OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 11 de fevereiro de 2020

PEREGRINOS NO CAMINHO

Resultado de imagem para peregrino no caminho"'Dá  luz e conforto ao cansado peregrino, e procura aquele que sabe ainda menos do que tu.' Com estas palavras A Voz do Silêncio instrui o aprendiz na senda espiritual a agir positivamente em auxílio de seus irmãos e irmãs. Todos somos peregrinos, movendo-nos consciente ou inconscientemente rumo à meta da vida unificada. Mas aos poucos, aqueles que estão despertos para o seu próprio desenvolvimento e o da humanidade, nesta peregrinação, têm tanto o privilégio quanto a responsabilidade da obediência a uma regra mais exigente. 

'Dá luz...'  Para consegui-lo, devemos ter luz para dar. A Tradição-Sabedoria afirma que a luz está no interior, seu brilho aguardando apenas a remoção dos obscurecedores véus da ignorância e do egoísmo. Como eles são dissolvidos lentamente pelo conhecimento e o aumento do altruísmo, a luz começa a se mostrar na ação compassiva, num vivo interesse nas crenças, necessidades e interesses dos outros, no compartilhamento de nossos modestos insights quanto a verdade. 

'Se tu sabes, é teu dever ajudar outros a saberem.' Mas ouve-se a reclamação: não sei o suficiente. Aqui está um daqueles termos incompletos ignorado pelo especialista em lógica por ser destituído de significado genuíno. Suficiente para quê? A instrução diz: 'Procura aquele que sabe ainda menos do que tu', e, para isso, não há quem não saiba o suficiente. 

A vontade de ajudar, de aprender para ajudar, o amor que libera a vontade, tudo isso nos permite dar nossa pequena luz àqueles que têm ainda menos. Estamos cercados de pessoas que não compreendem o propósito da vida, a grande lei que leva à retidão, a oportunidade perene e a certeza da realização última, o significado da imortalidade e o fenômeno recorrente do nascimento e da morte. Mas nós devemos estudar para compreender essas coisas, se quisermos ajudar os outros a também compreender.

'...e conforto...'  Uma lanterna em frente aos olhos traz uma luz dolorosa. Em vez de mostrar o caminho, ela impossibilita vê-lo. A mesma luz, projetada e direcionada para a senda à frente, parece muito menos clara, mas permite um avanço firme. O mesmo se dá com a luz da Tradição-Sabedoria. Lançada imprudentemente no rosto do peregrino que ainda está tateando no caminho rumo à verdade, torna-se um motivo de tropeços e um obstáculo ao progresso.

Acompanhando a insistência sobre o dever de compartilhar o conhecimento, o estudante teosófico encontra forte oposição ao proselitismo ou qualquer tentativa para controlar os pensamentos dos outros pela alegação de autoridade. A luz deve ser oferecida, não imposta, e deve ser modificada a tal ponto que auxilie o viajente ao longo de seu próprio caminho. Oferecer-lhe a luz que seus olhos podem ver exige que o pretenso ajudante penetre compreensivamente a experiência do outro, busque compreender suas necessidades e o tipo de inspiração à qual ele consegue responder. Paulo, em sua sabedoiria, tornou-se todas as coisas para todos os homens, para que eles pudessem encontrar, em seus próprios caminhos, em seus próprios eus, a luz que ilumina cada homem."

(Ianthe Hoskins - Peregrino no caminho - Revista Sophia, Ano 16, nº 76 - p. 9)


terça-feira, 21 de janeiro de 2020

O IMUTÁVEL

Resultado de imagem para céu com nuvens"A impermanência já nos revelou muitas verdades, mas há um tesouro final ainda sob sua guarda, que fica profundamente escondido de nós, cuja existência não suspeitamos e não reconhecemos, embora seja nosso do modo mais íntimo.

O poeta ocidental Rainer Maria Rilke disse que nossos temores mais profundos são como dragões guardando nosso tesouro mais profundo. O medo que a impermanência desperta em nós, de que nada seja real e que nada tenha duração e, como chegamos a descobrir, nosso maior amigo porque nos leva a perguntar: se tudo morre e se transforma, então o que é realmente verdadeiro? Há alguma coisa por trás das aparências, alguma coisa sem limite e infinitamente vasta, alguma coisa em que a dança da impermanência e das mutações tem lugar? Há na realidade alguma coisa com que possamos contar, que sobrevive ao que chamamos morte?

Permitindo que essas perguntas nos ocupem com urgência e refletindo sobre elas, lentamente passamos a fazer uma profunda mudança no modo como vemos toda a vida. Com contemplação constante e praticando o desprendimento, descobrimos em nós mesmos 'alguma coisa' que não podemos nomear, descrever ou conceituar, 'alguma coisa' que começamos a perceber que está além de todas as mudanças e mortes do mundo. Os desejos mesquinhos e distrações a que nos condena nosso apego obsessivo à permanência começam a se dissolver e depois desaparecem. 

