OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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terça-feira, 13 de junho de 2017

UM PODER SUSTENTADOR (PARTE FINAL)

"(...) Há uma passagem no Bhagavad Gita que pode, a princípio, parecer um tanto insensível, contudo fala da força dentro de nós e não nega a verdadeira compaixão: 'A morte é certa para todas as coisas que nascem, e o renascimento é certo para todos os que morrem; daí não ser conveniente afligir-se a respeito do inevitável.'

Uma sabedoria tão iluminada como a contida nessas palavras jamais teria sido dada numa escritura que tem guiado as vidas de milhões de pessoas através dos séculos, a não ser que contivesse uma filosofia que pudesse ser compreendida e aplicada. Como seres humanos, conquistamos o direito, devido ao nosso potencial mental e espiritual, de lidar com a missão, por mais difícil que possa ser, de nos tornarmos cada vez mais universais e impessoais em perspectiva e compreensão.

A vida não é uma estrada fácil, e a morte, que chega para toda a humanidade, é uma das muitas experiências de despertar através das quais provamos nosso vigor e penetramos em nós mesmos. Dentro de cada um está um poder sustentador que nos transporta através de qualquer provação. Não podemos nos permitir viver no passado; devemos nos mover para a frente com confiança e esperança, sabendo que, quando uma porta se fecha, outra se abre."

(Ingrid van Mater - A morte e o despertar - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 25)

sábado, 3 de junho de 2017

O MALTRATO DOS ASPIRANTES (1ª PARTE)

"Um dos piores erros em que o ocultista pode incorrer é frustrar o cumprimento da aspiração de alguém recentemente desperto para a vida espiritual.

Um exemplo extremo seria zombar de suas tentativas de vivenciar a mais alta moralidade, ridicularizar seus ideais e a ele por segui-los, distrair deliberadamente a sua atenção e seduzi-lo propositadamente para afastá-lo de sua meta, e de qualquer maneira impedir ou dificultar o seu engajamento na vida oculta. Isto não só é extremamente danoso para a vítima, mas é a causa do carma mais adverso para a pessoa que comete este erro.

Uma das fases mais críticas e maravilhosas da vida da Mônada é o período prolongado durante o qual a personalidade gradativamente se volta para a vida espiritual. Este é o período em que a influência da Mônada através do Ego pode direcionar sucessivas personalidades para a Senda, ou ser impedida de fazê-lo por pessoas ignorantes, invejosas ou voltadas somente para a materialidade.

Alguns que já fizeram um certo grau de progresso, consciente ou inconscientemente, temem com inveja que os neófitos possam ultrapassá-los, e assim colocam obstáculos em seu caminho. O ocultista sábio faz exatamente o oposto. Ele percebe a grande importância para a Mônada-Ego e para a humanidade de cada novo aspirante desperto. Assim sendo, ele ajuda de todas as maneiras ao seu alcance, orientando, alertando, mostrando amizade e protegendo, especialmente durante as dificuldades iniciais quando a mudança está sendo efetuada. Na verdade, esta é uma parte muito importante da vida do ocultista, ajudar os outros a encontrar e a trilhar a Senda. Ainda que não tenham esta motivação, estes ajudantes geram um carma muito auspicioso durante sua própria ascensão na suprema realização espiritual através da ioga. (...)"

(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 157/158


sábado, 1 de abril de 2017

COMPREENDER, COMPARTILHAR E AMAR (PARTE FINAL)

"(...) Uma mente sossegada e calma pode nos tornar mais sensíveis, já que não somos perturbados pelos pensamentos. Então pode haver compreensão, compartilhamento e amor. Profundamente dentro de nós estão as raízes do amor e da compreensão. Não é tão fácil despertá-las. Precisamos experienciar profundamente, estar abertos e ser sensíveis, para dar preferência à outra pessoa. Isso não é fácil, já que esperamos tanto dos outros.

Amor é sabedoria, e sabedoria é amor. Mas a sabedoria e a compaixão verdadeiras não são possíveis a não ser que compreendamos toda a situação, os problemas, o sofrimento da pessoa e assim por diante. Só podemos amar quando esquecemos de nós mesmos e nos situamos além do eu.

'A caridade não busca a si própria', disse o apóstolo Paulo. Amor e compaixão são sentimentos ativos, não passivos. Amor e compaixão significam assumir e suportar o sofrimento dos outros, ajudando a suportar suas dores. Frequentemente buscamos o que é vantajoso para nós, o que pensamos poder nos trazer felicidade. Enquanto estivermos procurando vantagem pessoal, não encontraremos o amor. Agarrar-nos ao eu não nos permite experienciar o amor.

O eu deve morrer para o passado e viver no presente para que nossos corações se encham de amor. Existe amor quando não existe necessidade, quando não buscamos satisfação. Só a mente que está livre do passado, dos preconceitos e dos desejos consegue amar - compreender e compartilhar a vida com os outros. Sem amor e compaixão não conseguimos realizar plenamente nossos deveres mais importantes - não conseguimos ser uma pessoa completa."

