OBJETIVOS DO BLOGUE

Olá, bem-vindo ao blog "Chaves para a Sabedoria". A página objetiva compartilhar mensagens que venham a auxiliar o ser humano na sua caminhada espiritual. Os escritos contém informações que visam fornecer elementos para expandir o conhecimento individual, mostrando a visão de mestres e sábios, cada um com a sua verdade e experiência. Salientando que a busca pela verdade é feita mediante experiências próprias, servindo as publicações para reflexões e como norte e inspiração na busca da Bem-aventurança. O blog será atualizado com postagens de textos extraídos de obras sobre o tema proposto. Não defendemos nenhuma religião em especial, mas, sim, a religiosidade e a evolução do homem pela espiritualidade. A página é de todos, naveguem a vontade. Paz, luz, amor e sabedoria.

Osmar Lima de Amorim


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domingo, 11 de junho de 2017

A MORTE E O DESPERTAR (PARTE FINAL)

"(...) À luz do cenário maior de muitas vidas, cada vida é verdadeiramente apenas um ponto na eternidade, uma 'pequena vida' cercada ou temporariamente completada por um repouso e um interlúdio que são bem-vindos. Dependendo da qualidade de nosso pensamento e de nossa vida, esse sono mais longo, em seu derradeiro pós-morte, é cheio de sonhos maravilhosos que jamais foram realizados durante a vida aqui na Terra - uma realização de nossas aspirações mais elevadas.

Embora a alma humana esteja desfrutando seus sonhos de bem-aventurança, a parte mais elevada de nós, a divindade imortal, está livre para voar até seu lar estelar. Reconhecer esse elo entre sono e morte, e saber que nada completamente estranho ou assustador acontece quando morremos, é em si mesmo um alívio e um consolo tanto para aquele que está enfrentando a morte quanto para aqueles que são deixados para trás. Simplesmente compreendemos tudo que fomos e que esperávamos ser enquanto encarnados; compreendemos a essência do que somos.

É vital aprender o padrão subjacente à continuidade do espírito por trás do fluxo e refluxo da vida manifestada. Podemos nos ver como parte de um esquema divino de infinito desabrochar evolutivo, com horizontes cada vez mais amplos diante de nós. Um panorama assim oferece perspectiva à vida atual. Sabendo que nosso destino é feito por nós mesmos, vemos a justiça das circunstâncias nas quais nos encontramos, que foram criadas por nós no passado.

Nessa estrutura, podemos compreender que para cada um de nós existe o momento certo para nascer e o momento certo para morrer, e que isso está em consonância com as leis cíclicas da existência que transcendem o tempo e o espaço. Obviamente, se interferimos nessas leis, há problemas. Como é triste ver aumentar o número de suicídios entre os jovens de hoje, pois esse é um exemplo característico de que tirar a vida é um distúrbio da harmonia da natureza e do tempo interior. É uma agonia não apenas para aqueles que ficam, mas para aqueles que escolheram dar esse passo; em vez de trazer paz e repouso imediatos, a condição duvidosa e desesperada que levou a esse ato intensifica-se num sonho depois que o corpo se foi. Se eles ao menos pudessem saber a tempo como a vida é preciosa, e como as profundezas do desespero podem extrair de nós novas dimensões, novos insights, novas forças..."

(Ingrid van Mater - A morte e o despertar - Revista Sophia, Ano 10, nº 39 - p. 23/24)

sábado, 20 de maio de 2017

COMPARTILHE SUA FELICIDADES COM OS SEMELHANTES

"Seu desejo de ser feliz deve incluir a felicidade dos outros.

Quando servimos ao próximo, servimos a nós mesmos. Não pense: 'Ajudarei os outros', mas: 'Ajudarei meu próprio mundo porque de outra maneira não serei feliz'.

A lei da existência foi promulgada para nos ensinar a conviver harmoniosamente com a Natureza objetiva e com a nossa verdadeira natureza interior.

Se você tocar com os dedos uma chapa quente, eles se queimarão. A dor será uma advertência, que a Natureza ali colocou para protegê-lo de ferimentos no corpo.

Se tratar os outros sem bondade, assim será tratado tanto por eles quanto pela vida. Seu próprio coração, além disso, ficará murcho e ressequido. Desse modo a Natureza adverte os homens de que, pela maldade, eles rompem a harmonia com o Eu interior.

Conhecendo a lei e respeitando-a, as pessoas gozam de duradoura felicidade, boa saúde, e perfeita harmonia consigo mesmas e com a vida como um todo.

Há alguns anos eu tinha um belo instrumento musical, um esraj da Índia. Gostava de tocar nele música religiosa. Mas, um dia, um visitante deu mostras de apreciá-lo muito. Sem hesitar, dei-lhe o instrumento de presente. Tempos depois alguém me perguntou: 'Você não ficou nem um pouquinho triste?' 'Nem por um instante sequer!', respondi. Compartilhar com outros a própria felicidade é um modo de ser ainda mais feliz."

(Paramhansa Yogananda - A Sabedoria de Yogananda, Como ser feliz o tempo todo - Ed. Pensamento, São Paulo, 2012 - p. 71/72
www.editorapensamento.com.br

segunda-feira, 1 de maio de 2017

DEVERES E DIREITOS

"Que adianta extinguir grandes ódios,
Quando ficam ressentimentos?
Como remediar isto?
Cumpre teu dever e esquece teus direitos.
Quem se guia pela voz da consciência,
Só atende à voz do dever,
E não insiste em seus direito.
Os poderes eternos não têm favoritos,
Mas favorecem sempre os bons.

EXPLICAÇÃO: O direito é sinônimo de egoísmo - o dever é homônimo de amor. Enquanto o homem insiste nos seus direitos, tudo está torto; mas quando renuncia a seus direito, tudo se endireita.

No frontespício do Forum de Santa Maria, no Rio Grande do Sul, se acham quatro palavras em latim: SUMMUM IUS - SUMMA INIURIA, que quer dizer O sumo direito é a suma injustiça. São palavras de um código do Império Romano, que já reconheceu e proclamou que o direito é o contrário da justiça.

Nesse sentido disse o Evangelho 'Por Moisés foi dada a lei (o direito) - pelo Cristo veio a verdade, veio a graça (a justiça)'. 

A sociedade humana é regida pelo direito - mas a consciência obedece à justiça.

Por isto o sábio dá mais importância aos seus deveres do que aos seus direitos, obedece mais aos ditames do seu Eu divino do que à política do seu ego humano."