Enquanto isso ocorre, temos repetidos e vívidos lampejos de algumas das vastas implicações subjacentes à verdade da impermanência. É como se tivéssemos vivido toda nossa vida num avião atravessando negras nuvens, em meio à turbulência, e agora ele subitamente se alça acima delas, num céu tranquilo e ilimitado. Inspirados e estimulados por essa chegada a uma nova dimensão de liberdade, descobrimos a profundeza da paz, da alegria, da confiança em nós mesmos, que nos enchem de encantamento e geram, gradualmente, a certeza de que há em nós aquela 'alguma coisa' que nada destrói, que nada altera, e nem pode morrer. Milarepa escreveu:
Aterrorizado pela morte, refugiei-me nas montanhas -
Muitas e muitas vezes meditei sobre a incerteza da hora da morte,
Conquistando o forte da natureza da mente - infinita e imortal Agora, todo medo da morte acabou para sempre."
Aos poucos então começamos a perceber em nós uma presença calma, vasta como céu, daquilo que Milarepa chama de a imortal e infinita natureza da mente, presença que é calma e tem as qualidades do céu. E quando essa nova consciência começa a tornar-se vívida e quase indestrutível ocorre o que os Upanixades chamam 'uma virada na sede da consciência', uma revelação profunda, pessoal e não conceitual do que somos, por que estamos aqui, e como deviamos agir, o que resulta no final em nada menos do que numa nova vida, num novo nascimento e quase no que se poderia chamar de uma ressurreição.

Que mistério belo e restaurador é, através da contemplação contínua e corajosa da verdade da mudança e da impermanência, lentamente chegarmos a nos encontrar face a face, em gratidão e alegria, com a verdade imutável, imortal e infinita natureza da mente!" 

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Palas Athena, São Paulo, 2000 - p. 65/66)

quinta-feira, 12 de dezembro de 2019

OBSTINAÇÃO, ORGULHO E MEDO

Resultado de imagem para OBSTINAÇÃO, ORGULHO E MEDO"Em nossa abordagem do desenvolvimento pessoal, descobrimos diversas vezes que a tríade básica que compõe o mal é o orgulho, a obstinação e o medo, sempre relacionados entre si. Todas as outras manifestações do mal afloram dessa tríade. Ademais, cada uma dessas três atitudes é uma consequência da resistência e gera mais resistência, ou seja, o mal.

A obstinação diz, 'Oponho-me a qualquer outro modo exceto ao meu'. E esse 'meu modo' é por vezes contrário à vida, contrário a Deus. A obstinação opõe-se à verdade, ao amor e à união - mesmo que pareça querer essas coisas. Quando ocorre um recrudescimento da obstinação, os aspectos divinos não podem se manifestar.

O orgulho é a resistência à unidade entre as entidades. Ele se separa dos outros e se eleva - resistindo, assim, à verdade e ao amor, ambos manifestações criativas da vida. O orgulho é o oposto da humildade, não da humilhação. A pessoa que se opõe à humildade será humilhada porque a resistência sempre tem de chegar por fim a um ponto culminante. A recusa quanto a se expor à verdade e admitir algo se deve ao orgulho. Este causa a resistência tanto quanto é resultado dela.

De um modo semelhante, a resistência gera o medo e o medo gera a resistência. O estado de tensão da resistência e a diminuição do ritmo do movimento energético toldam a visão e o objetivo da experiência. A vida é percebida como algo ameaçador. Quanto mais resistência, mais medo - e vice-versa. A resistência à verdade advém do medo de que a verdade possa ser nociva, e, por sua vez, a resistência à verdade gera esse medo. O ocultamento torna-se cada vez mais difícil e a exposição cada vez mais ameaçadora.

O medo da verdade - portanto, a resistência - nega a qualidade benigna do universo, nega a verdade do eu, com todos os seus pensamentos, sentimentos e intenções. Essa negação de si mesmo, enraizada na resistência, é, e cria, o mal.

Quando vocês querem evitar seus sentimentos, seus pensamentos e suas intenções ocultas, vocês criam a resistência. De uma ou de outra forma, essa resistência sempre está ligada ao seguinte pensamento: 'Não quero ser ferido' - quer esse ferimento seja real ou imaginário. A resistência pode se ligar à obstinação, que diz: 'Eu não devo ser ferido'; ao orgulho, que diz: 'Nunca admitirei que possa ser ferido'; ao medo, que diz: 'Se eu for ferido, provavelmente morrerei.' A resistência expressa a falta de confiança no universo. Na verdade, a mágoa deve passar, pois, tanto quanto o mal, não se trata de um estado definitivo. Quanto mais se vive o sofrimento em sua completa intensidade, mais rápido esse sofrimento volve ao seu estado original - energia fluida, movente, que cria a alegria e a bênção.

Não importa se a resistência advém da pertinácia, do orgulho ou do medo, da ignorância ou da negação do que é. A resistência obstrui Deus, o fluxo vital. Ela cria muralhas que os separam da verdade e do amor - de sua unidade interior.

Uma pessoa na senda da evolução, que busque e tateie encarnação atrás de encarnação - realizando sua tarefa, acha-se num estado interior de conflito, como vocês sabem. Num ser humano como vocês, uma grande parte já está livre e desenvolvida; mas há também em vocês desarmonia, cegueira, má vontade, resistência e mal."

(Eva Pierrakos, Donovan Thesenga - Entrega ao Deus Interior - Ed. Cultrix, São Paulo, 2010 - p. 178/179)

terça-feira, 10 de dezembro de 2019

O CONFLITO E A CRISE

Resultado de imagem para O CONFLITO E A CRISE espiritual"O ser humano que se acha num estado de liberdade interior parcial - a verdade, o amor e a luz, por um lado; a teimosia, o orgulho e o medo, por outro - terá de encontrar a saída para esse conflito. Uma parte da personalidade opõe-se à verdade de que esses sentimentos e atitudes negativas lá estão, e assim procede desistindo dessas coisas, ao passo que a outra parte se esforça por desenvolver-se e se purificar. Esse estado dualista deve acarretar a crise. Permitam-me enfatizar que essa crise é inevitável. Quando dois movimentos opostos, duas formas de tensão existem numa pessoa, é mister que se chegue a um momento decisivo, que se manifesta na forma de uma crise na vida da pessoa. Um movimento diz: 'Sim, quero admitir o que é o mal; quero enfrentar a mim mesmo e deixar de lado o fingimento, que não é senão mentira. Quero desenvolver-me e dar o melhor de mim para que eu possa contribuir com a vida, assim como espero receber coisas dela. Quero renunciar às posturas infantis e de enganação, a partir das quais tento me agarrar ansiosa e ressentidamente à vida, enquanto me recuso a dar-lhe algo exceto minhas exigências e frustrações. Quero dar um basta em tudo isso e suportar com confiança os reveses da vida. Quero amar a Deus aceitando a vida como ela é.'