(Pertti Spets - Compreender, compartilhar e amar - Revista Sophia, Ano 8, nº 29 - p. 19)
www.revistasophia.com.br


domingo, 1 de janeiro de 2017

UM REVIGORADO COMEÇO PARA O ANO NOVO

"Começamos o Ano Novo com a consciência renovada. Que nos empenhemos, todos os dias, em trocar tendências e hábitos negativos por bons hábitos e boas ações. Que todos possamos perceber a alegria de ocasiões como esta Convenção e receber um alento tão grande deste tipo de experiência que a escuridão da ignorância seja para sempre dispersada pelo farol desta alegria. Abençoado sou por contemplá-Lo nesta ocasião, e por contemplar a inspiração Dele em todos vocês. Sou infinitamente abençoado por tê-Lo ouvido falar através dos lábios dessas almas divinas.

Foi Deus quem me falou de Sua apreciação. Vocês todos são deuses, só precisam se dar conta disto. Por trás da onda da consciência está o mar da presença de Deus. Olhem para dentro. Não se concentrem na pequena onda do corpo, com suas fraquezas; olhem para além disso. Fechem os olhos e verão a vasta onipresença diante de vocês, em todos os lados. Vocês estão no centro desta esfera, e quando elevam a consciência acima do corpo e das experiências físicas, encontram a esfera preenchida com a grande alegria e bem-aventurança que ilumina as estrelas e dá vida aos ventos e às tempestades. Deus é a fonte de todas as nossas alegrias e de todas as manifestações da natureza. (...)

Desperte da sombra da ignorância. Você fechou os olhos no sono da ilusão. Desperte! Abra os olhos e contemple a glória de Deus - a vasta paisagem de luz de Deus que se derrama por todas as coisas. Eu lhe digo para ser um realista divino, pois em Deus você encontra a respostas a todas as perguntas. A meditação é o único caminho. Crenças ou leituras de livros não podem lhe dar a realização. Só meditando da maneira correta é que poderá ter essa grande alegria e realização. Se seguir por este caminho, saberá que Deus não Se comove com elogios nem orações mecânicas, mas pode Se comover pela lei, pela devoção e pelo amor de seu coração. Junto com a prática das técnicas de meditação, entregue-se a Deus. Resgate seu divino direito de nascimento. A oração constante, a determinação incansável e o desejo incessante por Deus farão com que Ele quebre Seu extraordinário voto de silêncio e responda a você. Acima de tudo, no templo do silêncio Ele oferecerá o presente de Si mesmo, que poderá ser levado para além dos portais da sepultura."

(Paramahansa Yogananda - o Romance com Deus - Self-Realization Fellowship - p. 411/412)


terça-feira, 6 de dezembro de 2016

A GRADUAL MUDANÇA NA ATITUDE (1ª PARTE)

"Fica assim claro que meditar é aproximar-se do Supremo que está no interior, e, devido a essa incursão o mundo interno cresce, fica mais vívido e real, enquanto o externo perde muito de sua influência e realidade. Isso fica bem evidente nos estágios mais avançados da meditação. 

Diz A Voz do Silêncio: 'Porque quando para si mesmo a sua própria forma parece irreal, como o parecem, ao acordar todas as formas vistas em sonhos. Quando deixar de ouvir os muitos, poderá perceber o uno - o som interior que mata o exterior'¹⁸. 

Santa Teresa d'Avila descreve um fenômeno similar: 'Olho para baixo, para o mundo, como se fora de uma grande altura e muito pouco me importa o que dizem ou sabem a meu respeito. Nosso Senhor tornou minha vida agora uma espécie de sonho, pois quase sempre o que vejo parece-me como um sonho, nem tenho grande sensação de prazer ou de dor'. 

Este é o começo da ida 'do irreal para o Real'. Nosso corpo nos parece real, nossas emoções nos parecem reais, nosso pensamento nos parece importante, porque ainda não percebemos a Divindade interior. O sábio Shankaracharia diz que assim como os sonhos parecem verdadeiros enquanto a pessoa não desperta, assim é a identificação de alguém com o corpo, etc. e a autenticidade das percepções sensoriais e de tudo mais pertencente ao estado de vigília continua, enquanto não houver o 'Autoconhecimento'. (...)"

¹⁸ Editora Teosófica, Brasília, 2012, pp. 89-90. (N.E.)

(Clara Codd - A Técnica da Vida Espiritual - Ed. Teosófica, Brasília, 2013 - p. 69/70)
www.editorateosofica.com.br


quinta-feira, 17 de novembro de 2016

CONCEITO DE OPOSTOS (1ª PARTE)

"O Budismo e o Taoísmo também sustentam a supremacia do Caminho do Meio. Entendem que o mundo de aparências é impermanente. A Realidade Última consiste na interação cíclica da mudança entre os dois opostos de bem e mal, prazer e dor, certo e errado. Aplicam o conceito dos opostos (Yang e Ying) e macho e fêmea, céu e terra, e a todas as coisas concretas, assim como às ideias abstratas. Acreditam que os opostos estão dinamicamente entrelaçados no fluxo cósmico, que os combina na harmoniosa unidade da criação. Assim, a vida ideal é a mistura harmoniosa dos dois opostos. A realização dessa verdade última da criação é a meta final.

De acordo com Chuang Tzu: 'Os homens plenamente realizados, por suas ações, tornam-se reis, e por sua tranquilidade, sábios'.