(Lao-Tse - Tao Te King, O Livro Que Revela Deus - Tradução e Notas de Huberto Rohden - Fundação Alvorada para o Livro Educacional, Terceira Edição Ilustrada - p. 193/194)


quarta-feira, 19 de abril de 2017

O PODER DO PENSAMENTO E SEU USO (PARTE FINAL)

"(...) Outro uso para esse poder seria a ajuda a alguma boa causa, enviando-lhe bons pensamentos, ou a ajuda a um amigo que está enfrentando dificuldades, enviando-lhe pensamentos de conforto, ou a ajuda a um amigo que busca a verdade, enviando-lhe pensamentos claros e definidos das verdades que o leitor conhece. Você pode enviar para a atmosfera mental pensamentos que elevarão, purificarão, inspirarão todos os que forem sensíveis a eles, pensamentos de proteção, para ser o anjo-da-guarda das pessoas que você ama. O pensamento correto é uma bênção contínua que cada qual pode irradiar, como uma fonte que espalha águas refrescantes.

Não devemos esquecer o reverso desse belo quadro. O pensamento errado é tão veloz para o mal quanto o pensamento certo o é para o bem. O pensamento pode ferir assim como pode curar; pode levar angústia como pode levar conforto. Maus pensamentos atirados à atmosfera mental envenenam as mentes receptivas; pensamentos de cólera e vingança dão força aos golpes mortais; pensamentos que prejudicam outros ferem a língua do maldizente, dão asas a farpas atiradas injustamente. A mente ocupada pelos maus pensamentos atua como um ímã para atrair pensamentos iguais da parte de outros, intensificando assim o mal original. Pensar no mal está a um passo de fazer o mal, e uma imaginação poluída favorece a realização de suas próprias criações maléficas. 'Tal como o homem pensa ele se torna' – é a Lei para os maus pensamentos, como para os bons. Além disso, acalentar um mau pensamento despe-o aos poucos da sua repulsividade e impele o pensador a realizar uma ação que o materializa.

Tal é a Lei do Pensamento, tal é o seu poder. 'Se sabes essas coisas, feliz serás se as seguires.'"

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)
fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


terça-feira, 18 de abril de 2017

O PODER DO PENSAMENTO E SEU USO (1ª PARTE)

"Uma das mais notáveis características dos dias atuais é o reconhecimento, em toda a parte, do Poder do pensamento, a crença de que o homem pode modelar o seu caráter, e, portanto, o seu destino, pelo exercício desse poder que faz dele um homem. Nesse ponto, as ideias modernas estão entrando na linha dos ensinamentos religiosos do passado. 'O homem é criado pelo pensamento' – é o que está escrito numa escritura hindu. 'O homem torna-se aquilo que ele pensa; portanto, pense no Eterno.' 'Tal como ele pensa em seu coração assim ele é', disse o sábio Rei de Israel, advertindo contra a associação com os homens maus. 'Tudo o que somos foi feito pelos nossos pensamentos', disse Buda. O pensamento é o pai da ação; nossa natureza se dispõe a materializar aquilo que é gerado pelo pensamento. A psicologia moderna diz que o corpo tende a seguir o pensamento, e liga a inclinação de algumas pessoas para se atirarem de uma altura ao fato de a imaginação deles retratar uma queda, e o corpo agir de acordo com esse quadro.

Havendo, então, uma apreciação do Poder do Pensamento, torna-se momentoso saber como usar esse poder da forma mais elevada possível e causando o maior efeito possível. A melhor forma de fazer isso está na prática da meditação, e um dos métodos mais simples – que tem, ainda, a vantagem de seu valor poder ser comprovado pessoalmente pela pessoa que o usa – é o seguinte:

Examinando o seu caráter, busque determinar algum de seus defeitos evidentes. Depois, pergunte a si próprio qual é a qualidade oposta a esse defeito, a virtude que seja a sua antítese. Digamos que o leitor sofre de irritabilidade; escolha a paciência. Então, regularmente, a cada manhã, antes de sair para o mundo, sente-se durante três ou cinco minutos e pense na paciência – no seu valor, na sua beleza, na sua prática sob provocação, observando um ponto por dia, e outro, e outro, pensando o mais firmemente que puder, chamando de volta a mente quando ela divagar, e pense em si próprio como sendo perfeitamente paciente, termine com um voto: 'Essa Paciência, que é o meu verdadeiro eu, sentirei e demonstrarei hoje.'

Durante alguns dias, provavelmente, não haverá mudança perceptível, e o leitor irá se sentir e se mostrar irritado. Continue com firmeza, a cada manhã. Bem depressa, cada vez que você disser alguma coisa irritadamente, o pensamento, sem ser solicitado, virá como um relâmpago à sua mente: 'Eu deveria ter tido paciência.' Continue assim. Logo o pensamento de paciência surgirá com o impulso para a irritação, e a manifestação exterior será contida. Continue assim. O impulso para a irritação irá ficando cada vez mais fraco, até que você perceba que a irritabilidade desapareceu e que a paciência se transformou na sua atitude normal diante das contrariedades.

Aí, temos um experimento que qualquer pessoa pode tentar, comprovando a Lei por si mesma. Uma vez comprovada, ela pode usá-la, e construir virtude após virtude, de maneira igual, até criar um caráter ideal pelo Poder do Pensamento. (...)"

(Annie Besant - O Enigma da Vida - Ed. Pensamento)
fonte: http://universalismoesoterico.blogspot.com.br/


sexta-feira, 24 de março de 2017

O BOM CORAÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) Como a lei do carma é inevitável e infalível, sempre que fazemos mal aos outros estamos diretamente fazendo mal a nós mesmos, e sempre que os fazemos felizes estamos trazendo futura felicidade para nós mesmos. Assim diz o Dalai Lama:
Se você tentar dominar seus impulsos egoístas - raiva e assim por diante - e desenvolver mais bondade e compaixão pelos outros, no fim você mesmo estará se beneficiando mais do que estaria de outra forma. Por isso às vezes digo que o egoísta sábio deveria praticar desse modo. Os egoístas tolos estão sempre pensando em si mesmos, e o resultado disso é negativo. Os egoístas sábios pensam nos demais, ajudam-nos o quanto podem, e o resultado é que também eles recebem benefícios.
A crença na reencarnação mostra-nos que há no universo uma espécie de justiça ou bondade suprema. É essa bondade que todos estamos querendo descobrir e libertar. Sempre que agimos positivamente, movemo-nos na direção dela; sempre que agimos negativamente, nós a obscurecemos e inibimos. E sempre que não podemos expressá-la em nossas vidas e ações sentimo-nos infelizes e frustrados. 