O outro lado insiste em dizer: 'Não. Quero que as coisas sejam do meu jeito. Quero até mesmo me desenvolver, ser decente e honesto, mas sem ter de pagar o preço de encarar, revelar ou admitir algo que me incrimine demasiadamente.' A crise resultante deve pôr abaixo a estrutura interior deficiente.

Quando a orientação destrutiva é consideravelmente mais fraca do que a construtiva, a crise é um tanto menor, pois as deficiências podem ser extirpadas sem que se prejudique toda a organização psíquica. Pelas mesmas razões, se o movimento para o desenvolvimento e a verdade é consideravelmente mais fraco do que o movimento de estagnação, de resistência e de energia negativa, a crise maior pode uma vez mais ser evitada por algum período; é possível que a personalidade permaneça estagnada por muito tempo. Entretanto, quando o movimento para o bem é forte o bastante, e ainda assim a resistência continua a bloquear o movimento da personalidade como um todo - tornando-se confusa, sem horizontes e presa de atitudes falsas e destrutivas - alguma coisa deve ceder."

(Eva Pierrakos, Donovan Thesenga - Entrega ao Deus Interior - Ed. Cultrix, São Paulo, 2010 - p. 179/180)


terça-feira, 29 de outubro de 2019

O IMPERATIVO ÉTICO

Resultado de imagem para imperativo ético"Em muitas partes do mundo a violência nas ruas, escolas e lares lança uma sombra obscura. Esses são apenas alguns dos muitos sintomas perturbadores da doença moderna. Durante décadas tem sido moda descobrir desculpas psicológicas para o crime. Recentemente, após o terrível ataque por um grupo de jovens a uma mulher desprotegida que caminhava no Central Park, em Nova Iorque, houve uma enxurrada de explicações dos indefensáveis atos, nas poucas declarações claras condenando a brutalidade. Sem dúvida existem causas sociais e psicológias por trás de cada delito, mas elas não esclarecem os motivos da violência.

A corrupção também é um cancro devorando a saúde da sociedade. Nos países economicamente subdesenvolvidos ela parece ser um modo de vida, mas as nações ricas também estão longe de demonstrar retidão ética. Se há menos incidência de corrupção nas nações ricas, é porque os ricos pensam que a fraude só vale a pena em grande escala.

Educadores enfrentam o problema de comunicar o senso ético aos estudantes em escolas e faculdades. Os cérebros modernos não parecem responder favoravelmente aos antigos métodos de transmitir ideias de honestidade, verdade, jogos justos e consideração para com os outros. Uma abordagem proselitista confunde os jovens. Eles veem também que a conduta dos mais velhos não corresponde aos ensinamentos. A promiscuidade mental e física está tão indentificada com a liberdade individual que é difícil compreender que estamos mergulhados em desordem. (...)"

(Radha Burnier - Viver com ética - Revista Sophia, Ano 16, nº 74 - p. 13/14)


terça-feira, 24 de setembro de 2019

DEUS NÃO É INJUSTO

"Se, para achar os seus defeitos, vocês fazem metade do esforço que comumente despendem achando os defeitos dos outros, vocês verão a ligação com a lei de causa e efeito e só isso os libertará, mostrando a vocês mesmos que não existe injustiça.  Só isso lhes será a prova de que não é Deus, nem o destino, tampouco uma ordem injusta no mundo em que vocês tem de sofrer as consequências das limitações das outras pessoas, mas a ignorância, o medo, o orgulho e o egoísmo de vocês que direta ou indiretamente causarão aquilo que pareceu, até aqui, entrar no caminho de vocês sem que vocês nada fizessem para tanto. Descubram esse elo oculto e verão a verdade. Então compreenderão que vocês não são vítimas das circunstâncias nem da imperfeição dos outros, mas são realmente os que criaram a própria vida. As emoções são forças criativas de grande efeito, porque o inconsciente de vocês afeta o da outra pessoa. Essa verdade talvez seja a mais importante para a descoberta  de como vocês provocam os acontecimentos, quer bons, quer maus, favoráveis ou desfavoráveis da vida. 

Depois que vocês passam por essa experiência, podem acabar com a imagem que têm de Deus independentemente de vocês terem medo de Deus, porque acreditam que vivem num mundo de injustiça e receiam tornar-se vítima das circunstâncias sobre as quais não têm controle, ou de rejeitarem a responsabilidade e ficarem à espera de um Deus flexível que os mime, que lhes oriente a vida, tome decisões por vocês, os poupem de dificuldades que vocês mesmos criam. A compreensão de como vocês são a causa dos efeitos da vida de vocês acabará com essas imagens de Deus. Isso constitui um dos momentos decisivos na vida de vocês. 

Só esse momento lhes facultará o reconhecimento de que vocês não são vítimas; de que têm poder sobre a vida; de que são livres e de que essas leis de Deus são infinitamente boas, sábias, amáveis e seguras! Elas não visam transformá-los em fantoches, mas fazer de vocês pessoas totalmente livres e independentes."

