janeiro de 2016

A CALMA DA NATUREZA

"Há um grande silêncio envolvendo toda a natureza num abraço. Esse silêncio também envolve você.

Só quando mantém a calma e o silêncio em seu interior é que você pode alcançar a região de calma e silêncio em que vivem as pedras, as plantas e os animais. Só quando o barulho de sua mente silencia você se torna capaz de ligar-se à natureza num nível profundo e ultrapassar a sensação de separação causada pelo excesso de pensamento.

Pensar é um estágio da evolução da vida. A natureza existe numa calma inocente que antecede o surgimento do pensar. A árvore, a flor, o pássaro e a pedra não têm noção de sua beleza e de seu caráter sagrado. Quando os seres humanos conquistam a calma, eles vão além do pensamento. Na calma e no silêncio há uma dimensão adicional de conhecimento e de percepção que fica além do pensamento.

A natureza pode levar você à calma interior. É um presente dela. Quando você sente a calma da natureza e participa dela, essa calma fica permeada e enriquecida pela sua atenção. Esse é o seu presente para a natureza.

Através de você, a natureza toma consciência de si mesma. A natureza tal como é esperou milhões de anos por você."

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2010 - p. 54/55)


segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

GROSSERIA

"Palavras grosseiras são assassinos impiedosos das amizades antigas e da harmonia dos lares. Tire-as de seus lábios para sempre e deixe sua vida familiar livre de tribulações. Palavras doces e sinceras são néctar para almas sedentas. 

Faça-se sedutor envergando o traje elegante da linguagem genuinamente cortês. Em primeiro lugar, seja bem-educado com seus parentes próximos. Quem age assim normalmente é gentil com todas as pessoas. A verdadeira felicidade doméstica tem por base o altar da compreensão e das frases polidas.

Para ser gentil, não é necessário concordar com tudo; mas, se não concordar, permaneça calmo e cortês. É fraqueza humana ceder à cólera e à irritação; é força divina conseguir refrear os cavalos selvagens do temperamento e da fala. Não importa qual seja a provocação, contenha-se e, apelando para a calma do silêncio ou para a gentileza autêntica das palavras, mostre que seu cavalheirismo é mais forte que o destempero do agressor. Frente à luz suave de seu perdão, todo o ódio reunido de seus inimigos se dissolverá."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, A Espiritualidade nos Realacionamentos - Ed. Pensamento, São Paulo, 2011 - p. 27)