Assim, se tiver de tirar uma mensagem essencial do fato da reencarnação, seria esta: desenvolva esse bom coração que deseja ardentemente que os outros seres encontrem felicidade duradoura, e que age para assegurá-la. Nutra e pratique a bondade. Disse o Dalai Lama: 'Não há necessidade de templos; nenhuma necessidade de filosofias complicadas. Nosso próprio cérebro, nosso próprio coração é nosso templo; minha filosofia é a bondade'."

(Sogyal Rinpoche - O Livro Tibetano do Viver e do Morrer - Ed. Talento/Ed. Palas Athena, 1999 - p. 131/132)


domingo, 5 de março de 2017

OUVINDO A CANÇÃO DA VIDA

"Cientistas cuidadosos consideram a harmonia como parte da consumação última da vida em evolução. Dizem ser uma meta evolutiva. Para a mente mundana, individualidade e unicidade parecem ser opostas à harmonia social. Um dos grandes problemas da civilização é reconciliar a ordem necessária para uma sociedade pacífica com a liberdade necessária para a expressão e o desenvolvimento individuais. Quando a ênfase na ordem é demasiada, ela se torna opressiva; quando a liberdade torna-se importante demais, frequentemente termina em anarquia. É necessário equilíbrio. Esse equilíbrio é o que a natureza realiza por meio de suas leis, que infalivelmente recompõem quaisquer desequilíbrios.

Pelo fato da harmonia ser a ordem universal, nosso progresso interior, como seres morais e espirituais, depende de readquirirmos o senso de harmonia que perdemos. Os outros filhos da natureza não têm problemas como nós, pois são inteiramente parte do todo e livres do sentido de ego. Mas nós, seres humanso, alienamo-nos da natureza, nossa mãe, e dos seus outros filhos de muitas espécies. Portanto, viver em paz é um problema para os seres humanos. Harmonia, felicidade e paz caminham juntas. Prova disso é quando nos desentendemos com alguém; sempre nos sentimos infelizes, ou pelo menos constrangidos. Assim, para seguir além na estrada que leva à felicidade, devemos recuperar a harmonia. Como diz aquele belo texto em A Voz do Silêncio: 'Antes que alma possa ver, a harmonia interior deve ser atingida, e os olhos da carne devem tornar-se cegos à ilusão.'

As tradições religiosas estimulam as pessoas a se tornarem inocentes como crianças. A inocência existe quando a mente purga o sentido do ego e as imagens ilusórias. As crianças estendem os braços espontaneamente para outras crianças e para os animais, que também são inocentes como elas. Recebemos um grande dom, o dom da autopercepção. Ele não deve ser jogado fora, mas usado para purgar de nossa consciência todas as manifestações do ego e do pseudoconhecimento que arrasta a consciência para a separatividade e a absorção de diferenças.

A mente é a grande assassina do real, porque coleta as partes e perde o todo. Está tão presa em detalhes que não ouve a grande canção da vida. Aqueles que têm discórdia interior criam desavença exterior; aqueles que experienciam a harmonia vertem paz em toda parte.

A harmonia interior se expressa espontaneamente no viver inofensivo, na preocupação ecológica, no respeito e no senso de justiça com relação a todas as formas de vida, na ausência de exploração, na recusa em ceder à ganância, no viver simples e no sentimento profundo, evitando toda forma de desperdício e de luxo desnecessário. Obediência à lei da harmonia é a grande necessidade do mundo atual."

(Radha Burnier - A lei da harmonia universal - Revista Sophia - Ano 7. nº 28 - p. 13)


quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

KARMA INDIVIDUAL E KARMA COLETIVO (1ª PARTE)

"Karma Individual é o que cada um de nós colhe e se­meia para si próprio. (...) Agora vamos consi­derar o Karma em suas complexas interações; e aqui pode parecer que, em se tratando do Karma Coletivo (Social ou Supraindividual), estaremos tratando com o que pode parecer modificações, ou mesmo violações do rigor da Lei Kármica. Mas não é assim, como veremos.

O Karma Coletivo pode ser dividido em Seis Grupos Principais, como se segue:

1. O Karma Conjugal.
2. O Karma de Família.
3. O Karma Mútuo.
4. O Karma Nacional.
5. O Karma Racial.
6. O Karma Universal.

Está exposto em muitos escritos sagrados que nos­sos pensamentos e ações afetam outras pessoas em maior ou menor extensão. Nesse fato baseia-se a atividade do Karma Coletivo. Todos somos uma Unidade Espiritual, ou Fraternidade, negada como pode ser, e todos nada­mos no mesmo Oceano da Vida. Portanto, cada mau pen­samento polui, em pequena extensão que seja, esse ocea­no, e cada bom pensamento ajuda a purificá-lo. Em outras palavras, somos, em apreciável extensão, os guardas dos nossos irmãos. Não há separatividade na Realidade. A ilusão da separatividade em relação ao nosso próximo é a Grande Heresia e a raiz de todo o Mal. Precisamos compreender que cada bom pensamento que enviamos para ajudar outros deve ter seu efeito, da mesma forma pela qual cada mau pensamento é um poluidor. As cor­rentes de pensamentos movem-se de acordo com a força que está por trás deles. Pensamentos puros formam uma aura pura em torno da pessoa que os tem, e são pacíficos e serenos. Diz Éliphas Lévi: 'Muitas vezes ficamos estupefatos quando, em sociedade, somos dominados por pensamentos e sugestões voltados para o Mal, coisa que não teríamos julgado possível, e não nos apercebemos de que eles só vieram pela presença de algum vizinho mór­bido... almas doentes que têm o hálito mau, e viciam a atmosfera moral; mesclam reflexões impuras, por assim dizer, com a luz astral que nelas penetra, estabelecendo, assim, correntes deletérias.' Vendo o quanto afetamos uns aos outros, aprendemos a resguardar nossos pensa­mentos e atos e a viver considerando tanto a felicidade pública como a nossa própria. Lemos em Fo-Pen-Hing-Tsih-King, v. 43: 'Nosso dever é fazer alguma coisa, não só em nosso benefício, mas para o bem daqueles que nos vierem procurar.' E, em Luz no caminho: 'Recordem que o pecado e o opróbrio do mundo são o teu pecado e o teu opróbrio, porque tu és parte dele.' Recordai! Com que frequência esquecemos! Esquecemos as dores dos outros, dores que são nossas, para partilhar e ajudar a suportá-las. Esquecemos que não devemos condenar o Mal em outros, enquanto qualquer mal ainda estiver em nós. 'Que aquele que for sem pecado atire a primeira pedra' (Jesus). O Sr. Suzuki, em seu Esboço do budismo Mahâyâna, expõe o caso muito habilmente. Ele diz: 'To­dos os sofrimentos sociais não são obrigatoriamente pro­duzidos por um Karma passado, mas podem ser engen­drados pelas imperfeições do atual sistema social. A re­gião do Karma não está no mundo social e econômico, mas no mundo moral. A pobreza não é, fatalmente, a con­sequência de atos maus, nem a plenitude é consequência de atos bons. A recompensa do Bem é a bem-aventurança espiritual — contentamento, tranquilidade de espírito, humildade de coração, imutabilidade da fé — todos os tesouros celestiais... Os atos, bons ou maus, deixam efei­tos permanentes no sistema geral dos seres sensíveis, e não no próprio autor, mas em todos, constituindo a gran­de comunidade psíquica chamada Dharmadhâtu (univer­so espiritual), que sofre e goza os resultados de um ato moral. O universo é uma grande comunidade espiritual — a mais complicada, a mais sutil e mais sensitiva e a massa de átomos espirituais mais bem organizada, e transmite suas correntes de eletricidade moral de uma partícula para outra, com a máxima rapidez e segurança. Porque a comunidade, no fundo, é uma expressão do Dharma-kâya UNO (Deus).' (...)"