Como a vida humana é um microcosmo, o fluxo de suas ações deve fundir-se com o fluxo cósmico e mover-se rumo ao ritmo do macrocosmo. Desse modo, a melhor ação harmoniza os opostos extremos e age em equilíbrio. De acordo com Lao-Tzé, o sábio evita o excesso, a extravagância e a indulgência. Quando um homem vive segundo esse padrão, os assim chamados opostos tornam-se complementares.

A Quarta Nobre Verdade do Budismo trata do fim do sofrimento e inclui a Oitava Senda do autodesenvolvimento, que leva ao Budado. As duas primeiras sendas são a Visão Correta e o Conhecimento Correto, que levam a uma mente iluminada. Ver não é a mesma coisa que olhar para as aparências externas; de modo semelhante, conhecer é diferente de simplesmente acumular informação ou coletar dados, pois consiste na compreensão e realização da verdadeira natureza das coisas. E assim a mente é despertada, e, quando aprecia a natureza última da Criação, age em conformidade com a verdade cósmica. (...)"

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 23/24)

segunda-feira, 3 de outubro de 2016

O INDIVÍDUO E A SOCIEDADE (PARTE FINAL)

"(...) Como descobrir a verdade, a este respeito? Agiremos partindo deste ponto. Para se achar a verdade relativa à questão, é preciso estarmos livres de tudo quanto é propaganda, o que significa estarmos habilitados a estudar o problema independentemente da opinião. A tarefa da educação se cifra, toda ela, no despertar o indivíduo. Para perceberdes tal verdade, precisais estar perfeitamente lúcidos, isto é, não deveis depender de guia algum. Quando escolheis um guia, o fazeis porque estais em confusão, e portanto, vossos guias acham-se também confusos, como estamos vendo acontecer, no mundo. Consequentemente não podeis esperar orientação ou ajuda do vosso guia. 

A mente que deseja compreender um problema deve, não só compreendê-lo de maneira completa e integral, mas também ser capaz de segui-lo velozmente, visto que o problema nunca é estático. O problema é sempre novo, seja o suscitado pela penúria, seja psicológico, ou outro qualquer. Toda crise é sempre nova; por conseguinte, para compreendê-la, deve a mente ser nova, lúcida, e ser muito veloz no acompanhá-la. Creio que quase todos nós reconhecemos a urgência de uma revolução interior, pois só ela pode operar uma transformação radical do exterior, da sociedade. Este é o problema com que eu próprio e todas as pessoas seriamente intencionadas estamos ocupados. Como produzir uma transformação fundamental, básica, na sociedade — este é o nosso problema; e esta transformação do exterior não pode efetuar-se sem a revolução interior. Uma vez que a sociedade é sempre estática, toda ação, toda reforma que se efetue sem esta revolução interior se torna igualmente estática. Nessas condições, não há esperanças, a menos que haja esta constante revolução interior, porquanto, sem ela, a ação exterior se torna maquinal, torna-se um hábito. A ação resultante das relações entre vós e outrem, entre vós e mim, é a sociedade, e essa sociedade se tornará estática, não terá qualidade vivificante alguma, enquanto não se verificar esta constante revolução interior, uma transformação psicológica criadora. Uma vez que esta constante revolução interior não existe, a sociedade se está tornando sempre estática, cristalizada e, em consequência, tem que se desagregar constantemente." 

(Krishnamurti - A Primeira e Última Liberdade - Ed. Cultrix, São Paulo - p. 32/33)

segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O INDIVÍDUO SEMI-HUMANO

"A Lei do Karma traz-nos de volta ao nascimento num corpo físico - às vezes num corpo de homem, às vezes num de mulher - para ajudar a despertar a consciência e fazê-la crescer pouco a pouco. Nossa antenção foi chamada para esse fato por um feliz artigo escrito por um acadêmico da Universidade de Cambridge, que assinalou que existe todo um processo de evolução ocorrendo para içar situações variadas a um nível mais elevado. Assim, o inseto cresce até um nível mais elevado, e depois a um nível mais elevado ainda, até que surge o estágio humano e depois o super-humano, a respeito do qual muito pouco sabemos. Nesse processo de uma evolução em expansão, o homem não é ainda um ser humano pleno, mas apenas está a caminho. Ainda existe muito do animal na grande maioria das pessoas que chegaram até este estágio de possuir um corpo físico humano, mas que trazem muitos traços animais - algo mais próximos do verdadeiro ser humano e alguns ainda no nível animalesco. A maioria é uma mistura de ambos.

O ser humano médio de hoje em dia é essa mistura; a proporção varia de indivíduo para indivíduo, de modo que ninguém é exatamente como uma outra pessoa. Infelizmente, a maioria de nós não sabe que alguns desses traços que exibimos enquanto enfrentamos as circunstâncias do presente são realmente resíduos de encarnações prévias em vidas vividas no período pré-humano. Os grandes seres humanos, como o Senhor Buda, estão livres dos estorvos de vidas passadas. Eles são plenamente humanos, às vezes mais do que humanos.

Se pudéssemos compreender com maior clareza todo o processo - ou seja, o processo evolutivo - compreenderíamos melhor como alguém verdadeiramente cresce, e não apenas como a forma física se desenvolve. Se pudéssemos compreender isso, veríamos que a maioria dos seres humanos ainda não está em forma. Assim, a evolução é um tema importante que devemos entender tanto quanto possível, não apenas a condição física atual, mas também o papel que ela desempenha no despertar espiritual.