(Eva Pierrakos/Donovan Thesenga - Entrega ao Deus Interior - Ed. Cultrix, São Paulo, 1997 - p,54/55)


quinta-feira, 29 de agosto de 2019

A ESTRADA PARA O INFINITO (PARTE FINAL)

"(...) 'A autorrealização é a eterna mensagem da religião. Independentemente de quais sejam as suas crenças e práticas, o propósito fundamental da religião é ajudá-lo a dar vazão ao seu potencial mais pleno, na condição de filho de Deus.

'A onda tem de compreender que a sua realidade, como uma simples onda, é efêmera. Ela talvez surja repetidas vezes na forma de outras ondas, porém, ao fim e ao cabo, ela terá de compreender que a sua realidade não está na sua condição individual de onda, mas no oceano do qual ela é uma manifestação. A compreensão dessa verdadeira identidade requer que ela mergulhe no oceano e que se torne uma coisa só com ele. 

'Suponhamos que um judeu se converta ao Cristianismo. Ele para de ir à sinagoga e, em vez disso, vai à igreja. O simples fato de sua conversão lhe assegura, por acaso, a salvação? Não, se ela ao mesmo tempo não faz com que ele ame a Deus mais profundamente.

'A religião não é uma roupa que você possa vir a usar exteriormente, porém as vestes de luz que você tece em torno do coração. Por roupa exterior não entendo a sua indumentária física apenas, mas os pensamento e as crenças que o envolvem. Eles não são você. Descubra quem você é debaixo desses adornos exteriores, e você descobrirá quem foi Jesus, Buda e Krishna. Pois os mestres vêm à Terra com o objetivo de apresentar a todo homem um reflexo do seu Eu mais profundo e eterno."

(Paramhansa Yogananda - A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2010 - p. 126)


terça-feira, 27 de agosto de 2019

A ESTRADA PARA O INFINITO (1ª PARTE)

"'Qual é a melhor religião?' perguntou um buscador da Verdade.

'A autorrealização', respondeu Yogananda.

'Com efeito, a autorrealização é a única religião. Pois ela é o verdadeiro objetivo da religião, independentemente de como as pessoas definam a religião delas. Uma pessoa pode ser cristã ou judaica, budista ou hindu, maometana ou zoroastrista, pode afirmar que Jesus Cristo é a única via, ou que Buda e Maomé são o único caminho - como o fazem, na verdade, milhões de crentes. A pessoa pode insistir em que determinado ritual ou lugar de adoração promovem a salvação; mas tudo se resume no que a pessoa é em si mesma.

'Milhares de Cristos não seriam capazes de levar Deus a você, caso você primeiro não demonstrasse amor a Ele.

'Por que deveria Deus se preocupar com o modo como você O define? Poderia algum dogma abarcar Deus, que é tudo, muito mais do que tudo? E será que você não sabe que um muçulmano ou um hindu que ame a Deus é tão caro a Jesus Cristo quanto qualquer outro cristão - e muito mais admirado por Ele do que os que estão entre os Seus seguidores e que acreditam em Deus com as suas mentes, mas que não têm amor por Ele nos seus corações?

'Jesus Cristo não veio à Terra, tampouco nenhum grande mestre, a fim de levar as pessoas até Ele. Veio para as levar até a Verdade - a Verdade que, segundo Ele disse, 'libertar-vos-á'*. A mensagem divina sempre é impessoal na medida em que se relaciona com essa Verdade. 

'Ao mesmo tempo, ela é pessoal na relação que mantém com o buscador individual. Isto é, os mestres não dizem às pessoas: 'Você será salvo pela religião que segue, exteriormente.' Os mestres dizem a essas pessoas: 'Você será salvo pelo que você faz, pessoalmente, para afirmar sua semelhança com Deus.' (...)"

* João 8:32

(Paramhansa Yogananda - A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2010 - p. 125/126)


terça-feira, 6 de agosto de 2019

OFEREÇA SEUS DONS ESPECIAIS A DEUS

"(18:46) Atinge a perfeição o homem que oferece seus dons especiais Áquele que permeia todo (o universo) e por meio do qual todos os seres se manifestam.

Qualquer que seja o dom especial de uma pessoa, ela evoluirá mais se ofertar espiritualmente esse dom a Deus. Este, de seu lado, aprimorará o dom e ajudará a pessoa a sair-se bem em tudo o que faça. Também a ajudará, pois que a vê ansiar pela verdade, a avançar na direção da liberdade interior. 

Vemos aqui, recapitulado, o conselho de Krishna a Arjuna para agir e não tentar chegar a Deus renunciando a toda atividade. A única restrição a esse ensinamento é: 'Se um dever conflitar com outro, de tipo superior, deixará de ser um dever.' Em outras palavras, havendo diversas coisas que ele faça bem, o homem se concentrará naquela que lhe expanda os bons sentimentos e lhe exalte a consciência. 

Muitos comentadores afirmaram que Krishna, nessa passagem, recomenda seguir a vocação tradicional na família. Estão enganados. Numa sociedade estável (não em transição como a nossa no mundo inteiro), esse conselho talvez pudesse ser aceito de um modo geral (embora não se saiba, então, como alguém que o seguisse iria se tornar um sannyasi!). Entretanto, numa época em que a própria sociedade não pára de modificar-se, tal conselho seria ruinoso! Em verdade, neste mundo, cada qual é cada qual. Aparece em sua família como um convidado. Sendo transitório, nada que está fora poderá definir quem ou o que ele é. Todo homem deve seguir sua própria estrela. Quanto mais subir rumo à liberdade interior, mais imperativo se tornará para ele esse conselho."