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Ed. Pensamento, São Paulo - p. 29/30

sábado, 7 de janeiro de 2017

O HOMEM NOS TRÊS MUNDOS (PARTE FINAL)

"(...) A lei é a seguinte: determinadas causas trazem determinados resultados. A lei é imutável, mas o jogo dos fenômenos está sempre mudando. A causa mais poderosa entre todas as causas é a vontade e a razão humanas, que, apesar disso, são omitidas, na maior parte das vezes, quando as pessoas falam em karma. Nós somos causas, porque somos a vontade divina, unos com Deus no nosso ser essencial, embora prejudicados pela ignorância e trabalhando através da matéria grosseira, que emperra a nossa ação, até que consigamos conquistá-la e espiritualizá-la. A imutabilidade do karma não é a imutabilidade dos efeitos, mas da lei, e é isso que nos torna livres. Seríamos escravos de verdade num mundo onde tudo acontece por acaso. Nossa liberdade e segurança dependem do conhecimento que temos desse mundo regido por leis. Na Idade Média, os alquimistas de forma alguma eram livres para chegar aos resultados que desejavam, mas tinham de aceitar os resultados como quer que viessem, imprevistos e, na maioria deles, indesejados, mesmo que isso representasse os seu mais sérios prejuízos. O resultado da experiência poderia ser um produto útil, ou reduzir o experimentador a fragmentos. Roger Bacon colocou em ação causas que lhe custaram um olho e um dedo, e, em certa ocasião, essas causas atiraram-no ao chão da sua cela, desacordado. Fora daquilo que conhecemos estamos sempre em perigo, e qualquer causa que ponhamos em ação pode nos desgraçar, porque, a maioria de nós, nos mundos mental e moral, somos Rogers Bacons. Dentro do nosso conhecimento podemos ter movimentos livres e seguros, tal como os bem treinados químicos modernos. Em todos os três mundos nos quais vivemos é igualmente verdade que, quanto mais sabemos, mais podemos prever e controlar. Visto que a lei é inviolável e imutável, o conhecimento é uma condição indispensável para a liberdade. Estudemos, então, o karma, e usemos o nosso conhecimento na orientação da nossa vida. São muitas as pessoas que dizem: 'Oh! Como eu gostaria de ser boa!', e não usam a lei criar as causas que têm como resultado a bondade. É como se um químico dissesse: 'Oh! Como eu desejo ter água!', e não fosse em busca das condições que produzissem essa água tão desejada.

Devemos recordar, novamente, que cada força atua em sua linha específica, e que quando certo número de forças se intrometem num ponto específico, a força resultante é a consequência de todas elas. Em nossos dias de escola, aprendemos como se constrói um paralelograma de forças e assim descobrimos a resultante de sua composição; o mesmo se dá com o karma, quando podemos entender o conflito de forças e sua composição para obter um único resultado. Ouvimos pessoas perguntando por que um homem bom fracassa nos negócios, enquanto um mau homem obtém sucesso. Não há, entretanto, uma conexão causal entre bondade e ganho de dinheiro. Bem, poderíamos dizer: 'Sou um homem muito bom, por que não posso voar pelos ares?' A bondade não é causa para o voo, nem para trazer dinheiro. Tennyson tocou numa grande lei, em seu poema: 'Salário', quando declarou que o salário da virtude não era o 'pó', nem o repouso, nem o prazer, mas a glória de uma imortalidade ativa. 'A virtude é a sua própria recompensa', no mais alto sentido dessas palavras. Se você for autêntico, sua recompensa está no fato de a sua natureza tornar-se mais verdadeira; isso acontece, sucessivamente, com cada virtude. Os resultados kármicos só podem ser da mesma natureza das suas causas. Eles não são arbitrários, como as recompensas humanas."

(Annie Besant - Os Mistérios do Karma e a sua Superação - Ed. Pensamento, São Paulo, 2009 - p. 46/48)

quinta-feira, 5 de janeiro de 2017

O HOMEM NOS TRÊS MUNDOS (1ª PARTE)

"O homem como sabemos, vive normalmente em três mundos: o físico, o emocional e o mental, e é colocado em contato com cada um desses mundos através de um corpo fornecido por esse tipo de matéria. E atua em cada um desses mundos por meio de um corpo apropriado. Portanto, ele cria resultados em cada um desses corpos, de acordo com as respectivas leis e poderes, e todos eles estão dentro dos limites da lei do karma que tudo abrange. Durante sua vida diária, quando acordado, o homem está criando 'karma', isto é, resultados, nesses três mundos, a que chega pela ação, pelo desejo e pelo pensamento. Quando seu corpo físico está adormecido, o homem está criando karma em dois mundos - o emocional e o mental - e a quantidade de karma então criado por ele depende do estágio de sua evolução.

Podemos nos restringir a esses três mundos, porque os que estão acima deles não são habitados conscientemente pelo homem comum; mas devemos, apesar disso, lembrarmo-nos de que somos como árvores, cujas raízes estão fixadas em mundos mais altos e cujos galhos espalham-se para os mundos inferiores em que vivem os nossos corpos mortais, e nos quais nosso discernimento está trabalhando.