Aqueles que são descuidados para com as crianças, que estão muito voltados para si mesmos e negligenciam-nas, maltratam-nas, e mesmo as descartam por qualquer que seja a razão, demonstram imperfeição em seu próprio ser. Vai levar ainda muito tempo para que a pessoa nesse estágio torne-se plenamente humana. Se pudéssemos compreender melhor tudo isso, mais livres estaríamos das compulsões, crescendo mais em verdadeira felicidade e não apenas nos assim chamados prazeres de uma vida superficial."

(Radha Burnier - Meu karma sou eu mesmo - TheoSophia, Ano 104, Abril/Maio/Junho de 2015 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 11/12)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


quinta-feira, 1 de setembro de 2016

A VONTADE E O DESEJO

"A vontade é uma posse exclusiva do ser humano neste nosso plano de existência. Ela o distingue do animal, no qual só o desejo instintivo está desperto. 

O Desejo, no seu significado mais amplo, é a força criativa única do Universo. Neste sentido, não há diferença entre ele e a Vontade; mas nós, seres humanos, nunca conhecemos esta forma de Desejo enquanto somos apenas humanos. Portanto, a Vontade e o Desejo são considerados aqui como conceitos opostos. 

Assim, a Vontade é fruto do que é Divino, do Deus no ser humano; o Desejo é a  força  que movimenta a vida animal. 

A maior parte dos humanos vive no desejo e através do desejo, confundindo-o com a vontade. Mas aquele que quiser vencer deve separar a vontade do desejo, e fazer com que sua vontade predomine; porque o desejo é instável e muda o tempo todo, enquanto a vontade é firme e constante. 

Tanto a vontade como o desejo são absolutamente criadores, e formam o ser humano e também o ambiente ao seu redor.  Mas a vontade cria de modo inteligente, e o desejo cria de modo cego e inconsciente. O homem, portanto,  faz a si mesmo à imagem dos seus desejos,  a menos que ele crie a si mesmo segundo o modelo do que é Divino, através da sua vontade, que é um produto da luz. 

A tarefa do ser humano é dupla: despertar a vontade, para fortalecê-la pelo uso e pela vitória, torná-la capaz de governar com poder absoluto em seu corpo; e, ao mesmo tempo, purificar o desejo. 

O conhecimento e a vontade são os instrumentos para obter esta purificação." 

Helena P. Blavatsky

quarta-feira, 20 de julho de 2016

AGIR NÃO AGINDO

"Pela retidão se governa um país.
Pela prudência se conduz um exército.
Mas é pelo não agir
Que é regido o Universo.
Donde sei que assim é?
É evidente por si mesmo.
Quanto mais proibições existem,
Tanto mais o povo empobrece.
Destrói-se toda a ordem
Quanto mais os homens procuram
Os seus interesses pessoais.
Prepara-se a revolução,
Quando os homens só pensam em si mesmos.
Abundam ladrões e salteadores,
Quando o governo só confia
Em leis e decretos,
Para manter a ordem.
Pelo que diz o sábio:
Não intervenho!
E eis que por si mesma
Prospera a vida
Na sociedade.
Mantenho-me imparcial!
E por si mesmo o povo se endireita.
Não me meto em conchavos!
E por si mesma floresce a ordem.
Não nutro desejos pessoais!
E eis que por si mesmo tudo vai bem. 

EXPLICAÇÃO: Este capítulo é mais uma continuação da sabedoria do não agir a fim de ser agido; do não ser ego pensante e ego vivente a fim de ser cosmo pensado e cosmo vivido. A verdade paradoxal do Cristo, de Paulo de Tarso e de outros Mestres 'viver para morrer', 'perder para ganhar', 'renunciar para possuir', aparece sempre de novo como sendo a quintessência de toda a sabedoria da vida. Mas a compreensão desta verdade supõe no homem uma atitude de clarividência ou de ultravidência, que ninguém pode aprender de fora, mas só pode despertar de dentro de si mesmo."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 147/148)


quarta-feira, 13 de julho de 2016

IDOLATRIA

"'A Bíblia condena a idolatria', observou um visitante cristão, 'no entanto, li que em todo lar hindu há pelo menos um ídolo. De que modo podem os cristãos - e, quanto a isso, os judeus - deixar de condenar essa prática como algo pagão?'

Replicou o Mestre: 'Imagine que você vê uma garotinha brincando com uma boneca e cuidando dela como se ela fosse a sua filhinha. Você ralharia com ela dizendo que 'a boneca é só um objeto inanimado'? Brincar com bonecas pode até mesmo cumprir o objetivo prático de ajudar a criança a se preparar para a maternidade algum dia.

'As imagens, de modo semelhante, podem ajudar as pessoas a despertar e a concentrar a devoção delas. Os cristãos por acaso não conservam imagens nos seus altares - Jesus, por exemplo, na cruz?

'Uma vez mais, pense em todas as imagens que Deus nos deu na Natureza. Pelo fato de O amarmos, a beleza das árvores, das flores e do pôr do sol não nos lembra a Sua beleza infinita?

'A idolatria condenada na Bíblia é a prática característica do ego de valorizar mais a criação do que o Criador; de venerar o dinheiro, e não o tesouro divino que há no Eu superior; de venerar o amor humano e não o amor divino; de venerar os vícios, que são falsos, tais como a bebida e o sexo, e não rezar pelo 'vício' do êxtase divino.'"