(A Essência do Bhagavad Gita - Explicado por Paramhansa Yogananda - Evocado por seu discípulo Swami Kriyananda - Ed. Pensamento, São Paulo, 2006 - p. 494/495)
www.pensamento-cultrix.com.br



terça-feira, 23 de julho de 2019

CONTEMPLAÇÃO

"No verdadeiro trabalho espiritual, a realização intelectual por si só é inadequada. A mente deve tirar as suas conclusões do coração, o local das emoções. As emoções, por sua vez, devem produzir atos reais. 

O estudo das escrituras pode nos trazer tanto satisfação quanto humildade. A sublimidade das palavras da verdade trará prazer e inspiração para as nossas mentes e corações. Seremos estimulados a continuar com o nosso estudo. A humildade virá quando compreendermos as limitações inerentes à tentativa do intelecto de integrar e compreender totalmente a Natureza da Verdade. A Palavra pode ser uma amostra, mas humildemente compreendemos que a 'palavra' não é a coisa em si. Nossas mentes ficarão continuamente inspiradas, humildes e desabrocharão à medida que avançarmos em nossos estudos.

Quando nos concentrarmos, sempre nos concentraremos sobre um objeto produzido pela nossa própria mente. Contudo, quando uma pessoa for calma o suficiente e pura o suficiente, o ato da concentração pode, como diz Aldous Huxley, mergulhar no 'estado de abertura e passividade alerta no qual a verdadeira contemplação torna-se possível'. A verdadeira contemplação é a oração verdadeira, um estado de união com o divino. A contemplação em suas formas inferiores é um pensamento discursivo. Não se percam nas forma inferiores. (...)"

(Ram Dass - Caminhos para Deus - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 2006 - p. 295)


domingo, 22 de abril de 2018

CERQUE-SE DE PESSOAS QUE SE DEVOTAM À VIDA MAIS ELEVADA

"Mantenha-se cercado sempre por pessoas que se devotaram à vida mais elevada - aquelas que o encorajarão a avançar no caminho para a Meta. Por esse meio, vocêo pode atingir chithasudhi (pureza da mente); tanto que possa refletir-se nela a Verdade. Sathsanga (associação com santos e sábios) conduz gradualmente à retração das atividades escravizantes. Quando um pedaço de carvão frio é colocado no meio de cinzas quentes e quando o fogo é atiçado, o pedaço de carvão também se aquece. Jnana-agni, isto é, o 'fogo da sabedoria' age de forma semelhante.

Cada um é um sadhu (um santo) por que é Prema-swarupa (encarnação do Amor), Santhiswarupa (encarnação da Paz) e Amritha-swarupa (encarnação da imortalidade). No entanto, permitir que a crosta do ego se engrosse e se consolide, vale por embaciar a verdadeira natureza. Pela ação do sathsanga, isto é, pela companhia de pessoas de mente divina, pela sistemática atenção ao autocontrole e ao automelhoramento, o homem pode vencer a ilusão que o faz se identificar com o corpo e suas necessidades e apetites.

Sathsanga faz você encontrar-se com outras almas (indivíduos) de natureza sintônica, e cria o contato que se manifesta o Fogo Interior. Sathsanga significa o Sath, o Sath de que se fala quando se refere a Deus como Sath-Chith-Ananda¹. Sath é o princípio da Existência; e é a verdade básica do Universo. Alinhe com a Verdade, isto é, com o Ser (Sath) em você, com a Verdade (Sathya) sobre a qual mithya² é imposto pelas mentes que não veem a luz. Persistindo em Sath, a chama é acesa, a Luz se faz, então as sombras emigram e o Sol da Realização nasce (jnana bhaskara)."

¹ Sath-Chit-Ananda - o Ser é Verdade, Consciência e Bem-aventurança.
² Mithya - aquilo que está entre ser real e irreal, entre ser verdade e inverdade. 

(Sathya Sai Baba - Sadhana, O Caminho Interior - Ed. Nova Era, Rio de Janeiro, 1993 - p. 58/59)


sexta-feira, 23 de março de 2018

TEXTO ZAZEN WASAN

"Desde o princípio todos os seres são Budas.

Como a água e o gelo, sem água não há gelo,

Fora de nós não há Budas

Quão próximos da verdade, todavia quão longe a buscamos.

Como alguém dentro d'água gritando 'Tenho sede'.

Como uma criança de rica linhagem

vagueando neste terra como se fosse pobre,

nós vagueamos eternamente e damos voltas aos seis mundos.

A causa de nossa dor é a ilusão do ego.

De um caminho sombrio a outro vagueamos nas trevas,

Como podemos nos livrar da roda de samsara?

A passagem para a liberdade é o Samadhi Zazen,

além da exaltação, além de nossos louvores,

o puro Mahayana.

A observação dos preceitos, o arrependimento e o doar-se,

as incontáveis boas ações e o caminho do reto viver

surgem todos de Zazen.

Assim, um verdadeiro Samadhi extingue os males;

purifica o carma, dissolvendo as obstruções.

Então, onde estão os caminhos sombriso que nos fazem extraviar?


A Terra do Lótus Puro não é distante.

Ouvir esta verdade, coração humilde e agradecido,

louvá-la e abraçá-la, praticar sua sabedoria,

traz bênçãos intermináveis, montanhas de mérito.


Mas se nos voltarmos para o interior e provarmos de nossa Verdadeira natureza,

que o Verdadeiro eu é não eu,

que o nosso próprio Eu é não eu,

vamos além do ego e das palavras astutas.

Então o portal que leva à unidade de causa e efeito é aberto.

Nem dois e nem três, em frente segue o Caminho.