As leis trabalham dentro de seus próprios mundos, e devem ser estudadas como se sua atuação fosse independente. Tal como cada ciência estuda as leis que funcionam dentro do seu departamento, mas não esquece o trabalho mais amplo de condições de maior alcance, o homem, que está trabalhando em três departamentos as leis são invioláveis, imutáveis, e cada uma delas produz seus efeitos totais, embora o resultado final da sua interação seja a força eficiente que permanece quando todo o equilíbrio de forças opositoras foi alcançado. Tudo quanto é verdade no que se refere às leis em geral é verdade para o karma, a grande lei. Estando presente a causa, os acontecimentos devem seguir-se. Retirando ou acrescentando causas, entretanto, eles podem modificar-se. (...)"

(Annie Besant - Os Mistérios do Karma e a sua Superação - Ed. Pensamento, São Paulo, 2009 - p. 43/44)


sexta-feira, 25 de novembro de 2016

AÇÃO SEM APEGO (PARTE FINAL)


"(...) Existe uma historinha sobre dois jardineiros. Ambos possuíam algumas macieiras. O primeiro queria que as árvores produzissem muitas maçãs. E assim ele as regava constantemente e colocava muito adubo. Mas as árvores não se tornavam mais fortes; elas se tornavam mais fracas. Ele não notava isso. Em sua ganância em ter muitas maçãs, ele lhes dava água e adubo em demasia.

Quando chegou a hora, as árvores produziram algumas maçãs, mas não tantas quanto o esperado - apenas dez cestos. Ele começou a pensar: 'Não há tantas maçãs, mas irei vendê-las a preços elevados'. E assim ele seguiu para o mercado. Lá encontrou o outro jardineiro que era um homem muito pacífico e humilde, que trouxera cinquenta cestos cheios de maçãs saudáveis e bonitas. Ele ficou surpreso e invejoso.

Ele perguntou ao outro: 'Estas maçãs são todas de seu jardim?'. 'Sim, são', respondeu o outro, com voz humilde e gentil. 'Mas como pode você ter tantas? O que você fez? Usou um método especial?'. Nenhum método especial, apenas cuidei das árvores por amor às próprias árvores e não por causa das maçãs', respondeu o outro jardineiro.

A sabedoria dessa história nos ensina que, se fizermos nosso trabalho com amor, os frutos virão naturalmente. Existe uma Lei divina operando por trás de todas as nossas ações e o verdadeiro praticante da Doutrina do Coração, que é a verdadeira Teosofia, não se preocupa com os resultados. Se trabalharmos de maneira altruísta para o próximo, quer seja para os minerais, vegetais, animais e seres humanos, tornamo-nos uma força benevolente na Natureza. (...)

Como disse o Mestre ao jovem Krishnamurti: 'Aquele que age sem apego esquece-se totalmente de si próprio e se torna uma caneta na mão de Deus'."

(Duzan Zagar - Ação sem apego - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2011 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 36/37)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


terça-feira, 15 de novembro de 2016

LIBERTAÇÃO ATRAVÉS DA AÇÃO (PARTE FINAL)

"(...) As pessoas voltam-se para o ócio sob a alegação de que nada existe para fazerem, porque todo o curso de eventos cósmicos está estabelecido e não pode ser influenciado por suas ações.

Mas a incompreensão jaz no fato de que, uma vez que as sutilezas dos princípios cósmicos não se aplicam às atividades comuns da vida humana, o homem é incapaz de seguir esse princípio de não ação até que seja elevado ao estado de realização cósmica. Tal paradoxo aparente é semelhante à situação na esfera da física. As Leis do Movimento de Newton muito contribuíram para o conforto material, mas não conseguiram explicar os mistérios fundamentais da natureza. Com um insight mais profundo e com a ajuda da Teoria da Relatividade de Einstein, as imperfeições da Leis de Newton foram reveladas. Mas, de qualquer maneira, as descobertas técnicas, baseadas nas leis, retèm sua utilidade. Isso acontece porque, enquanto a Teoria da relatividade é essencial para o estudo da ultraestrutura da matéria, para os propósitos mais grosseiros como as explicações técnicas, as inexatidões das Leis de Newton podem ser ignoradas. 

De modo semelhante, para as atividades comuns à vida diária, a lei de ação produzindo frutos é bastante útil; muitos vivem por meio dessa máxima, ganhando dinheiro, alcançando a fama, e exercendo o poder. A imperfeição da lei mal é notada quando aplicada às atividades mundanas, mas é bastante óbvia quando se tenta segui-la na busca de objetivos mais elevados e mais nobres. Aqui, o princípio da não ação deve entrar em cena; mas, para aplicar esse princípio, a pessoa deve levantar o véu da ignorância. Com a combinação de razão e experiência espiritual, a pessoa pode começar a apreciar esse propósito cósmico altruístico. 'Seja feita a Vossa vontade, Ó Senhor', torna-se a aspiração constante da pessoa. E assim Krishna ensina a Arjuna, 'Dedicando todas as ações a mim, com teus pensamentos no Eu Supremo, livre das ambições e do egoísmo, e curado da febre mental, empenha-te na luta'.

Em todo nosso esforço para conseguir fama, poder, riqueza, ou eminência intelectual, estamos buscando a bem-aventurança. Mas essa bem-aventurança é um fim em si mesma. Somente a bem-aventurança que surge da iluminação é que deve tornar-se a meta de nossa vida. Convencidos de que essa bem-aventurança pode ser atingida através da ação, a questão é: 'Qual é a melhor ação? - a do sábio, a do guerreiro, a do artista, ou a do erudito?'."

(Ajaya Upadyay - A senda do equilíbrio - TheoSophia - Outubro/Novembro/Dezembro de 2009 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 21/22)


sábado, 12 de novembro de 2016

O BEM E O MAL

"(...) Há tanto mal no mundo! Sim, mas é feito principalmente pelo homem. Diz o Mestre: 'O mal não existe per se e não é senão a ausência do bem. Ele existe somente para aquele que é transformado em sua vítima. O mal procede de duas causas - e assim como o bem, não é uma causa independente na natureza. A natureza é destituída de bondade ou maldade; ela segue somente leis imutáveis quando dá vida e alegria, ou envia sofrimento e morte, e destrói o que criou. A natureza tem um antídoto para cada veneno, e suas leis têm uma compensação para cada sofrimento... O verdadeiro mal procede da inteligência humana, e sua origem está inteiramente no homem pensante que se dissocia da natureza. Só a humanidade é então a verdadeira fonte do mal. O mal é o exagero do que é bom, produto do egoísmo e da ganância humanos. Pense profundamente e você verificará que, salvo a morte, que não é um mal, mas uma lei necessária, e acidentes que sempre encontrarão sua compensação numa vida futura, a origem de todo mal pequeno ou grande, está na ação humana, no homem cuja inteligência faz dele um agente livre na natureza.' (C.M.)

