OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


sexta-feira, 11 de agosto de 2017

RESISTÊNCIA À MUDANÇA (2ª PARTE)

"(...) O conceito de impermanência desempenha um papel crucial no pensamento budista, e a contemplação da impermanência é uma prática essencial. A contemplação da impermanência atende a duas funções de vital importância dentro do caminho budista. Num nível convencional, ou num sentido corriqueiro, quem pratica o budismo contempla sua própria impermanência - o fato de que a vida é frágil e de que nunca sabemos quando iremos morrer. Quando se associa essa reflexão a uma crença na raridade da existência humana e na possibilidade de se alcançar um estado de Liberação espiritual, de se estar livre do sofrimento e dos intermináveis ciclos de reencarnação, essa contemplação serve para aumentar a determinação do praticante para usar seu tempo com maior proveito, dedicando-se às práticas espirituais que propiciarão essa Liberação. Num nível mais profundo, o da contemplação dos aspectos mais sutis da impermanência, da natureza impermanente de todos os fenômenos, tem início a busca do praticante pela compreensão, pela dissipação da ignorância, que é a origem primordial do nosso sofrimento.

Portanto, embora a contemplação da impermanência tenha um enorme significado dentro de um contexto budista, surge a pergunta: será que a contemplação e compreensão da impermanência têm alguma aplicação prática no dia a dia também dos não budistas? Se encararmos o conceito de 'impermanência' a partir do ponto de vista da 'mudança', a resposta é um absoluto 'sim'. Afinal de contas, quer encaremos a vida de uma perspectiva budista, quer de uma perspectiva ocidental, permanece o fato de que a vida é transformação. E na medida em que nos recusemos a aceitar esse fato e ofereçamos resistência às naturais mudanças da vida, continuaremos a perpetuar nosso próprio sofrimento.

A aceitação da mudança pode ser importante fator na redução de uma boa proporção do sofrimento que criamos para nós mesmos. É muito frequente, por exemplo, que causemos nosso próprio sofrimento, recusando-nos a nos desapegar do passado. Se definirmos nossa própria imagem em termos da aparência que tínhamos no passado ou em termos do que costumávamos conseguir fazer e não conseguimos agora, é bastante seguro supor que não vamos ficar mais felizes quando envelhecermos. Às vezes, quanto mais tentamos nos agarrar ao passado, mais grotesca e deformada torna-se nossa vida. 

Embora a aceitação da inevitabilidade da mudança, como princípio geral, possa nos ajudar a lidar com muitos problemas, assumir um papel ativo, por meio do aprendizado específico sobre as mudanças normais na vida, pode prevenir uma proporção ainda maior da ansiedade rotineira que é a causa de muitos dos nossos problemas. (...)"

(Sua Santidade, O Dalai Lama e Howard C. Cutler - A Arte da Felicidade - Livraria Martins Fontes Editora Ltda., São Paulo, 2000 - p. 185/186)


quinta-feira, 10 de agosto de 2017

A RESISTÊNCIA À MUDANÇA (1ª PARTE)

"A culpa surge quando nos convencemos de termos cometido um erro irreparável. A tortura da culpa consiste em pensar que qualquer problema seja permanente. Entretanto, como não existe nada que não mude, também a dor cede - não há problema que persista. Esse é o aspecto positivo da mudança. O negativo é que nós oferecemos resistência à mudança em quase todos os campos da vida. O primeiro passo para nos livrarmos do sofrimento é investigar uma das causas principais: a resistência à mudança.

É de extrema importância investigar as causas e origens do sofrimento, como ele surge - explicou o Dalai-Lama, ao descrever a natureza sempre mutante da vida. É preciso iniciar o processo avaliando a natureza impermanente e transitória da nossa existência. Todos os objetos, acontecimentos e fenômenos são dinâmicos, mudam a cada instante; nada permanece estático. Meditar sobre a nossa circulação sanguínea poderia ajudar a firmar essa ideia: o sangue está em fluxo constante, em movimento; nunca fica parado. Essa natureza de mudanças momentâneas dos fenômenos é como um mecanismo inerente a eles. E, como faz parte da natureza de todos os fenômenos a mudança a cada momento, isso nos indica que a todas as coisas falta a capacidade de perdurar, falta a capacidade de permanecer. E, já que todas as coisas estão sujeitas à mudança, nada existe numa condição permanente, nada consegue manter-se igual por sua própria força independente. Desse modo, todas as coisas estão sob a influência de outros fatores. Ou seja, a qualquer momento, por mais prazerosa ou agradável que possa ser nossa experiência, ela cessará. Isso passa a ser a origem de uma categoria de sofrimento conhecida no 'budismo' como o 'sofrimento da mudança' (...)"