Sendo a nossa forma agora a não forma,

para virmos e irmos jamais saímos de casa.

Sendo o nosso pensamento agora não pensamento,

as nossas danças e as nossas canções são a voz do Dharma.

Como é vasto o céu de ilimitado Samadhi!

Como é claro e transparente o luar da sabedoria!

O que existe fora de nós, o que nos falta?

O Nirvana está totalmente aberto aos nossos olhos.

Esta terra onde estamos é a Terra do Lótus Puri.

É este mesmo corpo, o corpo de Buda."

(Hakuin Zenji - Além do Despertar - Ed. Teosófica, Brasília, 2006 - p. 27/28)


terça-feira, 20 de março de 2018

A VERDADE ETERNA, A META DA IOGA (1ª PARTE)

"Todo ser humano plenamente desperto é, em sua natureza e atividade mais elevada, um buscador da verdade. A meta mais elevada do homem poderia ser descrita como a descoberta da Verdade última. Isto implica aquilo que por si só é individual e indivisível, como um átomo final ou anu e que pode ser assemelhado à luz branca, imaculada e imaculável, ou à joia plenamente transparente, o diamante.

A ideia usual de Verdade do homem está longe desta veracidade eterna, última - deífica e luminosa. Cada indivíduo pode definir o que é Verdade por si mesmo e dar a ela nomes tais como 'unidade', 'união', 'lei', 'beleza', 'o derradeiro fato singular', ou mesmo 'fogo', 'ordem', 'vontade'. A Verdade irradia todos estes conceitos, os quais lhe pertencem, mas uma combinação imaculada da essência de todos estes descreve mais aproximadamente a Verdade última.

Isto não é a verdade acerca de algo na manifestação, mas aquela misteriosa Existência ou Princípio eterno, cuja descoberta é a meta. Para alcançá-la, o iogue deve transcender inteiramente sua natureza humana e entrar na consciência de seu Eu imortal, penetrar pela ioga até além da mente abstrata - que no homem é condicionada - chegando à intuição, e ali habitar em silêncio místico em sua Busca pela Verdade última. Somente quando ele pode tocar a Existência Átmica ou Nirvânica é que ele começa a se aproximar do que foi chamado de 'a Escura Verdade Una'. Ela é escura somente para a mente humana, mas luz inefável para o Espirito humano. 

Ali, exaltado, ele está em companhia dos Adeptos, que buscam a Verdade eterna, por cuja luz Eles já se tornaram iluminados, omniscientes e com todo o saber, no que concerne aos princípios e a toda sabedoria com relação às expressões manifestadas destes princípios. O Nirvana pode então ser parcialmente descrito como a absorção no Princípio eterno, ou a identificação com a Verdade eterna. Podemos ver que isto é infinitamente acima e além de quaisquer conhecimento, compreensão e mesmo intuição a respeito da Verdade manifestada. 

O iogue talvez possa dizer que a meta é a Autoidentificação com a própria Verdade, para sempre e mais além. Isto é Maha-Paranirvana ou ser dissolvido na Existência eterna. O Jivanmukta que entra neste estado perde-se e realmente desaparece da existência manifestada pela restante do Mavantara Solar. (...)"

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Ioga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 29/30)


quarta-feira, 14 de março de 2018

COM SABEDORIA E DISCERNIMENTO, RESGATE SUA LIBERDADE

"Resgate sua liberdade. Você consegue cumprir as decisões que toma? Se não consegue, está preso ao karma. Mas se tem conseguido fazer o que se propõe a fazer, guiado pelo discernimento - e não pelas influências do karma passado ou presente -, então isto é liberdade. Julgue tudo de acordo com o ponto de vista do discernimento e da sabedoria. Não permita que suas ações sejam governadas pelo hábitos nem pela obediência cega aos costumes sociais ou ao que as outras pessoas pensam. Seja livre.

De vez em quando você vê uma pessoa livre - alguém que não vive a vida dos outros, que é livre porque suas ações só são influenciadas pela sabedoria. Esta é a marca da grandeza de Mahatma Gandhi. Quando ele foi à Inglaterra e visitou o casal real, não se vestiu formalmente como era o costume. Foi recebido pelos reis usando uma simples tanga de pano e um xale, como se usava nas aldeias indianas. Ele desfruta de grande liberdade porque vive seus ideais e não está preso aos costumes da sociedade.

Sempre que você fizer alguma coisa, pergunte a si mesmo se é só por causa do que os outros podem pensar de você ou se é porque está seguindo a sabedoria e o discernimento. Este é o critério que uso para agir. Mesmo como americanos nascidos livres vocês não conhecem a verdadeira liberdade. Muitos acham que fazer o que querem é a liberdade - mas a verdadeira liberdade está em fazer o que se deve fazer no momento em que aquilo deve ser feito. Do contrário você é um escravo. Seja influenciado apenas pela sabedoria. Se não conseguir isso, permanecerá escravo por séculos de encarnações.

Agora, seguir a verdade não quer dizer que você precia atacar os outros com suas convicções. Compartilhe a verdade somente quando for pedida ou bem-vinda. Do contrário, aprenda a ficar em silêncio, mantenha suas opiniões para si mesmo. Mas quando achar que deve falar, fale. Enfrente o mundo inteiro, se necessário. Galileu afirmou que a Terra gira em torno do Sol e foi crucificado por isto. Posteriormente se descobriu que ele estava certo. Mas nunca faça nada só por orgulho; isto o fará cair."