O homem, preso ao jogo de 'par dos opostos', foi dotado de livre-arbítrio e livre escolha, e deve aprender 'como escolher o bem e rejeitar o mal' e finalmente se erguer àquele Amor fundamental que ultrapassa tanto o chamado bem, quanto o mal. (...)

O Amor é o poder construtivo, o poder unificador do Universo. Seu oposto, o ódio, é destrutivo. Então, posto que o Universo continua em seu caminho belo, organizado, o Amor deve estar no coração dele e ser o seu propósito. O mal tem o seu propósito cósmico no esquema das coisas, e até mesmo a suprema corporificação do mal, os Irmãos da Sombra, o caminho da mão esquerda. Há uma admirável história nas escrituras hindus. Ela conta como a roda que agitou o oceano da existência foi movimentada tanto pelos anjos bons, os Devas, quanto pelas anjos maus, os Asuras. Um empurrou a roda numa direção, e o outro na direção oposta, mas ambos fizeram a roda girar.

O homem imortal, que na verdade somos nós, nunca pode ser destruído, e tudo que lhe acontece, mesmo trágico, desastroso, terrível, é para nossa futura bênção e aperfeiçoamento. Entretanto, estritamente falando, não existe algo como 'mau carma.' Todas as coisas trabalham juntas para um bom final. (...)'

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios, O Discipulado na Nova Era - Ed. Teosófica, Brasília, 1998 - p. 79/81)


quarta-feira, 12 de outubro de 2016

CORAGEM E VONTADE (2ª PARTE)

"(...) É costume falar-se de 'mau carma' quando ocorre um resultado desagradável ou penoso. Às vezes, perguntamos o que fizemos para merecer tal coisa, mas na verdade não há nem bom nem mau carma, no que diz respeito a este assunto, existe somente a lei inflexível que dirige os acontecimentos divinos. Uma das primeiras coisas que o aspirante aprende é a identificar-se com a lei universal, tanto no que concerne ao seu próprio destino quanto ao dos outros, adaptando assim sua vontade à Vontade Daquele que o criou. Isso não quer dizer fatalismo ou resignação cega, mas esforço incessante para compreender e cooperar com as forças evolutivas da Natureza. 'Ajude a Natureza e trabalhe com ela.' (V.S.) Nada pode acontecer fora da Grande Lei. Mas isso não quer dizer que abandonemos tudo para sofrer, como é, às vezes, a atitude no Oriente. O simples fato de aí estarmos e podermos ajudar indica que queremos ajudar. É parte do 'carma' de outrem. Mas também significa suportar nosso destino com coragem e sem queixas.

Entrar no caminho oculto, mesmo em seus limites externos, é provocar grandes resultados cármicos. Isto é devido a que todas as energias do homem são dirigidas para um canal, e o resultado é potente e imediato. Para usar um símile rudimentar - é como um campo coberto com drenos. Se for aberto um canal e para ele drenados os canalículos, o fluxo resultante poderá mover um moinho. A vida do discípulo, encurtando por seu esforço seu tempo de crescimento, é geralmente cheia de problemas, acontecimentos inesperados que ele tem de encarar e dominar, aparentemente sozinho. Isso requer enorme coragem. Consequentemente, todos os aspirantes devem reunir suas reservas mais profundas de coragem."

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 156


terça-feira, 11 de outubro de 2016

CORAGEM E VONTADE (1ª PARTE)

"Este é o caminho do eu amadurecido, não da alma infantil. Algumas pessoas pensam que um Adpeto toma um aspirante pela mão e o ensina a desenvolver poderes sobrenaturais e também o protege de desastres e perturbações, evitando que ele cometa erros. Mas a verdade é exatamente o contrário. O que o Mestre chama 'os poderes deíficos no homem e as possibilidades contidas na Natureza.' (C.M.) nunca são dados ou comunicados do exterior. São sempre resultado do esforço e do progresso próprios do homem. E devem ser obtidos por ele mesmo. 'A regra inflexível é que sejam quais forem os poderes que alguém obtenha, ele deve adquirir por si mesmo.' (C.M.) Nem pode o Mestre interferir, por menos que seja, no carma pessoal de seu discípulo, 'os Sábios não se atrevem a impedir o fruto do carma.' (V.S.)

É desejável que se compreenda com exatidão o que realmente é a Lei do Carma, ou Lei de Ação e Reação, igual e oposta. Lei que nunca pode ser revogada, alterada ou evitada. O universo inteiro é uma expressão externa da lei universal. Toda causa - que implica emprego de energia em qualquer plano de nosso ser, físico, emocional, mental, espiritual - acarreta, em alguma ocasião, em algum lugar, seu resultado inevitável e exato. Diz-nos H.P.B. - como mencionei anteriormente - que as Leis da Natureza são o registro da Mente Divina na matéria. Estão aqui os verdadeiros 'Mandamentos de Deus.' Obedecer-lhes é semear felicidade e força. Desobedecer-lhes, mesmo que por ignorância, é incorrer em desgosto, doença e morte. (...)"

(Clara Codd - As Escolas de Mistérios - Ed. Teosófica, Brasília, 1999 - p. 155/156


sábado, 17 de setembro de 2016

A JUSTIÇA E A COMPAIXÃO DA LEI KÁRMICA

"A Lei é Justa, porque dá a cada um precisamente o que é devido ao bem e ao mal. Ninguém sofre mais do que o que mereceu. Ninguém gozará recompensas que não te­nha conquistado e ninguém será exaltado a expensas de outrem. A Lei é Justa, porque é a Lei, ou o Método de Deus. Temos tendência para confundir nossa arbitrária noção de justiça com a Justiça que é de Deus. Nossa jus­tiça está, invariavelmente, mesclada a outras qualidades, consciente ou inconscientemente; daí que 'Seus cami­nhos não são os nossos caminhos, nem Seus pensamentos são os nossos pensamentos'. Ainda não. Quando nossa maneira de ser e nossos pensamentos forem os Seus, tere­mos alcançado a Meta, tornando-nos unos com Ele — 'perfeitos como nosso Pai Celeste é perfeito' — que é o Grande Todo-Eu em cada coração. Pensamos que estamos sofrendo injustamente, e achamos que, não fosse por esta ou aquela ação de determinada pessoa, poderíamos ter evitado esse sofrimento. Realmente! Que conhecimen­to temos nós de todos os trabalhos ocultos da Lei? Pen­samos que um bom Deus castiga pelo que não foi come­tido? Podeis estar certos de que o braço que nos golpeia é o nosso próprio braço, levantado contra nós mesmos; é o resultado de alguma coisa que fizemos no passado. A escuridão que nos envolve é uma neblina que nós mes­mos criamos.