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, A Essência da Autorrealização - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 48/49


sábado, 25 de junho de 2016

OS NOVE OBJETIVOS DA PRÁTICA DA IOGA

"Os verdadeiros objetivos da prática da ioga podem ser descritos e resumidos como se segue:

  1. Acelerar a evolução do iogue, incluindo a dos átomos e assim das células do seu cérebro.
  2. Aumentar a capacidade para o pensamento concentrado e prolongado das células do cérebro, tornando-as mais flexíveis e, portanto, mais responsivas ao Ego.
  3. Despertar e elevar a Kundalini ao cérebro, sempre de forma sábia e sob a orientação de um instrutor confiável. Quando isto ocorre, torna ainda mais sensíveis os órgãos que o compõe bem como suas células.
  4. Estimular os chakras do coração, da garganta e frontal a uma maior atividade, oferecendo desta forma canais adicionais pelos quais o Ego pode alcançar o cérebro. Consequentemente:
  5. Permitir a entrada, no cérebro e na coluna dorsal, de forças dos níveis mental inferior, mental superior, Búdico e Átmico. Estas influências, juntas com o prana, recebidas diretamente e por meio dos chakras, aceleram ainda mais a evolução das células do cérebro, tornando-as ainda mais responsivas ao Ego.
  6. Acelerar a atividade de certas partes do cérebro. Estas incluem a base do cérebro e o tálamo, o cerebelo, as glândulas pineal e pituitária e outras áreas de sensibilidade.
  7. Ativar o Brahmarandra ou Chakra coronário que, plenamente realizado, deifica o iogue e abre o caminho para as Iniciações pós-Adeptado.
  8. Transmutar em criatividade intelectual a força e o impulso sexual, controlando-os deste modo.
  9. Realizar a identidade do Eu Átmico com todos os outros Eus Átmicos e com o Logos do Sistema Solar. Este grande Ser é uma síntese de todos os Atmas, cada Mônada sendo como uma 'célula' em Seu corpo ou um fóton de Sua luz e energia solar. O coroamento desta última realização é ajudado e ocorre como resultado de todas as outras práticas ióguicas. o retiro é necessário nos estágios avançados porque o desenvolvimento alcançou níveis consideráveis e a sensibilidade foi aumentada enormemente. Para isto temos o ashram, a caverna e a cela."
(Geoffrey Hodson - A Suprema Realização através da Yoga - Ed. Teosófica, Brasília, 2001 - p. 31/32)


segunda-feira, 9 de maio de 2016

QUEM É DA VERDADE ESCUTA A MINHA VOZ (Jo 18:37)

"A inspirada estória, assim interpretada, serve para descrever não só os processos de evolução cósmica e as experiências dos indivíduos altamente desenvolvidos no estágio final de evolução para o adeptado. Ela descreve também a vida de cada ser humano, pois, como sugerido anteriormente, todos os homens experimentarão algum dia o despertar espiritual, interior, ou 'nascimento'. Há momentos na vida da maioria das pessoas em que elas se sentem insatisfeitas consigo mesmas, quando experimentam o que tem sido descrito como uma inexprimível nostalgia do infinito, um divino descontentamento. Essa experiência humana quase universal corresponde à natividade de Cristo. A maioria das pessoas tem seu batismo nas águas da tristeza, quando a aflição, dor e desespero podem subjugá-las, da mesma forma como as águas do Jordão cobriram Jesus. Se, como ele, as pessoas permanecem imperturbáveis, emergirão mais fortes, mais sábias e capacitadas a curar as dores alheias. As tentações no deserto, estados de consciência quando a espiritualidade parece muito distante, também assediam a humanidade. A natureza inferior induz o homem a abandonar o superior por motivos de ganho pessoal, prestígio e poder. Novamente, aqueles que vencem e usam corretamente seus poderes, como fez Nosso Senhor, provocarão uma renovação do impulso espiritual. Algumas vezes esse é tão forte que pode transformar o caráter e a vida das pessoas, da mesma forma como Nosso Senhor transfigurou-se no monte."

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 162)


quinta-feira, 18 de fevereiro de 2016

PRECONCEITOS DISFARÇADOS

"O mundo de hoje é cheio de preconceitos em nome do não preconceito. Senhoras de idade avançada são incentivadas a participar de concursos de beleza, da mesma forma e com o mesmo tipo de roupas usadas por adolescentes, em nome da valorização da terceira idade. Por trás disso existe um mito de que ser bonita é desfilar e se vestir como jovem. Isso é preconceito. Por que uma senhora de 70 anos precisa ser como uma jovem? Por que ela não pode ser valorizada de acordo com a idade que tem, com toda a sua maturidade, sabedoria e beleza, conforme os padrões da própria idade. 

Quebrar preconceitos é algo muito mais profundo do que usar biquíni fio dental e top less, ou queimar o sutiã na praça. Seria melhor dizer que é ter consciência, em cada uma de nossas atitudes, do sentido da nossa vida e de quais são os valores que elegemos para nós mesmos. Se eu tenho uma compreensão, por exemplo, de que o sentido da vida é o despertar da alma, é muito pouco relevante se uma pessoa está numa cadeira de rodas ou lê livros em braile, mas é muito relevante o seu desenvolvimento do discernimento e da percepção da realidade. E perceber a realidade envolve aceitar que o surdo não ouve, o cego não vê, e a beleza da moça de 15 anos e da mulher de 70 não são iguais. E nem por isso essas pessoas são menos dignas ou menos completas em sua humanidade.