(Sua Santidade, O Dalai Lama e Howard C. Cutler - A Arte da Felicidade - Livraria Martins Fontes Editora Ltda., São Paulo, 2000 - p. 184/185)
www.martinsfontes.com


quarta-feira, 9 de agosto de 2017

ALEGRIA INCOMPARÁVEL

"A lógica das abstinências é a mesma. A não possessividade requer não indulgência, que surge de não roubar, que surge da não falsidade, que só pode existir com a não violência. As observâncias e abstinências estão inter-relacionadas, e relacionam-se também com todo o sistema de compreensão da mente de Patañjali. A disciplina é apenas um foco em um contexto amplo; nela 'não devem interferir fatores biológicos, físicos nem sociais' (sutra 31). Os resultados da disciplina terão a medida do nosso esforço, e devemos ficar atentos a desculpas como cansaço, falta de tempo, etc. Patañjali promete a recompensa para os que se esforçam:

  • 36. 'Para aquele que está estabelecido em satya, ou não falsidade, a própria ação é a recompensa.'
  • 37. 'Quando estamos estabelecidos em asteya, ou não roubar, sentimos como se tivéssemos toda a riqueza do mundo.'
  • 38. 'Quando estamos estabelecidos em brahmacarya, ou não indulgência, somos dotados de inexaurível energia.'
  • 39. 'Quando estamos estabelecidos em aparigraha, ou não possessividade, começamos a compreender o significado da existência.'
  • 42. 'Quando estamos estabelecidos em santosa, ou autossuficiência, surge uma alegria incomparável.'"

(Cristina Szynwelski - O yoga e a moral espiritual - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 33)


terça-feira, 8 de agosto de 2017

DISCIPLINA ESPIRITUAL

"'Pureza, contentamento, simplicidade, autoestudo e aspiração são as regras da observância' (sutra 32). A disciplina espiritual requer energia e um corpo saudável, mas o foco principal é a mente. Uma mente pura é livre de memórias, preocupações com o futuro e qualquer conteúdo não necessário à situação presente.

A disciplina mental é a vigilância necessária para manter a mente 'fresca' e serena, além, é claro, da meditação, que Patañjali indica em outros sutras. O sutra 40 lembra que a pureza requer um retiro, de tempos em tempos, para 'esvaziar a cabeça'.

Aceitação e contentamento não significam passividade nem resignação, mas ver as coisas como elas são e agir objetivamente. Passividade e resignação são associadas ao ressentimento, que prejudica a percepção e impede que se chegue a uma solução correta de problemas.

A simplicidade, ou austeridade, é o desapego ao supérfluo, não apenas em relação aos bens materiais, mas também à própria personalidade. Ser simples, nesse sentido, é ter a mente livre de complicações desnecessárias.

O autoestudo é a observação de nós mesmos, de forma honesta, sem máscaras ou justificativas que nos impeçam de ver nossas próprias motivações. A aspiração é a direção correta, que no yoga significa a união com Deus, a autorrealização, a iluminação.

As observâncias, assim como as abstinências, não são práticas isoladas. Só podemos saber se estamos na direção correta se nos observarmos. Só podemos nos observar corretamente se a nossa mente for simples. A mente só pode ser simples se há contentamento, isto é, se as coisas são vistas como são. Para ver as coisas como são é preciso que a mente seja pura, que não esteja sobrecarregada."

(Cristina Szynwelski - O yoga e a moral espiritual - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 33)


segunda-feira, 7 de agosto de 2017

ABSTINÊNCIA E COMPREENSÃO

"As abstinências devem ser praticadas por meio da percepção e compreensão da nossa conduta e das nossas motivações. A não falsidade representa, além da eliminação de toda espécie de dissimulação, a capacidade de ver as coisas como elas são, e não como nós as projetamos. Mehta afirma que as projeções surgem de um passado mal resolvido; as frustrações das experiências passadas se projetam em situações novas e nos impedem de viver livremente cada momento da vida.

Não roubar abrange todas as formas de imitação, ainda que sutis. Quando estamos insatisfeitos com o que temos ou somos, passamos a desejar ou a imitar a condição de outras pessoas. Esse comportamento vem do sentimento de estarmos psicologicamente incompletos. Quando não desejamos ter o que não é nosso ou ser o que não somos, experimentamos um estado de preenchimento psicológico, de satisfação pela vida.

A não indulgência representa o abandono da busca de prazer. Isso não significa negar o prazer, mas parar de correr atrás dele. O prazer do paladar, por exemplo, não é nenhum mal em si; entretanto, ficar o tempo inteiro pensando em comida é ruim, pois gera uma distorção na mente que a impede de viver o momento presente. A não indulgência é viver o prazer quando ele acontece, e depois esquecê-lo.

A não possessividade é o desapego de todos os tipos de objetos. Isso não significa ser um mendigo, mas possuir as coisas sabendo que elas são transitórias e amanhã podem não estar mais conosco. Por objetos entendemos não apenas os bens materiais, mas todas as nossas condições de vida, que podem mudar a qualquer momento. Viver em função de memórias de fatos passados também é uma espécie de apego; é ficar preso a um conteúdo da mente."

(Cristina Szynwelski - O yoga e a moral espiritual - Revista Sophia, Ano 2, nº 6 - p. 32)