Sendo, como é, divinamente justa, a Lei, por isso mesmo, é divinamente compassiva. Ela é Amor. Por isso, nunca devemos temer não receber aquilo que merecemos.  Além disso, as próprias aflições e dores da vida tornarnam-se, através dessa Lei, outras tantas lições preparadas para nosso bem, outras tantas misericordiosas purificações, outros tantos meios de crescimento verdadeiro, porque é resistindo e dominando o mal que nos purificamos, 'como que pelo fogo'. E quanto mais percebemos a verdade sobre o Karma, mais capazes somos de suportar desgostos e dores. Não há dúvida sobre isso. Quando aprendemos a lição do sofrimento, ele cessa, ou é transformado no doce e voluntário sofrimento que aceitamos para bem de outros. A verdade é que o Homem da Dor, Jesus, também foi o Senhor da Alegria, e o Buda Doloroso foi o Feliz."

Embora essa Lei seja compassiva e justa, encarada do baixo ponto de vista em que estamos, a grande verdade é que não vem a ser uma coisa nem outra. Visto níveis superiores, o Karma é imparcial e destituído de ideia de Justiça ou Misericórdia: ele é Verdadeiro. Porque não é realmente a Lei que nos pune ou recompensa, mas nós próprios. Se não pusermos o dedo no fogo, jamais ele nos queimará. Portanto, se nunca transgredirmos a Lei, ela não nos pode ferir e, se a servirmos, ela nos auxilia. Ela é o "Braço de Deus", e podemos ser erguidos por ele, ou cair, ferindo-nos, se deixarmos de nos agarrar a ele."

(Irmão Atisha - A Doutrina do Karma - Editora Pensamento, São Paulo - p. 26)
www.pensamento-cultrix.com.br


segunda-feira, 12 de setembro de 2016

O INDIVÍDUO SEMI-HUMANO

"A Lei do Karma traz-nos de volta ao nascimento num corpo físico - às vezes num corpo de homem, às vezes num de mulher - para ajudar a despertar a consciência e fazê-la crescer pouco a pouco. Nossa antenção foi chamada para esse fato por um feliz artigo escrito por um acadêmico da Universidade de Cambridge, que assinalou que existe todo um processo de evolução ocorrendo para içar situações variadas a um nível mais elevado. Assim, o inseto cresce até um nível mais elevado, e depois a um nível mais elevado ainda, até que surge o estágio humano e depois o super-humano, a respeito do qual muito pouco sabemos. Nesse processo de uma evolução em expansão, o homem não é ainda um ser humano pleno, mas apenas está a caminho. Ainda existe muito do animal na grande maioria das pessoas que chegaram até este estágio de possuir um corpo físico humano, mas que trazem muitos traços animais - algo mais próximos do verdadeiro ser humano e alguns ainda no nível animalesco. A maioria é uma mistura de ambos.

O ser humano médio de hoje em dia é essa mistura; a proporção varia de indivíduo para indivíduo, de modo que ninguém é exatamente como uma outra pessoa. Infelizmente, a maioria de nós não sabe que alguns desses traços que exibimos enquanto enfrentamos as circunstâncias do presente são realmente resíduos de encarnações prévias em vidas vividas no período pré-humano. Os grandes seres humanos, como o Senhor Buda, estão livres dos estorvos de vidas passadas. Eles são plenamente humanos, às vezes mais do que humanos.

Se pudéssemos compreender com maior clareza todo o processo - ou seja, o processo evolutivo - compreenderíamos melhor como alguém verdadeiramente cresce, e não apenas como a forma física se desenvolve. Se pudéssemos compreender isso, veríamos que a maioria dos seres humanos ainda não está em forma. Assim, a evolução é um tema importante que devemos entender tanto quanto possível, não apenas a condição física atual, mas também o papel que ela desempenha no despertar espiritual.

Aqueles que são descuidados para com as crianças, que estão muito voltados para si mesmos e negligenciam-nas, maltratam-nas, e mesmo as descartam por qualquer que seja a razão, demonstram imperfeição em seu próprio ser. Vai levar ainda muito tempo para que a pessoa nesse estágio torne-se plenamente humana. Se pudéssemos compreender melhor tudo isso, mais livres estaríamos das compulsões, crescendo mais em verdadeira felicidade e não apenas nos assim chamados prazeres de uma vida superficial."

(Radha Burnier - Meu karma sou eu mesmo - TheoSophia, Ano 104, Abril/Maio/Junho de 2015 - Pub. da Sociedade Teosófica no Brasil - p. 11/12)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/


domingo, 11 de setembro de 2016

O CONCEITO DE 'DHARMA' NO GITA (PARTE FINAL)

"(...) A consciência hindu reconhece a verdade de que há momentos quando se pode opor-se ao costume. O pensamento hindu não exige submissão a cada costume. Se um costume entra em conflito com o dharma, abandonemos o costume e fiquemos com o dharma. Pensemos por um momento, se sempre nos submetermos ao costume, como poderá a sociedade progredir?

Por outro lado, existe algo chamado lei estatutária, isto é, criada por um estado. Jurisprudência é o estudo das leis de estado. Roma é a terra natal da jurisprudência clássica. É a única ciência dos romanos. Essa 'lei' trata de casos e de sua classificação. Dharma também não é lei estatutária. Existem casos de conflito entre dharma  e leis de estado. Deveriam as pessoas desobedecer a uma lei de estado? A pergunta deve ser decidida em cada caso individual, segundo seu próprio mérito. Não posso dizer-lhes em termos gerais: não obedeçam ao estado, ou obedeçam ao estado. Cada lei de estado deve ser considerada segundo seu próprio mérito. Pense em Sócrates. A equivocada democracia ateniense julga Sócrates. As acusações assacadas contra Sócrates são muitas. Sócrates está preparado para beber o copo de cicuta. Alguns discípulos arranjaram para que ele escapasse da cela e lhe pedem para fugir. Sócrates diz: 'Não!'. Ele diz que nada fará para fugir e que não irá desobedecer ou infringir a lei do estado. Pense, por outro lado, em Thoreau. Ele defende a desobediência civil. Assim, nem sempre é fácil dizer quando se deve obedecer e quando se deve desobedecer a uma lei de estado. Desejo assinalar que dharma não é uma lei estatutária. O que então, é o dharma!