Uma das virtudes a serem praticadas na senda do yoga é satya, ou não falsidade. A falsidade abrange tanto iludir os outros quanto iludir a si próprio. É muito fácil ver o estrago que causamos ao mentir para os outros, mas ver a autoilusão é algo muito mais sutil. Por exemplo, é bastante comum o sofrimento de algumas mulheres na hora de se vestir para um evento importante. Em primeiro lugar, não existe nada de errado em se vestir e querer se vestir bem. Mas sofrer é desnecessário. Por que sofrer por causa de roupas? Nesse caso existem várias mentiras envolvidas. A primeira é que a pessoa vale conforme a roupa que veste, a segundo é que a pessoa vele se a roupa está na moda, a terceira é que a pessoa deve ter o padrão de beleza que está na moda, a quarta é que todas as pessoas do evento prestarão atenção na roupa que ela está usando, a quinta é que se alguém falar mal da roupa que ela está usando, isso é muito importante, e ela deve sofrer e se sentir um lixo. 

Eu poderia citar outras, mas essas cinco primeiras mentiras já servem para destruir o que poderia ser a verdadeira alegria do evento. Essa mulher está sendo escrava e destrói a sua felicidade por acreditar nessas mentiras. O exemplo parece exagerado, mas não é; pense na quantidade de moças com anorexia, bulimia, rapazes viciados em anabolizantes, em busca de corpo perfeito, escravos da ilusão e que muitas vezes encontram a morte precoce. Eu penso que uma pessoa que anda em cadeira de rodas, não não tem esse tipo de limitação mental, é livre como um pássaro.

Platão falou, no mito da caverna, sobre pessoas acorrentadas e condenadas a viver vendo sombras na parede, projetadas por uma luz que vem de trás e que eles não podem ver, pois suas cabeças imóveis estão presas pelas correntes. A parábola diz respeito a nossa condição humana. Vale a pena estudar a alegoria platônica e refletir, toda vez que nos sentirmos limitados pelas circunstâncias, se isso não é algo pequeno em comparação com as correntes que prendem as nossas cabeças. Moral da história: Para as limitações físicas, os remédios físicos; para as limitações mentais, a chave do cativeiro."

(Cristiane Szynweiski - A chave do cativeiro - Revista Sophia, Ano 12, nº 47 - p. 22/23)


domingo, 7 de fevereiro de 2016

SILÊNCIO! QUIETO!

"A estória de acalmar a tempestade (Mc 4:36-41) é outro exemplo de uma alegoria inspirada. Numa interpretação humana e psicológica, o barco pode ser considerado como um símbolo do corpo humano, que transporta a alma, com seus vários atributos, sobre as águas da vida. Os discípulos são imaginados como personificações de qualidades e tendências humanas, tais como: a impulsividade de Pedro; a possível simplicidade de Tiago e João, filhos de Zebedeu, que eram pescadores; a capacidade de negócios de Mateus; e o profundo e sincero amor de João, o único discípulo que estava presente tanto na sala de julgamento como aos pés da cruz. Judas, que traiu seu mestre, está presente também em cada um de nós como a tendência de desprezar ou mesmo trair nossos princípios mais elevados para a obtenção de ganhos materiais. Felizmente, a presença divina também existe em cada um de nós, mesmo que adormecida por um tempo, tal como Nosso Senhor dormia quando a viagem começou. Uma grande tempestade surgiu, entretanto, e em grande ânsia os discípulos acordaram o Passageiro que dormia, o Senhor Cristo. Ele, com sua majestade e poder, acalmou com uma palavra a violenta tempestade.

Interpretando-se essa estória e aplicando-a às tempestades da vida humana (especialmente de emoção, como está indicado pelo localização do incidente, na água), quando assaltados pela tentação e impelidos pelo desejo ou anseio de erradicar um hábito indesejável, somos aconselhados a afastar nossos pensamentos da dificuldade, a concentrar-nos poderosamente na nossa natureza divina e, com a exclusão de qualquer outro pensamento, afirmar seu irresistível poder. Então, a escuridão do estado indesejável de mente desaparecerá na grande luz que brilha no Deus interno. Simbolicamente, o Cristo desperto acalmará a tempestade. 

Assim, em sua aplicação puramente humana, a estória mostra-nos que, quando estivermos ameaçados pelas tormentas da vida, pelos temporais da paixão, raiva e ódio, pelas ânsias do desejo sensual, que ameaçam o sucesso e mesmo a segurança de nossas vidas, despertaremos o divino poder adormecido dentro de nós e clamaremos por sua ajuda. Depois, exaltados e capacitados, estaremos aptos a dizer aos aspectos tempestuosos da natureza humana com a certeza de obediência: 'Silêncio! Quieto!'. A importância dos testes e pressões da vida está indicada também nessa maravilhosa estória; pois, se não tivesse ocorrido a tempestade na Galileia, o Cristo poderia não ter sido acordado. Assim, também, os conflitos e as tempestades de nossas vidas. Eles podem vir a ser os meios para o despertar de nossos poderes superiores mais elevados."