(Paramahansa Yogananda - Jornada para a Autorrealização - Self-Realization Fellowship - p. 234/235)


sexta-feira, 9 de março de 2018

A VOZ DA VIDA

"O objetivo e a direção da vida estão nas mãos da Vida Eterna. Nosso dever é dar cada passo nítida, sincera e corajosamente. Acontecimentos comuns na vida do aspirante adquirem uma complexidade divina. Seus próximos são fragmentos divinos, lutando na treva ao seu lado para serem compreendidos, e o aspirante está sempre pronto a lhes ajudar. Os acontecimentos da vida, mesmo os pequenos, tornam-se cheios de mensagens, desde que ele saiba que eles são a Voz da Vida falando à sua alma. Na vida do discípulo, disse H.P.B., não há acontecimentos insignificantes e, por vezes, os mais triviais são os que contêm mais significados. Por isso ela nos recomenda pensar sobre os acontecimentos da vida e tentar extrair deles os seus significados, estudá-los e tentar ver que mensagens contêm para o desenvolvimento de nossa alma. Pois Vida é Deus, e Deus é Amor, e trabalha somente para a realização e bem-aventurança futuras. Assim aprendemos a ler o Grande Livro da Vida. Isto é bem mais importante do que ler qualquer livro impresso, embora estes possam nos ajudar a ler os maiores.

Somos contra os problemas? Como nos desenvolveríamos se nunca tivéssemos que lidar com algum problema? Preferiríamos qualquer outra coisa? Talvez, mas a Vida é mais sábia. Aparece uma oportunidade de serviço. Nós a tomaríamos? Uma pessoa superfranca segura um espelho diante de nosso olhar espantado. Ficamos ressentidos, negamos, vamos nos vingar? Ou ficamos contentes por termos assim um ângulo de visão que não nos tinha ocorrido? Possa agora olhar para meu passado e ver que muitas coisas rudes e mesmo indelicadas que me foram ditas estavam bem fundamentadas na verdade. Mas somos delicados? Ou o nosso temperamento e a preguiça dominam nossos impulsos generosos? Como o Mestre K.H. uma vez escreveu a um chela em prova: 'O maior consolo e o principal dever da vida, criança, é não infligir dor, e evitar causar sofrimento ao homem ou ao animal.' Ter cortado o nosso egocentrismo é um grande auxílio. A pequenina Tereza de Lisieux escreveu, em certa ocasião, que, se alguém está bem no primeiro degrau de uma escada e não pode ir adiante, é uma grande paz, pois ninguém a inveja nem deseja substituí-la."


(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 200/201)
www.editorateosofica.com.br

quarta-feira, 28 de fevereiro de 2018

TANTO QUANTO EU VOS AMEI

"Jesus presenteou seus discípulos com outra gema de sabedoria espiritual a fim de ajudá-los a palmilhar o caminho do coração. Ofereceu-se a eles como exemplo de amor ao próximo, dizendo simplesmente: 'Amai-vos uns aos outros tanto quanto e vos amei'.

Jesus era sem dúvida um ser humano cheio de amor, que quase nunca encolerizava, sempre oferecia a outra face, era paciente e gentil, compassivo e compreensivo com relação aos pensamentos e sentimentos dos que o cercavam. No entanto, quando examinamos acuradamente o modo como amava as pessoas, vemos que ele não conduzia sua vida de forma a minimizar-lhes o sofrimento emocional. Evitava tomar conta dos sentimentos delas. Não era isso o que considerava amor. 

Para ele, amar era acima de tudo manter o coração aberto o tempo todo para o centro espiritual do seu próprio ser. Nesse constante estado de devoção meditativa, ele parece ter vivido, não ocupado em manipular e maquinar com sua mente lógica, mas em seguir a sabedoria e os ditames do coração a cada momento.

Para Jesus, o importante era amar a Deus de todo o coração, mente e alma, e realizar a tarefa que tinha pela frente de maneira expontânea. Por exemplo, ele ensinou aos discípulos que, quando fossem levados à presença das autoridades, não preparassem de antemão o que diriam - antes, permitissem que o Espírito falasse por intermédio deles enquanto mantinham o coração puro e harmonizado com a sabedoria, a orientação espiritual.

Em outras palavras, em vez de viver uma vida prescrita por 'deves' e 'não deves', Jesus se submetia à realidade e era sempre fiel ao chamamento interior, independentemente do que os outros pensassem de seus atos ou do grau em que estes afetassem os sentimentos alheios. Pelo que sabemos, em tudo o que fez, ele viveu o caminho amoroso da entrega absoluta ao momento espiritual.

Jesus deixou claro que não veio nem para obedecer às leis de sua cultura nem para derrogá-las. Veio para completá-las com outras novas, qualitativamente mais confiáveis - a saber, amar ao próximo como a nós mesmos, e com a mesma impávida honestidade e dedicação à verdade que ele demonstrou em tudo."

(John Selby - Sete Mestres, Um Caminho - Ed. Pensamento-Cultrix Ltda., São Paulo, 2004 - p. 122/123)

segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

A ORDEM CÓSMICA (PARTE FINAL)

"(...) Os olhos não veem senão um pouco, de vez em quando. Só as pessoas mais despertas veem as maravilhosas qualidades da natureza e também da consciência. H. P. Blavatsky, com seus extraordinários insights, via a bondade oculta em pessoas que pareciam grosseiras aos outros. Ela dizia que 'a combinação espiritual e psíquica do homem com a natureza' existe mesmo numa pessoa com falhas de caráter. É esse fator oculto, mas essencial, que devemos considerar, para saber qual será nosso futuro e o que a ordem cósmica nos revelará.