Dharma é a lei interior. Nos livros budistas ele aparece como bodhi. Todo homem possui a sabedoria dentro de si; e abençoado é aquele que não confia nos costumes, mas na orientação da sua sabedoria interior. Às vezes falam do dharma como a impessoal lei de função. Nossos costumes e nossas leis de estado são leis muitas vezes preocupadas com coisas estáticas. Um homem rouba seu dinheiro e a lei o pune. Essa lei está interessada principalmente nas coisas. Mas Dharma, a Lei Interior, é verdadeiramente impessoal. Uma lei de estado é aquele que é criada por uma categoria ou partido no poder. Essa é, em grande parte, propriedade dos poderosos. Seu direito (recht) é a expressão do poder. Mirabeau disse: 'A lei das nações é a lei dos fortes cuja observância é imposta aos fracos'. Por trás dessa lei está a concepção do 'estado barraco'. Essa lei está preocupada com a 'persona', isto é, com as pessoas no plano sócioeconômico. Haverá outro plano? Dharma é a impessoal lei de função. É a verdadeira Sanatan Dharma. Somente ela vive e não muda. 

Então, meu dever é cooperar com essa Lei - a grande lei da vida no mundo. E, para cooperar assim, devemos obedecer a certas disciplinas. O Gita é um livro de disciplinas, uma escritura de sadhanas. Devemos aceitar certas disciplinas para cooperarmos com a Grande Lei."

(Sadhu Vaswani - O Conceito de 'Dharma' no Gita - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 39/40)


sábado, 10 de setembro de 2016

O CONCEITO DE 'DHARMA' NO GITA (1ª PARTE)

"O Bhagavad Gita abre com a palavra dharma; e o Mahabharata encerra com a palavra dharma. Tentemos entender o que se quer dizer por dharma.

Em inglês a palavra é interpretada como 'lei'. Uma das interpretações da palavra dharma é dever, mas a palavra é traduzida também como 'lei'. Dharma é derivada da raiz sânscrita dhri, que significa segurar, sustentar, unir. Assim pode-se interpretar dharma  como significando 'aquilo que segura e une indivíduos, grupos ou comunidades, como unidades shakti'. O que 'segura', 'mantém' é dharma. A palavra 'lei' é derivada da raiz latina, 'ligar'. Não pode haver sociedade sem uma força aglutinadora. Aqui estamos uma pequena família; vivemos juntos neste ashram. Vocês acreditam que seria possível vivermos juntos, compartilharmos de uma vida comum, sermos membros de uma fraternidade comum, se não houvesse algo que nos unisse? Suponhamos que todos vocês fizessem o que quisessem, o que aconteceria? Suponhamos que, quando toca o sino para a aula de preces, eu insista em fazer minha caminhada matinal, um de vocês insista em tomar um copo de leite, e outro insista em continuar na cama dormindo, qual seria o resultado? O ashram se desfaria. Não pode haver vida no ashram sem alguma harmonia. Deve haver alguma força aglutinadora, a que chamamos 'lei'. Dharma é o que nos une, nos segura, nos mantém.

A palavra 'lei' precisa ser melhor compreendida. Existe algo chamado 'lei de costume' ou mores (em latim) ou Sitte (em alemão). Dharma não é costume. Nos primitivos estágios da evolução humana, os grupos tinham de viver juntos, e algum poder aglutinador era necessário. Certos costumes tornaram-se muito úteis como conservadores de hábitos e adquiriram força de lei. Nas sociedades primitivas, tais costumes ainda prevalecem. Dharma não é costume.

O costume desempenha seu papel na evolução. Contudo, dharma não é costume porque existem ocasiões em que vocês podem não obedecer aos costumes, quando vocês podem voltar-se contra um costume, e seguir seu próprio caminho. (...)"

(Sadhu Vaswani - O Conceito de 'Dharma' no Gita - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 39)


sexta-feira, 9 de setembro de 2016

FRAGMENTOS DA SABEDORIA ETERNA

"Todo poder no mundo é resultado da harmonia entre o homem e a natureza. O homem que ergue a vela num barco para navegar contra o vento não está vencendo o vento, mas harmonizando sua vontade com a lei. Não é por lutar contra as leis que o homem pode ganhar, mas por cooperar com elas.

O ocultista sabe que o mesmo princípio rege todos os planos, e não apenas em relação à matéria de cada mundo, mas também nas formas de vida que aí habitam, quer superiores ou inferiores na escala da evolução. Portanto, o conhecimento das leis mecânicas da natureza, que trouxeram tanto poder e riqueza para os seres humanos, representa apenas um aspecto da harmonia que deve existir entre eles. Um sentimento de carinho e simpatia pelos animais, plantas e até pelos minerais, pelos espíritos da natureza e pelos anjos é igualmente importante, se não for mais ainda, para o progresso do homem. A natureza se compõe de vida e de matéria, e é mediante um sentimento de simpatia que esta vida torna-se conhecida e harmonizada com os homens. Olhar o mundo como um lugar cheio de entidades ameaçadoras é o costume infeliz de nossa época, mas o homem que enfrenta a vida com um sentimento de benevolência com todas as coisas vivas, não apenas verá e aprenderá mais do que os outros, mas terá uma passagem mais suave no mar da vida. Há uma tradição indiana da 'boa mão' de certas pessoas que tem esta simpatia, e para quem as plantas crescem bem enquanto para outras pessoas não o fazem. Autoridades em ciência oculta disseram muitas vezes que, pelo seu amor por todos os seres, o verdadeiro iogue ou sanyasi poderia andar nas montanhas e na selva sem ser atacado por répteis ou animais selvagens.

Essa simpatia é perfeitamente natural. Se você sente admiração e amor por certa pessoa, por sua vez há a tendência de que ela se interesse por você e lhe retribua a afeição. Da mesma maneira, se você se afeiçoa a um animal, este se torna muito ligado a você. Assim também nos reinos vegetal e mineral impera a mesma regra, embora com efeitos menos óbvios. Daí a regra de que flores e plantas crescem melhor com certas pessoas do que com outras, e de pessoas de sorte. É o magnetismo pessoal que as estimula, e é assim que em nível elevado estimulamos a afeição."

(C.W. Leadbeater - Fragmentos da Sabedoria eterna - TheoSophia - Ano 101, Janeiro/Fevereiro/Março de 2012 - Pub. da Sociedade Teosófica do Brasil - p. 32)
http://www.sociedadeteosofica.org.br/