(Geoffrey Hodson - A Sabedoria Oculta na Bíblia Sagrada - Ed. Teosófica, Brasília, 2007 - p. 41)


sexta-feira, 1 de janeiro de 2016

MINHA ORAÇÃO PARA VOCÊS

"Minha oração para cada um de vocês, neste ano novo, é que possam alcançar seus mais elevados e nobres objetivos na senda espiritual. Vocês que buscam o amor divino, que o encontrem; vocês que procuram a compreensão, não a busquem nos relacionamentos humanos, mas Nele, que é a Fonte da Compreensão; vocês que procuram força, ou coragem, ou humanidade, possam ir até o único grande Professor que pode ajudá-los a conquistar essas qualidades, que pode despertar a divindade adormecida dentro de vocês, para que possam contemplar-se como autênticos filhos de Deus. Lembro-me de escutar a exortação de nosso abençoado Guru no ano novo: 'Despertem, não durmam mais! Despertem, não durmam mais! Despertem, não durmam mais!'

O caminho da paz, da alegria, da felicidade e do amor divino está em manter a consciência centrada em Deus, repousada em Deus. Concentre-se em uma ideia: Deus apenas. 'Tu és minha Estrela Polar; em Ti eu vivo, me movo, respiro e existo. Nada mais procuro, exceto Te amar e servir.' Faça dessa a sua oração constante no novo ano.

Concentre-se noite e dia em Deus, e embriague-se com o amor Dele. Só Ele é real. Em Seu amor está a sabedoria, a humildade, a alegria, a compaixão, a compreensão e a realização. Que cada um de nós possa buscar esse amor com mais seriedade.

Medite mais profundamente e faça um esforço para servir a Deus com maior disposição, com maior consciência e concentração. Não basta apenas servir; considerando isso um grande privilégio, sirva com entusiasmo, alegria e amor no coração. Cantando canções de devoção a Deus, levemos conosco essa jubilosa consciência durante todos os dias do ano novo, para que possamos encerrar o ano como começamos: pensando apenas Nele."

(Sri Daya Mata - Só o Amor - Self-Realization Fellowship - p. 95/96)

sexta-feira, 20 de novembro de 2015

O MEDO NÃO PODE ENTRAR EM UM CORAÇÃO TRANQUILO

"O medo é outra forma de estática que afeta seu rádio mental. Como os bons e os maus hábitos, o medo tanto pode ser construtivo quanto destrutivo. Por exemplo, quando uma esposa diz: 'Meu marido não vai gostar se eu sair esta noite, portanto, não irei', ela é motivada pelo temor afetuoso, que é construtivo. O temor afetuoso é o medo servil são diferentes. Refiro-me ao temor afetuoso, que torna prudente a pessoa que não quer ferir outra sem necessidade. O medo servil paralisa a vontade. Os membros de uma família deveriam cultivar apenas o temor afetuoso e jamais recear dizer a verdade uns aos outros. Realizar ações gentis, ou sacrificar seus próprios desejos por amor a outra pessoa é muito melhor do que fazê-lo por temor. E quando você se recusa a transgredir as leis divinas, deve fazê-lo por amor a Deus, não por medo do castigo.

O medo vem do coração. Se alguma vez você se sentir dominado pelo medo de alguma doença ou acidente, deve inspirar e expirar profunda, lenta e ritmicamente várias vezes, relaxando a cada expiração. Isso ajuda a normalizar a circulação. Se o coração estiver realmente calmo, você não sentirá medo nenhum.

A consciência da dor desperta a ansiedade no coração; por isso, o medo depende de alguma experiência prévia - talvez um dia você tenha caído e quebrado a perna, e daí aprendeu a temer a repetição dessa experiência. Ao permitir que semelhante apreensão o domine, a vontade e os nervos paralisam-se, e você pode realmente cair outra vez e quebrar a perna. Além disso, quando o coração fica paralisado de medo, sua vitalidade diminui, dando aos germes nocivos a oportunidade de invadir seu corpo."

(Paramahansa Yogananda - E Eterna Busca do Homem - Self-Realization Fellowship - p. 93/94)


quinta-feira, 13 de agosto de 2015

EXILADOS DE NÓS MESMOS

"(...) Assim como um copo d'água pode guardar em seu fundo, por decantação, partículas de sujeira, também nós temos nosso psiquismo carregado de toxinas emocionais e mentais. Carregamos um enorme peso psicológico de crenças, condicionamentos, autoimagens negativas, culpa, autocobranças que geram inquietação, egocentrismo e isolamento. Isso nos torna psicologicamente pesados, especialmente pelos nódulos emocionais que geram as defesas que formam nossa personalidade. Por defesa, nos tornamos egocentrados, em constante busca de nossos interesses. Apesar de ser considerado 'normal' em nossa sociedade, esse funcionamento é pleno de motivações egoístas que se tornam um impedimento intransponível para quem deseja tocar essas regiões vibratórias mais sutis.