O físico David Bohm afirmou que ordem e unidade são parte da ordem implícita que constitui a realidade fundamental. O homem seria uma pessoa bem diferente se começasse a descobrir essa característica. Mas estamos tão preocupados com nossas ambições que não compreendemos o que verdadeiramente existe. Somente os seres iluminados compreendem isso plenamente; portanto, o mundo onde as pessoas estão destruindo tudo de acordo com seus gostos e aversões não é real. O mundo é maya.

Maya não se refere ao que compreendemos. O que percebemos não é uma ilusão total, mas uma vez que converte e dá significado a tudo, é ilusão. O que vemos não é o que existe. E, quando temos uma falsa compreensão de nós mesmos, tudo o mais que pensamos que sabemos também é falso. Tudo isso é meditação: saber que mesmo as pequeninas coisas resplandecem com um elemento de divindade que as torna iguais ao altíssimo, que a menor das coisas contém o elemento divino. A totalidade da ordem cósmica revela beleza, inteligência e amor. Cada um deve purificar e elevar sua natureza para ver isso.

Como buscadores da verdade, parte do nosso trabalho é perceber a natureza gloriosa que é onipresente. Como isso pode ser feito? Podemos discutir, mas antes de tudo devemos compreender, pelo menos intelectualmente, que em cada partícula de existência há o elemento divino."

(Radha Burnier - A ordem cósmica - Revista Sophia, Ano 15, nº 67 - p. 33)

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2018

AUTOCONHECIMENTO

"O pensamento correto vem com o autoconhecimento. Sem entender a si mesmo, não há base para o pensamento; sem autoconhecimento, o que se pensa não é verdade.

O mundo e você não são duas entidades diferentes com problemas separados: o mundo e você são um só. Seu problema é o problema do mundo. Você pode ser o resultado de algumas tendências, de influências ambientais, mas o mundo e você não são fundamentalmente diferentes um do outro. Internamente, somos muito parecidos; somos todos direcionados pela ganância, pela má intenção, pelo medo, pela ambição etc. Nossas crenças, esperanças e aspirações têm uma base comum. Somos um só, uma humanidade, embora as fronteiras artificiais da economia, da política e do preconceito nos dividam. Se você mata outra pessoa, está destuindo a si mesmo. Você está no centro do todo, e sem entender a si mesmo não poderá entender a realidade. 

Temos um conhecimento intelectual dessa unidade, mas mantemos o conhecimento e o sentimento em compartimentos diferentes, e por isso nunca experienciamos a extraordinária unidade do homem."

(Krishnamurti - O Livro da Vida - Ed. Planeta do Brasil Ltda., São Paulo, 2016 - p. 43


sábado, 3 de fevereiro de 2018

DÚVIDAS

"'Há dois tipos de dúvida: a dúvida destrutiva e a dúvida construtiva.

'A dúvida destrutiva equivale ao ceticismo comum. As pessoas que adotam essa atitude são tão cegas na sua descrença quanto qualquer fanático com respeito ao seu fanatismo. Para essas pessoas, o exame imparcial não tem importância. Visam apenas ao aspecto que haverá em rejeitar novas ideias, e que corresponde às próprias opiniões ou às opiniões que predominam.

'O ceticismo é como a estática no rádio da mente. Ele impede uma pessoa de receber as transmissões da intuição advindas do silêncio interior.

'A dúvida construtiva, por outro lado, equivale ao exame esclarecido, justo e imparcial. Os que cultivam essa atitude jamais julgam de antemão uma ideia. Tampouco aceitam como válida a opinião alheia destituída de fundamento. Eles conservam a mente aberta e baseiam suas conclusões em provas objetivas. Buscam acima de tudo constatar conclusões por meio da própria experiência.

'Essa é a abordagem correta da verdade.'"

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 189)
www.editorapensamento.com.br


terça-feira, 9 de janeiro de 2018

REVENDO VALORES PARA TRANSFORMAR A TERRA (2ª PARTE)

"(...) Nem sempre o que é real é visível aos nossos olhos. Tome-se o exemplo de uma garrafa contendo apenas ar atmosférico. À primeira vista, se perguntarmos a alguém o que ela contém, receberemos em resposta que não tem nada, que está vazia. Contudo, sabemos que o ar é matéria e podemos alterar seu estado físico, tornando-o líquido ou sólido. Além disso, sabemos que ele reage com outras substâncias. O que aparentemente era o nada se solidificou ou se liquefez. Da mesma forma, nem tudo o que vemos é real.

Dessa maneira, geralmente priorizamos e valorizamos as coisas materiais, os bens terrenos, esquecendo-nos da realidade primeira que é Deus.

É lamentável constatar igualmente, que o interesse pessoal se sobrepõe ao coletivo, quer no sentido político, social ou humano. A todo momento, nos deparamos com o SER sendo relegado pelo TER, e para que isso aconteca, constantemente vemos ficar esquecida a Verdade, a Honra, a Justiça e o Amor. 

Eis a razão de tanto sofrimento e de tanta dor permeando a sociedade humana. Ser resgatados esses princípios, certamente não veríamos inúmeros atos de desamor e injustiça sendo praticados, provocando tanta angústia e tanta dor. 

O que se precisa, na realidade, é resgatar a prática do bem em nome do verdadeiro amor, sem visar compensação. Somente assim se alcançará a plenitude da paz espiritual, que é o próprio Céu. É necessário que saibamos que o Céu não é um lugar que se conquista com a prática do bem, a título de recompensa. O Céu é um estado de ser, é um estado de Paz, de Harmonia, de Tranquilidade e de extrema Felicidade, onde reina, como já dissemos, A Verdade, a Justiça e o Amor. (...)" 

(Valdir Peixoto - Conheça-te a ti Mesmo - Ed. Teosófica, Brasília, 2009 - p. 72/74)