Gerar a motivação correta, desprovida de egoísmo, é uma fase crucial do verdadeiro despertar espiritual. Equivale a colocar água tremendamente pura no copo, o que inevitavelmente levanta a sujeira depositada no fundo. Superar o peso psíquico das motivações egoístas é um trabalho alquímico que cabe ao próprio aprendiz. Descartar o que se tornou velho, como conceitos e crenças que não servem mais, buscas obsessivas que só nos prendem, hábitos perniciosos e a capacidade de gerar sofrimento são a desintoxicação necessária ao aprendiz. Ele deve aprender a desaprender. É necessário reconquistar a espontaneidade interior de uma criança tendo a experiência e maturidade de um ancião. Apenas a leveza da motivação inegoísta possibilita isso. O copo, então, estará cheio de água pura.

Se o desaprender é fundamental, há também o aprender fundamental: o de abrir-se para o novo, o desconhecido, e fazê-lo sem ser tomado de insegurança, confiando apenas no próprio discernimento e na natureza espiritual da realidade. Com a capacidade de olhar de forma nova para tudo, comprometida com a verdade e com a motivação de gerar felicidade para todos os seres, a qualidade amorosa, pacífica e sábia da espiritualidade vai ocupando irreversivelmente o lugar central que lhe está reservado em nossa vida e em nossa consciência." 

(Marco Aurélio Bilibio Carvalho - A descoberta da espiritualidade - Revista Sophia, Ano 9, nº 33 - p. 9)


sábado, 8 de agosto de 2015

O DIVINO ESTÁ DENTRO DE NÓS

"Conta uma antiga história que no topo de uma montanha havia um belo mosteiro, onde o abade e os monges estavam muito preocupados. Os velhos monges estavam ficando cada vez mais velhos e morrendo. Não havia noviços atraídos pela vida contemplativa. O mosteiro poderia se extinguir e cair em ruínas.

O abade decidiu consultar um sábio rabino que morava um pouco mais abaixo na montanha. Quando o rabino soube do problema, sorriu e disse: 'Não se preocupe. Tudo estará bem, porque o Messias está entre vocês. Sussurre esse segredo no ouvido de cada um de seus monges.'

O abade agradeceu o rabino, retornou ao mosteiro e fez o que foi aconselhado. Gradualmente, a relação entre os monges mudou. Cada um deles pensava: 'Quem será o Messias? Talvez seja o irmão Tiago, de quem eu não gosto, ou o irmão João, com quem fui grosseiro outro dia... Ou talvez eu seja o Messias, então tenho de me comportar melhor.' Desse modo, eles começaram a se ver sob uma nova luz e a se tratar com novo respeito e afeição. Uma atmosfera completamente nova passou a reinar, uma atmosfera de amor que resultou em paz e harmonia.

Como de costume, visitantes ocasionais apareciam: turistas, montanhistas, andarilhos, mochileiros, muitas pessoas jovens. Muitos notaram a maravilhosa atmosfera do lugar. Elas voltavam para casa e contavam a seus amigos; alguns deles se interessaram pela vida monástica e juntaram-se ao mosteiro.

Isso não é um conto de fadas, pois o Messias está realmente em cada um de nós. O ser mais recôndito de toda criatura viva é divino. O livro Aos Pés do Mestre [Ed. Teosófica] diz: 'Aprenda a distinguir o Deus em todos e em tudo, não importa o quão nocivo possa parecer na superfície. Você pode ajudar seu irmão através daquilo que tem em comum com ele, que é a vida divina. aprenda como despertar essa vida nele, aprenda a apelar a essa vida nele, e assim você o ajudará.'"

(Mary Anderson - O divino está dentro de nós - Revista Sophia, Ano 13, nº 56 - Ed. Teosófica, Brasília - p. 10/11)


terça-feira, 21 de julho de 2015

ACEITAÇÃO E ENTREGA (PARTE FINAL)

"(...) Há situações em que nenhuma resposta ou explicação satisfaz. Nesses momentos a Vida parece perder o sentido. Ou alguém em desespero pede sua ajuda e você não sabe o que dizer ou o que fazer.

Quando você aceita plenamente que não sabe, desiste de lutar para encontrar a resposta usando o pensamento de sua mente limitada. Ao desistir, você permite que uma inteligência maior atue através de você. Até o pensamento pode se beneficiar com isso, pois a inteligência maior flui para dentro dele e o inspira. Às vezes, entregar-se significa desistir de querer entender e sentir-se bem com o que você não sabe.

Você conhece pessoas cuja maior função na vida parece ser cultivar a própria infelicidade, fazer os outros infelizes e espalhar infelicidade? Perdoe essas pessoas, pois elas também fazem parte do despertar da humanidade. O papel delas é intensificar o pesadelo da consciência autocentrada, da recusa à aceitação e à entrega. Não há uma escolha deliberada na atitude delas. Essa atitude não é o que elas são.

Pode-se dizer que a entrega é a transição interior da resistência para a aceitação, do 'não' para o ' sim'. Quando você se entrega, a noção que tem de si mesmo muda. O 'eu' deixa de se identificar com uma reação ou um julgamento mental e passa a ser um espaço em torno da reação ou do julgamento. O 'eu' não se identifica mais com a forma - o pensamento ou a emoção - e você se reconhece como algo sem forma: o espaço da consciência.

Qualquer coisa que você aceite plenamente vai levá-lo à paz, o que inclui a aceitação daquilo que você não consegue aceitar, daquilo a que você está resistindo. Deixe que a Vida seja." 

(Eckhart Tolle - O Poder do Silêncio - Ed. Sextante, Rio de Janeiro, 2005 - p. 48/49